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A bem da Nação

REFLEXÃO DA SEDES

 

 

Tomada de Posição: Opções de Políticas

 

 

A Sedes ao longo da sua história sempre privilegiou o que considerou ser o interesse nacional sobre os interesses particulares e por isso não pode ficar indiferente ao clima de guerrilha existente entre os partidos políticos, num momento tão grave para Portugal.

 

Neste momento tudo nos recorda a miopia dos partidos da Primeira

República, que abriram as portas à ditadura e a quase meio século de partido único, com a perda dos direitos e das liberdades que a seu tempo não souberam (soubemos) usar.

 

Também não podemos ficar indiferentes, sem protestar, a que os portugueses sejam conduzidos pela propaganda partidária para o debate permanente da conjuntura e dos fait divers semanais, obscurecendo a compreensão das causas do descalabro económico e financeiro de uma década e a procura inteligente e competente das soluções necessárias, que minimizem os custos a pagar pelos portugueses.

 

Não podemos ainda ficar indiferentes ao clima de enxovalho público

a que Portugal tem estado sujeito no plano internacional, devido à imponderação partidária e às declarações desajustadas e frequentemente incompreensíveis dos principais responsáveis políticos.

 

A situação económica e financeira portuguesa é grave, todos o sabemos. É tempo agora de assumir com verdade as responsabilidades próprias e cumprir com rigor e competência os compromissos assumidos com as instituições internacionais que têm os recursos financeiros de que precisamos para honrarmos as nossas responsabilidades assumidas no passado recente. É agora tempo de aproveitar bem a ajuda europeia que malbaratámos durante todos estes anos, com o objectivo patriótico de ultrapassar a crise e de criar condições para o desenvolvimento e o progresso das empresas e o crescimento da economia.

 

É tempo também de falar verdade sobre a verdadeira situação das finanças do Estado – central, autarquias, empresas públicas, parcerias público privadas, institutos, ... – num clima de colaboração efectiva e terminando com a sucessão de medidas ao sabor da conjuntura, que não permitiram nem a estabilidade nem o crescimento e alimentaram a suspeição internacional.

 

Devemos, neste momento, ter presente outros exemplos, desde logo o da Espanha que não apenas tomou conhecimento mais cedo da grave crise financeira, mas assumiu também e sem hesitação as medidas difíceis que se impunham, evitando assim a situação em que Portugal se encontra. Mesmo assim, O primeiro-ministro decidiu não se recandidatar.

 

Deveríamos também compreender e não menosprezar o exemplo irlandês, cujo progresso económico da última década foi notável e cujo tratamento da crise financeira foi feito com o mínimo de ruído político-partidário.

 

Neste momento, que desejamos de viragem, não podemos incorrer nos erros do passado.

 

- O desemprego é em Portugal uma tragédia social e tem de ser enfrentado em todos os seus aspectos de curto e de médio prazo, desde a avaliação do nosso sistema educativo ao empreendedorismo, da imigração à formação profissional.

 

- Portugal tem de ser capaz de crescer economicamente, questão essencial que tem sido obscurecida pela ditadura do curto prazo.

Portugal está no centro geográfico das economias globais e não pode desperdiçar a oportunidade que esse facto comporta. Para mais sendo um país europeu, localizado no centro de todas as rotas e de apenas dez milhões de habitantes, mas com portugueses espalhados com sucesso por todos os continentes.

 

- É necessário dar prioridade ao investimento produtivo, nacional e estrangeiro, internacionalmente competitivo, para tal criando as melhores condições internas que conduzam a maior eficiência produtiva. Paralelamente, devemos melhorar as condições de concorrência no mercado interno e terminar de vez com todas as relações obscuras entre o poder político e os poderes económicos.

 

- A disciplina das finanças públicas tem de passar a ser entre nós uma questão de cultura da responsabilidade e não uma panaceia destinada a vencer eleições e a provocar o descrédito da nossa democracia.

 

- Devemos ter sempre presente no nosso quadro de referência os melhores e não, como temos feito até aqui, a comparação do nosso desempenho com os piores exemplos, que aliás já escasseiam.

 

É neste contexto que Portugal não pode continuar, por mediocridade ou interesses, a perder mais oportunidades de encontrar o seu caminho próprio para o progresso e para o desenvolvimento. Como afirmado no documento “A Criação de Riqueza na Hora de Verdade” da Associação Industrial Portuguesa – AIP: “O Pais não é pobre, não é pequeno, não é exíguo; o País tem a dimensão da criatividade dos seus cidadãos”.

 

- Para isso há que desenvolver a sociedade civil e a intervenção cívica dos portugueses, libertando o nosso sistema político dos constrangimentos provocados pela concentração de todo o poder político nos partidos existentes. Não para os combater, mas para os tornar os mais abertos, mais democráticos e mais devotados à governação.

 

- Há que recorrer com urgência a novas formas de democratização, há que reconhecer o problema constituído pelo funcionamento deficiente e acrítico dos partidos políticos, evitando a repetição dos acontecimentos trágicos da primeira República, enquanto é tempo.

 

- Como temos dito vezes sem conta, o funcionamento da Justiça constitui o centro de muitos dos problemas nacionais. Não contribuindo eficazmente para combater o clima geral de indisciplina, de impunidade e de corrupção na sociedade portuguesa, também constitui um obstáculo objectivo ao desenvolvimento das empresas e ao investimento numa economia sã e responsável.

 

O País sofre diariamente os maus exemplos que chegam de cima e nenhuma sociedade pode resistir por muito tempo ao impacto negativo dos comportamentos desviantes da ética da verdade e da responsabilidade. A pedagogia do bom governo não é apenas um factor de credibilidade das instituições democráticas, mas uma bitola permanente para o comportamento dos cidadãos. O exemplo é sempre um factor superior do funcionamento das sociedades democráticas mais avançadas e não pode ser menosprezado.

 

Passado este período de ajustamentos vários e difíceis, Portugal tem obrigação e necessidade de ter alterado as condições para o seu crescimento. Até tal acontecer o fim da crise actual não se materializará.

 

Neste momento, de grande dificuldade nacional, devemos reforçar o trabalho e o esforço de solidariedade que muitos portugueses e instituições devotam ao bem comum. São uma inspiração para todos nós, no sentido de compreendermos finalmente a necessidade urgente de lideranças que saibam unir todos os portugueses ao redor do progresso e do prestígio da Nação Portuguesa.

 

18-05-2011

 

Henrique Medina Carreira

Henrique Neto

João Duque

João Ferreira do Amaral

João Salgueiro

Luís Campos e Cunha

Luís Mira Amaral

UM EXEMPLO TURCO

 (*)

         

Creio que a primeira vez que ouvi falar dos Turcos, foi por alturas do estudo da Idade Média na História Universal, lá pelo meu 4º ano do Liceu, já que no 3º nos debruçáramos sobre as Antiguidades Oriental e Clássica, antecedidas da Pré-História, que nos punha a decorar antas, cacos, machados de pedra e outros artefactos museológicos para reverenciarmos.

 

Foi a respeito das cruzadas que, suponho, se falou em turcos seljúcidas, nome arrevesado que guardei na memória religiosamente. Parece que os turcos eram façanhudos e um dia mesmo, tomaram Constantinopla, cidade fundada por Constantino, o liberalizador do cristianismo no Império Romano, transformando-a em Istambul, ela que já fora também Bizâncio, à mercê dos conquistadores, muitos séculos antes de Cristo. Aprendi que, com a tomada de Constantinopla, em 1453, se punha fim, não só à Média Idade, iniciando-se a Idade Moderna, como também ao Império Romano do Oriente, o que aceitei desportivamente, como dado adquirido, conquanto vexatório para a nobre casta romana, na altura já muito baralhada por conta das hordas invasoras miscigenatórias, marco diferenciador todavia, mais tarde contestado com o feito de Colombo a marcar o começo da nova Idade, por alturas de 1492, feito mais considerável do que o dos turcos, tanto mais que viria a render bons lucros ao nosso ficcionista do suspense, José Rodrigues dos Santos com o seu ”Codex 632”. Pelo menos a piscadela de olho com que termina o relato televisivo das notícias diárias prova que é um homem das Américas e do suspense.

 

Mas a força turca só em Eça a topei verdadeiramente, na discussão no jantar no Hotel Central (Cap. VI d’Os Maias”), a propósito duma tirada de Ega sobre a cobardia portuguesa, que Dâmaso acabara de demonstrar ao afirmar que, se as coisas se pusessem feias em Portugal, em caso de invasão espanhola, ele pirava-se para Paris criteriosamente:

Ega triunfou, pulou de gosto na cadeira. Eis ali, no lábio sintético de Dâmaso, o grito espontâneo e genuíno do brio português! Raspar-se, pirar-se!...(…)

“- Meninos, ao primeiro soldado espanhol que apareça à fronteira, o país em massa foge como uma lebre! Vai ser uma debandada única na história!

Houve uma indignação, Alencar gritou:

- Abaixo o traidor!

Cohen interveio, declarou que o soldado português era valente, à maneira dos Turcos – sem disciplina mas teso. O próprio Carlos disse, muito sério:

- Não senhor… Ninguém há-de fugir, e há-de se morrer bem.”

 

Eça, como fora à inauguração do canal do Suez, provavelmente passeara-se por locais da Turquia e passara mesmo pela Anatólia donde terá descido ao Egipto, daí a referência do Cohen provinda da experiência queirosiana a respeito da valentia turca, para paralelo nacionalista desvanecedor, mau grado a carismática falta de disciplina, que mantemos briosamente.

 

Os meus conhecimentos mais recentes reportam-se a uma empregada que tive, Valentina de registo, moldava de nacionalidade, que muito sofreu porque uma das filhas se enamorou de um turco por cá, o que veio enriquecer a minha cultura sobre a idiossincrasia dos Otomanos, que a Valentina muito detestava, talvez por diferença de religião ou de estruturação económica inferiorizante do seu próprio país, que a levou a procurar o nosso, na altura ainda com posses para o domínio das generosidades e o preenchimento das vagas do nosso desleixo nacional.

 

Mas uma colega, viajante anual do mundo civilizado, trouxe-me em tempos um livro de história e arte – “Turquie - berceau de la civilisation” – que, com as belas imagens e os textos, deu para acompanhar melhor os passeios do Dr. Salles da Fonseca, que nos vai enriquecendo com os descritivos das suas viagens pela Anatólia, com as observações de confronto nacional.

 

 Berta Brás

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=https://1.bp.blogspot.com/_xR79vMpCSfM/RjS4snFCuaI/AAAAAAAAAHY/yWcu8AUxQoA/s400/Turcos.jpg&imgrefurl=http://marthell.blogspot.com/&usg=__BrElT59FXr7mWesWMCgr5HPUQfk=&h=390&w=300&sz=35&hl=pt-PT&start=0&zoom=1&tbnid=w00ScSsOe7iAiM:&tbnh=136&tbnw=104&ei=xiLkTbHVFI6ChQesqu3qBw&prev=/search%3Fq%3Dturcos%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DG%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=rc&dur=93&page=1&ndsp=21&ved=1t:429,r:5,s:0&tx=49&ty=64

E SE FIZESSEM CRESCER O PIB?

 

(*)

 

Como é do conhecimento geral, uma série de índices de natureza económica e financeira são apresentados, não com os seus valores absolutos, mas em percentagem do PIB, o Produto Interno Bruto. Os valores dos “critérios de Maastricht”, definidos como limites máximos aceitáveis para os países poderem entrar no euro, a moeda única europeia, foram expressos em percentagem do PIB. É compreensível esse critério pois um país que todos os anos cria muita riqueza tem maior capacidade para suportar um qualquer défice do que um que produz muito pouco. O ritmo a que o nível económico dum pais se desenvolve é normalmente apresentado em percentagem do aumento do PIB em relação ao valor deste no ano anterior.

 

O PIB per capita (o total produzido pelo país num ano dividido pelo número de habitantes) é em Portugal muito baixo. Na Europa dos 15 só a Grécia costumava ter um PIB per capita inferior ao de Portugal. Com a entrada dos novos dez países, alguns deles bem pobres, como consequência de anos de dominação comunista, já não estamos tão perto do último lugar, mas temos mais de 15 países com PIB per capita superior ao nosso.

 

Quando, essencialmente por incompetência dos governos que temos tido, o défice orçamental ultrapassou os 3% do PIB permitidos para a entrada no euro, os nossos governantes só têm sabido fazer duas coisas: aumentar os impostos (algo que em campanha eleitoral – e até depois, na Assembleia da República – garantiam que não iriam fazer!) e cortar nas despesas do estado, isto é, cortando nos serviços que prestam aos cidadãos, ou nos vencimentos dos funcionários. Fazer subir o PIB parece estar fora das suas possibilidades, como se alguém quisesse alterar o valor da gravidade ou do diâmetro da terra.

 

O baixo valor do PIB português não é consequência de condições naturais adversas, que não podemos alterar, mas apenas da inépcia dos homens, principalmente os governantes.

 

Em numerosos escritos chamei já a atenção para uma série de acções – algumas para mim bem evidentes – que alterariam drasticamente o mau panorama actual.

 

A agricultura, a indústria e as pescas são as actividades económicas que criam riqueza de base, da qual todas as outras dependem. Não me pronuncio sobre a indústria e as pescas embora, como já tenho escrito, não possa deixar de achar estranho que tenhamos abatido barcos em troca de magros subsídios, não tenhamos construído outros e compremos peixe aos espanhóis, que têm uma Zona Económica Exclusiva bem menor do que a nossa. E não posso deixar de achar estranho o que se passou com a Sorefame, os Cabos de Ávila, as em tempos excelentes Oficinas Gerais de Material Aeronáutico e algumas outras empresas industriais.

 

Mas em relação à agricultura, uma das matérias em que tenho obrigação de ter alguma competência, tenho várias dezenas de anos e centenas de escritos a indicar o que se deve fazer, aliás evidente a quem se debruce a sério sobre os problemas e que os responsáveis não só não têm querido fazer, como nela têm causado enormes destruições. Essas acções de destruição têm, nas últimas duas décadas, atingido níveis inconcebíveis, bem piores do que a famigerada Reforma Agrária, da qual, aliás, já o País recuperou.

 

Se os governos são os principais responsáveis pelos males que têm causado, não posso deixar de lembrar que isso tem sido possível graças a uma enorme passividade não só dos agricultores (e das suas grandes organizações) como de toda a população, já que todos, com excepção dos importadores de produtos agrícolas, sofrem na sua economia os resultados de tal acção.

 

Quando os portugueses vão ao supermercado comprar, vindos do estrangeiro, produtos que aqui devíamos produzir melhor e mais barato, tais como batatas, cebolas, cenouras, alhos, alfaces, tomates, pimentos, feijão verde, melões, melancias, laranjas, limões, ameixas, pêssegos, nêsperas, maçãs, peras, uvas, morangos, etc. etc. etc., isso afecta negativamente o PIB, a inflação, o desemprego e as balanças comercial e de pagamentos. Se, com uma agricultura eficiente, aqui produzíssemos todos esses produtos, além de ajudar aqueles factores referidos, teríamos ainda benéficos reflexos na indústria e no comércio, a montante e a jusante. Os únicos “prejudicados” seriam os importadores daqueles produtos agrícolas, que hoje ganham milhões à custa da economia nacional.

 

Termino com uma citação: “É fácil decretar novos impostos para engrossar os delgados rendimentos do tesouro, mas é mais honroso elevar receitas, desenvolvendo e patrocinando indústrias, para que, diminuindo as percentagens, se aumentem os recursos da nação”. Esta frase não é de nenhum dos nossos brilhantes economistas actuais. É da autoria de João Marques de Carvalho, numa “Memória vitivinícola do concelho da Chamusca”, no “Relatório Geral”, Volume II, do “Congresso Vitícola Nacional de 1895”, publicado em Lisboa, na Imprensa Nacional, em 1897. Como se vê, Portugal não tem progredido mesmo nada.

 

 

  Miguel Mota

Investigador Coordenador e Professor Catedrático, jubilado.

Presidente da Sociedade Portuguesa de Genética

 

Publicado no “Jornal de Oeiras” de 21-2-2006

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.randoalp.com/verdon1/vergerB.jpg&imgrefurl=http://www.randoalp.com/verdon1/verdonvar.html&usg=__ZuwNurvO9OgpwfUDbHWqwK8MpcQ=&h=304&w=456&sz=39&hl=pt-PT&start=0&zoom=1&tbnid=VVPtrN26Wg4-SM:&tbnh=119&tbnw=152&ei=v5zjTcGBHpOBhQeFr9ztBw&prev=/search%3Fq%3Dverger%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=706&vpy=81&dur=249&hovh=183&hovw=275&tx=201&ty=117&page=1&ndsp=20&ved=1t:429,r:4,s:0&biw=1007&bih=681

ANATÓLIA – 3

 

Cidadão de país com um modelo de desenvolvimento comprovadamente caduco, a minha admiração foi total com o que vi ao longo dos cerca de mil quilómetros que percorremos entre Antália – capital da «Riviera» turca – e lonjuras tais como Kusadasi e Izmir, ribeirinhas do Egeu. E como andámos para lá e para cá à procura de teatros e mais teatros tanto gregos como romanos percorrendo auto-estradas e outros caminhos mais próprios de funâmbulos, tenho a certeza de que vi de tudo e não apenas o que a propaganda nos quereria mostrar.

 

 

O meu amigo «Pepe» Damas Mora e eu frente à Biblioteca de Efesos

 

Mas também sei o que não vi: miséria, bairros de lata, pedintes, gandulos, florestas ardidas, campos abandonados ou graffitis. Nada disso vi e se o não vi pelos sítios que cruzei, é porque não há disso na Turquia.

 

O que mais me espantou foi a pujança da economia agrícola com os terrenos aproveitados até aos limites do razoável. Se ao longo de vales férteis, de aluvião, a estrada se desviava ligeiramente do sopé das montanhas periféricas, o terreno entre a estrada e as primeiras pedras da encosta estava sempre agricultado. Sem exagero, posso dizer que não vi um metro quadrado de terreno agrícola por cultivar.

Para um português atento a esse tipo de situações no seu próprio país, dá que pensar. E é claro como a água limpa que quando entramos numa cidade ao longo dessas estradas, pululam as empresas industriais e comerciais de apoio à actividade agrícola. Para quem não acredita no velho princípio de que a agricultura é a mãe dos outros Sectores económicos (indústria e serviços), vá de passeio à Anatólia e deixe-se de outras ideias, as peregrinas que nos atiraram para o actual buraco.

 

O resultado não espanta: a Turquia tem uma Balança Alimentar largamente superavitária, uma Balança Comercial positiva (tem que importar petróleo) e uma Balança de Transacções Correntes igualmente positiva pois, lembremo-nos, ainda há muitos turcos emigrados cujas remessas assumem uma grande importância. Tomando em conta uma política monetária algo contida, duas Liras Turcas valem um Euro. Ou seja, a Turquia é um país de moeda relativamente séria.

 

Outra coisa que me espantou: a raridade de lenços nas cabeças femininas.

 

Das estatísticas oficiais extraiu o nosso guia, o Senhor Ata, que a população turca ronda actualmente os 75 milhões de pessoas, das quais cerca de 25 milhões são da etnia curda. Cerca de 6,5 milhões (8,7% da população total) vão semanalmente à mesquita e 2,5 milhões (3,3%) fazem-no diariamente. O Ramadão é, contudo, seguido pela generalidade da população que não come nem bebe enquanto o Sol se encontra acima do horizonte. Fora disso, bebem álcool como qualquer europeu e o vinho tinto tem mesmo uma qualidade aceitável. Mas o Senhor Ata, culto e totalmente ocidentalizado, ao ser perguntado por alguém lá nos bancos traseiros da camioneta, não sabia como se decide a data de início do Ramadão. Respondeu que, sendo lunar o calendário árabe e solar o turco, há sempre alguns dias de diferença entre o início do Ramadão no mundo árabe e na Turquia. Segredei-lhe o critério de determinação da data de início para que investigasse da veracidade e usasse futuramente se assim lhe aprouvesse: quando dois clérigos em Meca confirmam que viram a Lua Nova.

 

Não há dúvida, a Fé tem muita força!

 

Quando estávamos à espera que o fim-de-semana turco fosse à 6ª feira como nos outros países maioritariamente muçulmanos, ficámos a saber que desde a implantação da República em 1923, os turcos descansam ao Sábado e ao Domingo.

 

Apesar da relativamente fraca influência da religião muçulmana na população, a paisagem exibe a presença de mesquitas em todas as aldeias, vilas e cidades. Curiosidade: os minaretes são todos iguais (apenas varia a decoração exterior) pelo que admito serem produzidos em série. Perguntei – mas não obtive resposta – se não seria pela justaposição de grandes manilhas em cimento. O remate superior, em bico, é também modelo único.

 

Mas a cena política turca está especialmente activa com o Partido no Governo a promover a islamização e com o Partido herdeiro de Atatürk (laicizante) na oposição. Os ocidentalizados (muçulmanos, de outras confissões ou agnósticos) estão nervosos com aquilo que consideram a demagogia do actual primeiro-ministro e depositam uma confiança final no Exército. Reconheçamos que na perspectiva democrática, há outros horizontes mais límpidos...

 

Lisboa, Maio de 2011

 

Henrique Salles da Fonseca

VOTO EM BRANCO



 

 

COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÕES



A lei considera o voto em branco o do boletim de voto que não tenha sido objecto de qualquer tipo de marca.

Em qualquer eleição, só a manifestação de vontade expressa (uma cruz assinalada dentro de um quadrado do boletim de voto correspondente a uma lista) torna o voto válido para efeitos do apuramento do número de votos recebidos por cada lista e da sua conversão em mandatos.

Assim, os votos em branco, bem como os votos nulos, não sendo votos validamente expressos relativamente a cada lista concorrente à eleição, não têm influência no apuramento do número de votos e da sua conversão em mandatos;

Deste modo, ainda que o número de votos em branco seja maioritário, a eleição é válida, na medida em que existem votos validamente expressos e que apenas esses contam para efeitos de apuramento dos mandatos a atribuir.

A CULPA AINDA É DOS PORTUGUESES!

 

 

A propósito de uma crónica de Arnaldo Jabor

“O discreto charme da Corrupção”

Jornal “O Globo” 24 de Maio 2011

 

 

Cheguei ao Brasil há 36 anos, já bem passado dos 40. Com razoável experiência de vida, e sempre, não só desapaixonado da política, como contumaz crítico.

 

Pouco tempo depois conheci uma “excelência”, deputado, que em meio de conversa com vários seus amigos, sobre o Brasil, sua situação, futuro, etc., pediu a minha opinião sobre o assunto, uma vez que eu chegara de fora, olhos novos, sem os ouvidos cheios da politiquice daqui.

 

Foi muito simples responder, com o conhecido provérbio chinês que diz: “Se os teus planos forem a um ano, planta arroz, se forem a dez planta uma árvore, mas se forem a cem, educa o povo!”

 

-“Cem anos...?!!! – Foi a exclamação de espanto e até de tristeza dos presentes. - “Cem anos para o Brasil entrar no futuro”?

- “E atenção! Cem anos a partir do momento em que se começar, a sério, a educar o povo”.

 

A verdade é que esse momento ainda não chegou, e parece estar para tardar, com as intelectuais iniciativas do MEC, como o ENEM esculhambado, Monteiro Lobato virando negreiro, e a ensinarem para que nóis fala mal, além da vergonhosa, infame cartilha explicando às crianças e adolescentes que sexo é para usar de qualquer forma!

 

A destruição da célula base de uma sociedade.

 

É evidente que não apoio qualquer forma de ditadura, mas não sou cego a ponto de deixar de ver o que se passa. Aqui, como por exemplo, em Portugal.

 

Não consta que houvesse este actual e permanente assalto à res publica no tempo dos militares, nem da ditadura portuguesa. Sempre houve ladrões e corruptos, aqui e em qualquer outro país do mundo, incluindo os evoluídos nórdicos. Mas ninguém pode levantar um só dedo que seja a qualquer dos generais que foram aqui presidentes.

 

Depois disso chegaram os pretensos democratas e a canalha revolucionária dos anos sessenta tomou conta do poder e das contas. Quantos membros do actual e anterior governo enriqueceram ou estão com processos nos tribunais?

 

Serão todos eles descendentes de portugueses, cujos avós eram ladrões, os bisavôs negreiros e os tataravós degredados?

 

Alguns têm nome português, como Fernando Pimentel, o que quis sequestrar o cônsul dos EUA em Porto Alegre. Mas e a dona presidenta? E o chefe da casa civil? E... tantos outros; serão todos descendentes de portugueses, ladrões, negreiros, etc?

 

E qual seria o problema de ser descendente de degredado? Não foi assim que se fez o imenso país que é a Austrália?

 

Outra pergunta que já uma vez fiz ao senhor Jabor e que, como costume, não teve resposta: “Porque o seu pai, sabendo desta desgraça toda, optou por emigrar para o Brasil? Não veio encontrar um país onde pôde educar o filho, dar-lhe conhecimento e cultura? Será que teria sido melhor que o Brasil tivesse sido colonizado por libaneses? Ou até por italianos – veja-se o exemplo da Etiópia e Eritreia – tipo berlusconiano?”

 

Ou alemães, ingleses, franceses, holandeses, espanhóis? Todos estes, nas regiões tropicais, deixaram o quê? Nada. Os portugueses deixaram o Brasil!

 

Não consigo entender porque o senhor Jabor, sempre que pode, insulta o passado dos portugueses!

 

Posso dizer-lhe que os meus dois avós, brasileiros, não foram ladrões. Um foi director duma companhia telefónica e acabou quase na miséria. O outro foi industrial e comerciante. Não conheci ninguém mais honesto.

 

Os bisavôs: um deles além de não ser negreiro, foi o fundador da primeira Sociedade de Emancipação de Escravos no Brasil, em Pelotas. No escritório dele reuniu-se esta Sociedade pela primeira vez, quando se alforriaram quatro escravas. O outro foi poeta e escritor, e no fim da vida era ajudado financeiramente pelo filho.

 

Tudo isto no Brasil.

 

E como é possível que o Brasil, estando no seu 189º ano de independência, ainda queira atribuir os seus descalabros de hoje a essa “herança maldita”?

 

O senhor, Arnaldo Jabor, sabe tão bem, ou muito possivelmente melhor do que eu, que tudo depende unicamente da educação. Em 189 anos o que tem proliferado são as faculdades privadas, fonte de lavagem de dinheiro e ensino abaixo de crítica, porque pertencem, quase todas à politicada.

 

Mas o alicerce, a instrução primária, é deixado ao descalabro, bem como a secundária, e até muitas escolas estão hoje nas mãos do MST, como sabe.

 

E o ensino técnico? Louvamos, só minimamente, alguns cursos do SENAI e SESC. Mas quando se sabe que, por exemplo, em França, um indivíduo que queira ser açougueiro, tem que fazer um curso de dois anos! Um soldador, quatro. E aqui?

 

Só falta citar nessa “herança maldita” o ter-se obrigado, ainda no século XVIII a que só se ensinasse nas escolas em português. Se isso não tivesse acontecido, teria havido uma pulverização de pequeninos brasis. No entanto, hoje, o MEC, quer que se ensine o tal “nóis tamo mais burro”!  E o ministro da educação será descendente de português?

 

Um país que renega o seu passado não tem futuro. Ciência antiguinha, mas uma grande verdade.

 

Depois que acabou o império britânico, foi a vez do império americano, dos yankees. Este já começou a agonizar. Está chegando o chinês. Depois a Índia. E o Brasil? Um país com tanta possibilidade! O Brasil não tem cultura nem tradição. Nem parece querer ter. Não tem suporte onde se agarrar. É por isso também que os pseudo revolucionários dos anos 60 não vingaram. Só tinham ideias importadas, e não ideais vinculados à terra de seus antepassados. O Brasil continua a ser a “terra dos outros”. Não dos índios, mas dos outros. Sempre dos outros. E isso é evidente ao ver como vota nas eleições. Por isso, apesar de ser uma potência emergente, faltam-lhe uns séculos de bom senso e educação de qualidade para se poder impor no cenário mundial, deixando de ser um exportador de matérias-primas, mas de ideias!

É verdade que o Brasil começa com as capitanias. Se o senhor fosse o rei de Portugal, como teria organizado esse começo de colonização? Mas, aqui para nós, foi muito mais fácil ter chegado aqui no século XX do que no XVI, não foi? E criaram-se igrejas, é verdade, o que teve a virtude de, durante muitos anos, unir o povo.

 

O que se faz hoje para transformar o Brasil num país sério, para não ouvir mais piadas de nenhum De Gaulle?

 

Critica-se Monteiro Lobato, paga-se vergonhosamente a professores primários e secundários, muitos dos quais não têm mais do que um miserável ensino primário, grande parte dos edifícios escolares mais parecem pocilgas, ignoradas pelas “autoridades”, mas ensina-se que todo o mal vem da colonização portuguesa.

 

Francamente, senhor Jabor, eu que sempre leio as suas crónicas, e o admiro, não posso acreditar que esteja falando sério ao querer desmontar assim o passado e os fundadores deste país.

 

Rio de Janeiro, 25 de Maio de 2011

 

 Francisco Gomes de Amorim

A ÍNDOLE SERTANEJA

 

 

Naqueles tempos a braveza e dureza de corpo e de espírito eram qualidades indispensáveis  ao êxito das empresas dos desbravadores. Muitos chegaram à crueldade. Isto é confirmado nas histórias do sertão.  

 

Contam os livros que, na ultima e grande bandeira que liderou (1674 a 1681), Fernão Dias Paes Leme enfrentou muitas dificuldades,  doenças,  desistências e até uma tentativa de traição encabeçada pelo seu filho mameluco, José Paes Leme. Este achava que o pai devia regressar, pois há anos procurava as esmeraldas pelos sertões,  sem nenhum resultado. Dizia que o pai devia estar louco para tanta insistência.

 

(*)

Fernão Dias de Paes Leme

(São Paulo, c. 1608 – sertão do Espírito Santo; provavelmente Quinta do Sumidouro, em 1681)

 

 

Uma noite, no acampamento, uma das índias da expedição, agregada à bandeira de Fernão, ouviu o plano de José Paes Leme e dos  rebeldes para afastá-lo de vez da direcção do grupo. Fiel ao velho bandeirante, delatou o filho dele. Não houve dúvidas, para manter o controle, como dono da vida e da morte de seus comandados, o sertanista  julgou e condenou os traidores. Porém, para demonstração de força e frieza, perdoou todo menos o filho que fez enforcar para exemplo.

 

Para mais uma ilustração da índole rude dessa gente do sertão, vou contar um caso recente (há mais ou menos 50 anos) do antigo dono da  fazenda que meu marido herdou,  junto às terras de Goiás. Famoso pela sua valentia, bruto nas abordagens, o  Coronel  C.V,  suspeitou que estava sendo traído pela mulher. Inventou uma viagem e foi-se embora. No dia seguinte reapareceu sorrateiramente na fazenda e flagrou a esposa com um dos agregados, em plenas demonstrações de amor, debaixo de uma jabuticabeira carregada de frutos.

   

Truculento, rendeu os amantes,  gritou para seus empregados que, temerosos, amarraram os dois.  Para horror da assistência,  com um facão, C.V. "capou" o pobre coitado que urrava de dor, todo ensanguentado. Não se conhece o destino do "capado", mas da mulher se sabe que continuou em casa, fazendo os trabalhos domésticos, após ser obrigada pelo marido a comer os testículos do amante na frente de todos. Naquele ano ninguém comeu as doces jabuticabas.

 

 Mª Eduarda Fagundes 2010.jpg Maria Eduarda Fagundes

 

Uberaba, 21/05/11

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6e/Fernao_Dias_Pais.jpg/300px-Fernao_Dias_Pais.jpg&imgrefurl=http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%25C3%25A3o_Dias_Pais&usg=__eR5nsR4808bGl5mZGSgXGq8YTDE=&h=486&w=300&sz=55&hl=pt-PT&start=0&sig2=jkWYrRXB5eVGcsuEuxl-Kw&zoom=1&tbnid=yBuCevGMOV-DsM:&tbnh=128&tbnw=77&ei=6KDbTdKACYHDhAecwby4Dw&prev=/search%3Fq%3DFern%25C3%25A3o%2BDias%2BPaes%2BLeme%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=805&vpy=170&dur=109&hovh=286&hovw=176&tx=133&ty=152&sqi=2&page=1&ndsp=25&ved=1t:429,r:12,s:0

PODER É PODER

 

Falámos em Strauss-kahn, encerrado na mesma prisão em que se encontra o português Renato Seabra, que em má hora se deixou envolver na rede perversa de um outro português, cronista da moda e da virtude no seu país, no seu convicto e profuso ataque às deficiências sociais, e que seria reconhecido – e o seu assassino assim o reconheceu e por isso o assassinou – como o mais depravado de todos os seres humanos, tartufo miserável que só uma sociedade podre aceitaria abrigar. E, sobretudo, acarinhar.

 

Lamentámos, uma vez mais, o pobre rapaz português de carreira e vida destruídas, que a ambição terá manipulado para, afinal, o desgraçar.

 

E achámos chocante a forma como igualmente foi tratado o Presidente do FMI, embora o poder monetário deste consiga imprimir uma reviravolta menos dolorosa, embora grotesca, na sua vida, do que a ausência desse poder imprimirá na vida de uma imoralidade sem sentido em que se transformará a de Renato Seabra. Por força do poder de quem pode saltar por sobre todos os obstáculos, físicos e sobretudo morais.

 

 A minha irmã, que já esteve nos Estados Unidos, tem dos Americanos uma opinião muito severa, considerando-os brutos e ignorantes, impondo normas de grande rigor, falsamente puritanos, porque poderosos, no seu estatuto de donos do mundo. Veio à baila também o pobre do Clinton confessando em tempos, humildemente, o seu erro de adultério, talvez para continuar no poder da sua nação poderosa, perdoado pela esposa e pela sociedade, que se lembraram a tempo da parábola das pedras bíblicas para o indultarem.

 

Exemplificámos ainda com a Guerra do Golfo e a morte horrorosa de Saddam Hussein, com a perseguição e morte de Bin-Laden, oculto o corpo, ao que se diz, no mar salgado, com os discursos conselheirais de Obama aos ditadores norte-africanos, impondo, ameaçando, matando, conduzindo os destinos do mundo, no dorso levando o carcás bem carregado de crimes – os de Hiroshima e Nagasaqui, por exemplo, de que a retaliação de Bin-Laden nas Torres nova-iorquinas seria amostra reduzida no confronto retaliativo.

 

Não se pode, é certo, pedir consciência aos povos ricos ou que o julgam ser, por terem o comando do mundo. Como também não se pode pedi-la a qualquer ser que se considere rico e mesmo poderoso sem contar com o reverso. Porque as medalhas têm sempre reverso. Para toda a gente, é certo, mas alguns já estão habituados ao reverso, não estranham tanto.

 

Russos, Japoneses, Chineses, tudo gente poderosa, que, não contentes com o que têm, se lançaram alguma vez na conquista do que os outros têm. Foi assim desde que o mundo é mundo, e até Alexandre se estendeu por ele, muito antes dos Romanos lhe irem no encalço. E Napoleão. E Hitler. E tudo se acabou, se acabará, porque outros virão que se lhes sobreporão.

 

Mas voltámos ao Strauss-Khan, e àquele desgraçado rapaz, enfiado em masmorra de facínoras, sem, afinal, ser um deles.

 

Porque os Americanos não perdoam o erro, e a sociedade, que anda cada vez mais à cata de escândalos, transformou-se em goela putrefacta, vomitando as imundícies dos crimes e dos respectivos castigos vilipendiosos, mais quando são os países poderosos a determinar tais castigos, pese embora o contributo que eles deram a esses crimes, na sua permissividade, na sua literatura, nos seus filmes, na sua Justiça facilitadora, no seu laxismo, de uma liberdade sem regras, na animalidade dos instintos que tudo isso favoreceu. No jogo lucrativo que estabelecem com aqueles povos ou homens que depois condenam.

 

E veio à baila o tema dos escândalos políticos e sociais veiculados pela literatura, já do século XIX, na pena de dois extraordinários escritores coevos – o irlandês Óscar Wilde, o português Eça de Queirós.

 

(*)

 

Entre as esfuziantes comédias de Óscar Wilde, de um sabor e graça moldados por um discurso de calembur, de trocadilho, pondo tantas vezes a ridículo a sociedade sofisticada e fútil da época vitoriana, conta-se “Um Marido Ideal”, cujo tema de chantagem e provável destruição política – feita por uma bela aventureira, lady Cheveley - tem perfeita actualidade.

 

É lord Goring, alter ego  de Wilde, como João da Ega o será de Eça, que na sua maneira provocadora, de uma graça irreverente e iconoclasta, como a de João da Ega, resolverá a situação do seu amigo chantageado – lord Robert Chiltern – marido ideal para a esposa – lady Chiltern, de uma dignidade um tanto rígida – tal como Ega será o solucionador impagável, com a chantagem cheia de verve malandra que ele próprio irá exercer sobre os dois fabricantes da destruição social do seu grande amigo Carlos da Maia – Palma Cavalão e Dâmaso Salcede, do romance "Os Maias".

 

Uma literatura imortal, sobrepondo-se à indignidade humana a cada momento dando-se espectáculo. Felizes os que a ela têm acesso, como forma de fugir às convulsões de um mundo cada vez mais desfigurado. Mau grado o progresso. Ou por causa dele.

 

 Berta Brás

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://bp1.blogger.com/_JGUfCnua1gs/RtQBC9iALpI/AAAAAAAAADc/2CI9qVX5XJM/s1600/caricatura%2BE%C3%A7a%2B2.jpg&imgrefurl=http://explosaodeletras.blogspot.com/2007/08/dmaso-salcede-e-outros.html&usg=__ln3N0tLgWYEA9HWqi5timnl8gF0=&h=185&w=162&sz=10&hl=pt-PT&start=0&sig2=D974pTudmhb8VEGhDX5owA&zoom=1&tbnid=6mLqlWUG6SmN2M:&tbnh=122&tbnw=110&ei=YQ3aTaDIGImChQfbk6C6Bg&prev=/search%3Fq%3DD%25C3%25A2maso%252BSalcede%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=rc&dur=390&sqi=2&page=1&ndsp=24&ved=1t:429,r:13,s:0&tx=58&ty=76

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