Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A bem da Nação

NO ZIMBABUÉ CRISE É CRISE

 

Veemência convicta ou mero bluff?

 
 
Em substituição de um Power Point que não consigo reproduzir, faço uma pequena introdução ao texto do Dr. Miguel Allegro de Magalhães:
 
No Zimbabué a inflação chegou aos 231 milhões por cento. Imagina-se o que isso possa significar? Se no dia 1 de Janeiro um produto qualquer – o litro de leite, por exemplo – custava € 1,00 (um Euro), no final do ano esse mesmo produto custaria (segure-se, caro Leitor) algo como € 231.000.000,00 (duzentos e trinta e um milhões de Euros).
 
O que isto significa é isso mesmo: o descrédito da unidade monetária e o desprezo da moeda como instrumento de troca. Solução? A troca directa de bens como nos tempos anteriores à invenção da moeda com todos os inconvenientes, nomeadamente o incómodo de ir às compras ajoujado de mercadorias e voltar de lá com outras de valor talvez equivalente.
 
Henrique Salles da Fonseca
 
- + - + -
 
Foi assim que a Alemanha, após 1ª guerra mundial, entrou na hiper-inflação (miséria, desemprego, etc.) 1919-23; foi assim que daí para a frente nunca mais quiseram ouvir falar em inflação; foi assim que criaram o DM (Deutsch Mark no pós 2ª guerra) como uma moeda forte; foi assim que só entraram para o Euro depois de garantias do BCE de que este seria uma moeda forte; foi assim que nasceram os critérios “Défice Público/PIB (3%) e Dívida Pública/PIB (60%)", foi assim que os Estados-Membro do Euro garantiram que recorreriam sempre ao financiamento (ficaram proibidos de emitir moeda, como o faz o Zimbabué) para cobrir os défices.
 
Até que... chegou a CRISE e: ou Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal (os GEIP - PIGS em inglês), encontram na UE fiadores (quem os garanta contra a possibilidade de falência/incumprimento no pagamento da Dívida), ou chamam o FMI... ou a médio prazo estamos todos bem enrodilhados.
 
Porque duvido fortemente que o nosso país em quatro anos consiga reduzir o Défice para 3%. É que, mesmo financiados, iremos todos passar um GRANDE MAU BOCADO…
 
A Alemanha (e julgo que também a França) socorrerá os GEIP/PIGS, porque se o não fizerem deparam-se a prazo com a falência da União Monetária/Euro. Julgo que o farão sob a forma de garantias, cabendo às instituições financeiras "emprestarem o dinheiro necessário".
 
Os países mais frágeis do Euro (Portugal e Grécia, para começar), se não tiverem auxílio externo, recorrerão no futuro a soluções próprias, que envolverão o retorno às suas moedas, desvalorizações imediatas dessas moedas, restrições às IMPORTAÇÕES, AUMENTOS DE IMPOSTOS, etc. Enfim, o caminho seguro para a escassez, a baixa do nível de vida.
 
Espera-se que isto não aconteça, que haja bom senso e se comece por estudar já um plano a médio prazo de enorme redução da Despesa Pública – TGV, Aeroporto de Alcochete, fórmula de cálculo das pensões a continuar a rever em baixa, Educação a pagar (mais) em todos os escalões, Saúde Pública idem, idem, com revisão para cima das taxas moderadoras, excluindo pensionistas e dependentes. E por aí fora... tudo ao contrário do que se discute e propõe na Assembleia da República. É evidente que, quem quiser arriscar este "Programa de Salvação Portuguesa" arrisca-se a ter a sorte do Sidónio Pais.
 
Mas, se não formos nós a fazê-lo, outros o farão por nós.
 
Acompanhe-se a situação da Grécia…
 
Miguel Allegro de Magalhães

POSTAIS ILUSTRADOS XXXVII

 

OS DOZE TRABALHOS DO PEC
 
 
Este texto pretende ser a primeira resposta, ainda que incompleta (falta a Regionalização), àqueles que, gentilmente, comentaram o meu texto anterior: O Postais Ilustrados XXXVI
Luís Santiago
 
 
 
O Pacto de Estabilidade e Crescimento está aí para nos “apontar” no caminho certo (?) do equilíbrio das contas públicas. Digamos que é o primeiro sintoma de um novo aparecimento do FMI na nossa vida económico-financeira, antes que entremos pela porta do colapso. Ainda falta algum tempo para que isso aconteça. Dois, três anos no máximo, poderemos, ainda, sobreviver na actual situação.
 
Diz-se por aí que à Comunidade Económica Internacional não interessa que colapsemos e que, tal como na realidade grega, nos deitará a mão. Não devemos aguardar pelo que nos está reservado se falharmos: que nos venham mandar na nossa casa e nos reduzam à condição de pedintes dependentes da caridade internacional; impondo-nos regras que nós devemos, se tivermos algum resquício de dignidade, impor a nós próprios.
 
Que diabo! Será uma situação humilhante, mas, inevitável se não formos capazes de tomar urgentes medidas de excepção.
 
As decisões mais importantes, sob o ponto de vista estrutural económico-financeiro[1] em minha opinião, deixo-as aqui expressas, para que sirvam, ao menos, como base de reflexão; a executar de imediato e a iniciar neste primeiro ano financeiro de 2010, a prolongar pelos próximos três anos, como medidas de carácter excepcional:
 
1ª – Iniciar a reorganização do Estado, a começar por cima, para dar o exemplo, reduzindo o número de Ministérios e Secretarias de Estado, todo o séquito ao redor dos gabinetes. Não são precisos tantos Ministros e Secretários de Estado, tantos assessores, tantas secretárias, tantos motoristas, tantos carros!!!... O factor numérico não interessa. O que interessa é a qualidade dos ministeriáveis e secretariáveis e dos que constituem as suas equipas de apoio;
 
2ª – Iniciar a reorganização política, começando por reduzir o número de deputados a 180, como aliás, consta da Constituição (art. 148º) e todo o séquito ao redor dos grupos parlamentares[2];
 
3ª – Em função das duas primeiras, reavaliar o OE no tocante às despesas sumptuárias e aquisições de luxo, em todas as despesas públicas, consideradas pura ostentação. O que é mais caro nem sempre corresponde a boa qualidade;
 
4ª – Iniciar a reorganização da Administração Pública Central, reduzindo o número de direcções-gerais, institutos públicos, empresas públicas, outsorcings que substituem as tarefas públicas, redefinindo e redistribuindo os objectivos e funções de cada serviço, eliminando a burocracia e as funções paralelas. Mudar os nomes aos vários serviços e deixar tudo na mesma não é reorganizar, nem reestruturar[3];
 
5ª – Iniciar a reorganização da Administração Pública Local, modernizando o conceito de autarquia, alargando a área geográfica da sua responsabilidade, reduzindo o número de Câmaras, alterando as premissas da organização geográfica e populacional de Distritos e Concelhos;
 
6ª - Reorganizar o sistema político, definindo novas regras eleitorais e, designadamente prazos entre eleições, apoios financeiros públicos aos partidos; liberalizando os apoios privados com novas regras de rigoroso escrutínio, estabelecendo, por lei, normas para a elaboração de listas de candidatos;
 
7ª – Descentralizar os grandes núcleos citadinos, promovendo a deslocalização para o interior do País, permitindo a reorganização dos tecidos industrial e comercial e, em consequência, do tecido económico, em paralelo com a institucionalização da regionalização;
 
8ª - Rever as grandes obras públicas, optando por obras de médio porte, como por exemplo, aumentar a capacidade do aeroporto de Lisboa, estabelecendo regras rigorosas e inultrapassáveis de penalização de derrapagens, quer financeiras, quer de prazos de execução em quaisquer obras ou serviços a prestar ao Estado;
 
9ª - Rever todo o Sistema Fiscal e a teia de impostos em que estamos enredados, que, apesar de alguns terem sido considerados “estúpidos” ainda subsistem. O IRS carece de ver alterados os tectos para efeitos de incidência e as respectivas taxas por método de aplicação progressiva; criando uma Polícia Fiscal com poderes de investigação específica, a eliminação dos tribunais de execução fiscal, passando as suas competências para os tribunais comuns;
 
10ª – Controlar os lucros, através de uma política de preços administrativos, para dominar a derrapagem da inflação;
 
11ª – Definir regras rigorosas para a acesso ao crédito ao consumo, para incentivar a poupança e proibir os aumentos de vencimentos a partir de um montante estimado e determinado e, com base nesse montante escalar os montantes atribuídos às reformas, para um melhor equilíbrio económico entre classes salariais; rever todos os apoios sociais a partir do subsídio de desemprego, eliminando e punindo, rigorosamente, as situações de aproveitamento e parasitismo. A população activa anda a trabalhar e a pagar o sustento de uns milhares (alguns precisam mesmo!) dos quais muitos se aproveitam da situação anárquica da fiscalização para viverem à custa do esforço dos que trabalham, verificando-se situações escandalosas em que os “subsidiados” recebem mais do que aqueles que trabalham efectivamente, com a agravante de estarem isentos de impostos, incluindo-se nesta vergonhosa realidade, emigrantes para quem o governo actual criou em Portugal um paraíso;
 
12ª – Estimular a poupança, incentivando os portugueses e o sector empresarial privado a adquirir títulos da dívida pública, em condições a estudar.
 
Estas medidas, terão carácter excepcional durante o período de recuperação económico-financeira.
 
 Luís Santiago
 


[1] - Incluem-se algumas medidas de conjuntura, como não podia deixar de ser
[2] - A existência e funcionamento da Assembleia da República, suporta-se em algumas verbas, que podem ser consultadas na Folha 372 do Diário da República nº 28 - I Série -, de 10 de Fevereiro de 2010, através da pagina www.dre.pt  – Resolução da AR nº 11/2010, e de que saliento apenas duas rubricas orçamentais:
Rubrica                          Descrição                                                                              milhões de €
12-02-05          Subvenções aos Partidos e Forças Políticas representadas na AR                16,98                                               
12-02-06          Subsídios Estatais para Campanhas Eleitorais                                                 73,72
 
Resumindo, a despesa total orçamentada é de 191,405 milhões de €, em que 90,700 milhões de €, praticamente metade do orçamento da AR, é para os Partidos e campanhas eleitorais.
 
[3] - Recordo aqui as reformas feitas na Primavera Marcelista, nomeadamente, na “reestruturação” da polícia política que só mudou de nome.
 

A EDUCAÇÃO NA DEMOCRACIA

 

A minha amiga falou no Jardim:
- O Jardim deve estar de rastos.
Eu discordei:
- Quem pode estar de rastos são as pessoas que sofreram sob todos os modos. E o governo português vai levar a bolada que se recusava a partilhar.
E continuámos a falar na economia nacional também de rastos e com poucos restos já, que os rostos calam, a não ser para ajudar à esperança dos restantes rostos, com a oposição a gritar que é patranha essa do apoio à esperança, na ocultação de tanta verdade, de que se anda à procura sem resultado prático.
 
Mas debruçámo-nos sobre o DESTAK de 22/2, que colhemos na CGD. O artigo da página 2, de Filipa Estrela, continha informação sobre o livro “O Não também ajuda a crescer” de Maria Jesus Álava Reyes, de que transcrevo a síntese “Os principais erros dos pais” e “As regras fundamentais de educação”.
 
Eis os erros dos pais:
- Actuam como amigos. É importante que os pais sejam pais e não tentem ser colegas.
- Protegem excessivamente. Se lhes tiram a possibilidade de criar as próprias defesas, não vão ser capazes de vencer as dificuldades sozinhos.
- Favorecem o consumismo. Se desde pequenos lhes dão tudo o que pedem, não vão dar valor às coisas e às pessoas.
- O pai e a mãe não estão de acordo. Um progenitor não pode contradizer e desautorizar o outro na presença da criança.
Eis as regras:
- Aprender a observar a conduta;
- Aprender a actuar de forma imediata quando há alguma coisa importante;
- Assumir posições incómodas, como dizer não quando é preciso;
- Impor limites e regras, em função da idade;
- Ser mais perseverante do que as crianças;
- Saber usar o senso comum.
 
No mesmo Jornal vem a Editorial subscrita por Isabel Stilwell que transponho integralmente:

Maltratados pelos próprios filhos

“Há pais que são espancados, roubados e insultados pelos próprios filhos. Preferimos pensar que é mentira, um exagero, coisa de toxicodependentes desesperados ou de doentes mentais. Por outras palavras, o assunto é tabu. Os dados de uma linha de apoio a pais, a Parentline Plus, vieram agora revelar, através da BBC, que no Reino Unido há três pais por dia que se queixam de maus-tratos por parte dos seus filhos. Cerca de 90% dos agredidos são mães, de todas as classes sociais, e muitas confessam que têm medo de ficar em casa com o filho agressor.

O que se calhar o leitor não estava à espera, eu pelo menos não estava, é que estes filhos tivessem idades entre os zero e os 25 anos de idade, e que a maioria dos casos (60%) acontece com “criminosos” dos13 aos 18 anos. Nova surpresa: são as raparigas as mais violentas, ao ponto de usarem facas para ameaçar as mães e aquelas que recorrem aos piores insultos. “Ter uma filha violenta é o tabu dos tabus. Há mães que nem são capazes de o revelar à família próxima. Mas se analisarmos bem, é natural: as raparigas exteriorizam a sua frustração dentro de casa, os rapazes fazem-no no bar ou na rua” explica um dos especialistas da linha.
Mas se tudo isto choca, choca ainda mais quando se percebe que há queixas de mães de crianças com menos de três anos (são 11% as queixas de pais com filhos com menos de 9 anos!). A falta de autoridade é chocante e começa no berço, exclamam os especialistas ouvidos pela BBC. Estas mães, por alguma razão, são incapazes de colocar limites. “Convencidos de que têm a obrigação de amar os filhos incondicionalmente, aceitam ser tratadas sem qualquer respeito. Só quando as conseguimos fazer perceber que têm direitos é que começamos a ser capazes de as ajudar a reconstruir uma relação mais equilibrada, dizem os responsáveis pela Parentline. Mas deixam um aviso importante: é urgente apoiar estes pais, mas deixando claro que são responsáveis pela situação em que se encontram. E por sair dela.”

A
minha amiga naturalmente, concorda, e aponta o dedo aos media. Viu ontem um filme na TVI de uma violência estarrecedora com sangue, muito sangue, muitas armas, como exemplo para o actual encaminhamento educativo das crianças. E acrescenta:
- O menino, quando se irrita vai lá e mata a professora. O mundo virou sem educação.
Contou que o neto foi com o pai jogar com outros meninos da sua escola. No Algarve. Miúdos de 9 anos, os pais que se insultam, na defesa dos seus filhos nas evoluções do jogo, em versão menos cómica "Sr. Anastácio" / "Sr. Barata" no jogo de futebol do filme "O Leão da Estrela".
- Como é que aqueles miúdos são educados? E que professor nenhum se zangue com o filho deles, que eles vão lá e arrasam!

Falei também num e-mail de um professor francês indignado, que contou o caso dos meninos franceses de uma escola, os quais exigiram a expulsão da professora, por ter impedido um aluno de usar telemóvel na aula.

E explorámos assim a globalização da má criação, embora eu tivesse considerado o sistema democrático mais propenso a esse fenómeno, pelo incitamento à liberdade e ao gozo sem controlo das felicidades causadas pelo egoísmo e o consumismo materialista.
E a esse propósito citei um texto de Henrique Salles da Fonseca, no blog “A Bem da Nação”, que comentei. Era o texto “Outros Mundos” sobre a questão do significado da verdade, nos três tipos de verdade que cita: a material, axiomática, a espiritual, em função dos sentimentos, a verdade científica – falível – que resulta da congeminação humana. Eis o comentário:
O Homem é um ser de tal modo extraordinário que fez tudo isso, criando nomes convencionais para as coisas, criando termos de absoluto, relativamente aos conceitos de sentidos opostos – o Bem e o Mal, o Belo e o Feio, o Justo e o Injusto, a Sinceridade, a Falsidade... – criando explicações científicas como verdades em movimento... Conseguiu, assim, pensar em termos de abstracções de sentido universal, que codificou nos mitos, nas religiões... Acho espantoso isso, essas verdades do espírito, criadas desde as origens, que ajudaram a formar a razão humana num sentido de respeito – ou desprezo – pelos valores absolutos, dificilmente definíveis, mas que intuímos como algo a atingir ou a banir. Há quem apode ironicamente isso de radicalismo, de maniqueísmo, e semeie outras hipóteses mais confortáveis, de negação e fuga, por conveniência própria, semeando a dúvida, criando a incerteza, conduzindo à anarquia, à perda de dignidade, à opção de recusa dos tais valores que definiam o “honnête homme” clássico, porque os valores da materialidade se impuseram, a espiritualidade foi eliminada pela brutalidade, pela aceleração, pela ambição e o egoísmo.
 
Achei que o comentário vinha a propósito das nossas reflexões e dos textos citados sobre Educação.

A verdade em democracia? A que esconde as trafulhices que há longos anos se vêm cometendo entre nós – quem se lembra mais do caso Melancia? – e cujo deslindar fica no segredo do poder e da Justiça aliada a este?

A Democracia serve para eliminar a bitola dessa verdade criada pelos homens sobre valores absolutos, a coberto dos direitos de igualdade, liberdade e fraternidade, também por eles generosamente concebidos, na realidade todos esses direitos referenciados sob uma paleta de cinismo dos ambiciosos e dos poderosos.

E tudo isso tem a ver com Educação, uma verdade quase sem sentido já. Mau grado os dados construtivos do livro “O Não também ajuda a crescer”, que ambas subscrevemos integralmente.

Um livro destes traz um retorno da esperança. Esperança na mudança. Podemos mantê-la ainda? Os professores continuam a marcar passo, ao compasso das suas reuniões, que não ajudam à "especialização" nas matérias do seu foro docente e o empobrecem irremediavelmente.
 
O "tempo", a quarta dimensão subentendida no texto de Salles da Fonseca, se encarregará de revelar os efeitos perversos resultantes das actuais normas ministeriais de condução educativa.
 
Berta Brás
 

O CENTRO DO MUNDO

 

 
 
 
Tempos houve quando para os “ocidentais” outras terras e povos eram desconhecidos, o seu mundo, pequenino, centrava-se à volta dum pequeno mar, que por essa razão era conhecido como “Medium Terram”, o Mediterrâneo.
 
Foi à volta deste mar que se desenvolveu o conhecimento ocidental, vindo do Egipto e da Mesopotâmia, depois da Grécia, tendo a seguir se alastrado pelas orlas deste mar.
 
Os homens viviam com a crença que todos os males e eventuais bens que lhes chegavam eram dádivas de Deus, dum Deus qualquer, e todos os governantes não só lhe rendiam homenagens e templos, como não permitiam que alguém duvidasse das suas características divinas.
 
Esse “governo da divindade” um dia estabeleceu-se em Roma, e mesmo com a destruição do Império Romano os religiosos cristãos conseguiram segurar um pouco do conhecimento antigo, infelizmente não permitindo a sua divulgação e, pior ainda, da discussão dos princípios de que tudo seria ou não obra de Deus. Um dia surgiu um génio que decidiu pôr em causa a sacralidade de muitos “fenómenos”, estudou e pintou o homem nos seus mais ínfimos detalhes, dissecou cadáveres de crianças e adultos, gordos e magros, para procurar entender como funcionava o corpo humano que ele tanto admirava.
 
Os detalhes a que desceu foram de tal forma minuciosos que ainda hoje a anatomia lhe deve desenhos e descobertas maravilhosas, e há até quem lhe chame gay pela beleza e detalhes das suas pinturas. Leonardo da Vinci.
 
Até Freud e sua psicose de que tudo estava subjugado ao sexo, interpretou um sonho de Leonardo com um abutre, afirmando que Leonardo da Vinci havia sido um homossexual latente!
 
Tu quoque, Freud?
 
Contemporâneo deste génio, outra figura ímpar que se apercebe que os homens não recebem o mando das mãos de Deus, e que só alguns conseguem impor-se e governar. “O Príncipe” que serviu e serve de bíblia para todos os governantes do mundo, até hoje. Ensina-lhes como governar pela força, a tirania, desprezando a justiça e humanidade. Afirma que um homem bom se por acaso chega ao poder, e se aí se quer manter, vira um homem mau, enquanto um mau, mesmo que alcance o mando, jamais será um homem bom. Ensina ainda que a grande arte de governar é fazer o menos possível e representar o máximo perante o público, com ostentação, porque o povo não quer no topo um homem modesto, humilde e fraco.
 
Ainda hoje, por todo o mundo vimos que é o Império de Maquiavel que manda e sobretudo desmanda, raros, se algum há, a lutar pelo bem-estar da sociedade. As forças do mal são muito mais fortes que as do bem…
 
Parecem de Maquiavel as seguintes palavras mas foram proferidas meio século antes por Aeneas Silvio Poccolomini, mais tarde Pio II (1458-64), “um ‘príncipe’ que não sabe ler as lições da história, é uma presa irremediável da lisonja e da integridade”!
 
Em contraponto ao despotismo, ao “príncipe do mal” aparece um sonhador, um “babaca” como eu, com a errada ideia de que “o amor ao próximo” é que resolve os problemas do mundo, e que essa maravilha se viveria “em lugar nenhum do mundo”: em Utopia! Quinze séculos antes já Alguém nos havia prometido o Reino dos Céus, desde que amássemos o próximo como a nós mesmos. Este foi logo crucificado e o utópico Thomas More, do mesmo modo, e por benevolente “consideração do rei” foi simplesmente decapitado!
 
Aparece “A Loucura”; ela nos diz tudo aquilo que normalmente já deveríamos saber e na maioria das vezes “disfarçamos”! Que os príncipes parecem infelizes mesmo com toda a exibição de esplendor, por nunca ouvirem a verdade, como os que subornam a lisonja de um orador para ouvir louvores, puras mentiras. Como diz o provérbio “Se ninguém te louva, louva-te a ti próprio”!
 
As pessoas ouvem com prazer maior o que não entendem, pois a sua vaidade está nisso interessada. E continua a Loucura a mostrar-nos que a ignorância e a irreflexão fazem esquecer as misérias e dão a esperança de alcançar a felicidade. A estes a vida deixa de lhes ser aborrecida, como aos velhos que atingiram idades avançadas e perderam todos os traços humanos, balbuciando, dizendo disparates, calvos, desdentados, sujos, curvados, tudo fazendo para rejuvenescer, pintando o cabelo, usando peruca ou dentaduras postiças, por vezes de dentes de porcos. Outras vezes apaixonando-se por menininhas e por elas fazendo maiores loucuras que um jovem, sabendo que essas garotas serão as mulheres de outros.
 
Ou ver as velhas que repetem que “A vida é bela”. Mulheres quentes que farejam o bode, que se pintam incessantemente, estão sempre em frente do espelho, depilam as partes secretas, estendem as mamas flácidas, e solicitam com gritinhos o desejo dos seus amantes e por algumas moedas seduzem jovens.
 
Que aqueles que as acham ridículas pensem se não valerá mais deixar correr a vida nessa loucura do que procurar lenha para a forca!
 
É verdade que não lhes importa a desonra que a sua conduta lhes traz aos olhos dos outros; não a sentem ou não lhes dão atenção. A vergonha, o opróbrio, a infâmia, o insulto, só são males quando se sentem.
 
E assim a Loucura, a deusa, coloca o homem acima da ciência e do jugo do mundo. O homem e a mulher, são o Centro do Mundo.
 
Com esta ideia um homem, nascido humilde, mas génio indomável, fogoso, insurge-se contra a vergonha da vida do papado, vida de ostentação e despesa nessa altura com Leão X que decide mandar vender pela Europa indulgências para angariar dinheiro para a Basílica de São Pedro! Lutero nega-se a cumprir as instruções de Roma e faz nascer o grande movimento da Reforma da Igreja, de que tão necessitada estava.
 
E se já em causa estava a tal sacralidade dos reis e chefes, e do próprio papado pela vida dissoluta em que vivia e se exibia, os pensadores viraram-se para o intrínseco valor do homem e para as ciências.
 
Calvino, teólogo e revoltado, trocou a ordem que parecia natural. Impôs a sua opinião em estilo maquiavélico e medieval, e valorizou o dinheiro face ao homem. Nascia o capitalismo.
 
Adam Smith vem novamente dar valor ao homem e sobretudo ao seu trabalho, através do qual se deviam quantificar os valores das mercadorias. A mão de obra era abundante, e o capital mandava. Foi preciso aparecer um escocês também de humilde origem para dar valor ao ser humano, procurando resolver os seus problemas através de associações, de cooperativas, quase um tipo do “amai-vos uns aos outros”, ou quando muito respeitai-vos e amparai-vos, e ninguém quis seguir o exemplo de Robert Owen!
 
Mas falava cada vez mais alto o capital, a exploração, as manobras financeiras, a mentira, e ninguém parece amar-se mais.
 
A Loucura do Amor não tem lugar num mundo atómico em que se gasta mais em equipamentos de matar do que em alimentos.
 
De repente olha para o Haiti porque parece mal ficar de fora, mas logo será abandonará à sua incapacidade e miséria.
 
Foi no “Medium Terram” que tudo para nós, ocidentais, começou. Só em Utopia poderia ter sido melhor. Com homens, não. Os homens não têm solução. É com se este mundo fosse o inferno de outro planeta! Aldous Huxley disse-o claramente.
 
Acabei de ver um filme comovente: “Hachiko – a Dog’s Story” estrelado por um cão Akita e Richard Gere. Que maravilha a amizade do cão, que me faz terminar este apontamento com um dito de Shopenhauer: “Quanto mais conheço os homens mais gosto dos cães”!
 
Rio de Janeiro, 5 de Fevereiro de 2010
 
 Francisco Gomes de Amorim

INOVAR PARA MELHORAR A ECONOMIA

 

 
Cavaco Silva tem razão! Muitos investidores tecnológicos deixam de investir cá por causa da (in)justiça. Quando trabalhei nos EUA aprendi a discernir entre Melhorar, Mudar, Podar e Eliminar. É a diferença entre o que é e o que deveria ser uma instituição, e a sua flexibilidade estrutural, que traz uma destas acções.
 
Melhora-se quando a maioria dos chefes, ao conhecer a ineficácia, medida junto aos clientes finais, neste caso PME’s, profissionais e o grande público, provam querer melhorar, já na apresentação dos resultados.
 
Muda-se quadros, quando só parte deles concorda que ‘está muito mal’.
 
Poda-se, isto é, extingue-se, muda-se a localização e a lei que a criou, ficando só uns 5% dos técnicos, quando a maioria deles não mostra melhores práticas em 30 dias.
 
Elimina-se uma instituição quando a árvore está tão desacreditada que é necessário arrancar o mal pela raíz e deixar outras sementes, que não cresceram devido ao mal uso da terra, crescer, florir e frutificar.
 
Quando o cidadão contribuinte já não acredita na instituição, aumenta a fome e a criminalidade. Pois neste quintal crescem mais piratas do que investidores. Será hora de podar, não só ajustar, a constituição? O ‘direito adquirido’, mesmo que ilegalmente, o código processual e o corporativismo assustam investidores sérios.
 
Na Dinamarca cada nova portaria e lei é avaliada após um ano, por um inquérito ao público e aos advogados que a utilizaram. Usam uma amostra do povo para a redigir em linguagem simples. Usam experientes advogados para garantir um texto com uma só interpretação. Pois aos grandes ‘agentes’ do direito, diferente da Justiça, e aos lóbis, interessa manter tudo como está. Pois é só o povo e o estado (leia-se contribuinte) quem perde.
 
 Jack Soifer

ACORDA GENTE, NÃO HÁ OUTRA SAÍDA

 

 Foto: Mário Rodrigues
Fonte: Revista Veja (10 de Fevereiro 2010, pág. 87)
 
 
Dificilmente nos dias de hoje alguém não tem qualquer veículo de informação à mão. Com a tecnologia avançada de comunicação, através de satélites, conseguimos saber o que acontece em qualquer parte do mundo em segundos e ao vivo. O problema é que são tantas as informações que nos chegam e tão rápido, que mal se tem tempo de digeri-las e de interpretá-las.
 
A sociedade contemporânea trocou o silêncio da observação pelo barulho estridente das notícias.  Através de torrentes de imagens e de palavreado convencional elas embotam nossos sentidos, confundem as nossas ideias, paralisam os nossos pensamentos, sugerem opiniões, “fazem” a nossa cabeça.
 
No Brasil, a grande maioria da população pouco ou nada lê. As notícias e a instrução chegam através da TV. Não temos cabedal educacional para avaliar com clareza. Como povão, falta-nos uma educação básica de qualidade que instrua, que esclareça, que ensine a valorizar os conhecimentos e a herança cultural que nos faz o que somos.  E a culpa, como insinuam os nossos intelectuais, não é exclusivamente do nosso passado colonial subserviente e ignorante,  ou do cabresto autoritário dos antigos coronéis da Republica. A culpa maior é das “elites” que governaram a nação brasileira que,  através dos tempos,  relegaram a segundo plano a educação, a ponto de torná-la cada vez mais fraca e insuficiente para uma população crescente em número e em ignorância. Faltaram investimentos e interesse político verdadeiro. Qualquer um sabe que é mais fácil conduzir um povo cego de conhecimentos e financeiramente dependente do Estado,  que um povo esclarecido e economicamente auto-suficiente. Só assim pode-se tentar entender a mentalidade acomodada e permissiva da maioria da população brasileira que ignora a corrupção e mazelas do governo.  Mas o povo não é tolo, sabe que a festa um dia acaba. Afinal, o dinheiro distribuído e levado nas cuecas não cai do céu, vem de quem trabalha e produz, vem dos impostos pagos por todos nós.  Se não houver produção e nem serviços não há pão,  muito menos benefícios. A diminuição da pobreza, fantasia do governo, não acaba com a distribuição de cestas ou esmolas. Acaba dando serviço e escola, ajudando o individuo a se qualificar para o trabalho.
 
A história da civilização ocidental mostrou ao longo dos séculos, através dos estudiosos e filósofos que mudaram a mentalidade do homem e a face das nações, que o ideal de prosperidade, igualdade de oportunidades e tolerância nas diferenças só se consegue através do aprendizado e do trabalho duro e honesto. Como dizem nossos sociólogos e historiadores, se somos uma nação jovem, porque não aprender com eles, aqueles que já sentiram na pele as dificuldades da sobrevivência!
 
Temos quase dois séculos de independência e a população brasileira ainda se deixa emprenhar pelos ouvidos, ignorando a razão e o bom senso. Não sabemos argumentar, discutir o que a inteligência nos mostra dos discursos que insinuam o que a gente já sabe ou intuí,  só para dar a ideia de conivência.    Somos um país multirracial, multicultural, onde se abre espaço para todos os credos, cores e culturas. Temos uma Constituição que garante os direitos fundamentais do indivíduo, desde que não firam a soberania nacional. Só falta respeitá-la. Socialmente ainda labutamos para termos oportunidades iguais de desenvolvimento, o que só chegará com educação básica de qualidade e obrigatória para toda a nação brasileira. Não há saída milagrosa que nos traga a paz e o progresso que a bandeira nacional nos deseja e nem líder que nos dê a liberdade económica, que a gente sonha, só o estudo e o trabalho.  É isto que a história da humanidade nos mostra.  
 
Uberaba, 16/02/10
 Maria Eduarda Fagundes

Procurar erros onde eles não estão

 

 
 
Nos últimos anos da monarquia portuguesa, a “febre” republicana atribuía todas os males ao facto de ser aquele o sistema vigente em Portugal. Fez-se a revolução em 1910, acabou a monarquia e foi implantada a república.
 
A “febre”, então “euforia”, desatou a fazer mudanças, algumas só no nome, como no caso da moeda. Em vez dos execráveis “reis” passou a haver o “escudo” embora, muitas dezenas de anos depois, os portugueses continuassem a chamar ao escudo “mil reis”.
 
Uma ou outra alteração pode ter sido boa, mas o conjunto foi um desastre. Tão mal funcionaram os que legislavam e governavam que apenas dezasseis anos após a implantação da república o País estava em bancarrota. Nesses dezasseis anos o descalabro foi sempre em crescendo, com revoluções constantes, 8 Presidentes da República, numerosíssimos governos (alguns durando apenas escassos meses) e a moeda a degradar-se de tal forma que, no fim desse período, já nada valia internacionalmente. Aos que não sabem o que foi esse desgraçado período, agora por alguns exaltado como muito “democrático”, e especialmente aos jovens a quem ensinam uma história completamente distorcida, eu sugiro que leiam os jornais e a literatura da época, nela destacando os magníficos “Fantoches”, totalmente escritos pelo insuspeito Rocha Martins.
 
Esse tipo de cegueira, que atribui os males a causas erradas – como se sabe, há monarquias que funcionam bem e repúblicas que também funcionam bem – “inventa” razões para os males, quando a causa deles é muito diferente, e continua a verificar-se no presente. Um dos mais recentes casos – e dos mais absurdos – foi-nos dado pelo Dr. Miguel Cadilhe, ao dizer que os males de Portugal - indiscutivelmente existentes, que nos dão um tão baixo lugar na escala das nações e, o que é pior, a grande distancia dos da frente – são causados por... não se ter feito a regionalização!
 
Num Pais tão pequeno, já eivado de tanta burocracia excessiva, já com os seus serviços muito regionalizados, queriam implantar mais um escalão burocrático, entre o governo central e as câmaras municipais. (Se alguns cantam loas ao “poder local”, também se esquecem que muitos dos graves erros, por exemplo, das urbanizações, são da responsabilidade desse mesmo poder). É claro que para os políticos profissionais interessa que haja mais um bom número de lugares para ocupar.
 
Os males de Portugal são resultado de muitos erros cometidos antes e depois de 1974, que nada têm a ver com a “regionalização”. Tenho denunciado vários deles, particularmente nos sectores em que tenho obrigação de ter alguma competência, nomeadamente a agricultura, a educação e a investigação científica. Muitos desses erros são elementares e de nada tem servido indicar a solução, mesmo quando sectores ou organismos internacionais vêm, posteriormente, preconizar o que eu já tinha indicado. Um caso paradigmático passou-se com o ensino superior, como passo a relatar.
 
Por legislação de 1979 e 1980 ocorreram grandes – e muito graves – alterações no ensino superior em Portugal. Tive conversas com alguns responsáveis, a quem propus as alterações que considerava deviam ser feitas para corrigir os graves erros dessa legislação. Como nada acontecesse, publiquei em 1994, em artigo de jornal[1], o que propunha que se fizesse. No ano seguinte, num outro artigo[2], repeti e ampliei o que já indicara e sugeri que, dadas as diferenças existentes na Europa, Portugal propusesse a adopção dum sistema naqueles moldes:
Como na União Europeia existem grandes discrepâncias entre os diferentes países, considero que Portugal deveria propor para a Europa a adopção do sistema aqui esquematizado. No entanto, não pretendo que este esquema seja a última palavra e, naturalmente, apresento-o como base para discussão.
 
 A sugestão foi totalmente ignorada.
 
Algum tempo depois tive ocasião de conversar pessoalmente com o ministro da pasta – a quem, aliás, já tinha enviado os dois artigos – e de chamar a atenção para o que eu considerava se devia fazer. Nada consegui, a sua posição era totalmente contrária e que isso seria “uma guerra perdida”. Deve, no entanto, ter mudado de ideias, pois foi esse mesmo ministro que, em 1999, assinou, por Portugal, a Declaração de Bolonha, que veio determinar aquilo que eu tinha proposto cinco anos antes! Só lamento que não tenha sido executada a minha sugestão de Portugal propor à Europa um tal sistema pois, como escrevi em 2001[3], referindo o anterior:
 “...’Portugal deveria propor, para a Europa, a adopção do sistema aqui esquematizado’. Em vez de ir a reboque da União Europeia, Portugal poderia ter tomado a iniciativa e a Declaração, em vez de ser de Bolonha, poderia ter sido de Coimbra, de Évora ou de qualquer outra das nossas cidades universitárias.
 
Os males de Portugal começam na sua Constituição que, apesar de muito apregoar “democracia”, não deixa aos cidadãos a liberdade de escolherem a pessoa em quem delegam o poder que, numa democracia, os cidadãos possuem. A única eleição democrática que existe em Portugal é para o Presidente da República. As candidaturas são apresentadas por um grupo de cidadãos eleitores, limitando-se a acção dos partidos a apoiar o candidato que entenderem, mas que não pode ser apresentado por eles. Às pessoas que dizem que ninguém pode ser eleito se não tiver o apoio dum grande partido respondo que isso está nas mãos dos cidadãos: se houver um candidato geralmente reconhecido como sendo melhor que todos os outros mas que não é apoiado por nenhum grande partido, só não é eleito se os cidadãos não quiserem votar nele e, carneiralmente, forem votar noutro qualquer, só porque é apoiado por determinado partido. Nesse caso não se podem queixar. Mas podem queixar-se – e muitos se queixam, mas apenas em surdina – de não poderem escolher livremente os candidatos, ou mesmo candidatar-se a deputados para a Assembleia da República e ficarem limitados a escolher, como se disse, uma entre as quatro ou cinco “listas” – por ordem fixa! – feitas ditatorialmente pelos chefes dos partidos. Foi para corrigir essa anomalia que já publiquei[4] uma “Proposta de Alterações à Constituição da República Portuguesa”, que daria aos portugueses a liberdade inerente a uma democracia.
 
Voltando aos erros que têm sido cometidos e que são responsáveis pela nossa posição no mundo, eles têm abundado exactamente na economia, o sector do Dr. Miguel Cadilhe. Na agricultura, um importante sector da economia que os nossos economistas tentam minimizar e destruir, é verdadeiramente criminoso o que tem sido feito e que o Pais tem pago bem caro. Parece que não compreendem que os erros ali cometidos são o começo do hara-kiri que deitou abaixo o governo do PSD em 1995, o do PS em 2002 e é capaz de deitar abaixo o da actual coligação em 2006. Veja-se o que escrevi recentemente[5] sobre o futuro da agricultura, em dúzias e dúzias de artigos ao longo de algumas décadas e até numa carta publicada no TIME de 22-11-2004.
 
Era bom que os portugueses aprendessem com as lições do passado e tentassem ver onde estão os males, em vez de os atribuírem a causas fictícias.
 
 Miguel Mota
 


[1] - Mota, Miguel. 1994 – Achegas para o novo Estatuto da Carreira Docente Universitária. Publico de 2 de Julho de 1994
 
[2] - -------------------- 1995 – A propósito da criação da Escola Superior Agrária de Elvas. O Ensino Superior Agrícola. Linhas de Elvas de 5 de Maio de 1995
 
[3] - -------------------- 2001 - Um novo esquema para o Ensino Superior. Correio da Manhã de 26 de Junho de 2001
 
[4] - ---------------- 2002 – Proposta de Alterações à Constituição da República Portuguesa. INUAF Studia, Instituto Universitário D. Afonso III, Ano 2, Nº 4. 2002
[5] - -------------------- 2004 – O futuro da agricultura portuguesa. Linhas de Elvas de 11 de Novembro de 2004

OUTROS MUNDOS

  

... mas, afinal, o que é a verdade?
 
Eis uma questão de resposta múltipla: se nos referirmos à verdade no sentido policial, trata-se da conformidade com os factos ocorridos numa certa circunstância que interessa à Polícia apurar; se nos referimos à verdade histórica, trata-se da que corresponde à hermenêutica; se nos referimos à verdade científica, por exemplo nas ciências da Natureza, trata-se de um ponto no infinito.
 
Uma palavra só e, contudo, suficiente para abarcarmos de uma única vez os três mundos coexistentes: o mundo das coisas; o dos estados de espírito, sentimentos; o das congeminações humanas, ou seja, das teorias.
 
No mundo das coisas não merece grande discussão o que é uma cadeira; a verdade histórica pode despertar sentimentos antagónicos tão fracturantes como os que estiveram na origem dos acontecimentos em análise e dar perspectivas diferentes da verdade conforme o lado em que se coloque cada observador; a verdade científica sobre a mecânica celeste foi uma novidade com a teoria de Newton mas passou a ser outra quando Einstein formulou as suas teorias sobre o espaço-tempo – e, mesmo assim, Einstein teve o cuidado de dizer que as suas teorias seriam válidas enquanto não aparecessem outras que as invalidassem…
 
Ou seja, temos três tipos de verdade: a material, axiomática; as do mundo espiritual, dos sentimentos; as que resultam da congeminação humana.
 
Mas da congeminação humana não resultam apenas bichos-de-sete-cabeças como essas teorias do espaço-tempo e outras que tais. Muito prosaicamente, a linguagem é o resultado da congeminação humana e, portanto, pertencente a essa terceira dimensão com que todos contactamos (os surdo-mudos têm a língua gestual que pertence ao mesmo mundo da língua oral – congeminação humana).
 
E como cada um de nós tem uma percepção relativamente exacta do mundo material que o rodeia, uma ideia aproximada dos seus próprios sentimentos e uma ideia mais ou menos objectiva ou mais ou menos vaga das teorias que toma como certas até prova em contrário, então temos que concluir ser cada um de nós o núcleo de três mundos concêntricos de dimensões tão limitadas ou infinitas quanto a teoria do espaço-tempo de Einstein permite conceber…
 
Mas as congeminações humanas são feitas em busca da verdade e, portanto, temos que reconhecer que essa verdade – por muito distante que possa estar do nosso alcance – existe de facto. Ou seja, as congeminações resultam de um esforço na busca da verdade final e, portanto, não são invenções mas apenas descobertas: a verdade existe por si e não pelo conceito que dela fazemos. Daqui resulta que os conceitos são transitórios e só a verdade é definitiva.
 
Cada mundo correspondendo ao tipo de conteúdo que encerra mas tendo como referência essencial a concepção subjectiva que o núcleo (cada pessoa) deles faz; com o desaparecimento físico do núcleo desaparece também a inerente concepção subjectiva e, assim, deixam também de existir as três dimensões a que o núcleo se referia. A menos que permaneça uma outra dimensão meramente espiritual, desencarnada, num outro mundo para que não dispomos de outra verdade que não a da Fé.
 
 
Lisboa, Fevereiro de 2010
 
 Henrique Salles da Fonseca
 
 
BIBLIOGRAFIA:
 
POPPER, Karl R. – EM BUSCA DE UM MUNDO MELHOR, Editorial Fragmentos, Ldª, 3ª edição, Novembro de 1992

BICAS E BOCAS

 

- Brasileiro é outra coisa. A diferença deles para nós, a
   maneira de ser é explicada pela   imensidão e o clima
   quente.
 
Foi isto a propósito da bica. A minha amiga gosta de ser bem tratada.
A empregada veio explicar que a bica pingada era melhor que o garoto, ficava mais saborosa. E esperou atentamente, a ver da anuência. A minha amiga provou e concordou em jeito confirmativo de olhos e de estalo de lábios. E a senhora foi-se embora sorridente, obsequiosa, meiga, brasileira, ainda a falar: Se não estiver boa a gente que troca. Daí o comentário da minha amiga: Brasileiro é outra coisa. Continuou:
- A diferença deles para nós, a maneira de ser é explicada pela imensidão e o clima quente. Ela diz, e espera para ver se ficou bem. O outro chega referia-se ao dos Domingos, noutro café mais amplo, de pastelaria – e despacha com ar sério, de quem sofre com a vida, sem bom dia nem boa tarde.
- Mas o nosso clima nem é dos piores...
- Não, eu há muito até digo que devíamos vender o sol ao grama. Mas temos que entrar em quarentena de dizer mal. Vem aí o Natal.
- É que não vale a pena dizer mal, já não resolve. Aliás, nunca resolveu.
- Não é só isso! Chateia-me! Tenho que parar de dizer mal.
Hoje não se lembrou de que “Nosso Senhor castiga”, causticada que ficou com as chocarreiras especulações que leu no “Caim” que camaradamente lhe emprestei. Mas logo continuou, embalada, esquecida do seu propósito amistoso:
- Aquele caso que o homem veio contar na SIC à Rita Ferro! Muito grave! A mulher foi sozinha à consulta no hospital e escreveram que o seu caso era muito grave, para se dirigir a outro hospital. Nem ambulância, nem táxi, deixaram-na sair sozinha. Ainda teve tempo de escrever uma mensagem ao marido, a dizer para onde ia, com o papel do diagnóstico muito grave. Morreu a dar dois passos à saída do hospital. O marido contou. Pensa-se: isto não é possível! Isto é Lisboa! Nem sequer uma aldeia sem recursos. Que desculpa vão os médicos apresentar?
- Às vezes os jornalistas exageram!
- Pois! Mas não se tratou de jornalistas. Este foi um caso contado pelo marido da senhora à Rita Ferro. Um erro também dos jornalistas quando contam sem investigar, prova de baixo nível, miserável. Os jornalistas não têm que investigar se é verdade? Eles não têm vergonha de afirmar sem terem a certeza? Há quem os ponha em tribunal. Mas este foi o marido que contou. Mas isto, ver televisão é um desgaste, aparecem casos de injustiça graves, graves. Era uma mulher nova. Inacreditável! A Rita Ferro é boa apresentadora. O marido vai meter aquela gente em Tribunal.
- Para quê? A Justiça também está em quarentena. Ou mesmo em hibernação...
- Passar-se isto no século XXI, na capital! Há um jornalista do “Correio da Manhã” que se refere ao país como “O Sítio”. Escreve muito bem. Maior desprezo não há. É evidente que não se deve desprezar, o país tem coisas bonitas. Mas como? Umas amigas minhas de Aveiro vieram cá, andaram a visitar Lisboa. A Almirante Reis está um nojo, as lojas fechadas, velhas, sujas. Eu cheguei cá, era nova e gostava. Mas cheguei a ver lixo no chão assim! - Fez um gesto com a mão, mostrando a altura do lixo.
- Mas eu sempre achei a Almirante Reis muito sombria. Talvez pelos prédios altos.
- Mas tinha lojas. Agora estão a cair.
- Lembro-me do encanto que foi para mim passar na Rua do Alecrim que Cesário referiu:
E esses negros corcéis que a espuma veste
Sobem a trote a Rua do Alecrim
Velozes como a peste.”
- Dar passeios é em Lisboa.
-Isso é chauvinismo, à maneira do Eça: “O país está todo entre a Arcada e S. Bento! O resto é paisagem!”
- Eu gostei de Lisboa e fiquei. Tem carisma. E dizem que tem uma claridade diferente. Não sei se é verdade.
- Há muitos escritores que a amaram e a calcorrearam bem, como o Cardoso Pires. Mas não só esses. Uma espécie de “Saint-Germain-des-Prés” dos intelectuais franceses. Sem intelectualidade capaz, como também Eça referiu.
- O Chiado é que ficou bem, depois do incêndio. Mas levou tempo.
- Talvez os incêndios de agora nas políticas e na economia tenham um efeito futuro feliz. A bonança, depois da tempestade...                     
- Como pode acreditar nisso? É preciso escutar o Medina Carreira.
- De toda a maneira, já o Eça e os outros nos reduziam a “choldra” e ainda estamos à espera do milagre. É o nosso fado.
- Está visto que não entramos em quarentena. Nem na questão da bica. Brasileiro é outra coisa.
 
                                       Berta Brás

APLAUDINDO AS PALAVRAS DO EMBAIXADOR ALEXANDER ELLIS

 

 
 
O texto do embaixador inglês, acabado de publicar neste blogue, não me surpreende nem a mim nem aos que se recusam a mergulhar no desânimo lastimoso. Aliás, as suas palavras trazem-me também à lembrança o treinador de futebol inglês John Mortimer quando ele regressou ao nosso país para treinar o Belenenses (década de 90), após ter passado pela primeira vez pelo Benfica alguns bons anos atrás (1976/1979). Numa entrevista ao jornal A Bola, aquele técnico afirmava que encontrou, nessa sua nova vinda a Portugal, um país que se transformara a olhos vistos, espantando-se com o salto qualitativo operado nesse intervalo de tempo.
 
É agora o embaixador Alexander Ellis que vem desmentir aquilo que constantemente ouvimos da boca de pessoas eternamente insatisfeitas, sempre desanimadas e incrédulas, que muitas vezes até fazem a apologia dos “bons tempos de Salazar”.
 
Ainda ontem, uma velhota minha conhecida, dos seus 80 e poucos anos, criticava algumas vozes pessimistas que proclamam as virtudes e as vantagens dos tempos antigos. E ela, idosa mas lúcida e esclarecida, lembrou então a fome e a miséria que se passava na sua aldeia algures na Beira Baixa, onde muitas vezes as pessoas se conformavam com uma única refeição diária e mesmo assim paupérrima, em que uma única sardinha era normalmente repartida entre duas pessoas; em que as crianças quase não bebiam leite, contentando-se com a “sopa de cavalo cansado”; em que o consumo regular de carne nem vê-lo, só ao alcance dos de maior posse. E lembrou que não havia reformas para quem trabalhava no campo ou em ofícios menores, citando o caso do pai, combatente da Grande Guerra, que não teve qualquer pensão depois de trabalhar uma vida inteira como mestre de obras numa Câmara Municipal; e sem qualquer assistência social na fase mais avançada da sua vida e no estado decadente da sua saúde, ele que era um veterano da Grande Guerra. Trata-se de uma velha conhecida da minha sogra, viúva, a quem dou apoio com o meu carro para a levar ao Centro de Saúde local, onde ela dispõe de uma assistência médica que lhe permite estabelecer conscienciosamente um paralelo com os tempos de outrora.
 
E ontem mesmo, levei-a ao Centro de Saúde, onde tirou a sua senha de chegada e, após o tempo de espera normal, era atendida pela sua médica de família, que lhe receitou análises sanguíneas e radiografias que horas depois eram marcadas, respectivamente, num Laboratório e num Centro de Diagnóstico locais, as análises para o dia seguinte e as radiografias para 5 dias depois.
 
Velhota conversadora e de língua afiada, critica frequentemente dois vizinhos dela, um que se reformou na casa dos 40 anos por doença simulada, segundo ela, mas continuando a trabalhar por conta própria, e um casal que recebe subsídio de desemprego mas tem 2 carros estacionados à porta, pouco se ralando com o fazer pela vida.
 
Acrescento que esta Senhora costuma convidar-nos para a sua quintarola na aldeia da Beira Baixa onde nasceu, de onde de vez em quando regressamos com o porta-bagagem carregado com aquelas delícias hortícolas e frutícolas que fazem o regalo por serem produzidas com poucos ou nenhuns químicos. Mas reparo sempre que onde antigamente havia estradas rurais em mau estado há hoje vias asfaltadas, isto para não falar na rede estradal de boa qualidade que serve as redondezas e os acessos. As ruas da localidade que à noite mergulhavam numa escuridão de breu, são hoje iluminadas com candeeiros eléctricos. A higiene que noutros tempos era bastante precária hoje conhece outras práticas, visto que a maior parte das habitações tem instalação sanitária, vendo-se moradias de muito boa qualidade de construção e com os confortos citadinos. As tabernas rústicas de outros tempos, embora alguma possa subsistir, dão primazia a cafés suficientemente equipados, com retrete, e com condições para neles se tomar uma “bica” normal como em qualquer lado. Vêem-se nas prateleiras bebidas espirituosas de toda a espécie, sendo que os jovens actualmente têm maior predilecção pela cerveja, descurando o vinho que, se antes era o carrascão que saía da pipa, hoje é de uma qualidade devidamente certificada pelos vários exemplares da garrafeira exposta.
 
Em suma, vou a esse Café e deparo com uma qualidade de vida que no essencial não faz grande diferença da do estabelecimento congénere da cidade. Ah, nesse café, aliás, tal como em mais outros dois dessa aldeia, há televisão a cores onde se pode ver os desafios de futebol da nossa Liga através do canal Sport TV.
 
No Verão passado, a caminho de mais uma visita à tal quintarola, parei em Castanheira de Pêra e fui surpreendido por uma enorme praia fluvial nessa localidade, a maior que já vi do género em Portugal. O aproveitamento do leito de um rio permitiu o nascimento daquilo que faz as delícias da população local e de outras localidades da zona. Uma praia fluvial de grande extensão, com palmeiras, areal, ondas artificiais, onde até há ancoradouro para pequenos barcos de recreio. Estava nesse dia uma canícula de rachar e ao olhar para as centenas de pessoas a refrescarem-se naquele aprazível empreendimento, lembrei-me desta expressão do nosso saudoso Fernando Pessa: “E esta, hem?
 
Poderia ainda falar um pouco dos extraordinários sinais de evolução que, de passagem, encontro nas vilas da Sertã ou Cernache de Bonjardim, onde as minhas palavras de apreço ganham naturalmente mais larga expressão. Em ambas as localidades encontramos restaurantes e cafés de bom nível e com instalações sanitárias que pedem meças a algumas que vemos na Europa dita mais civilizada.
 
Não me esqueço que em Paris entrei em casas de banho inadequadas e com duvidosa higiene de manutenção, isto para não citar que em plenos Champs-Élysées tive um dia de ficar de sentinela à porta da “casa de banho” de um Café enquanto a minha mulher lá estava, porque era para ambos os sexos. Em Cernache de Bonjardim, existe um excelente Café que fabrica pastéis de nata que nada ficam a dever aos de Belém, e na Sertã, há bons estabelecimentos onde se pode comprar o tradicional “maranho” e enchidos de qualidade, e bons restaurantes que servem pratos regionais visando o turismo. São bem evidentes os sinais de progresso social mesmo no interior de Portugal.
 
E não preciso adiantar mais exemplos do género sobre o que separa o Portugal de hoje do de há 3 décadas atrás. É claro que há ainda muito caminho a percorrer para podermos atingir outros patamares de progresso social. Mas é preciso que tenhamos assomos de juízo e que acertemos o entendimento e a unidade nacional em torno dos grandes desafios, em vez de gastarmos tempo e energias com politiquices e regabofes sobre questões ridículas de que todos nós já andamos fartos.
 
Ainda há menos de 2 horas, assisti a uma entrevista-debate com o Medina Carreira e o Luís Campos e Cunha e, enfim, voltei a ouvir as suas habituais receitas sobre como resolver o problema da estagnação do nosso crescimento económico e o do nosso défice orçamental crónico. Eles têm razão, é certo, se virmos as coisas de um ponto de vista virtual, isto é, sem plantarmos bruscamente aquelas soluções radicais no país real, onde se mantém inalterável, e num caso com surpreendente crescimento eleitoral, certa esquerda radical que acredita na intocabilidade e na consagração absoluta do Estado Social e que explora ao máximo o descontentamento popular por qualquer medida política reformista.
 
Não vou opinar sobre estas questões ideológicas que estão longe de concitar o necessário consenso nacional para lograrmos ultrapassar os nossos estrangulamentos, mas vou apenas registar que me agradou ouvir as impressões (muito positivas) daquelas ilustres figuras sobre a nomeação de Vítor Constâncio para vice-presidente do BCE. É que me veio logo à mente que esse prestigiado economista não foi tratado com a devida consideração pelo jovem deputado Nuno Melo, e não só, por ocasião do inquérito parlamentar a propósito do caso BPN e que, ainda recentemente, não se coibiu de voltar a emitir um juízo crítico no átrio do Parlamento Europeu, não sei se no palco, a respeito desta nomeação, por considerar Constâncio o principal culpado da crise do BPN e do BPP.
 
E a propósito do Parlamento Europeu, creio que não agradou à maioria dos portugueses ouvir o deputado Paulo Rangel bradar alto e bom som que não há liberdade de expressão no nosso país. Um meu amigo espanhol comentou que nenhum compatriota seu diria tal coisa do seu país, mesmo que tivesse razões para tal.
 
Foi ao correr da pena que escrevi estas palavras de apreço sobre o Portugal de hoje, mas não resisti, já no final, a deixar claro que bem mais longe poderemos ir quando os nossos políticos tomarem consciência de que o combate político-partidário não lhes pode tolher o bom senso e a lucidez.
 
 
Tomar, 15 de Fevereiro de 2010
 
Adriano Miranda Lima
 

Pág. 1/4

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D