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A bem da Nação

LINHAS CRUZADAS

 

 
 
Pare, Escute e Olhe
 
Quis chegar nas entrelinhas
Estendi-me nos carris
À espera da palavra vaga
Vagão repleto de intenções
Para onde me levas comboio?
 
Passageiros achocalhados
O tumulto apeou-se
Fazia falta na maralha
Para nortear o sul
Rosa das mentes em alvoroço
A marcar compassos
 
Cheguei tarde novamante
Compaixão de revisor
Bilhete trucidado
Dois furos acamados
Tomo nota da distância
 
Já não são linhas que nos guiam
Olhos abertos no nível
A passagem é uma cruz
Sacrifício no encontro
Do maquinista e do condutor
 
Parti nas entrelinhas
 
Escangalhamos os motores
 
 
 
 
© John Wolf 2009

FIM DE ANO

 

 
A bola de cristal
 
Janeiro 2007
Faz dentro de dias 3 anos que escrevi um artigo com o título de “PAC, PAC, PAC” comentando o grande pronunciamento de sexa big líder, que afirmava, na sua rouca voz alcoolizada, que o Brasil ia finalmente deslanchar, ao fim de mais de 500 anos, com o esplendoroso programa PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – onde o (des)governo iria investir 500 biliões de reais, para o que não dispunha nem de 30!
Como entrava pelos olhos dentro, daqueles que têm olhos, como é óbvio, era uma deslavada mentira, uma afronta aos que por azar têm um mínimo de capacidade de reflectir e pensar.
É verdade! São passados 3 anos e constata-se, em números divulgados pelo mesmo (des)governo, que dos 12.520 – DOZE MIL QUINHENTOS E VINTE – projectos/obras do tal PAC, até hoje não se completou mais do que 9,8%.
Não é nem vergonha! É caso de polícia. Quando um estelionatário engana um incauto, tem ocorrência policial, julgamento e prisão (prisão se o golpe for pequeno. Grande... já vamos ver!). Aqui, no país do faz-de-conta, o indivíduo tem 70 ou 80% de aprovação da população!
É verdade e, podem escrever, jamais se vão cumprir 20% que seja desse programa vigarista!
 
Abril 2009
Grande reboliço nos órgãos de informação: um juiz e um delegado da polícia prenderam, com grande aparato – televisão, rádio, repórteres de toda a informação, etc. -  um banqueiro chamado Daniel Dantas, bilionário, porque teria feito (fez quase de certeza um monte de trambiques!), e que também... só havia dado ao minino lulinha, um dos filhotinhos de sexa big líder, um monte de milhões que o transformou, da noite para o dia, de faxineiro zoológico em latifundiário, com milhares de cabeças de gado e mais um total de área de fazendas de largos milhares de hectares, etc.
Quem nós imaginávamos que tinha esse poder “transformatório” era só a fada madrinha com a sua varinha mágica. Mas aqui não. Qualquer um que tenha dinheiro, transforma o maior miserável filhinho de big líder em grand seigneur (salvo seja!). Esses filhos de... são muito humildes e aceitam qualquer quantia que se lhes dê, de preferência... muita! Se for necessário, e enquanto a grana não emigra para paraísos fiscais – que apesar da pressão do Obama continuam operando “na maior” – transportam-na nas cuecas, meias, etc.
Mas diz esse texto de há oito meses que, como o “doador e o recebedor” eram reciprocamente muito agradecidos, iria acabar tudo em pizza! Io te do una cosa a te, tu me dai una cosa a me!
Processo judicial complexo, prende-se o banqueiro, solta com habeas corpus, prende o banqueiro, solta com habeas corpus (não fui eu que repeti!), prende o banqueiro. E segue o processo no SUPREMO e “o da grana” na cadeia.
É verdade. Finalmente o processo foi anulado no supremo tribunal de justiça (justiça?) porque segundo o parecer dos supremos doutos, todos amigos do big... o processo estaria mal configurado (nem sei como se diz isso em advocacia), que se obtiveram escutas e outras provas ilicitamente, etc. O tal Dantas acaba de ser libertado.
O lulinha continua milionário e o papázinho dele só tem que pensar nos outros filhotinhos, se é que não estão já todos cheios da grana! Devem estar.
Moral da história: acabou ou não em pizza?
 
Qualquer mês de 2002
Os americanos vão à guerra no Iraque. A minha filha que vive em Londres fica preocupada porque o senhor Blair alinhou logo, disse que o Saddam tinha montes de bombas de destruição em massa e manda uns milhares de jovens para o açougue do senhor butcher.
Pergunta a minha filha: “Pai o que é que vai acontecer?” A resposta foi simples: “O que toda a gente já sabe! Os americanos “ganham” a guerra em dois tempos, e depois de semearem o caos no Iraque, não vão saber como sair de lá.”
A bolinha de cristal, nessa ocasião nem precisou de grande esforço para “prever o futuro”, tal como hoje ela sabe perfeitamente que a guerra no Afeganistão, estejam lá 100 ou 200 mil soldados, não tem como ser ganha!
Já morreram milhares de americanos, ingleses, franceses, etc., vão morrer muito mais e um dia, talvez daqui a dez ou quinze anos, esta tropa toda vai de lá sair com o rabinho entre as pernas.
Há guerras que não têm fim. Estas duas são desta “qualidade”.
 
Podia continuar a transmitir-vos o que diz a minha bola. Mas para que falar do conflito israelo-palestino, do Yémen, do Sudão, da Somália e do arsenal atómico do Irão, quando já se antevê, quase a olho nu, as catástrofes que estão para vir?
O que vale é que, com ou sem acordo de Copenhague, aqui no Brasil, ainda pouco se sentem estas desgraças.
Ficamo-nos com as vigarices, trafulhices, governices corruptas e outras verdadeiras maravilhas brasilienses que por vezes nos fazem esquecer ou disfarçar a vergonha da nossa política.
Quem dera se pudessem concretizar os votos que milhões de pessoas enviam nesta quadra:
“Que 2010 seja um ano de Paz!”
 
Rio de Janeiro, 30 de Janeiro de 2009
  Francisco Gomes de Amorim

DA LUSOFONIA

 

 
 
Há bem poucos anos, principalmente depois de a língua portuguesa ter sido declarada língua oficial dos seis novos Estados que antes eram províncias ultramarinas portuguesas, que em vários sectores, tanto públicos como privados, vem sendo frequentemente usada a palavra Lusofonia, palavra essa que não era usada por quem quer que fosse e nem aparecia em qualquer dos múltiplos dicionários de língua portuguesa, publicados até, pelo menos, meados do último século.
 
Entretanto, foram aparecendo as necessárias estruturas organizativas como sejam a título de exemplo, a CPLP, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, a União das Cidades Capitais Luso-Áfrico-Américo-Asiática, o recém-constituído Instituto de Cultura Lusófona com sede em Itabira, Brasil, a Associação Etnia com sede em Cabo Verde, tendo em vista o desenvolvimento e a plena vivência da Lusofonia.
 
E o que significa então e qual o alcance e razão de ser dessa nova palavra Lusofonia?
 
Etimologicamente Lusofonia significa fala dos lusos, fala dos portugueses. Mas em Lusofonia cabem todos quantos habitualmente falam, escrevem, pensam e em português comunicam com os demais, qualquer que seja o lugar ou o país em que se encontrem. Lusofonia, como se refere no Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências de Lisboa publicado em 2001, é também a “qualidade de ser português. O que é próprio da língua e da cultura portuguesa. Comunidade formada pelos povos que têm o português como língua materna ou oficial. Difusão da língua portuguesa no mundo”.
 
Lusófonos seremos, portanto, todos nós quantos, falando a língua de Camões, sentimos que algo temos em comum, de idêntico mas também de diferente de todos os outros que habitualmente falam outra língua e com ela se identificam. E assim Lusofonia não poderá deixar de ser um diálogo em língua portuguesa, um intercâmbio de povos e de culturas que há séculos, muito têm de comum e cujo principal elo ou suporte é precisamente essa secular língua que todos nós falamos.
 
Mas por Lusofonia poderemos também entender o conjunto dos oito países de língua oficial portuguesa e suas correspondentes identidades culturais, países que de certo modo têm um passado comum. E nesse conceito poderemos também incluir algumas regiões em que a língua portuguesa é também utilizada como língua materna ou de património e nessa mesma Lusofonia devemos ainda incluir todos aqueles que a residir em qualquer parte do mundo, consideram como sua própria língua a língua portuguesa e através dela comunicam uns com os outros.
 
Lusofonia é desse modo “uma pátria comum onde as diferenças se completam numa unidade de iniciativas em face da pressão cada vez maior da globalização, impedindo assim os efeitos descaracterizadores desta, preservando e valorizando o que cada país sozinho não podia realizar, sobretudo em fóruns internacionais” (Fernando Cristóvão, Da Lusitanidade à Lusofonia, pgs. 109).
 
Lusofonia, terá assim de ser um diálogo, uma convivência, um constante intercâmbio em língua portuguesa, tendo na base como argamassa e como elo que a todos nós une, a secular cultura lusíada, no entendimento de que as suas verdadeiras raízes estão justamente nos descobrimentos dos portugueses nos séculos XV e XVI, numa altura em que a língua portuguesa, a primeira a chegar às costas de África, passou a ser e foi durante largas dezenas de anos, a principal língua de comunicação internacional entre todos os povos do mundo, muito antes das línguas francesa e inglesa que só vieram a sê-lo muito anos depois.
 
E é obrigação de todos nós quantos nos consideramos lusófonos, ante a cada vez mais insistente e por tantos outros desejada globalização, defender a Lusofonia, começando por defender e se possível exigir aos oito países de língua oficial portuguesa uma eficaz vontade política de aproximação, de cooperação, de intercomunicação cultural e até mesmo económica e de unidade entre todos eles, tendo precisamente em vista e para bem de todos, a defesa da referida Lusofonia.
 
Para tanto e como por muitos vem defendido, importa também combater e impedir certas confusões com outras línguas, designadamente com a castelhana, evitando que a língua portuguesa possa ser considerada por alguns, verdadeiros ignorantes, e já o tem sido, uma língua dependente dela ou um seu simples dialecto, como o poderão ser, por exemplo, as línguas galega, catalã e a basca.
 
Por outro lado, todos os países de língua oficial portuguesa deverão defender e promover a colocação de professores de português e a criação de leitorados em todos os países, regiões ou cidades em que existam colónias de povos de língua oficial portuguesa, sem atentar nas suas cores de pele, na sua religião e nas particularidades das suas culturas, a todos concedendo, especialmente aos jovens, o direito de frequentarem gratuitamente aulas de português e de cultura lusíada.
 
E também por muitos tem sido defendido que a todos nós ditos lusófonos e a todas as agremiações de falantes de língua portuguesa e principalmente a todos os oito países de língua oficial portuguesa, incumbe o dever de promover a defesa, a expansão e o prestígio da nossa língua, patrocinando a publicação, a tradução e difusão por todo o mundo de obras literárias e mesmo científicas e artísticas, de importantes, consagrados e conhecidos autores de língua oficial portuguesa.
 
Actuando por este modo em defesa da Lusofonia, defendemo-nos a nós próprios falantes da língua portuguesa, defendemos a nossa identidade de pessoas e de povos, o nosso modo de ser e de estar no mundo e impedimos que outras culturas e outros povos nos subjuguem e nos dominem cultural e economicamente ou mesmo politicamente, como alguns ostensiva e claramente defendem.
 
Lisboa, 26 de Fevereiro de 2009
 
O Presidente do Elos Internacional*
  Alcindo Augusto Costa
 
 

* - Na Convenção do Elos Internacional realizada em Lisboa em Outubro de 2009 foi eleita a CE Maria Inês Botelho para o exercício da presidência do Elos Internacional

ÉTICA LUSÓFONA E SENTIDO DE ESTADO – 8

 

 
6. E PORTANTO...
 
Se o poder dos órgãos de comunicação não for totalmente esclarecido, a democracia poderá não subsistir de forma verdadeiramente duradoura. Até porque enquanto prevalecer o critério de que «devemos oferecer às pessoas o que elas esperam», os programas serão cada vez mais medíocres e então, como Popper conclui, (...)só nos resta ir para o Inferno! (...).
 
E se não quisermos ser cilindrados pelo fatalismo infernal, recordemos Hegel quando ele diz que é necessário disciplinar a vontade natural incontrolada, conduzi-la à obediência de um princípio universal e, nesse enquadramento, facilitar a liberdade individual.
 
Por tudo isto eu digo que nos espera um século de glória ou de desespero conforme consigamos ou não dar esperança ao Mundo Lusófono...
 
·         ... Trazendo de volta os valores éticos de base étnica na dimensão individual e na colectiva devidamente harmonizados na nossa convivência pluri-cultural e internacional;
·         Se conseguirmos definir um novo código ético de conduta para a comunicação social;
·         Se conseguirmos impor aos governantes lusófonos que se rejam por um inultrapassável Sentido de Estado.
 
 
E como Georges Steiner afirma, “despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus; induzir nos outros um amor por aquilo que amamos; fazer do seu presente interior o seu futuro: eis uma tripla aventura como nenhuma outra”.
 
Conseguiremos?
 
Esperemos que sim pois não faz sentido viver longe da utopia.
 
                                    Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o vagabundo, o Deserdado…
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!
 
Abrem-se as portas d’ouro, com fragor…
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!
 
Ao fim de 130 anos e tal, eis-nos novamente a bater às portas do “Palácio da Ventura”.
 
 
Mas o nosso não será um fim igual ao de Antero de Quental.
 
FIM
 
Bragança, 2 de Outubro de 2008 – VII Encontro da Lusofonia
 
 Henrique Salles da Fonseca
 
  
BIBLIOGRAFIA:
 
Bento XVI – “Carta sobre a educação” – Libreria Editrice Vaticana, Janeiro de 2008
Lipovetsky, Gilles – “O crepúsculo do dever” – Dom Quixote, 3ª edição, Outubro de 2004
Mandela, Nelson – “Longo Caminho para a liberdade. Autobiografia de Nelson Mandela”
Monografias.com – Ética, http://www.monografias.com/trabajos5/etica/etica.shtml#intro
Mumford, Lewis – “História das Utopias” – Antígona, 1ª edição, 2007                 
Popper, Karl; Condry, John – “Televisão: um perigo para a democracia” – Gradiva, 3ª edição, Fevereiro de 2007
Singer, Peter – “Um só Mundo – A ética da globalização” – Gradiva, 1ª Edição Fevereiro de 2004
Sloterdijk, Peter – ‘Palácio de Cristal’, -Relógio d’Água, 1ª edição, Fevereiro de 2008 (ética da responsabilidade)                    
Steiner, George – “As lições dos Mestres” – Gradiva, 2ª edição, Outubro de 2005
 

O marketing brasileiro e a política populista de antigamente

 

 
Jan van Kessel  1626-1679
(Tropical birds in a landscape)
 
Palavra inglesa, especialidade americana, o marketing é termo moderno para identificar estratégia antiga. Manobra de que se utilizaram os nossos antepassados sempre que quiseram impingir alguma ideia, produto ou serviço, em resumo, quando quiseram “fazer a cabeça” de algum incauto, “cego” ou vaidoso.
 
Quando o homem precisou explicar para ele mesmo os fenómenos que caíam sobre a Terra e que o atingiam, inventou as lendas, idealizou os mitos, para responder à instintiva curiosidade e acalmar o espírito das dúvidas e incertezas. Com a evolução dos tempos e a sofisticação dos mitos e lendas, forjou lideres que mobilizaram e manipularam os povos, nasceu a política. Marketing e política se completaram, interagiram, para atender um objectivo, fosse ele particular ou colectivo.  
 
No Brasil, o emprego de atractivas palavras explicitando meias-verdades, para “se vender o peixe,” começou com a famosa carta de Pêro Vaz de Caminha quando, entusiasmado, escrevia a D. Manuel, o Venturoso:
(...) esta terra tem tantas e tão boas águas que em se plantando tudo dá..., . ignorando os outros aspectos, climáticos, geológicos, antropológicos, geográficos, por ele ainda não suficientemente conhecidos. Daí em diante todo o Português e seus descendentes acreditaram que esta é a terra do futuro, a terra da vez.... E quando ele deixou escapar, subtilmente, que as beldades indígenas tinham “as vergonhas saradinhas...”,  excitando o imaginário masculino, criou a ideia do paraíso terrestre, do embrionário sex-appeal das  brasileirinhas.
 
 Até mesmo o padre jesuíta, José de Anchieta, protector e redutor de índios, fazia propaganda duvidosa das “novas e maravilhosas terras”, dizendo que o homem no Brasil, chegando, nem precisava trabalhar porque “aqui os frutos estão prontos para a colheita”, os nativos, é claro. Os outros, os importados,  precisaram ser adaptados ao solo e cultivados muitos anos depois, após estudos e emprego de tecnologia.
 
Mas foram os aventureiros desbravadores e bandeirantes que deram o golpe marqueteiro final quando, astutamente, faziam chamariz dizendo que no Brasil “O ouro, a prata e os diamantes estão ali, ao alcance das mãos”! Mas não mencionavam onde estavam e a que preço iriam consegui-los...
 
Assim o país da riqueza, do Tosão de Ouro, foi ocupado, colonizado e construído,  apesar da distancia da metrópole portuguesa, do mar-oceano, das montanhas e rios caudalosos, dos animais ferozes e  peçonhentos dos capões e  florestas, dos ameríndios selvagens, do calor infernal, dos mosquitos, das doenças palustres tropicais, da falta de gente para qualquer obra e frente.  Só não faltou o marketing e a propaganda politiqueira que subsistem até hoje para promover, agora,  o governo brasileiro.
 
 Maria Eduarda Fagundes
 
Uberaba, 26 de Dezembro de 2009
 

ÉTICA LUSÓFONA E SENTIDO DE ESTADO – 7

 

Eis-nos chegados a um mundo sem sonhos, completamente manipulados por um “big brother” que efectivamente comanda a vida. E o mais grave é que nós, os que sabemos do que se está a passar, não temos sido suficientes para escapar a essa manipulação.
 
Gente culta desesperada é hoje o pão nosso de cada dia porque o que está a dar é a apologia do sexo, da violência e do sensacionalismo. Voltámos ao velho pregão dos ardinas quando berravam TRAZ O DESASTRE!!!
 
Sim, também hoje os telejornais se acotovelam apregoando os maiores desastres que conseguem eleger porque «devemos oferecer às pessoas o que elas esperam».
 
Como podem dizer tal absurdo? Pelos níveis de audiência? E que opções alternativas são colocadas às pessoas? Como se comportariam os telespectadores se as alternativas o fossem efectivamente? Que leque de escolhas é dado aos telespectadores? Se esse leque fosse grande, como se comportaria o público? Mas se o leque variar entre programas sensacionalistas e violentos, o que restará como alternativa verdadeiramente construtiva? As telenovelas e o futebol? Serão estas as alternativas que se devem colocar a quem se perde num mundo sem esperança?
 
E quando a vox-populi é gerida num processo de climatização generalizada de vontades anónimas por uma mão invisível nunca identificável, então chegámos a uma situação em que até Karl Popper concluiu com tristeza ser a televisão um perigo para a democracia.
 
Como é que um espírito superior – assumido politicamente como um democrata e liberal convicto na perspectiva económica – pode concluir de modo tão chocante e surpreendente?
 
Só há uma resposta: a televisão é um perigo para a democracia por causa do mau uso que se lhe dá.
 
E, contudo, ela poderia ser um portentoso instrumento educativo. Mas não o é porque sacrifica tudo aos níveis de audiência, os que pagam a publicidade que a financia. E para atingir esses níveis de audiência os realizadores de televisão não olham a meios, argumentam com o tal sofisma de que «devemos oferecer às pessoas o que elas esperam» e abdicam mesmo dos princípios éticos sempre que estes se apresentam como escolhos aos objectivos traçados.
 
Porque não educa e frequentemente deseduca de múltiplas formas e de um modo repetitivo faz a apologia da violência e da razão da força (ganham os bons porque vence o mais forte) em vez de pugnar pela força da razão (ignorando que o vencido poderia ser o dono da razão).A televisão revela-se como uma potente inimiga da democracia cuja mais sublime vocação é a de permitir aos cidadãos que se elevem aos superiores níveis da cultura e, portanto, da dignidade. Sim, já quase nos esquecemos deste objectivo fundamental da democracia pois estamos cilindrados pelo mais badalado – e praticado – que é o relativo aos mais elevados índices de conforto material. Contudo, «nem só de pão vive o homem».
 
Mas não nos quedemos pelo diagnóstico e pela acusação: temos que encontrar uma solução para o problema. E essa solução consiste no regresso a valores éticos que condicionem o exercício da profissão de jornalista e de produtor de televisão.
 
A exploração sensacionalista dos telejornais para quem só há gatunos, corruptos e vilões expande o ódio, desilude os crédulos, vicia na denúncia.
 
Não haverá outros cenários menos trágicos? Não haverá outros temas que nos suscitem a busca de soluções construtivas?
 
O mundo da comunicação social vai ter que mudar muito até que se transforme num instrumento de desenvolvimento das populações a que se dirige.
 
Todos aqueles que participem na produção jornalística deveriam ser instruídos com nova formação específica – seguida de exame – com vista ao cabal desempenho dessa formidável função educativa. O objectivo desta formação seria levar os candidatos ao jornalismo – e em particular todos aqueles que produzam programas de televisão – a compreenderem que iriam participar num processo de educação de alcance gigantesco. Todas as pessoas que viessem a fazer televisão deveriam tomar consciência de que têm um papel de educadores pelo simples facto de a televisão ser vista por crianças e adolescentes. Nessa formação deveria ser abordado com especial atenção o risco existente para as personalidades vulneráveis de confundir realidade com ficção bem como os efeitos perversos que estas confusões podem desencadear.A autorização, licença ou carteira assim obtida poderia ser-lhes retirada definitivamente se alguma vez agissem em contradição com os princípios éticos que urge definir. A instituição com poder para retirar essa licença seria uma espécie de Ordem.
 
(continua)
 
Bragança, 2 de Outubro de 2008 – VII Encontro da Lusofonia
 
 Henrique Salles da Fonseca

DESEJOS


Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crónica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

 

Carlos Drummond de Andrade

POSTAIS ILUSTRADOS XXXV

 

FROM VATICAN WITH LOVE
II
The Illumination*

“As palavras são como os patifes desde o momento em que as promessas os desonraram. Elas tornaram-se de tal maneira impostoras que me repugna servir-me delas para provar que tenho razão” William Shakespeare

 

Pasmei de ouvir um raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave terá tido pousada nos seus umbrais
Com o nome “nunca mais”,
(Estrofe do Poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe, traduzido por Fernando Pessoa)

 
 
Há por este país muitos pássaros que não nos falam claro, cujas palavras “iluminadas” fazem muito pouco ou nenhum sentido. Este pássaros “iluminados” têm tido pousada nos beirais das nossas casas e guarida dentro destas… Espero que partam e não voltem nunca mais, iluminados pelo sentido de honra, ética e moral.
Os Corvos [1] poderiam ser todos os políticos que não honraram ou não honram as funções de Estado para que foram eleitos, muito embora, entre os políticos e as políticas haja muitos pássaros honrados que não andam à sorrelfa pelos nossos beirais. Felizmente, para nós, são a maioria.
Se bem se lembram comecei esta série de textos após ter sido anunciada a visita ao nosso país de Bento XVI, no ano de 2010. Um ano imperativo no nosso país. E imperativo porquê? Já o disse, neste blogue. É o ano da viragem, ou para navegarmos, ou para nos afundarmos. É o ano de todas as decisões. É o ano da demonstração da nossa capacidade para pormos o país no rumo certo.
Eu sei que para mim o que é o rumo certo pode não ser para outros. O meu ponto de vista é discutível. Mas resumiria este rumo certo ao conjunto de opções políticas, obtidas em consenso, para que o nosso Povo vivesse melhor, com os sacrifícios limitados ao essencial, muito embora se reconheça que tem de haver sacrifícios por culpa dos erros após erros cometidos por todos nós.
Não percamos tempo a chorar sobre leite derramado. E também se diga, aqui, convicta e claramente, que os sacrifícios que se pedem não sejam suportados só por alguns, mas por todos, como Comunidade. Que não sejam sempre os mesmos a levar com o chicote nas costas, já demasiado cansadas e ensanguentadas das vergastadas da Vida…
O ano de 2010 é o ano da iluminação do espírito político, para que nos salve da escuridão em que estão a mergulhar o país. Que a visita do Santo Padre seja a luz que nos falta, para iluminar o Senhor Presidente da República a não cair na armadilha das eleições antecipadas, para que a legislatura chegue ao fim, provavelmente, coxa, mas a andar… Ao contrário de William Shakespeare não me repugna usar as palavras para, até à exaustão, provar que estou certo. Para alertar aqueles de cujas decisões depende o futuro de nós todos que serão, responsáveis e responsabilizados pelas suas acções.
Têm o ano limite de 2010 para consertar o mal que tem sido feito a Portugal, com estratégias pessoais e político-partidárias em prejuízo do colectivo. Aproveitem a vinda do Santo Padre, mesmo aqueles que não são católicos, nem cristãos, nem crentes em qualquer religião, para iluminarem as consciências próprias e alheias e tomarem as atitudes certas em prol da Nação e do Povo Português, assumindo a coragem de mudar o rumo da política em geral.
Os Corvos [1] que emigrem para qualquer paraíso fiscal e libertem-nos dos seus bicos.
Em prol de um ano de 2010, próspero de decisões acertadas…
 
 Luís Santiago
(*) A Iluminação
[1] Claro que me refiro e realço o comportamento necrófago da parte alimentar e de serem classificados pelos biólogos como animais inteligentes.

ÉTICA LUSÓFONA E SENTIDO DE ESTADO – 6

 

 
 
Dentre todos os meios de comunicação hoje ao dispor – e são muitos – a televisão é seguramente o que maior influência exerce nas populações, em especial nas mais frágeis. E quando digo as mais frágeis refiro-me às que não dispõem de capacidade de defesa contra as influências perversas que lhes possam chegar mais ou menos sub-repticiamente: incitação à violência pela apologia da competição como conceito global, exploração mediática do desespero do derrotado, incitação da revolta contra o dominador, esse que até ao passo anterior era o deus da glória e assim sucessivamente num círculo contínuo de altos e baixos de euforia e desespero. Ciclos tão úteis para a instalação de ambientes propícios às subidas e quedas das Bolsas internacionais, à manipulação de preços, à gestão dos interesses especulativos de quem quer comprar na baixa para logo de seguida vender na alta. E se os célebres ciclos de Kondratiev[1] não funcionam com o ritmo desejado, há que provocá-los pois não se pode perder tempo “à espera de Godot” ou, mais prosaicamente, “à espera da mulher da fava-rica”.
 
E porquê?
 
Porque os Fundos de Investimento têm que ser remunerados por taxas arrasadoras da concorrência que lhes é feita pelos outros Fundos de Investimento de que igualmente dependem as pensões de velhice de um número crescente de reformados, os tais que foram postos fora do mercado laboral por empresas que tinham que manter níveis de competitividade incompatíveis com ordenados elevados como os que têm os Quadros experientes e sabedores. E assim passaram à reforma compulsiva todos aqueles que já tinham regalias a mais. Deram lugar aos novos que se lançam na vida activa sem vínculo laboral, com a espada de Damocles do desemprego sempre suspensa sobre a 2ª feira seguinte com o posto de trabalho eventualmente ocupado por alguém que veio lá de longe. Vindo lá de paragens de desespero, sem reivindicações maiores do que o ordenado mínimo nacional ou... ainda menos. Assim se vêem os jovens num «salve-se quem puder», num mundo em que tudo vale para manter a cabeça à tona e não ser cilindrado pela torrente do desespero. Num mundo amoral em que a Ética foi conduzida ao anonimato, quase mesmo à clandestinidade.
 
E os mais velhos, votados ao ostracismo e sem mais saberem fazer do que o trabalho que tiveram toda a vida, entregam-se ao vazio desespero de matar as horas jogando às cartas na tasca lá do bairro até que as horas vazias os matem a eles.
 
(continua)
 
Bragança, 2 de Outubro de 2008 – VII Encontro da Lusofonia
 
 Henrique Salles da Fonseca


[1] - Nikolai Kondratiev (1892-1938) economista russo que teorizou sobre os ciclos económicos

ÉPOCA DE FÁBULA

 

 
Simone de Beauvoir
(1908 - 1986)
 
Tenho andado a ler um estudo sobre o existencialismo que me reconduziu a uma época áurea de leituras gratificantes da juventude -  “A Náusea”, “As Palavras” e as peças  de teatro de Sartre,  “L’Étranger” e “La Peste” de Camus, e a Simone de Beauvoir – oh! a Simone de Beauvoir! – a sua “L’Invitée”, as suas “Mémoires d’une jeune fille rangée”, seguidas de “La Force de l’Âge” – que tanta força de vida inspiravam, mostrando como uma jovem criada no mundo burguês convencional da sua família, se fora pouco a pouco rebelando e ganhando a sua própria liberdade na libertação dos preconceitos que aniquilaram a sua grande amiga Zaza, no gosto absorvente pela vida, na sua relação com Sartre, na criação de uma literatura poderosa na sua escrita despojada de artifícios formais e contudo plena de sinceridade e dignidade no uso da palavra rica e precisa.
 
L’Invitée servira-me mais tarde para confrontar a trama existencial do romance “Aparição” de Virgílio Ferreira, de expressão lírica, retórica, jogando com a metáfora e o simbolismo, a personagem central Alberto em dúvida existencial permanente, mau grado os prazeres que lhe confere o seu donjuanismo, em duas relações a três, uma terminada em assassínio, pelo ciumento namorado de Sofia, outra terminada na conversão pela fé da atribulada e estéril Ana, cujo marido, pouco literato mas amante da sua mulher a não deixará fugir, dando-lhe, pelo contrário, para criar, os filhos de um maneta que se suicidara, por não poder semear a terra.
 
Uma acção realmente pouco expressiva, forma de especular – tão liricamente – sobre as dúvidas e angústias existenciais – o significado do eu como essência, a problemática da vida e da morte – e simultaneamente de ironizar, pela caricatura desprestigiante, sobre uma sociedade preconceituosa vivendo em pacata cidade alentejana.
 
L’Invitée”, explorando idêntica problemática existencial, num universo de transfiguração e magia, com personagens densamente reais, o Amor e o Ciúme igualmente figurando como molas de uma acção exaustivamente descrita, para terminar no assassínio, por Françoise, da “convidada” Xavière que viera destruir o seu núcleo de harmonia com Pierre, assassínio assumido, como acto profundamente meditado, escolhendo-se a si própria, dentro da determinante existencialista de responsabilidade própria, sem necessidade de um Deus que justifique ou condene os actos de cada um, na ponderação de que cada homem  é aquilo que ele próprio se faz..
 
Outros mais livros li posteriormente de Simone de Beauvoir, sempre no entusiasmo por uma ficção que, mergulhando na própria experiência, transmite a verdade da vida que cada pessoa reconhece como sua, no seu horror e na sua autenticidade.
 
São, igualmente, universos de Sartre e de Camus os de um existencialismo – ateu - de assunção dos actos próprios, com maior criatividade romanesca, em todo o caso, que surgiram em aplicação da filosofia alemã e russa e serviram ao clima de tormenta vivido durante e no após segunda guerra mundial, no sentimento de um efémero cada vez mais efémero e absurdo, que apela à responsabilização pessoal, no egoísmo e na indiferença por valores defendidos pelos mitos sociais da burguesia.
 
Mas outras filosofias se impuseram.
 
Hoje em dia, no caos criado pelos desequilíbrios sociais, pelos excessos de abundância e progresso em oposição com os excessos da miséria e dos horrores de guerras sucessivas de destruição de gente e do ambiente, predomina a ideologia sem estruturação intelectual do “salve-se quem puder” parolo, e muito especialmente nos países com défice filosófico.
 
Os escritores existencialistas construíram a sua obra sobre fundamentos da sua filosofia inteligentemente estruturada, de especulação metafísica. Os povos, como o nosso, deficitários quer em valores económicos quer em valores intelectuais, usam o pragmatismo e o sentimento exclusivo do seu pobre ego, sem preocupação com o além, o aquém contando excessivamente, sem contas a prestar, figuras de fábula que os antigos tão bem souberam definir.
 
Estamos na época da fábula.
 
Berta Brás

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