Foi num café chique, de boa pastelaria, da Parede. Ouvimos um espirro e lembrámos a gripe. Se realmente iria tomar as proporções que dizem que vai. E nas medidas profilácticas que se estão a tomar com calma, sem excitações inúteis.
Lavar as mãos é fundamental, diz a Ministra da Saúde, e tecemos comentários a esse preceito tão antigo que nos chegou por via bíblica. Mas nem todos os que passarem a lavar as mãos e que dantes não lavavam, mesmo em locais que pediam esse recurso posterior imediato, não se vão desresponsabilizar dos seus compromissos, como fez Pilatos. A desresponsabilização já existe em grande quantidade cá, mesmo sem a lavagem das mãos, que nem é assim tão usual. Por isso a epidemia que está para vir, para não fazer alastrar mais ainda a desresponsabilização, não sei se será mais benéfica com o preceito higiénico.
Defesa anti-gripal
Mas há outros preceitos. A questão da hóstia, por exemplo. E logo a minha amiga:
-“Esse assunto já está a ser tratado”.
Calei-me, ela sabe, de leitura e de ouvido, mas também falámos na pia baptismal, que convém deixar seca, no pino da gripe, lamentando a falta da água benta. E nos beijos e abraços da paz eclesiástica durante a missa, que é bom que se interrompam para não contagiar, isto ouvi eu hoje.
- “E a fruta, nos mercados, e as hortaliças?” – pergunta a minha amiga desde sempre escandalizada, já muito antes do surto, contra a falta de embrulho próprio e as mãos, que não se sabe se estão lavadas, a mexer nelas, sem a ajuda de um plástico ao menos!
- “Pode ser que passem a ser embrulhadas, tal como o pão”...
- “Já viu este balcão?” Tratava-se do balcão do café chique, de boa pastelaria, mesmo ao lado da farmácia. “Tabuleiros com bolos e outros com bolas de carne, em cima do balcão, o pão mal coberto, as pessoas a passarem perto, o café cheio de gente a respirar e a poluir o ar... Um nojo! E quando tossirem e espirrarem? A ASAE não vê isso, que esta pastelaria é das chiques, só se encarniça a sério contra os pobres diabos dos pequenos comerciantes...”
- “O que vale é que tem a farmácia ao pé!” – Como sempre, sou mais contemporizadora. “E ouviu aquela que o governo está a tramar, de mandar os professores dar aulas às casas dos alunos doentes?! Será assim? Devo estar errada! Ou é de anormais!”
- “Pois! Convém não deixar os nossos alunos doentes sem aulas, que eles podem-se prejudicar nos estudos! O nosso Governo está mesmo consciente da vantagem de estudar! Deve ter sido uma proposta imposta pela Ministra da Educação, que tem feito muito no estímulo à educação!”
-“Talvez os professores aí, à entrada das casas, tenham mesmo que se descalçar e lavar também os pés, quer para maior consubstanciação com o corpo de Cristo, quer para maior identificação com a doutrinação educativa ministerial portuguesa...”
P.S. Mas não se tratava de os professores irem às casas. Foi engano meu, que não ouvi o prefixo e estou sempre em dúvida. Trata-se, puramente, de teletrabalho, nada a ver com ir às casas, como as empregadas de limpeza.
Com o Império Português entregue à URSS, pouca importância teve para os interesses soviéticos a perda de Portugal. Por isso foi Álvaro Cunhal condecorado Herói Soviético já depois de 25 de Novembro de 1975.
Contudo, a estratégia soviética da tenaz não viria a funcionar porque os pensadores do Kremlin não tomaram por certo em consideração alguns factores fundamentais, nomeadamente a vontade individual e colectiva dos não marxistas europeus e a estreita ligação política e económica entre a Europa e os Estados Unidos.
Bastaria esses dois factores para lhes deitar toda a jogada a perder mas a repetição contínua duma mentira – de que as «maravilhas» do socialismo inebriam todos os explorados pelo pernicioso capitalismo – faz com que o mentiroso acabe por se convencer de que a mentira é verdade e, portanto, esses pensadores devem ter ficado espantados quando os «explorados» não só não nos rendemos às «maravilhas» do socialismo como até o combatemos frontal e energicamente.
Por outro lado, tendo nós em Portugal podido contar com o inteligente acompanhamento da situação por parte do Embaixador americano, o nosso caso serviu de exemplo ao mundo como afirmação de que os EUA sabiam perfeitamente onde passava a linha do Tratado de Tordesilhas assinado em Yalta no final da II Guerra Mundial e que não tencionavam dar esse Tratado como letra morta.
Passada a Taprobana, chegara a altura de «repormos ordem na caserna» mas no Kremlin alguém deve ter sido obrigado a «lamber a ferida portuguesa».
A missão essencial que urgia cumprir consistia no retorno a um Estado de Direito e essa nova ordem jurídica teria que ter génese democrática à semelhança do Mundo Livre.
A actividade parlamentar tinha que ser relançada com a maior normalidade de modo a que em tempo útil se pudesse aprovar uma Constituição; os militares deveriam sair da política pois já tinham provado (e mais do que provado) que não eram garante de coisa nenhuma e, pelo contrário, se imiscuíam amiúde em matérias para que claramente não tinham preparação escolástica e muito menos mandato democraticamente referendado; o ordenamento jurídico era fundamental para que a governação passasse a ter legitimidade democrática deixando de ser feita por Governos provisórios de nomeação revolucionária; o Presidente da República teria que ser legitimado pelas urnas de voto.
Eis o caminho por que Portugal havia de trilhar de 1976 em diante.
Contudo, nem sempre as «coisas» correram como seria de esperar: a Constituição foi aprovada democraticamente com os votos favoráveis dos comunistas, dos socialistas e dos social-democratas mas com o voto contrário dos democrata-cristãos que a consideravam eivada de conceitos tendenciosos (p.ex., nela estava consignado o caminho rumo a uma sociedade socialista, sem classes) inibidores de alternativas que os eleitores no futuro pudessem preferir e dando cabimento ao Conselho da Revolução que assim via legitimada a sua existência em vez de dar o exemplo no «regresso a quartéis».
Mas nem tudo foram contrariedades: elegeu-se Ramalho Eanes como Presidente da República e o revolucionário que lá estava «desamparou a loja».
Todas as formas de fascismo – de direita ou de esquerda – são contrárias à dignidade humana e finalmente Portugal readquiria condições de funcionamento em quase plena legitimidade democrática. Os calores revolucionários ir-se-iam transformando em borralho e estes em cinzas para que então delas pudesse surgir uma Fénix.
A Caridade, sob o ponto de vista teológico é uma virtude; virtude esta que, quando posta em prática, nos conduz a Deus através do amor pelo nosso semelhante. É um conceito universalmente aceite por todas as religiões, uma vez que o Homem é um animal caracterizado pela religiosidade.
Não estou aqui a tentar impingir-vos a existência de Deus, nem se essa Entidade Superior a que recorremos, oportunisticamente, quando passamos por uma qualquer aflição, existe num tempo espacial algures no Cosmos infinito do nosso cérebro e da nossa existência. Mas, de uma coisa tenho a certeza, prosseguindo na esteira do pensamento de René Descartes [3]: “Cogito ergo sum” [4] [5]: a prova da existência desse Ser (a que cada um de nós atribui a designação mística que entende), mesmo que esteja em nós, no nosso universo físico e intelectual, é o facto de termos a capacidade de n’Ele acreditarmos, ou, podermos, simplesmente, pô-Lo em causa.
E aqui me socorro de uma simples Lei da Física: “tudo o que existe ocupa espaço”. OConhecimento não é matéria, claro, mas ocupa espaço. O nosso cérebro que o diga! Faço apenas uma comparação analógica entre o “objecto” forma e o “objecto” espírito. Se Ele, tenha a forma que tiver, nos ocupa espaço no nosso pensamento, existe! Isto é o raciocínio linear lógico cartesiano, apoiado, ainda que por um ângulo um pouco diferente, pela lógica aristotélica. A esta linearidade opõe-se o raciocínio matemático informático de complexos binários. Mas, não quero dedicar estas linhas a uma discussão que já fez correr muita tinta e deu muitos livros à estampa, quando se trata de uma opção do foro íntimo de cada um, que cada um gere como entende; e, para além de tudo, repito, não pretendo convencer ninguém, nem lançar as bases de uma nova religião.
É esta a maravilhosa liberdade que nos foi oferecida: ou acreditamos ou não acreditamos.
Voltemos, pois, à Caridade, deixando a acepção teológica desta para passarmos ao conceito comum, de doação afectiva, desinteressada e espontânea de um qualquer bem material que possuamos e que se se traduzir numa doação em dinheiro, a designamos de esmola.
Bento XVI usa esta concepção de Caridade, atenta a universalidade de destinatários e o efeito que se pretende desta, nos dois sentidos conjugados: a Caridade Teológica, também dita Moral [6] (virtude que Jesus nos lega) e a Caridade Material. “Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo” [7] escreve Bento XVI; eu diria mais, cai no sentido pejorativo de “esmola” e ofende e humilha quem a recebe. O princípio do equilíbrio material é aquele em que quem tem Tudo dá uma parte a quem não tem Nada e que é a dinâmica da Caridade: dar esperando em troca o equilíbrio e humanização das sociedades. A dinâmica da Caridade é a partilha. Isto traduzido na mensagem cristã significa que os países ricos representados no G8 têm um papel predominante nas soluções para a economia mundial. São mesmo exortados, por Bento XVI, a tomar decisões e optar por orientações que ”sejam úteis para o verdadeiro progresso de todos os povos, especialmente os mais pobres” [8].
Afirma, ainda, Bento XVI que “A Igrejanão tem soluções técnicas para oferecer” [9]. Mas isto é dito como esclarecimento de que a Igreja não se quer envolver nas políticas e soluções governativas dos Estados. Discordo! A Igreja tem sim muitas soluções técnicas para oferecer, sem intervir directamente na política dos Estados, nomeadamente, a sua capacidade de intermediação; a capacidade de persuasão e cultura dos seus altos dignitários; o capital de formação técnica de muitos dos seus padres; a sua enorme influência e riqueza, como Estado, e a influência do Papa como líder espiritual de uns bons milhões de seres humanos... (continua)
Luís Santiago
[1] Optei por este subtítulo que é polémico, mas que aqui significa riqueza e pobreza;
[2] No entanto, importa referir: “Eu sou o Alfa e o Ómega” de Apoc: 1.8, também entendido, como “Eu sou o Princípio e o Fim”; “Eu sou Tudo e Nada”. Aliás, esta afirmação sobre a identidade e nome de Deus teria sido plagiada pelos autores dos textos das Sagrada Escrituras, porque se diz ser originária de uma antiga inscrição existente no Templo egípcio da natureza e que assim teria sido escrita: "Eie asher
eheie" - No original Hebraico: "ehyeh-asher-ehyeh", “EU SOU O QUE SOU”:
[3] Contemporâneo de Galileu Galilei, fazendo parte, com este da era conhecida por
Revolução Científica;
[4] Penso, logo existo; ou ainda, “Dubito, cogito, ergo sum”: Eu duvido, eu penso, logo existo;
[5] “O cérebro estende o tratamento especial a essa nova entidade simplesmente porque se encontra próxima daquela que é, sem dúvida, importante. Poderemos apelidar este fenómeno de <glória reflectida>, se a nova entidade estiver próxima de algo positivo, ou de <culpa por associação> se está próxima de algo negativo. (...). Para que o cérebro possa actuar deste modo, tem de vir ao mundo já dotado de um considerável <conhecimento inato> acerca de como se regular a si próprio e ao resto do corpo”. António R. Damásio, “O Erro de Descartes”, pág. 133, Publicações Europa-América, 20ª Edição, Junho de 2000;
[6] Os termos: “Teológico” e “Moral” são aqui empregues em oposição a Material e não no sentido da sua analogia. Teologia e Moral não são conceitos análogos, pelo menos para mim;
[7] Ponto 3 da Introdução – Encíclica “Caritas in Veritate”;
[8] Discurso da apresentação da Encíclica – destaque e sublinhado meu;
[9] Ponto 9 da Introdução – destaque e sublinhado meu.
A actual crise financeira tem multiplicado as reflexões de fundo sobre o sistema capitalista. Na maioria elas seguem uma teoria conspirativa, variante da luta de classes: existe uma elite que não só costuma explorar a massa do povo mas ainda gera estas terríveis convulsões com as suas imprudências. Tais ideias têm muito de verdade. São evidentes as fraudes, erros, crimes. Mas o mais dramático e curioso é que a crise não precisava disso para surgir. Ela pode acontecer mesmo sem qualquer falha, porque provém da natureza íntima do capitalismo. A essência do nosso sistema económico é a liberdade de iniciativa. Cada um pode apresentar no mercado os produtos que quiser e, se forem preferidos pelos clientes, terá sucesso e prosperidade. Foi este sistema que gerou o incrível desenvolvimento da humanidade nos últimos dois séculos. Mas é também este mecanismo de experiência e tentativa, risco e atrevimento, que cria a instabilidade latente e recorrente na nossa vida. O tumulto não é acidente fortuito, mas elemento nuclear. Pode dizer-se que o capitalismo só floresce à beira do abismo.
O progresso nunca é ordeiro, calmo, planeado, mas uma permanente convulsão de criatividade e empreendimentos. Os sucessos são sobreviventes de muitas ideias que, apesar de boas e originais, ficaram pelo caminho. A coisa até corre mal mesmo quando corre bem.
Ainda alguém se lembra do Lisa, o computador que a Apple lançou em Janeiro de 1983? Era uma máquina impressionante, revolucionária, com novidades que perduram como o "rato", memória virtual, processamento múltiplo. Só que o pobre Lisa ficou na sombra do seu sucessor, o Apple Macintosh de Janeiro de 1984, que, esse sim, estabeleceu um padrão duradouro na tecnologia. Os desgraçados que compraram o Apple Lisa adquiriram um produto excelente mas logo obsoleto. São eles as vítimas do progresso.
Em grande medida é isso que está a acontecer no sector financeiro. Daqui a anos, os títulos e produtos que agora criaram esta confusão serão normais e pacíficos. Mas na primitiva versão actual, com regulamentação deficiente, quem os usou queimou os dedos, como há 25 anos os compradores do Lisa.
A este fenómeno têm de se juntar os elementos específicos do sector financeiro. Nas finanças lida-se directamente com moeda, que é uma responsabilidade directa do Estado. Por isso é que os bancos actuam sempre sob estrita vigilância regulamentar. A legislação é minuciosa, as suas contas são inspeccionadas habitualmente e até os administradores bancários têm de ser aprovados pelas autoridades, o que seria inaceitável numa empresa comum. Todas as instituições financeiras funcionam numa espécie de concessão pública. O Estado mantém-se o garante último do sistema monetário e tem poder absoluto sobre ele.
Por isso as recentes intervenções governamentais não são socialismo, keynesianismo, ou sequer intervencionismo. São do mais estrito e autêntico monetarismo. Foi Milton Friedman, supremo neoliberal, quem recomendou estas políticas para tratar crises deste tipo.
Milton Friedman(1912 — 2006)
Todos gostamos dos avanços e melhorias, mas ninguém aprecia a concorrência e confronto, tentativas falhadas e ensaios perdidos, toda a luta pela novidade, que, afinal, é a origem do progresso. Este é o drama do nosso tempo. Joseph Schumpeter, um dos homem que melhor o compreenderam, chamou-lhe "destruição criativa", uma expressão convenientemente ambígua e hoje assustadoramente visível.
A raiva visceral de tantos à sociedade contemporânea tem aqui a sua justificação iniludível. Vivemos num mundo de prosperidade incomparável. Existe desigualdade, como sempre, mas muitos ganhos na medicina, comunicação, cultura e conforto até aos pobres beneficiam. Já nos esquecemos da terrível miséria antiga. Mas ao mesmo tempo experimentamos um clima ímpar de incerteza e instabilidade que nos assusta. Por isso, no meio dos benefícios, tantos se irritam e protestam. Só que abandonar o sistema por causa desses custos seria tão tonto como se o desgraçado que comprou o Lisa desistisse de usar computadores.
O golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 teve como objectivo fundamental a entrega do Império Português à União Soviética e o isolamento da Europa Ocidental das suas tradicionais fontes de aprovisionamento de matérias prima. Seria pelo colapso económico que os comunistas provocariam a rendição da Europa que eles não controlavam.
Depois das «grandes conquistas de Abril» que provocaram graves desequilíbrios macroeconómicos, a fractura começou a dar-se no próprio MFA e no seu órgão máximo, o Conselho da Revolução. Com o alucinado crescendo vanguardista de Vasco Gonçalves[1]durante o tristemente famoso «Verão quente de 75», foi este substituído na chefia do Governo pelo Almirante Pinheiro de Azevedo que depois de uma tentativa de sequestro comunista à Assembleia da República pelos operários da construção civil arregimentados na cintura industrial de Lisboa, levaram à consideração da hipótese de transferência para o Porto da própria Assembleia.
Esse novo putch comunista tinha claramente em vista a liquidação do regime parlamentar. Os Partidos políticos com provas dadas a favor do regime democrático ocidental – PS, PSD e CDS – esbateram diferenças e foram ao Porto conversar com o Brigadeiro Pires Veloso, Comandante da Região Militar do Norte, para que se encontrasse um local seguro para instalação provisória da Assembleia da República. Os delegados desses Partidos regressaram a Lisboa sem terem sido obrigados a concluir a tarefa para que estavam mandatados pois o cerco à Assembleia foi desmanchado por paulatina desmobilização dos sitiantes entretanto atraídos para as tabernas mais convidativas de S. Bento e arredores. Fraca militância que se rende a um copo de tinto...
Essa coligação (PS+PSD+CDS) funcionou ainda mais uma vez com um banho de multidão num comício organizado pelo Partido Socialista na Alameda D. Afonso Henriques em que falaram Francisco Salgado Zenha e Mário Soares com veementes discursos anti-comunistas. A população de Lisboa mostrou inequivocamente para que lado pendia e ficou esclarecido que «em tempo de guerra não se limpam armas»: todos os anti-comunistas de Lisboa nos juntámos na Alameda que foi pequena para tanta gente.
As barricadas do PCP na zona de Sacavém que tentavam impedir a chegada de forasteiros que pretendessem assistir ao comício socialista, foram surpreendidas pelas costas e rapidamente desmanteladas.
Mesmo assim, o PCP continuou a insistir mas tanto acelerou no vanguardismo revolucionário que acabou por «dar corda» à extrema-esquerda que «tomou o freio nos dentes» e assaltou a Televisão. Um celerado militar cabeludo da Escola Prática de Administração Militar, então vizinha dos velhos estúdios da RTP, apareceu nos ecrãs a dizer o que a maior parte dos telespectadores não queria ouvir. Pouco demorou para que repentinamente fosse cortada a imagem e o celerado substituído por... Danny Kaye. Nunca o entertainer americano terá sido tão apreciado em Portugal.
Bastou-nos nessa noite sintonizar uma certa onda de rádio para ouvirmos em casa as comunicações dos pára-quedistas (ou dos Comandos?) que em Monsanto perseguiam os esquerdistas que tentavam tomar o Comando da Força Aérea ali instalado. Foi com alguma tranquilidade que fomos ouvindo o que se passava e não demorou muito para que um tal Tenente-coronel Eanes fizesse em directo na TV um briefing ao Presidente da República explicando o que acontecera. Nós, os democratas anti-comunistas, gostámos do que ouvimos e logo imaginámos que ali havia alguém que merecia a nossa confiança.
Estávamos no dia 25 de Novembro de 1975: para a generalidade dos telespectadores, Eanes matara o comunismo em Portugal pondo fim à noite fascista.
Respirámos de alívio mas os dias da reconstrução seriam trabalhosos...
Julho de 2009
Henrique Salles da Fonseca
NOTA: O presente texto contém um erro cronológico grosseiro pois o comício socialista na Alameda foi em Julho de 1975 na sequência da saída dos socialistas do 4º Governo provisório chefiado por Vasco Gonçalves enquanto que o sequestro da Assembleia da República ocorreu em 13 (?) de Novembro desse mesmo ano. Mas a grosseria da época torna irrelevante este meu engano que assim considero corrigido. Continuemos...
O conceituado professor, educador e psiquiatra Içami Tiba tem a coragem de falar o que pensa. Além da sabida experiência e da indiscutível competência profissional, como descendente de imigrantes, suas declarações trazem laivos de uma educação nipónica, tradicionalmente respeitosa, principalmente com as gerações mais velhas.
Não podemos generalizar, mas, pelo menos no Brasil, os problemas educacionais com crianças e jovens são enormes e atingem todas as esferas sociais, seja nos pobres por falta de dinheiro e oportunidades, seja nos ricos, por excesso de dinheiro e permissividade. As gerações mais novas pensam que sabem tudo porque têm muitas informações, mas elas ainda não têm o conhecimento que só a vivência e a maturidade trazem. No valor excessivo à juventude, acham que os mais velhos estão “gagás”, que já deram o que tinham que dar. Para eles as respostas às suas dúvidas estão na máquina, ao alcance de um toque de tecla, via Internet. Em muitos lares são tratados como figuras “principais”, tudo deve ser e estar como eles querem. Tornam-se verdadeiros déspotas. Nas ruas não conhecem regras, só as suas vontades. Esse é um quadro infelizmente muito comum na nossa sociedade.
Apesar das conversas, palestras e informações, ministradas em casa, escolas e em programas de saúde e educação, nunca tivemos tantos problemas de jovens com drogas e com comportamentos anti-sociais. Os pais, muitas vezes despreparados ou ausentes, não conhecem seus filhos, têm medo ou não sabem exercer a sua autoridade. Fragilizados pelas suas próprias deficiências passam para a escola a função de educar, que não é o mesmo que instruir, função escolar. E se a mãe ameaça dar umas boas palmadas, castigar uma má acção, então é ver com espanto o jovenzinho retorquir dizendo que vai chamar a policia, para “dar queixa”. É um jogo de forças que acaba em nada, ou pior, com a criança exercitando o seu poder. Sinais dos novos tempos.
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Na área da saúde, onde atendo quotidianamente jovens de todas as idades, é comum raparigas de 12 a 17 anos, já em actividade sexual, com ares adultos, pedirem anticoncepcionais sem que suas mães ou responsáveis o saibam. A explicação dada é que elas, suas mães, não iriam entender a evolução dos relacionamentos de hoje, pois estão ultrapassadas! Aqui, experiência não vale nada!
Hoje em dia a agressividade e o desrespeito do jovem com os mais velhos é coisa visível e muito frequente na nossa sociedade. E a culpa é nossa, que fazemos tudo menos arranjar tempo para seremos pais, para ouvir e falar com os nossos filhos, ver e exaltar suas qualidades, corrigir os seus defeitos. Como mais velhos e experientes devemos dar bons exemplos e iluminar os caminhos, que só eles poderão percorrer. Devemos ser condescendentes com suas debilidades, mas intolerantes com seus erros. Devemos mostrar que educá-los é a forma mais amorosa de protegê-los dos sofrimentos, que é a melhor maneira de prepará-los para viver em sociedade com harmonia e bem estar para todos os elementos.
Continuando, então, na esteira das últimas palavras que vos deixei, as escolhas e as
oportunidades que nos são oferecidas à nossa inteligência, gostaria de continuar a dar--vos a minha modesta opinião sobre a Encíclica “Caritas in Veritate” de Bento XVI; opinião que me surge num plano diferente de qualquer ideologia político-partidária, porque esta palavra do Papa não deve ser observada sob o ponto de vista político, dado se dirigir aos Povos da Terra, como Comunidade Global e, não só exclusivamente à Comunidade Cristã. As questões são colocadas universalmente a todos nós, sem excepção; em resumo, à Humanidade. Mas... a Encíclica é um documento político? Claro que é, contudo, não tem forçosamente, de ter uma análise política! Diria melhor, a Encíclica está acima da política! O que me atrai, na leitura da “Caritas in Veritate”, é que da palavra do Sumo Pontífice agiganta-se um ser humano de grande sensibilidade que nos vem dizer que a Economia não é um fim, mas um meio, que é preciso coragem para mudar as regras e assumir valores que já existem, mas, que estão esquecidos da prática do dia a dia, relegados para um plano exclusivamente material. Este é o descobrir de uma conclusão que está latente há muito tempo na consciência dos Homens. A Parúsia, a necessidade de voltar a acreditar numa nova mensagem; passa pelo abrir as portas do Inferno, condição “sine qua non” para que a segunda vinda de Jesus ocorra. Mas, estas, as portas do Inferno, já não estão abertas? O crash da economia mundial resultante da vigarice instalada que usou os 5% de ingenuidade e boa-fé de alguns e 95% da ganância estimulada de outros não é já uma hecatombe infernal que aumentou a miséria e o desemprego? [2] Os surtos epidémicos e as pandemias; as doenças que avassalam, mormente os povos do continente africano; a fome e a guerra não são um horror infernal dantesco?
A actual Encíclica vem clamar por uma nova ordem económica mundial... Esta, a Palavra bebida na fonte epistolar de São Paulo não é mais do que o sentir da necessidade de conforto e de confiança no futuro em que todos nós carecemos de acreditar. Resta saber se a Igreja Católica é capaz de tomar a atitude que a mensagem da Encíclica encerra e pressupõe; atitude esta já profetizada no Livro “As Sandálias do Pescador” de Morris West[3].
Bento XVI colocou a sua Igreja na situação de ter de ser parte activa na solução do problema; de tomar a iniciativa de congregar as outras Igrejas do Mundo, na mesma missão solidária e corajosa de se despojarem da solenidade e secularidade, e praticarem, pragmática e efectivamente, a Caridade, sem atitudes hesitantes e dúbias.
As obras sociais das várias Igrejas, já de si uma grande e importante ajuda, não são, hoje, suficientes para acudir à miséria que se espalhou pelos Povos da Terra. As Igrejas precisam de, em conjunto, alertar os Governos das Nações e afirmarem-lhes a sua vontade de ajudar, presencialmente e em força; mas, solicitando que a Justiça funcione, na vigilância e na prevenção de comportamentos desviantes e que assegure o castigo desses mesmos comportamentos, com leis internacionais mais interventoras e duras.
Não é suposto que o nível tecnológico que alcançámos nos ajude a acreditar que a inteligência humana tem capacidade para solucionar estes terríveis problemas? Ou, o nosso cada vez maior conhecimento cientifico é uma barreira a que os sentimentos de Amor, Fraternidade e Humanidade permaneçam envergonhados no nosso consciente?
A barbárie não pode sobrepor-se à inteligência. Seria desumanamente ilógico! Sobre esses combates falar-vos-ei de seguida, assim como, abordarei o entendimento que tenho de expressões por mim usadas, identificadas como bons Sentimentos e boas
Emoções.
O conforto do Espírito [4] é agora menos premente e urgente do que o combate à fome, às doenças e às suas origens... trata-se de pôr em prática o amor fraternal de que nos fala São Paulo e que existe em todos nós, para lá dos defeitos que cada um de nós possa ter...
Luís Santiago
[1] O título desta II Parte é justificado porque considero esta Encíclica como umacontecimento que se assemelha a uma nova aparição da Igreja Católica, maishumana e sensível ao sofrimento dos Povos (não quero dizer que não o fosse antes,mas não tão claramente expressa como na mensagem de Bento XVI); esta Igrejaque se tem apresentado dogmática, inflexível quanto a questões de modernidade eque, por isso, perde vocações por falta de capacidade de adaptação aos desafios emevolução do Mundo. Esta nova Igreja, se assim podemos afirmar, despe, naEncíclica, as roupas da solenidade e secularidade. E porque o Papa Bento XVIescolheu São Paulo e os ensinamentos das suas cartas como bandeira da “Caritasin Veritate”; e, ainda, por que é São Paulo que fala aos Tessalonicences, daSegunda Parúsia;
[2] O índice de pobreza, em Portugal, aproxima-se dos 20%, começando a atingir,cada vez mais, os jovens à procura de primeiro emprego;
[3] Morris West, num cenário de crise internacional, em que a China como potênciamundial emergente está a braços com o espectro da fome, que será o rastilho para a IIIGuerra mundial, vem colocar no Vaticano, em plena “Guerra Fria” um Papa de origemsoviética preso na Sibéria, que terá como missão, apaziguar o conflito eminente. Asolução do Papa é oferecer a Tiara de São Pedro como garantia de que a Igreja Católicaassegurará a ajuda mundial à China para ultrapassar a crise da falta de alimentos.Através de um Padre, que se torna Secretário do novo Papa eleito, Morris West traz-nos,a par da história central do livro, a ideia de um novo Cristo; o Cristo Cósmico, segundoo Autor;
[4] Não podemos, contudo abandonar o Espírito, mas, este só se fortalecerátratando-se as necessidades físicas. : “Mens sana in corpore sano”
Bela orquestração, a que embelezou o 25 de Abril de 1974 e seu parente próximo 1º de Maio: os cravos nos canos das espingardas, as loas à liberdade, a Salvação Nacional garantida por uma Junta, um Governo provisório presidido por outro Professor de Direito com vista à encenação de novo Estado de Direito, o regresso do exílio das ilustres vítimas da «grande noite fascista». Tudo o que fosse conveniente pour épater les bourgeois...
Não foi logo de imediato mas também não demorou assim tanto para que se percebesse que as loas cantavam a liberdade de encarcerar todos os que não pensassem como os revolucionários queriam, que a Junta se fracturava, nada salvava e muito menos garantia, que não se ia constituir um novo Estado de Direito mas sim um Estado regido por novo Direito. Só que logo de seguida se percebeu claramente que não haveria qualquer Direito novo. «Direito revolucionário», assim lhe chamavam os ditos revolucionários. Ou seja, completa ausência de Direito. E ausência de Direito significa fascismo – quem melhor do que Dino Grandi para o afirmar...
Então sim, no Verão de 1974 ia começar o fascismo em Portugal.
Substituído na chefia do Governo o Professor de Direito Adelino da Palma Carlos por Vasco Gonçalves, um obscuro Coronel de Engenharia e substituído na Presidência da República o direitista Spínola por Costa Gomes, o grande amigo da paz soviética, as cabeças militares passaram a liderar abertamente o processo revolucionário, a ditar a Lei: a célebre Quinta Divisão do Estado-maior do Exército que tentou lançar o ideário comunista no nordeste trasmontano através das “Campanhas de dinamização cultural” e apoiando a ocupação de terras no Alentejo, Ribatejo e norte do Algarve; o COPCON (Comando Operacional do Continente) que usava Mandatos de Busca e Prisão pré-assinados, como que «ao portador», aplicáveis a quem as patrulhas revolucionárias o entendessem no improviso da noite; o Conselho da Revolução que tutelava todos os demais órgãos do Poder, nomeadamente a própria Assembleia da República.
Às Colónias foi rapidamente dada a «independência» sob a liderança de Partidos amigos de Moscovo com desprezo de todas as alternativas que se posicionassem; as propriedades agrícolas no Alentejo, Ribatejo e norte do Algarve foram ocupadas por Comissões de Trabalhadores indigitadas pelo PCP; de um modo geral, os patrões foram expulsos das empresas industriais (e não só) passando a ser geridas pelas Comissões de Trabalhadores controladas pela Intersindical; a unicidade sindical foi decretada; as empresas consideradas estratégicas foram nacionalizadas assim como a banca e seguros. Muitas outras – não estratégicas mas apetecidas pelo PCP – foram intervencionadas.
O capital estrangeiro passou praticamente incólume por tudo isto. Conivente, portanto.
Aos gritos de que o povo era quem mais ordenava, que era necessário partir os dentes ao capitalismo, que as mais-valias do trabalho eram para os trabalhadores e que era imperioso banir a política de mão-de-obra barata, desapareceram as poupanças empresariais (vulgo, lucro) pelo que também desapareceu o investimento. Emitida moeda para que o Estado suprisse a tesouraria das empresas nacionalizadas ou intervencionadas e apesar da redução da produção, cedo começaram os preços a subir e a inflação a atingir os 30% ao ano. No meio de tudo isto os Partidos – todos os Partidos – a quererem tomar conta da Administração Pública e a meterem lá tantos quantos os militantes que pediam emprego. Depois de desequilibradas as empresas e inflacionada a Despesa Pública Corrente, rapidamente se instalaram os desequilíbrios macroeconómicos e à boa maneira soviética nada melhor do que controlar administrativamente os preços. Muitos foram os bens de primeira necessidade e alguns de consumo tradicional que começaram a rarear até desaparecerem do abastecimento corrente. Numa certa localidade da Beira Interior, o bacalhau de contrabando era armazenado num wagon da CP que estava por conta da sogra do Chefe local da Guarda Fiscal... Sauve qui peut!
Mas a celerada «independência» das Colónias em 1975 trouxe os chamados «retornados» e os que cá estávamos já tínhamos a mostarda a chegar-nos ao nariz...
O sujeito é americano e chama-se Marc Faber, é Analista de Investimentos e empresário. Em Junho de 2008, quando o Governo Bush estudava lançar um projecto de ajuda à economia americana, ele encerrava o seu boletim mensal com um comentário bem-humorado, não fosse trágico... NOS STATES: O Governo Federal está a conceder a cada um de nós uma bolsa de U$ 600,00. Se gastarmos esse dinheiro no supermercado Wall-Mart, esse dinheiro vai para a China. Se gastarmos em gasolina, vai para os árabes. Se comprarmos um computador, vai para a Índia. Se comprarmos frutas e vegetais, irá para o México, Honduras e Guatemala. Se comprarmos um bom carro, irá para a Alemanha ou Japão. Se comprarmos bugigangas, irá para Taiwan.... ... e nenhum centavo desse dinheiro ajudará a economia americana. O único meio de manter esse dinheiro na América é gastá-lo com prostitutas e cerveja, considerando que são os únicos bens ainda produzidos por aqui. Estou fazendo a minha parte... Comentário de um brasileiro igualmente bem-humorado: Realmente a situação dos americanos parece cada vez pior mas lamento informar que, depois desse seu e-mail, a Budweiser foi comprada pela brasileira AmBev. Portanto, restaram apenas as prostitutas. Porém, se elas (as prostitutas) repassarem parte da verba para seus filhos, a maior parte dessa grana irá para Brasília.
1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.
2. O quartonão é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar alguém com internet, som, tv, etc.
3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.
4. Confrontaro que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.
5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.
6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai disse que não ganhará doce, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer.
7. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.
8. Temos queproduzir o máximo que podemos, pois na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio. Não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.
9. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente, pois aquela informação, de que droga faz mal, não está gerando conhecimento.
10. A gravidez é um sucesso biológico, e um fracasso sob o ponto de vista sexual.
11. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para da droga fazer uso. A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.
12. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.
13. Homem não gosta quando a mulher vem perguntar: 'E aí, como foi o seu dia?'. O dia, para o homem, já foi, e ele só falará se tiver alguma coisa relevante. Não quer relembrar todos os fatos do dia..
14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.
15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.
16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se desistir ou for mal na faculdade.
17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite. Nunca.
18. Mães, muitas são loucas. Devem ser tratadas. (palavras dele).
19. Se a mãe engolir sapos do filho, a sociedade terá que engolir os dele.
20. Videogames são um perigo. Os pais têm que explicar como é a realidade. Na vida real, não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.
21. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.
22. Pai não pode explorar o filho por uma inabilidade que o próprio pai tenha. 'Filho, digite tudo isso aqui pra mim porque não sei ligar o computador'. O filho tem que ensiná-lo para aprender a ser líder. Se o filho ensina o líder (pai), então ele também será um líder. Pai tem que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível o pai pagar para falar com o filho que mora longe.
23. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. Não há hierarquia. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.
24. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.
25. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que saber qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto que isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.
26. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Tem que controlar e ensinar a gastar.
Palestra ministrada pelo Dr. Içami Tiba, Psiquiatra, em Curitiba, 23/07/08. Médico pela Faculdade de Medicina da USP. Psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da FMUSP.. Professor-Supervisor de Psicodrama de Adolescentes pela Federação Brasileira de Psicodrama. Membro da Equipe Técnica da Associação Parceria Contra Drogas - APCD. Membro Eleito do Board of Directors of the International Association of Group Psychotherapy. Conselheiro do Instituto Nacional de Capacitação e Educação para o Trabalho "Via de Acesso". Professor de diversos cursos e workshops no Brasil e no Exterior. Criou a Teoria Integração Relacional, na qual se baseiam suas consultas, workshops, palestras, livros e vídeos. Em pesquisa realizada em março de 2004, pelo IBOPE, entre os psicólogos do Conselho Federal de Psicologia, os entrevistados colocaram o Dr. Içami Tiba como terceiro autor de referência e admiração - o primeiro nacional.