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A bem da Nação

CEGO DE INVEJA

 

 

Aquiles acusa Agamémnon de ter lhe roubado a jovem Briseida quando Atena se faz invisível e lhe segura os cabelos para o acalmar.
Agamémnon, apesar de rei, era ganancioso, iracundo, invejoso e prepotente (nada a ver com Adriano, Imperador de Roma) e a história começa aí mesmo. Afinal, antes de Helena, há Briseida.

in http://leiturapartilhada.blogspot.com/2006_07_01_archive.html
 
 
 
  • Invejas. f. Desgosto pelo bem dos outros; desejo violento de possuir o bem alheio (Dicionário de Francisco Torrinha, ed. 1947)
 
 
A nossa inveja é oriunda da invidia latina enquanto o nosso verbo invejar deriva do homólogo latino invideo que etimologicamente significa «olhar excessivamente para…». Mas significa também «recusar», «tirar à força», «hostilizar», «impedir». O prefixo in, aplicado a vídeo, tanto pode significar «para dentro» ou «em» assim como assumir uma atitude negativa, do contra: neste caso, o contrário de visão, cegueira.
 
O olhar que se lança sobre outrem que tanta atenção despertou por evidenciar características que o observador gostaria de possuir pode transformar-se em hostilidade pois, constatando não possuir essas características, passa a não querer que o observado as possua. O que caracteriza a inveja como cobiça não é não-querer que o outro seja, mas querer que o outro não-seja aquilo que é. O mesmo pode suceder quando o observador reconheça no observado as suas próprias particularidades constatando deste modo não possuir o monopólio dessas mesmas características. Daqui resulta igualmente um sentimento de inveja. Eis duas vias para se chegar ao olhar hostil o qual pode conduzir à vontade extrema de destruição do observado.
 
Assim se percorre um caminho de extremos: olha-se de mais, admira-se, inveja-se e odeia-se.
 
E este ódio por inveja do observado extrema-se numa pregação do que só o observador vê a ponto de ditar o que apenas deve ser visto: o observado está travestido, não tem as qualidades que exibe; essas, tem-nas o observador invejoso e só ele. Daqui parte para uma campanha de angariação de quem testemunhe a seu favor de modo a convencer o observado da falsidade do que exibe. A demonstração da falsidade deve ser universal e o invejoso tudo fará para destruir o alvo da sua inveja. Assim chega a violência, o mal-fazer, a destruição.
 
E no meio de tudo isto, é frequente o invejoso não querer mais do que apenas maldizer pois que, se destrói o objecto do seu olhar hostil, deixa de ter um motivo para continuar na senda por que apaixonadamente se move. O refúgio no mundo do maldizer é apenas um álibi, um pôr-se à distância do objectivo anunciado da destruição. Quanto ao essencial – fazer as coisas como apregoadas – isso é coisa que o invejoso não pode admitir ora por saber que não as consegue cumprir ora por se passar a sentir alvo potencial das críticas destrutivas que no presente ele próprio desenvolve. E porque teme, não se «chega à frente».
 
O exercício do maldizer, da apologia da violência e da destruição, eis o modo de vida do invejoso, processo a que só o seu próprio desaparecimento pode colocar um fim. A menos que a psiquiatria intervenha e descubra uma solução mais amiga do ambiente social.
 
Daqui se conclui que a inveja não é apenas matéria religiosa, definida como pecado: é uma tara mental enquadrável no foro da psiquiatria.
 
Todos conhecemos casos mais ou menos doentios de inveja mas devemos ter um cuidado especial para impedirmos que esse mesmo sindroma se arvore em característica perene do regime político em que vivemos.
 
Lisboa, Dezembro de 2008
 
 Henrique Salles da Fonseca
 
 
BIBLIOGRAFIA:
«A RAZÃO INVEJOSA», Coelho Rosa, Joaquim – in “AO ENCONTRO DA PALAVRA – HOMENAGEM A MANUEL ANTUNES”, pág. 279 e seg. – Edições Cosmos, 1985
 

NATAL

 

 
Presépio de Machado de Castro
 
É sobretudo nesta época que procuramos não esquecer um único dos nossos amigos e de lhes mandar votos de felicidade. Que sempre desejamos, a cada momento e sempre.
 
É uma quadra que para alguns custa a passar. Cada vez menos amigos a quem enviar tais votos, mas que continuam a perdurar em nossas mentes e nossos corações, é a família muitas vezes dispersa e é também ocasião para mais profundamente sentirmos a miséria daqueles a quem a vida não consegue sorrir. Ou por razões políticas, povos abandonados e perseguidos, ou por calamidades naturais, ou... por quaisquer que sejam as razões que os obriguem a viver na maior miséria.
 
Este ano, em nossa casa, vão estar ausentes três filhos e quatro netos. Um, filho, que nos deixou há muitos anos e certamente nos acompanha lá de Cima, sem que nós o possamos ver, abraçar e deixar de amar. Os outros a geografia nos separou, mas com quem temos ainda o privilégio de falar pelo telefone, melhor ainda pela Internet que transporta também as nossas caras e os sorrisos deles.
Mas o Natal não é uma quadra de alegria. É sim uma festa” porque procura reunir a família, se não fisicamente, pelo menos em nossos corações, quando se perdoam eventuais desavenças e desentendimentos, até aos que nos atrapalham no trânsito.
 
Não posso deixar de pensar nos milhares e milhares de miseráveis que os governos espúrios pela indignidade transformaram, e continuam a transformar, em bandidos que agora desesperada e perigosamente procuram sobreviver sem qualquer lei.
 
Também não posso deixar de me indignar ao ver juizes, desembargadores, presidentes de tribunais e toda a casta de políticos e governantes constantemente se corromperem sempre em desfavor de quem paga menos, e pensar que a festa de Natal desses energúmenos só pode ser uma ofensa ao Deus Menino e a todos os que procuram amar o próximo.
Vivemos uma época de ganância desenfreada, do roubo descarado, dos golpes biliardários dos espertos, de ver fortunas que se pagam a quem sabe dar uns chutes numa bola, ou exibir-se como palhaços nos palcos, aplaudidos por milhares, gente que procura nesses entretenimentos fugir à realidade que a rodeia.
 
E, lá na pobre manjedoura, como há 2.000 anos, continuam milhões a sofrer.
 
Mesmo que do fundo do coração a todos eu queira desejar um Feliz Natal, sinto que nestas palavras há algo de hipocrisia. Feliz Natal no Congo, no Zimbábue, no Iraque e em tantos outros lugares, mesmo aqui à minha volta, a poucos minutos da minha porta, sem que, de fato, eu possa fazer algo para os alegrar?
 
Vou pensar num abraço universal e continuar a meditar sobre os problemas que, quer eu queira ou não, parece jamais terem solução!
 
Rio de Janeiro, 18 de Dezembro de 2008
 
Francisco Gomes de Amorim

AS NOSSAS FORÇAS DE SEGURANÇA PÚBLICA (*)

 

(*) - o presente texto é sequência dos comentários a POSTAIS ILUSTRADOS VIII publicado no dia 12 de Dezembro

 
                                       
     Pois é, Senhor Doutor Salles da Fonseca, o nosso problema é a democracia ser um regime ainda não suficientemente consolidado no nosso espírito. Mais do que um regime corporizado nos mecanismos funcionais e nas estruturas orgânicas do Estado, a democracia é um sentimento que aspiraríamos estivesse mais impregnado no espírito da Nação, desde as elites a todos os sectores da sociedade. Mas o problema começa quando são os seus mais importantes agentes a não interpretarem o significado profundo da democracia, o que é muito grave porque o (mau) exemplo que se alardeia publicamente contamina de forma irremediável todo o tecido nacional. Não é concebível que se chegue hoje à triste conclusão de que nem sequer um governo de maioria absoluta conseguirá alguma vez empreender as reformas de que o país precisa como de pão para a boca. Uma medida do governo é torpedeada por todas as forças da oposição, sem excepção, mesmo que os argumentos invocados por elas se contradigam flagrantemente, anulando-se entre si no seu significado e no seu fundamento intrínsecos e acabando assim por legitimar (moral e juridicamente) as razões e os objectivos da medida governamental em causa. Não estou a referir-me ao actual governo como único exemplo deste quadro, pois que o problema já se verificou em outras legislaturas anteriores e com inversão das posições dos actores. Outro factor de real bloqueamento do país reside no nosso sindicalismo, já que este nunca o será verdadeiramente enquanto filiar-se essencialmente em forças políticas contrárias ao regime democrático e que não têm suficiente representação parlamentar. Veja-se o caso da FENPROP, que é o mais flagrante exemplo de força bloqueadora da acção de quem foi mandatado para governar. Para compor mais este cenário, temos uma comunicação social que nem sempre interpreta da melhor maneira o sentido do interesse nacional. Uma comunicação social responsável negaria dar cobertura sistemática a todas as manifestações que o rapaz Mário Nogueira fomenta, empreende e dirige. Isso por si só mataria à nascença os seus intentos. Desde que, claro está, estivéssemos perante uma organização sindical com propósitos não muito claros ou defensáveis, como é o caso da FENPROF.
    Todo este intróito vem a propósito da sua ideia sobre a reestruturação das nossas forças de segurança. O que propõe tem sentido, embora possa ser discutível em aspectos particulares, mas cairia o Carmo e a Trindade no dia em que algum governo avançasse com a ideia de mexer muito profundamente nas forças de segurança. Quer nas forças políticas ou no sector sindical, não faltariam argumentos para vergastar o governo que arriscasse uma proposta semelhante. Desde logo, seria invocada a supressão das liberdades democráticas, pois que “militarizar as forças de segurança equivaleria a pô-las ao serviço de objectivos políticos inconfessáveis”. O mesmo terão menos ensejo de invocar a respeito das Forças Armadas visto que estas apenas são utilizadas em situações que raramente deixam de reunir o consenso nacional. As forças de segurança militarizadas, no entendimento de forças políticas como o PCP e o Bloco e se calhar não só (conforme as duas principais forças políticas em confronto), passariam a ser um instrumento de repressão dos cidadãos em geral e dos trabalhadores em particular. Isto porque, entre ouros argumentos, uma força de segurança pública militarizada passaria e estar subordinada, como as Forças Armadas, à rigidez comportamental exigida pelo RDM, passando a não poder conter no seu seio elementos sindicalistas, que normalmente ultrapassam a esfera restrita das suas atribuições para emitirem opiniões e críticas à actuação dos Comandos e Chefias e do Governo.
    Pois não acho que alguma vez consigamos mudar a nossa mentalidade para aceitar a situação que a seguir lhe conto. Como sabe, em Itália existem os Cabinieri, que são um ramo das Forças Armadas daquele país, o quarto ramo, e uma das cinco Policias italianas, cujas atribuições e competências são: a defesa nacional, polícia militar, segurança pública e polícia judiciária. Digamos que as suas funções e características são equivalentes às da nossa GNR, mas com muito mais amplitude. Ora, estava eu em Itália com outros oficiais a participar num exercício e fomos num autocarro militar escoltados por uma força de batedores dos Carabinieri. A dado passo, num cruzamento de ruas, os Carabinieri mandou parar o trânsito para que pudéssemos ter prioridade. Nisso, um automobilista avança com a sua viatura e começa a barafustar gesticulando. Um elemento dessa força (que é simultaneamente militar e civil, lembro) desce da sua mota, aproxima-se da viatura do refilão e espeta-lhe um pontapé na porta metendo-a dentro. Sem mais e com o maior à vontade. O automobilista encolheu-se no seu assento e não abriu mais a boca. Nós, os portugueses dentro do autocarro, ficámos a imaginar o que aconteceria se tal episódio fosse no nosso país. Seriam reportagens da TVI, da SIC, da RTP, do Correio da Manhã, do 24 Horas, e sei lá que mais, e certamente o homem até iria ao telejornal da Moura Guedes e esta abriria a sua boca para um daqueles chistes e despautérios a que estamos já habituados. Bem, é certo que os cidadãos têm os seus direitos, sim senhor, mas no caso em apreço pode estar enraizado no espírito dos italianos que em certas situações tais direitos se extinguem completamente quando afrontam ou tentam desobedecer à ordem de uma força representativa do Estado. Se refilam sofrem as consequências. Nunca me esqueci dessa ocorrência e de vez em quando ela vem-me à memória quando presencio certas cenas da vida nacional que nos preocupam e nos envergonham. Como a cena de alunos, instrumentalizados por professores, a atirarem insultos e ovos e tomates a uma ministra do governo meu país. E fosse ela de que governo fosse.
    Passando ao concreto, e sem intenção de adiantar muita coisa. Estou completamente de acordo em que as nossas forças de segurança devem ser unificadas, desaparecendo uma delas. Qual delas é a questão mais complicada. Convenço-me de que o Estado pouparia dinheiro com essa medida e não perderia eficiência funcional na área da segurança interna. Pelo contrário, quando tanto se fala de problemas de coordenação institucional, a supressão de uma das corporações não poderia deixar de facilitar as soluções que vêm sendo ensaiadas mas sem nunca se chegar a uma conclusão segura e definitiva. Mexe-se e mexe-se nos problemas e as soluções definitivas vão sendo adiadas, por aquilo que atrás já foi aflorado.
    Os mais “civilistas” diriam que a desaparecer seria a GNR, uma vez que a PSP está mais identificada com as tradições democráticas europeias, sendo que nos EUA também são a única força de segurança pública. Os de propensão mais conservadora, que não é certamente o caso do senhor Doutor Salles da Fonseca por opinar como opinou, entenderiam talvez que a melhor solução seria manter a GNR e incorporar nela a PSP, o que significaria eliminar o rótulo civilista dos seus agentes acarretando violenta oposição e contestação. E para viabilizar tal medida, se fosse ela a prevalecer, é um facto que teria de se extinguir toda a instituição e começar do zero, caso houvesse oposição da maioria dos seus agentes, como seria o mais provável. Ou seja, teria de se processar tudo de uma forma faseada até que novos recrutamentos de efectivos pudessem colmatar as necessidades de completamento da nova força unificada. Seria assim uma solução muito difícil de pôr em prática, tanto do ponto de vista político como institucional.
    Quanto à outra solução, apenas PSP, ela já chegou a ser aflorada em artigos de opinião e não se exclui que num futuro qualquer não possa ser encarada e viabilizada. Num futuro em que as forças políticas se derem as mãos face aos problemas reais da Nação para empreendimento das reformas sérias e profundas de que precisamos para que possamos definitiva e duradouramente acertar as despesas com as receitas.
 
                                             Quarteira, 15 de Dezembro de 2008
 
                                                         Adriano Miranda Lima

 

DOMÍNIO INGLÊS NO BRASIL - Parte 10

                                   A QUESTÃO PLATINA
 
 
Com o apoio discreto da Inglaterra, da Corte de D. João, a princesa Carlota Joaquina deu início junto a representantes de Buenos Aires, aos acertos concernentes à sua ascenção ao trono no Prata. Ao final os representantes ingleses começaram a temer as suas interferências em um caso tão complexo. É que as relações entre a Inglaterra e a Espanha já não eram a mesma de antes: a Inglaterra estava interessada em apoiar o restabelecimento da dinastia espanhola em sua luta contra Napoleão, que a destruíra; não iria investir agora, pela força, contra as posses da Espanha na América.
 
Carlota Joaquina planeava deslocar-se para Buenos Aires com o apoio do Almirante Sidney Smith e aprovação de Saurnino Peña enviado daquela cidade. Mas chegavam de lá novos apelos. Temia-se ali que as circunstâncias provocassem um movimento republicano. Diante de tal ameaça melhor seria um príncipe assumir o poder. Que fosse D. Pedro. Strangford desaprovou a solução e o Almirante recebeu ordens para deixar o Brasil. Dom João acabou também por combater as pretenções de D. Carlota Joaquina a um trono em Buenos Aires, que representava o esforço de facções conservadoras platinas com o intuito de impedir  o aprofundamento do processo de independência que poderia realmente derivar para a república, não desejada. (...) Muitos julgavam ser mais fácil a emancipação constituindo uma monarquia que não desafiasse o poder conservador do Rei do Brasil. As intrigas palacianas mostram como o processo da independência das antigas colónias ibéricas colocavam as classes sociais em posições antagónicas. A classe dominante preferia submeter-se à Metrópole do que aceitar alterações estruturais contrárias aos seus interesses.
 
Do lado platino, figuras de destaque participavam do movimento emancipador pela solução monárquica, como viria a acontecer no Brasil possibilitando uma transição sem alterações da situação colonial para a autonomia.
 
 
General Manuel Belgrano (1770-1820)
 
"O primeiro homem de talento que, no Prata, abraçou a candidatura da Princesa, D. Manuel Belgrano, o fez no intuito não só de assegurar, por meio de uma solução prática, o desligamento do Vice-Reinado do Prata da Espanha então napoleónica, como de criar para a colónia elevada a Estado uma situação de ligação toda pessoal com o seu soberano, de todo diferente da antiga dependência da Metrópole (...). Belgrano e os que o acompanhavam - Castelei, Pueyrredon, Mariano Moreno entre outros - na disputada propaganda a favor da candidatura da Princesa do Brasil, preferiam obedecer a uma infanta da casa espanhola legitimamente reinante a porem-se às ordens de imprevistos políticos, franceses usurpadores, liberais da mãe-pátria ou conservadores da colónia; cogitavam uma monarquia constitucional, forma que lhes parecia a mais fácil de conciliar a tradição com o progresso, de tornar possível a emancipação alcançando a independência sem sacrifícios  e sem operar uma revolução incruenta".   ( Oliveira Viana: op. cit., p. 318,I ).
 
Continua
 Therezinha B. de Figueiredo
Belo Horizonte, 18 de dezembro de 2008 


POSTAIS ILUSTRADOS IX

 

 
  
A Segurança do Cidadão Português
 
PARTE III
 
Atento aos comentários que me fazem ás minhas palavras e a que sempre dou uma atenção especial, porque, não só, por vezes, me apontam um caminho de que eu não estaria a dar conta, para melhor; como, por vezes, partilhando do conteúdo desses comentários, oriento a minha linha de raciocínio num outro sentido. Pois penso que é isto que é o “status” da génese democrática. Ouvir, debater, concluir e executar. Por outro lado, num processo de avaliação do alinhamento das minhas opiniões, ouço sempre outras partes, ou que não foram ouvidas, ou que foram menos ouvidas e, a constatação real das coisas também me faz mudar de opinião quando vejo que estou a seguir um caminho errado para chegar a uma conclusão. E como estamos a discorrer sobre questões de segurança dos cidadãos, tema que foi despoletado pela leitura do livro “Polícia à portuguesa – um retrato dramático”, tirei a conclusão de que é dramático, mas não pelos mesmos fundamentos apresentados pelos autores, ou pelo menos, em parte, não só por esses fundamentos. Com efeito, tive uma experiência prática que me deixou alarmado.
 
Há dias necessitei de tratar de um assunto numa esquadra da área de residência de um Amigo meu para lhe tratar de um assunto e (pasme-se!!!), a esquadra tinha um efectivo à porta. “Bom dia, Srº Agente” – cumprimentei. “Venho aqui tratar de um assunto e gostaria de falar com o graduado de serviço”. Resposta do Senhor Agente: “Olhe! Peço-lhe desculpa mas estou cá sozinho na esquadra”. Fiquei atónito e daí partimos para a conversa; estava sozinho porque não havia efectivos, e os operacionais estavam todos na rua, não havia pessoal administrativo para dar seguimento aos papéis e o comandante também andava na rua a apoiar os operacionais, porque eram poucos. Em resumo, somos os oito e os oitenta. Passámos das super esquadras para o policiamento de proximidade sem polícias que cheguem.
 
Entretanto chega o Comandante: “Bom dia! Deseja alguma coisa?” Respondi que sim, expliquei o motivo da minha ida à esquadra e o comandante pediu-me para aguardar mais um pouco porque, infelizmente, tinha de dar apoio aos homens por causa de um engarrafamento enorme na zona. Então voltei mais tarde, controlados os acontecimentos e tive uma conversa com o Senhor Comandante. Não, ainda não conhecia o livro, mas também tinha as suas ideias sobre a falta de pessoal. Normalmente tinha alguns agentes que pertenciam às associações sindicais. É claro que não é manifestamente isso que agrava a falta de pessoal, mas também ajuda. O pessoal que faz trabalho sindical aproveita-se dessas circunstâncias, comunicam que vão a uma reunião e nem sequer precisam de provar que foram à alegada reunião, era necessário mudar as regras e provarem que estiveram nas tais reuniões, (mais uma vez o oito e o oitenta). Que a PSP, em seu entender, está partidarizada.
 
Há uma associação sindical para cada cor política, enquanto na GNR há uma só associação. È verdade que ganham mal e nem sempre têm o apoio que deviam. Deixo (eu) ao Srº Ministro da Administração Interna esta sugestão pessoal:
 
Sr.  MAI
Sr. Ministro, se o Governo dispõe de quadros na mobilidade, e a grande maioria destes quadros são da área administrativa e estão em casa com parte do vencimento sem fazer nada, porque não ir buscá-los? Tratavam da papelada nas esquadras, a fim de os operacionais poderem fazer o trabalho deles no terreno, terem as horas de descanso de que necessitam e preenchimento dos horários de serviço (escalas) de forma a terem turnos bem elaborados e sem sobrecargas.
 
E já agora também sugiro ao Senhor Ministro, que no reforço das verbas do orçamento do MAI, tenha lá uma dotação provisional para evitar que os agentes andem a fazer gratificados (serviço privado de segurança) e a substituir o trabalho das empresas de segurança, que como é evidente, cobram mais caro do que o Estado. Esse reforço pode sair da dotação orçamental das deslocações e ajudas de custo dos Senhores Deputados, que pelos vistos, atentando na assiduidade, não a vão gastar toda.
 
Nós não carecemos dos polícias a fazer protecção individual privada para ganharem mais uns tostões, precisamos deles a fazer o seu trabalho de vigilância na rua, pagos para que vivam com dignidade, quer seja, enquadrados em super esquadras, ou no trabalho de proximidade, não discuto; mas precisamos dos polícias a policiar.
 
Essa é que é, em meu entender, a sua missão... Voltarei nos próximos postais, com os temas da formação, da disciplina e dos protocolos e função do IGAI, que interrompi, aproveitando os comentários que me foram feitos no último texto e que agradeço.
 
  
Luís Santiago

 

Avozinhos hispânicos

 

Diz a história, em termos demasiado simples, que os primeiros habitantes da Península Ibérica seriam os celtas e os iberos. Mentira. Quando estes apareceram, há muito, muito, ali vivia outra gente a que talvez se possa chamar de indígena! Basta ver as grutas de Altamira, no norte de Espanha, com as pinturas mais realistas do paleolítico, pintadas há quase 20.000 anos!
prehistoria.jpg 
Altamira
 
Antes dos iberos terão chegado os celtas, que se estabeleceram no norte e centro da península, foram liquidando ou absorvendo outros povos, como os cónios que viviam na região centro-sul do que hoje é Portugal, e mais tarde derrotaram e depois absorveram os turdetanos, um dos grupos étnicos iberos.
 
   
 
 
O Deus dos cónios era Elohim
 
Tem-se uma ideia de que os celtas terão vindo pelo norte da Europa, talvez a maioria se fixado no norte das Ilhas Britânicas, e os iberos... há muita opinião: de Cartago, da Fenícia, da Berbéria, do Iemen do Sul, da Sicília e da Grécia, e porque não, da antiga Ibéria, um importante reino localizado a sudeste da Geórgia?
 
Quem deu o nome Ibéria a toda a península foram os gregos. Porquê Ibéria? Apesar de não se encontrarem evidências arqueológicas que liguem os dois povos dos extremos leste e oeste da Europa, mas sabendo-se que os cónios e os tartessos ou turdetanos tinham, pelo mesmo no século VIII a.C. uma escrita, até hoje não interpretável, mas de origem indo-europeia, da região do Cáucaso, tudo leva a pensar ser uma hipótese bem forte que os «nossos» iberos terão ido da Ibéria georgiana. Porque não?
 
Continua envolto em mistério a origem do povo basco, mas também a lógica nos indica que terá chegado depois dos celtas que não lhes terão permitido que se expandissem para além do espaço que hoje ocupam, muito misturados. Mantiveram a língua, enquanto a de muitos outros, entre eles a dos cónios e dos iberos se perdeu, mas ao fim e ao cabo a Península Ibérica foi um imenso caldeirão de povos de origens muito diversas. Dezenas de povos, com seus usos e costumes, e suas línguas, muito antes da chegada dos romanos, depois dos godos e mais tarde dos chamados árabes, só por si outra caldeirada, contribuíram para a formação daquilo que é hoje, mesmo com tantas contradições e alguns desentendimentos, o povo português e o espanhol.
 
Difícil é entender a fobia dos bascos (e eu tive uma bisavó basca!) com a sua brutalidade à procura de uma independência, quando a tendência actual é a união! São ricos? Óptimo. Mas já houve épocas em que outros mais ricos dividiram com eles.
 
Todos aqueles que têm um antepassado português ou espanhol, se não sabia, fica agora com mais uma ideia de quantos povos ou tribos foram necessários para chegar até ele!
 
Esta mistura toda  permitiu-lhe também muito boa adaptação a novos lugares espalhados por todos os cantos do mundo, e a muita luta pela sobrevivência e capacidade de resistir, e prosseguir, mesmo em circunstâncias adversas.
 
Só para falar nos portugueses, meia dúzia deles fizeram mais, nos séculos XV e XVI, para a globalização, do que hoje faz a Internet!
E continua a encontrar-se nomes de famílias portuguesas, alguns um tanto deturpados, não só no Brasil e em África, mas na Índia, Indonésia e em tantos outros cantos do Oriente. Quem os tem, conserva-os com orgulho.
 
Rio de Janeiro, 14 de Dezembro de 2008
 
 Francisco Gomes de Amorim

FÉRIAS

 

 
 
O “A bem da Nação” vai de férias no dia 23 de Dezembro
rumo ao Canadá e EUA só regressando a Lisboa na madrugada de dia
2 de Janeiro
 
Votos de feliz Natal e bom 2009
assim políticos e especuladores o permitam

 

 

Pessoas que ora se discutem

Professor Marcelo Caetano

 
Dificilmente se poderia encontrar, ou até imaginar, melhor pessoa. Cultural e moralmente muito superior à mediania.
 
Como político, porém, foi vítima do «delfinato». Lutou pelo mando:  primeiro na Universidade, depois na vida pública. Fez tudo para afastar os militares da política mas acabou às suas mãos.  Pouco depois do 28 de Maio, ainda estudante,  discursava na estação do Rossio, exigindo que os militares  regressassem a quartéis.  Mais  tarde, lutou contra Santos Costa e conseguiu afastá-lo do governo, se bem que ao custo do seu próprio afastamento. Aceitou porém a submissão a Salazar. Acomodou-se e perdeu a força interior, aquilo a que os espanhóis chamam los cojones. Quando dela precisou para se impor de novo aos capitães, já não a tinha.
 
 
 
 
Na dinâmica do poder, delfinato não é trampolim; delfinato é fim de linha.
 
Luís Soares de Oliveira

LIDO COM INTERESSE – 39

 

 
Título: AO ENCONTRO DA PALAVRA – Homenagem a Manuel Antunes
 
 
Autores: Docentes de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Editora: Edições Cosmos
Edição: 1ª, 1985
 
 
Manuel Antunes nasceu na Sertã no ano de 1918 e morreu em Lisboa em 1985. Sacerdote jesuíta exerceu a docência de várias cadeiras do Curso de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa até que a doença e a morte fizeram a saudade descer sobre estudantes e colegas de docência.
 
Para mais fácil identificação do homenageado, extraio da Wikipedia:
 
«Aos 14 anos, deu entrada num Seminário Menor da Companhia de Jesus, em Guimarães. Com 18 anos tornou-se jesuíta; mais tarde doutora-se em Filosofia e Teologia, com a tese "Panorama da Filosofia Existencial de Kierkegaard a Heidegger", na Faculdade de Teologia de Granada, em Espanha.
Em 1949, com 31 anos, torna-se sacerdote e professor de História da Literatura Grega e de História da Literatura Latina na Sociedade de Jesus. Em 1957, a convite de Vitorino Nemésio, torna-se professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou várias disciplinas do curso de Filologia Clássica, com realce para a História da Cultura Clássica, onde se manteve até 1983. Em 1981 foi-lhe conferido, pela Faculdade de Letras de Lisboa, o grau de doutor honoris causa.
Os seus primeiros escritos são publicados na revista Brotéria-Revista de Cristianismo e Cultura, de cuja redacção passa a fazer parte em 1955, e cuja direcção assumirá mais tarde, durante cerca de 20 anos. A sua obra escrita abrange temas literários, filosóficos e culturais, muitos deles publicados com 124 pseudónimos. Colaborou igualmente na Revista Portuguesa de Filosofia e na Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura. Era um grande amigo de António Sérgio, Vitorino Nemésio, José Régio, de Jorge de Sena e Almada Negreiros. Dele, terá Almada Negreiros dito um dia: "Este homem é só espírito".
Foi um mestre excepcional que marcou para a vida toda milhares de estudantes que, ao longo de mais de um quarto de século, passaram pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa desde 1957. A sua memória continuou viva a iluminar o caminho de muitos. O professor, cuja competência, sentido humanista e abertura à actualidade atraíram o interesse e admiração dos alunos, também estendeu a mais vastos públicos o seu magistério, graças aos inúmeros artigos que foi publicando.
Mais tarde, foi conselheiro do presidente da República, Ramalho Eanes.»
 
A presente homenagem é tão erudita quanto o homenageado e compõe-se de textos exemplares que deixam o leitor comum perfeitamente atónito com particularidades ausentes dos raciocínios vulgares. Apesar de escrito em português, dei por mim a ter que reler algumas frases para lhes absorver o sentido. Espero tê-lo conseguido.
 
Mas esta erudição não obsta a algum sentimento expresso aqui e ali quando menos se espera. Logo na introdução, da responsabilidade solidária dos Autores e intitulada “A nossa Homenagem”, começa-se por referir «MANUEL ANTUNES, o Padre Manuel Antunes, como carinhosa e prestigiadamente era designado na Faculdade de Letras de Lisboa, (…)» e daí passa o leitor aos tais textos fora do comum que nos dão a conhecer um mundo muito mais real do que aquele que esperamos de filósofos a quem costumamos considerar gente levitante. E eis senão quando uma das Autoras – Professora Doutora Mafalda de Faria Blanc – se refere a uma conversa que há muito tivera com o seu antigo Mestre em que dá o tom da sensibilidade presente pela forma da sua iniciativa de diálogo com a expressão «Confessei ao padre…». Da mesma Autora cito: «Alguns anos passaram. Regressei à nossa Faculdade com a missão de ensinar. Perguntei pela velha Eminência. Disseram-me que estava doente, que se tinha retirado. Passou mais algum tempo até que fui surpreendida pela notícia pública da sua morte. (…) o seu nome percutia na minha memória de estudante o som inconfundível das acções que edificam, dos eventos que fazem a nossa pequena história pessoal.» E depois de continuarmos a ser conduzidos por vários Autores através de raciocínios com especial transcendência, somos novamente chamados ao humanismo do homenageado em termos por que não se espera: «(…) a obra académica e literária do P. Manuel Antunes. De tal obra se pode dizer que foi moldada pelo “obrar segundo o próprio de si mesmo”, por aquilo que constituiu a sua razão de ser: a disposição e a exposição aos outros. Ao Outro.»
 
E os temas são tão variados quantos os Autores pelo que não dá para referir aqui a tese que cada um apresenta. Imagine-se o que seria resumir cada uma das seguintes doutas referências:
·        A Noção de Filosofia na Obra de Manuel Antunes. Em torno ao problema das Filosofias Nacionais – Francisco da Gama Caeiro
·        Memória de Estudante – Mafalda de Faria Blanc
·        Sócrates e a Theia Moira – José Trindade Santos
·        A justificação cristã da Palavra em De Magistro de Santo Agostinho – Maria Leonor Xavier
·        Reflexões sobre o Humanismo. O Humanismo no Renascimento – Mário Pacheco
·        Spinoza: O Itinerário da Substância a Deus – Maria Luísa Ribeiro Ferreira
·        Esboço Imaginário de Monadologia – Carlos M. Couto de Sequeira Costa
·        Filosofia – Futuro – Prática. Meditação da filosofia a partir de alguns temas feuerbachianos – José Barata Moura
·        Nietzsche e o Estoicismo – Nuno Nabais
·        Nietzsche e a Europa – Viriato Soromenho Marques
·        Oliveira Martins: A Filosofia da História e a Imagem dos Jesuítas – Pedro Calafate
·        Florestas no Murmúrio Indeciso das Cores. Do Deslocamento da Profundidade em Maurice Merleau-Ponty – Isabel Matos Dias Caldeira Cabral
·        Da Teoria da Arte à Metafísica da Arte – Adriana Veríssimo Serrão
·        A Razão Invejosa – Joaquim Coelho Rosa
·        A Relação de Exemplificação em N. Goodman – Carmo D’Orey
·        A Vida e a Morte dos Sinais. Uma Leitura de «O Nome da Rosa» de Umberto Eco – Joaquim Cerqueira Gonçalves
·        A Consequência Proposicional na Teoria da Demonstração – M.S. Lourenço e J. Branquinho
 
Sempre ouvi dizer que todos os grandes matemáticos são filósofos mas num livro dedicado à Filosofia não esperava encontrar tanto recurso à simbologia matemática.
 
Com a vantagem de que não é imprescindível começar por ler este livro no primeiro capítulo e levar todos de seguida até final, também não faz sentido dá-lo como definitivamente lido. Há que mantê-lo sempre à mão para nos lembrarmos de que nem só de pão vive o homem.
 
E então, já que não damos aqui o tema por encerrado, podemos regressar ao início do livro (pág. 10) e perguntar: o que é a Filosofia? A resposta prima pela evidência: é a «Ciência do universal, do universal enquanto universal».
 
Sim, há que reler o livro.
 
Lisboa, Dezembro de 2008
 
 Henrique Salles da Fonseca

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