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A bem da Nação

CRÓNICA DO BRASIL

 

Hic... hic... hic...
 
Hic ipsum est:
Não é a primeira vez, nem deverá ser a última, que afirmo que
os meus conhecimentos de economia se resumem a uma
simplicidade de «tia Maria: Se gastas mais do que ganhas...
acabas entrando pelo cano!»  Se alargarmos esta simplicidez
aos grandes chefões das economias mundiais, compreendemos
com extrema facilidade, o que se está a passar com os tais de
subprime, com um montão de bancos poderosos  e com
algumas economias de países... sólidos.
Por aqui, sem se entender bem o que é isso de subprime e
estando os bancos a ganhar dinheiro como nunca aconteceu
em qualquer parte do mundo super capitalista, com juros que
atingem vários centos por cento ao ano, vê-se o governo a
arrecadar cada vez mais impostos enquanto se projecta para
2009 um défice crescente!
A «tia Maria» com o seu bigode mediterrâneo mal aparado, mas
não devendo um cêntimo nem ao padeiro, diz-me claramente que
algo de errado se passa “nesta frente ocidental”!
 
Hic est difficultas:
Com o vigor próprio dos jovens coelhos na altura da reprodução,
o nosso governa-se espalha os seus tentáculos em todos os
sectores da vida do país (nota: isto não é uma nação!)
enchendo-os de apaniguados e assim dominando a res publica
e inflacionando os custos administrativos de forma para além
de absurda.
Um dos sistemas mais em voga, além da nomeação de quase
trinta mil postos de trabalho (trabalho?) na função pública, de
confiança, por nomeação e não concurso, e a tentativa de criar
um novo ministério através de uma Medida Provisória (só aqui
mesmo, né? na terra do samba!) o recurso à multa aos
automobilistas tornou-se um verdadeiro assalto! Só no Rio de
Janeiro são largas dezenas de milhares de multas...
DIARIAMENTE!
 
Hic est opinio mea:
Se... em política e governo não existe o «se», o que leva a
afirmar, que sem uma profunda reforma política, administrativa,
do judiciário e da segurança social, o tal cano por onde o Brasil
acabará por entrar terá que ser um “grande cano”!
 
Hic est veritas:
O que se passa é que ninguém quer fazer qualquer reforma
porque iria bagunçar os poderes estabelecidos, desagradar aos
eleitores, possivelmente sofrer um ligeiro acidente com uma
metralhadora de calibre anti-aéreo (daquelas que o narcotráfico
está a receber, roubadas do exército boliviano) ou até mesmo
um pequeno acidente com o aviãozinho aero-lula. Assim sendo,
até chegarmos à entrada do cano... tudo ficará como dantes no
quartel de Abrantes!
 
Hic porci ambulant:
Os porcos, os nojentos, políticos, aqueles que o SUPREMO
tribunal de IN-justiça permite que com ficha cadastral sujíssima
se candidatem eternamente, repetindo, os porcos continuam
per-ambulando e metendo o focinho e as mãos cada vez mais
fundo na nossa (nossa?) res!
 
Conclusão:
Hic est corruptíssima republica.
 
Rio de Janeiro, 29 de Agosto de 2008
Francisco Gomes de Amorim

A paragem do Corvo

 

 
    Ilha do Corvo
 
 
 
Na rota das caravelas e dos galeões que iam e vinham das Colónias Americanas e das Índias, carregados de prata, ouro, especiarias e mercadorias do velho mundo, ficava o local conhecido pelos navegantes e piratas como a “Paragem do Corvo”. Rochedo íngreme, emergido abruptamente no Atlântico Norte, onde as correntezas marinhas e os Ventos do Ocidente geram uma mudança de direcção das águas, ao largo, para a Terceira e Continente, assinalado nos portulanos do século XIV, era ponto de aguada e refresco para aqueles que ficavam no mar por muitos meses na arte da pesca e da cabotagem e, para os piratas, área de espreita para pilhagem das ricas presas.
 
A Ilha do Corvo, a mais ocidental e longínqua do arquipélago açoriano, pelas dificuldades de acesso e sobrevivência foi, nos primeiros séculos de ocupação, quase esquecida e marginalizada pelo reino. A dificuldade de acesso, a pobreza e escassez do solo, os impostos desmedidos dos donatários e da Coroa, os caprichos da natureza, a falta de defesa eficiente, fizeram destes  ilhéus homens que se adaptaram às circunstâncias, que não se importavam muito com as retardadas ou madrastas decisões do governo. Quando não podiam se proteger ou estavam em desvantagem, barganhavam com inimigo, e quando não tinham o que comer, emigravam com ou sem a permissão das autoridades, geralmente como clandestinos, nos barcos que ali aportavam.  
 
 Naqueles primeiros tempos, a vida corria envolta em mistério, povoada de lendas, naufrágios e encontros com piratas. O que não chegava pela via legal, a do governo, chegava pela ilegal, com o comercio com a pirataria e a recolha dos destroços das embarcações sinistradas. Nas invasões da ilha, quando não se tinha lugar para esconder ou nada para oferecer, o medo era ser morto ou sequestrado pelos mafomas, para depois ser vendido no mercado do oriente como escravo, ou para ser resgatado pelos reis cristãos, quando para isso se tinha dinheiro. O recurso foi,  como disse Drummond: “ser um pigmeu nas muralhas de Tiro”, procurar inverter a situação. Fazer como se fazia nas costas das ilhas da Bretanha francesa ou na Cornualha inglesa, na escuridão da noite acender tochas nas regiões costeiras, atrair o inimigo para o desconhecido...
  
 O mar, às vezes tão traiçoeiro, era quase sempre um aliado. Para se chegar ao porto das Casas era preciso conhecer aquelas águas para não ser tragado. Na fúria das tempestades, quando poderosas ondas escuras se levantavam em altas e ameaçadoras muralhas de espuma e, raivosamente, se atiravam contra as rochas num ruído ensurdecedor e profundo, barcos eram arremessados contra a costa, espalhando as cargas preciosas, engolindo com avidez gentes e cascos. Mais tarde, depois que tudo amainava, vinha a calmaria. Um imenso espelho turquesa se dilatava e, como dádiva, oferecia os restos do seu banquete àqueles ilhéus que, assustados, os aproveitavam.  
Com a madeira recolhida casas se levantavam, mobília se completava. Gêneros e utensílios enriqueciam os desprovidos lares ilhéus. Era a pilhagem da desgraça alheia, feita sem culpa. Era a oferta do mar aos cativos do rochedo.
Conta-se que, dentre os não poucos naufrágios que ali ocorreram, em dezembro de 1770, uma nau vinda do México, afundou na costa da ilha com cerca de 200 pessoas a bordo e uma grande caixa de ferro, repleta de ouro e pedras preciosas. Os habitantes chamaram o barco de: “A nau dos Quintos”.
Em 1654, também nestas águas corvinas, naufragou o galeão português, vindo do Maranhão, com o padre Antonio Vieira e outros passageiros. Salvou-os um navio pirata, que rondava pela paragem. Deixou-os em outra ilha, a da Graciosa, para que seguissem viagem.
Acontecimentos fantásticos de desespero, loucura e antropofagia em alto mar, desaparecimento de tripulações, revoltas e batalhas, ficaram esquecidos na história do Corvo, quando os piratas e os corsários de antigamente se foram com o tempo.
 
 Maria Eduarda Fagundes
Uberaba,27/08/08
 
Dados e referência bibliográfica:
A Ilha das Flores. Da descoberta à actualidade.
(Subsídios para a sua história) de Antonio Francisco Nunes Pimentel Gomes.
 

PASSE DE MAGIA – 7

 

MEDIDAS DE POLÍTICA PROPOSTAS
POR
ISABEL FERNANDES HOMEM
 
 
 
 
Falta
 
  • VONTADE,
  • INTERESSE REAL,
  • PATRIOTISMO,
  • Trocar MESQUINHEZ por GRANDEZA DE ALMA E RESPONSABILIDADE GENUINA
  • Parar para pensar no todo Nacional e não só no seu próprio "umbigo" (pensando apenas 4 anos chegam para eu me safar...! Realmente para esse objectivo pequeno mas muito actual servem 4 anos.....!)
 
 

PASSE DE MAGIA – 6

 

MEDIDAS DE POLÍTICA PROPOSTAS POR
MARIA SALLES
 
Recebi o desafio lançado pelo “A bem da Nação” para uma reflexão sobre os pontos a melhorar para que o paí­s tire o pé da lama, indicando medidas concretas para o dito milagre.
Identificar o que está mal, infelizmente é fácil, aliás basta acender a televisão portuguesa ou passar os olhos pela imprensa. Identificar o que está bem é menos fácil, mas possí­vel e há alguns heróis solitários que se aventuram na empreitada.
O que é realmente difí­cil é transformar essas críticas em medidas e ainda para mais CONCRETAS.
Eu não sou economista nem gestora, advogada ou polí­tica. Nunca geri uma empresa, grande ou pequena e sabe Deus como é que giro a minha própria vida, por isso não me advogo de conhecimento técnicos para opinar sobre nenhuma área. Mas leio, ando a pé e de transportes públicos, vejo, ouço, cheiro e sinto, e isso é suficiente para perceber uma série de outras coisas menos técnicas: as sociais, culturais, educacionais, geracionais e humanas.
Percebo que para um problema há sempre ví­timas, culpados e opiniões. Que muitas vezes as vítimas acabam por ser os culpados na opinião dos culpados que afinal passam a ser as ví­timas. Que nunca ninguém tem culpa de coisa nenhuma e que afinal tudo é justificável: O menino tem más notas e bate na professora mas a culpa não é dos pais que não lhe ensinam os valores de educação e respeito; também não é da professora que não sabe impor a sua autoridade; não é dos programas que estão constantemente a ser adaptados ao nível da preguiça; não é do menino que não faz os trabalhos de casa nem cumpre as suas obrigações de estudante porque não se chumba... Enfim, todos têm desculpas mas ninguém as responsabilidades.
E assim se passa de um modo geral: O ladrão (coitadinho) nem queria ser ladrão mas a «sociedade» é que o obrigou, temos que ter pena e tentar ajudar; o pedinte, pobrezinho, prefere pedir que roubar, coitado; os meninos não podem chumbar porque ficam traumatizados, os trabalhos de casa são facultativos, e a stôra que não se arme senão leva; os gangs de marginais precisam ser ajudados e integrados na sociedade; as fábricas fecham, as empresas abrem falência mas a culpa é do Estado, da concorrência, dos chineses e dos espanhóis; o árbitro é que rouba, os outros é que são feios, porcos e maus. A culpa nunca é nossa.
Ainda recentemente ouvi um conselho a ser dado entre colegas, quando uma (nova) contava a outra (velha) uma distracção que tinha ao que a outra lhe recomendou «a culpa nunca é tua, aconteça ou que acontecer tu nunca admitas que tens a culpa»!!! Conversas de autocarro mas que dizem tudo.
Enquanto as pessoas a todos os ní­veis: o polí­tico, o gestor, o professor, o aluno, o chefe e o subordinado não forem responsáveis e responsabilizados pelas suas acções, não há medidas que valham porque a culpa há-de ser sempre de outra pessoa.
 

PASSE DE MAGIA - 5

 

MEDIDAS DE POLÍTICA PROPOSTAS PELO
EMBAIXADOR LUÍS SOARES DE OLIVEIRA
 
 
 
Programas de desenvolvimento económico.
 
Tudo o que tenho a dizer nesta matéria consta do meu livro DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO CONSEGUIDO, O CASO DA COREIA DO SUL, VERBO, 1992.
 
Quatro anos é curto para instalar um programa e obter resultados palpáveis; em vinte, faz-se. Tudo começa na escola. Estabelecer um clima da confiança e levar as pessoas a acreditar que pelo trabalho é possível chegar ao desenvolvimento seriam segundos passos. A estratégia económica é obviamente importante, mas não tanto como a de cunho psico-social. Os coreanos fizeram alguns erros pesados em matéria económica que a seu tempo corrigiram. Eles começaram pela ligação ao mercado externo: não tinham alternativa. A participação do povo nas aldeias e zonas rurais fez parte dos planos. Rentabilizar a aldeia foi importante. Motivou as gentes e, a seu tempo, criou mercado interno.
 
Do que vi noutros países, sou levado a admitir que a atracção de imigrantes, sobretudo o imigrante empresário com know-how embutido é método seguro de acelerar o desenvolvimento.
 
Neste país há algumas coisas a combater de imediato, designadamente: 
(1) - A noção de que a pobreza é abençoada;
(2) - A curteza de vistas da política fiscal; reduzir a 3 ou 4 % o IVA para serviços a domicílio e outras actividades específicas permitiria imediatamente dilatar o PIB e – acredito – aumentaria a receita do Estado;
(3) - O Estado mau pagador é um cancro económico instalado. É indispensável corrigir a atitude das autoridades neste capítulo.
 
Luís Soares de Oliveira

PASSE DE MAGIA – 4

 

MEDIDAS DE POLÍTICA PROPOSTAS PELO
DR. JOHN CASTRO PEREIRA WOLF
 
 

1. Os candidatos a cargos políticos ou posições com responsabilidade pública devem ser sujeitos a exames de inteligência emocional e social para determinar a sua capacidade ou não. Exames apenas podem ser repetidos após a frequência de um curso de empatia e sentido cívico.

2. Obrigatoriedade de todas as decisões políticas serem preventivamente testadas em sede de laboratório no sentido de se evitar desperdícios e se analisar todas as consequências resultantes da "decisão". Uma abordagem holística e multidisciplinar a qualquer matéria passível de pôr em causa a
coesão nacional.

3. À semelhança da legislação que responsabiliza os CEOs de grandes empresas a prestar contas no contexto da gestão danosa, os titulares de cargos políticos/decisores não devem beneficiar de imunidade, instituindo-se um tribunal destacado do ilícito político/público.

4. Os prevaricadores governantes perdem definitivamente o direito ao exercício de cargos públicos.

5. Criação de uma academia livre de pensamento livre; instituto que apenas pode ser frequentado por aqueles sem filiação partidária.

6. Privatização do processo de decisão político através da contratação de agentes desconexos de interesses localizados. Por exemplo, contratar o Presidente da Câmara Municipal de Amesterdão para resolver o problema de inundações no Concelho de Lisboa!!!


A outra meia dúzia segue em breve,

Cumprimentos,

John Castro Pereira Wolf

PASSE DE MAGIA – 3

 

MEDIDAS DE POLÍTICA PROPOSTAS POR
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
 
 
 
ECONOMIA
Regresso imediato à produção de bens transaccionáveis alimentares
  • Correcção do método tradicional de formação dos preços na agricultura e nas pescas
RESULTADOS ESPERADOS – viabilização da gestão das empresas agrícolas e das pescas; redução da dependência alimentar nacional, reequilíbrio da balança comercial, redução do endividamento sobre o exterior; valorização do solo agrícola com redução da pressão urbanística; reactivação das zonas deprimidas do interior
 
FINANÇAS
Inclusão dos sectores clandestinos na fiscalidade
  • Dedutibilidade das despesas no IRS
RESULTADOS ESPERADOS – redução da economia paralela com aumento das receitas fiscais e crescimento do PIB oficial
 
EDUCAÇÃO
  • Contratação do ensino com base nas aprovações em exames oficiais
  • Perenização curricular e gratuitidade total do ensino obrigatório
  • Introdução da Ética no curriculum do ensino secundário (todas as áreas)
RESULTADOS ESPERADOS – reforço da função fiscalizadora do Estado, redução da despesa pública, redução do lobby editorial, retoma da seriedade no Sistema Nacional de Ensino
 
ENSINO SUPERIOR
  • Clarificação do sistema de reconhecimento dos cursos superiores entre o Ministério e as Ordens
  • Estabelecimento da concorrência entre Universidades públicas e privadas
  • Integração dos Institutos Científicos e Laboratórios do Estado nas Universidades públicas
RESULTADOS ESPERADOS – fim da actual duplicidade entre o licenciamento prévio de cursos pelo Ministério e o reconhecimento pelas Ordens; redução da despesa pública pela independência universitária relativamente ao Orçamento do Estado; pragmatização da investigação desenvolvida nos Institutos Científicos e dos trabalhos desenvolvidos nos Laboratórios do Estado
 
JUSTIÇA
  • Fim do velho pressuposto de que o empreendedor é burlão
  • Introdução da disciplina militar nas prisões e impedimento do ócio dos detidos
RESULTADOS ESPERADOS – Redução da envolvente burocrática às empresas; indução de princípios de disciplina na população prisional; constituição de fundo individual de reintegração social pela remuneração do trabalho durante o cumprimento da pena
 
DEFESA
  • Profissionalização total e redimensionamento das Forças Armadas (missões operacionais)
  • Introdução do Serviço Militar Obrigatório para ambos os géneros (missões não operacionais)
RESULTADOS ESPERADOS – manutenção e reforço dos mais elevados níveis de operacionalidade nos três ramos; indução de princípios de disciplina e responsabilidade na juventude com reconhecimento civil da formação profissional ministrada pelas Forças Armadas

PASSE DE MAGIA – 2

 

MEDIDAS DE POLÍTICA PROPOSTAS PELO
DR. ANTÓNIO PALHINHA MACHADO
 
 
 
A) Levar todas as instituições (dos partidos políticos à mais desconhecida ONG, sem esquecer as Igrejas e o Santuário de Fátima, nem cada um dos Órgãos do Estado) a prestarem contas publicamente, em linguagem que se perceba, do que fazem, do que fizeram e do que se propõem fazer – para que todos os que tenham interesse no tema possam saber em tempo útil o que se passa, e ajuizar;
  

 

B) Assegurar a liberdade de expressão – e a correspondente responsabilidade pelo que se exprimir;

 

 

C) Fixar regras claras para que a mudança aconteça de forma pacífica. Portugal tem um enorme deficit de "accountability" e, em contrapartida, um gigantesco "superavit" de personagens que se crêem "más allá del bien y del mal" (J. D. Perón) – quanto a isto, nada de essencial mudou nos últimos oito séculos. Em Portugal, os "fazedores de opinião" perpetuam-se na defesa das suas respectivas damas – mas não existe nem oportunidade para, nem interesse por opiniões independentes que nada tenham para oferecer aos adeptos (um subsidiozinho, um lugarzinho, uma empenhoca, por exemplo). Para nós, Portugueses, a simples ideia de mudar assusta-nos. O que está é-nos vendido como o melhor dos mundos, a excelência do possível, a bênção de homens (mulheres) providenciais que convém não desinquietar – e a gente compra. Compra todos os dias. Compra sempre. Em Portugal, o rei só vai nu depois de morto (e os mortos, por cá, são sempre poços de virtude) ou se cair em desgraça por um qualquer motivo fútil que terá mais a ver com a inveja e a mesquinhez do que com uma avaliação isenta dos méritos e deméritos. Em Portugal, um Steve Jobs, um Bill Gates só aconteceriam se fossem apadrinhados por alguém que pusesse e dispusesse sobre o dinheiro dos contribuintes. Por uma qualquer aberração cultural, não deixamos de pagar aos que nos exploram sem pudor e continuamos a confiar nos que nos enganam descaradamente. Enfim, somos um povo cristalizado que vai repetindo incessantemente o mesmo ritual. Modernizam-se os salões, actualizam-se os trajes, mas a cerimónia é sempre a mesma.

 

 

 

 

 

 

 

Irei escrever sobre isto.
A. PALHINHA MACHADO

PASSE DE MAGIA - 1

 

MEDIDAS DE POLÍTICA PROPOSTAS PELO
PROFESSOR JOHN HOWARD WOLF
 
Exmº Henrique
 
Proponho uma só medida nas áreas do cognitivismo e da cultura, dividida em 10 elementos, para um eventual governo de salvação:
 
1)    Pôr os eventuais governantes a estudarem a história portuguesa e as práticas sociais e políticas da 2ª metade do século XVI concretamente através de historiadores estrangeiros como por exemplo Boxer, Bouchon, Labourdette e Winius e dos Portugueses, entre muitos, pensadores como Eduardo Lourenço e José Gil
 
 e
 
2)    Compreender o papel do misoneismo até ao momento actual
 
3)    Apoiar o talento e habilidades ‘sem nome’
 
4)    Identificar o valor intrínseco long term além dos ganhos rápidos
 
5)    Praticar o ‘método científico’ e não simplesmente ‘metodologias’ de curto prazo
 
6)    Saber distinguir entre o nacionalismo e o patriotismo
 
7)    Encontrar o laço entre a teoria e a prática e vice-versa e não esquecer que ‘the proof is in the pudding’ e não nas conversas
 
8)    Exigir um governo e governantes ‘representativos’
 
9)    Não seguir cegamente modelos estrangeiros
 
10) Ter humildade e cultivar a self-consciousness
 
Esperando merecer a vossa atenção
 
Com os melhores cumprimentos de
 
John Howard Wolf

Mulheres mineiras

 

 
 
Minas Gerais, assim como o Brasil, teve seu desenvolvimento baseado em ciclos produtivos extrativos e agropecuários. E, apesar de possuir uma sociedade fortemente patriarcal, foi palco de algumas “revoluções” sociais onde a força da mulher foi determinante para a evolução geopolítica da região.
 
Nos séculos XVIII e XIX, viveram em Minas Gerais três mulheres que marcaram para sempre a história das terras mineiras:
 
- Dona Beja ou Ana Jacinta de São José nasceu em Formiga no ano de 1800 e morreu em Bagagem, hoje Estrela do Sul, em 1873.  Era filha natural de Maria Bernarda dos Santos e de pai incógnito. Segundo a professora de história da UFU, Rosa Maria Spinoso Montandon, ela e a mãe foram para Araxá onde, como mulheres pobres que eram, provavelmente desenvolveram um pequeno comercio de prostituição. Teve duas filhas, sendo uma, Teresa Tomázia de Jesus, legitimada em 1831 pelo pai, o padre Francisco José da Silva, de quem Beja foi amante, e a outra Joana de Deus de São José, de pai não declarado.
 
 Mais tarde, no século XX, com fama de ter sido uma bonita cortesã de olhos azuis e cabelos castanhos, dizem que ajudou, através de um relacionamento com o Ouvidor Dom Joaquim Inácio Silveira da Mota, a reintegração do Triangulo Mineiro à jurisdição de Minas Gerais em 1816.
 
 
Quarto de D. Beja, Museu em Araxá
 
Diz a lenda que no arraial de São Domingos dos Araxás viveu uma dupla vida. No Largo da Matriz tinha um sobrado e vivia como senhora e na sua Chácara do Jatobá, um local de encontros, recebia os homens ricos e poderosos da região.
 
Em Bagagem, onde viveu seus últimos anos de vida, construiu uma ponte sobre o rio que cortava a vila, e pediu ressarcimento desse investimento às autoridades públicas. Moveu também uma ação judicial contra Fortunato José da Silva Botelho, importante líder político de Araxá e marido da sua neta que morrera de parto sem ter deixado herdeiro de facto. Venceu, recebendo do espólio 12 contos.
 
Apesar da sua condição de mulher solteira, conseguiu prestigio e bons casamentos para as filhas.
No seu testamento pediu para ser enterrada com o hábito da Irmandade da Nossa Senhora do Carmo, de quem se declarava indigna irmã, na Matriz da Senhora Mãe dos Homens, Bagagem MG.
 
 
 
- Chica da Silva (1732-1792, Arraial do Tijuco) a escrava mestiça (filha natural do português Antonio Caetano de Sá e da escrava negra Maria da Costa) que, alforriada, escravizou o coração e a razão do contratador de diamantes, João Fernandes de Oliveira, considerado na época o mais rico súbdito da Coroa Portuguesa. Voluntariosa, fez com que toda uma comunidade colonial branca e preconceituosa, subjugada pelo seu poder e influência, a aceitasse com todas as suas excêntricas vontades.
 
Com João Fernandes teve treze filhos reconhecidos legalmente pelo contratador, que os educou nas melhores escolas da província. Obrigado a voltar a Portugal, por Pombal, levou os rapazes consigo, sendo que o mais velho, João, seu herdeiro, estudou em Coimbra. As mulheres ficaram com a mãe no Brasil. Chica, mesmo sem o amante, mas abonada pela fortuna que ele lhe deixou , continuou a mandar e a desmandar no Tijuco. Casou algumas das suas filhas com homens de influência e poder político na Colónia.
 
 
Casa de Chica da Silva, Diamantina
 
- Joaquina do Pompeu (Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco Souto Maior de Oliveira Campos, nasceu 20/08/1752, em Mariana, MG e faleceu 17/12/1824, Pompeu) – Era filha de um advogado português, natural de Viseu, formado em Coimbra, Dr. Jorge de Abreu Castelo Branco e de Dona Jacinta Tereza da Silva, senhora açoriana, natural da Ilha do Faial.
 
 Matriarca, foi pioneira no ciclo agropecuário de MG e deixou larga e importante descendência que se espalhou pelo Brasil. Casada muito jovem com o capitão-mór Inácio de Oliveira Campos, de origem fidalga e rica, homem de lutas e conquistas, ficou com o trabalho de dirigir e administrar todas as suas propriedades, o que o fez com mãos de ferro, apesar ser descrita como pessoa de aparência frágil e humilde.
 
À época da chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro, abasteceu com carne de seu grande rebanho bovino o deficitário e esfomeado mercado carioca. Mesmo já viúva, ampliou e multiplicou o imenso patrimônio do casal. Participou e ajudou D. Pedro I nas lutas pela independência.
 
Quando morreu, ao lerem o seu testamento o povo de Pompeu se espantou com o tamanho do seu espólio. Deixava para os herdeiros um milhão de alqueires em terras (48400 Km2), mais de mil escravos, 53 mil reses de criar, nove mil éguas, 2400 juntas de burros, jóias, pratas, baixelas, mobílias, roupas e outros utensílios das fazendas e casas. O património em terras corresponde aos locais conhecidos como Abaeté, Dores de Indaiá, Paracatu, Pitangui, Pompeu, Pequi, Papagaio, Maravilhas e Martinho Campos.
 
Era uma mineira como essa que precisávamos para administrar o nosso país!
 
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 21/08/08
 
Dados e referências bibliográficas:
A Vida em Flor de Dona Beja ( Agripa Vasconcelos)
Chica que Manda ( Agripa Vasconcelos)
Sinhá Brava (Agripa Vasconcelos)
http://www.bairrodocatete.com.br/chicadasilva1.html
http://www.nossahistoria.net/interna.aspx?PagId=HPICNMUL

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