Já é uma questão! Não se trata de saber mais ou menos, mas de ser ou não ser hábil e capaz de liderar e promover o bem estar, a evolução do seu povo.
O mundo, em geral, atravessa hoje em dia uma fase economicamente tranqüila. Não se anteveem* sustos, o preço do petróleo parece ter tendência a estabilizar ou até baixar (para azar das companhias exploradoras e distribuidoras e, por acréscimo, dos fabricantes de armamentos), as commodities continuam com grande procura, e isso nos deixa ao abrigo de incertezas, oscilações e especulações que há poucos anos afectaram a economia mundial e a nossa, frágil.
Assim o Brasil vai singrando, mas o despontar de caciques vizinhos fundamentalistas e populistas, começa a atrapalhar a nossa (deles, dos eleitos governantes) perspectiva de tranquila e suave evolução.
O Chavez grita e blasfema contra os EUA, que designa como inimigo número 1 da humanidade, mas que lhes compram 90% do petróleo, inflama os ânimos dos colegas caciquistas e convence o Morales que o Brasil seria o seu inimigo número 2.
Morales desafia o Brasil e privatiza a produção de hidrocarburetos. O Brasil, imprevidente, depende do gás boliviano para sua existência, quando já poderia ser auto suficiente! 40% do consumo actual vem da Bolívia. Morales aumenta os preços. Brasil paga.
Depois de privatizar os yacimientos, privatiza as refinarias. Há que indemnizar o investimento. O Brasil pede 200 milhões de dólares. A Bolívia oferece 60. Comércio de rua no Egito. O que vende e o que compra vão pedindo e oferecendo valores, por vezes absurdamente dispares! Brasil baixa para 150. Bolívia sobe para 112. Fechado.
Ou o Brasil quis especular ou a Bolívia nos passou a perna em 88 milhões de dólares. Numa disputa de ciganagem ganha o mais hábil. E neste caso todos sabem que se a Bolívia fechar a torneira do gás... também não teria a quem o vender. 90% da sua produção vem para aqui.
Qual o tamanho do buraco para que Evo empurra Lula?
Uns sabem negociar, defender os interesses do seu povo. Outros... dormem com a consciência ausente e os pijamas de seda arrumados pela criadagem.
Agora só nos falta analisar a proposta de Chavez, muy amigo, que se oferece para ajudar a construir um gasoduto Venezuela / São Paulo, com uns 8.000 kms, para depois ser ele a nos apertar a goela quando quiser.
O Brasil, maior que toda a América de língua hermana, que tem petróleo, gás, ouro e diamantes, álcool (que até parece uma novidade), tecnologia e gente, ainda continua dependente (e subserviente) de vizinhos instáveis e imprevisíveis.
Até quando?
N.- Por aqui se diz que o Morales ficou com os gases... e nós é que nos borramos!
O término da primeira parte apontou duas consequências das viagens de descobrimentos e a fundação de impérios coloniais. Mas há outra.
Outra consequência importante da descoberta e da conquista de terras ultramarinas foi a expansão do suprimento de metais preciosos. Durante algum tempo o ouro foi o metal mais abundante e era relativamente mais barato em relação à prata. Por volta de 1540 essa relação inverteu-se. As importações da prata em enorme quantidade eram provenientes do México, da Bolívia e do Peru e produziram depreciação no seu valor. Tornou-se necessário entesourar certas quantidades de ouro para transacções de crucial importância. Daí em diante, durante cerca de oitenta anos, a economia europeia baseou-se na prata. O resultado foi a elevação de preços e salários, mas o fenómeno não afectou igualmente todas as partes da Europa. A mineração de prata na Alemanha foi arruinada pelo volume de prata oriunda da América. A posição da Alemanha declinou, enquanto a Inglaterra e os Países Baixos passavam a uma situação de proeminência. Durante um certo período a Espanha partilhou dessa proeminência, mas estava pouco aparelhada para conservá-la. Ao fim do século XVI, a economia espanhola, que a princípio parecera beneficiar-se enormemente dos descobrimentos, estava quase inteiramente arruinada.
AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA REVOLUÇÃO COMERCIAL
As principais características da Revolução Comercial foram parcialmente indicadas pela anterior discussão da expansão ultramarina. A mais importante foi a ascensão do capitalismo. O capitalismo pode ser definido, em sua expressão mais simples, como um sistema de produção, distribuição e troca no qual a riqueza acumulada é investida por seus possuidores privados com fins lucrativos. Os traços distintivos do sistema são a iniciativa privada, a concorrência pelos mercados e o negócio com finalidade de lucro. Compreende também o sistema de salário como forma de pagamento dos trabalhadores, isto é, uma forma de pagamento baseada não na quantidade de riqueza que os trabalhadores criam, mas na sua capacidade de competir uns com os outros para conseguir empregos. O capitalismo é a antítese directa da economia das corporações medievais, na qual se acreditava que a produção e o comércio devessem orientar-se para o benefício da sociedade, com uma remuneração apenas razoável dos serviços prestados, ao invés de lucros ilimitados. Embora o capitalismo não tenha alcançado a completa maturidade senão no século XIX, a maioria dos seus aspectos básicos desenvolveu-se durante a Revolução Comercial.
Outro factor importante da Revolução Comercial foi o desenvolvimento do sistema bancário. Devido à rigorosa condenação religiosa e moral da usura, os negócios bancários quase eram considerados pouco respeitáveis na Idade Média. Durante séculos a pequena actividade bancária existente era praticamente monopolizada pelos judeus. Entretanto, havia excepções. A Igreja permitia a obtenção de lucros quando havia riscos. A consequência disso foi que, já no século XVIII, várias famílias italianas começaram a auferir grandes lucros com as actividades bancárias, como o banco dos Médicis, após a depressão do século XIV. No século XV surgiram o negócio bancário no sul da Alemanha seguido da França. Os Fuggers ao norte emprestaram dinheiro ao rei e bispos e serviram como corretores para o Papa na venda de indulgências e adiantaram os fundos graças aos quais Carlos V pode comprar sua eleição ao trono do Sacro Império Romano. Seguiu-se depois a fundação de bancos dos Governos destinados a atender às necessidades monetárias dos estados nacionais. O primeiro foi o Banco da Suécia, mas ao Banco da Inglaterra, fundado em 1694, estava reservado o papel de maior importância na história económica.
O desenvolvimento do sistema bancário fez-se acompanhar da adopção de vários instrumentos auxiliares das transacções financeiras em larga escala. Entre outras facilidades para a expansão do crédito figuram a adopção da letra de câmbio e em seguida o sistema de pagamento por cheque nas transacções locais. A emissão de notas bancárias foram substitutos do ouro e da prata. Os dois expedientes foram inventados pelos italianos e gradualmente adoptados na Europa setentrional. O sistema de pagamento por cheque assumiu especial importância no aumento do volume do comércio, uma vez que os recursos de crédito dos bancos puderam então expandir-se muito além do montante real de seus depósitos.
A Revolução Comercial não se limitou ao desenvolvimento do comércio e do sistema bancário. Inclui modificações fundamentais nos métodos de produção. O sistema de manufactura criado pelas corporações de ofício na Idade Média tardia caminhava a passos rápidos para a extinção. As próprias corporações dominadas pelos mestres, tinham-se tornado egoístas e exclusivistas. Delas participaram, comummente, apenas umas poucas famílias privilegiadas. Estavam tão sedimentadas pela tradição que eram incapazes de ajustar-se às novas condições. Além disso, haviam surgido novas indústrias inteiramente fora do sistema corporativo. Exemplos típicos eram a mineração, a fundição de minérios e a indústria de lã. O rápido desenvolvimento dessas actividades foi estimulado por progressos técnicos como a invenção da roda de fiar e do tear para tecer meias e a descoberta de um novo meio para fundir latão que economizava quase a metade do combustível antes utilizado. Nas indústrias de mineração e fundição de minérios, as ferramentas e instalações pertenciam aos capitalistas, enquanto os operários eram meros percebedores de salários, sujeitos aos acidentes, desemprego e doenças profissionais.
Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada!
Manuel Bandeira (Recife, 1886 – Rio de Janeiro, 1968) é um valor incontestado da literatura lusófona e, mais concretamente, da poesia brasileira. “Vou-me embora pra Pasárgada” é a sua mais conhecida poesia mas está longe de representar o conjunto da obra formidável que nos deixou. Mas é neste poema que nos transmite a tão tipicamente portuguesa nostalgia dos lugares longínquos: isto aqui não funciona como eu quero, vou-me embora para outro lado à procura de melhor sorte. E é sempre lá longe que se encontra o bom, o belo; aqui nada funciona, tudo é uma miséria.
Será?
VIVER NÃO DÓI
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
(…)
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido (…)
Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
(…)
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Esta explicação é de Carlos Drummond de Andrade (Itabira do Mato Dentro, MG, 1902 – Rio de Janeiro, 1987) e chama-nos à realidade de que Pasárgada nos alheara.
Foi pensando em Pasárgada que construímos um Império mas foi na realidade da vida que mantivemos a nostalgia da terra natal, ela também entretanto miragem do lugar longínquo, lura para o regresso sonhado.
Eis o mote para o caminho da diáspora e para o sentimento do centro. Lá iremos.
Em 20 de Maio de 1801 - vão passados 206 anos! - Olivença foi tomada pelo exército espanhol. A NOBRE, LEAL E NOTÁVEL VILA DE OLIVENÇA encontra-se, desde então, sequestrada pelo país vizinho. Sustentando publicamente a posição político-diplomática e o direito constituído do nosso país (Olivença é, de jure, território de Portugal, não obstante encontrar-se, de facto, sob administração espanhola), o Grupo dos Amigos de Olivença vem pugnando, há largas dezenas de anos, pela discussão e resolução da Questão de Olivença, com a natural retrocessão do território a Portugal. Percebendo a delicadeza que a Questão de Olivença apresenta no relacionamento peninsular, esta Associação entende que só a assunção frontal, pública e desinibida do diferendo pelo Estado português, colocando-o na agenda diplomática luso-espanhola, permitirá ultrapassá-lo e resolvê-lo com Justiça. Pedindo às Autoridades nacionais que tomem as medidas necessárias para a manutenção da Cultura Portuguesa em Olivença, esta Associação exorta os portugueses, detentores da Soberania Nacional, a sustentarem e defenderam uma Olivença portuguesa, repudiando dois séculos de alheamento e dando satisfação à História, à Cultura, ao Direito e à Moral.
Sobre Thomas Gifford são fornecidas as datas de nascimento, 1937, e de morte, 2000 e pouco mais: informa a Publicações Dom Quixote que todos os seus livros são best-sellers sendo que um desses foi Assassini.
Sobre Alves dos Reis, Thomas Gifford pesquisou bastante, parece. Num pontito ou outro apresenta contas apressadas, por exemplo, quando diz que a avó de Alves dos Reis era uma sobrevivente do grande terramoto de 1755, escrevendo mais adiante que em 1904 Alves dos Reis tinha 8 anos.
Mas passando estes pormenores, T. Gifford, desenvolve a tese de que Alves (assim o trata) era o único português com cabeça, empreendedor, que sabia o que queria e que o sabia fazer, que desenvolveu Portugal e Angola, que foi abafado por todos os políticos e bancários portugueses, mesquinhos, retrógrados e pouco cultos. Que Alves, sim, poderia ter cometido um crime mas que os dos outros eram incomensuravelmente maiores pelo atraso que provocavam aos portugueses. Que o dinheiro que Alves gastou consigo, nesta conjuntura, foi justo e correcto. Que o retiraram de cena para lá colocarem o verdadeiro carrasco de Portugal: Salazar.
Confesso que a ideia me apareceu como inesperada, insólita. Mas também confesso que não posso fazer pesquisa sobre Alves dos Reis para formar a minha opinião.
Haverá alguém a quem este assunto interesse e que possa escrever sobre? Muito agradecia.
Sobre esta operação, creio que já tudo foi dito, redito e confirmado: que se trata de dívida pública encapotada (ver: EUROSTAT) e que, para dívida pública, tem um custo efectivo desmesurado (ver: declarações do ex-Ministro Campos e Cunha). Pelas m/ contas, um excesso de spread da ordem dos 0.80%/ano - o que é dizer, um sobrecusto de € 100 milhões (aprox.), distribuído, talvez, por oito anos. Enfim, o preço que o contribuinte está a pagar para que o Governo de então (Dezembro de 2003, governo Barroso) pudesse surgir prazenteiro na fotografia desse final de ano.
Malgrado tudo isto, teve ela o mérito de lançar, pela primeira vez, uma réstea de luz sobre as profundezas da administração fiscal – e o que deixa ver não é bonito. Alumiam-nos, desde então: (i) o relatório da DGI que esteve na base das negociações entre Governo e Citigroup (o organizador da operação); (ii) o Servicing Agreement (assinado pelo Veículo de Financiamento, pelo Fisco e pela Segurança Social); (iii) os Investor’s Reports (IR) do Veículo de Financiamento, relatos semestrais do que se vai passando.
Os dois primeiros constam do Prospecto da emissão de Obrigações que financiou a operação. O relatório da DGI tinha por objecto demonstrar, perante o mercado, o desempenho da cobrança fiscal entre 1993 e 2003 (1º semestre) - mas o que revela é de tal modo surpreendente que custa a crer (pese o facto de os serviços terem demorado longos meses para o apresentar). No segundo, previa-se com grande prudência que em dez anos estariam cobrados cerca de 20% (uns € 2,290 milhões) dos créditos então entregues – e admitia-se que a operação (€ 1,663 milhões) ficasse totalmente liquidada não mais tarde que 2008. Mas são os terceiros que melhor retratam a qualidade dos créditos fiscais e o desempenho de quem tem por função cobrá-los. Publicados que estão seis destes IR, é tempo de começar a tirar conclusões.
Do que tem vindo a lume, torna-se claro que, decorridos apenas três anos (até 28/02/2007), a carteira já não é o que era. Não tanto por efeito das cobranças, como seria de esperar, mas porque muitos dos créditos inicialmente entregues foram, entretanto, devolvidos à procedência (sem que nada tenha sido revelado sobre as causas que ditaram essas devoluções), e novos créditos têm vindo reforçar os fundos que garantem o serviço da dívida. Uma vez que os IR não divulgam separadamente os dados sobre os créditos devolvidos (nº e valor) e os dados sobre os créditos que são entregues em substituição (idem), só é possível estimar, em cada período de relato, o saldo líquido (isto é: “novos menos devolvidos”; idem) – e ficarão para sempre na sombra exactamente quantos destes últimos foram, por sua vez, devolvidos também. Em resumo:
(1) Dados publicados nos IR. (2) Mínimos estimados através do sinal do saldo “novos menos devolvidos”.
Como, por regra, o grosso dos créditos devolvidos se reporta aos anos de 1993 a 2002, e uma parcela significativa das cobranças provem de créditos que não constavam da carteira inicial, os dados do quadro anterior não permitem tirar conclusões seguras sobre a qualidade dos créditos fiscais. Há que desagregá-los, separando aqueles que estavam já em mora à data da operação, daqueles outros que, nessa data, se encontravam ainda a pagamento, ounem sequer existiam.
(1) Dados publicados nos IR. (2) Mínimos estimados através do sinal do saldo “novos menos devolvidos”.
(1) Dados publicados nos IR. (2) Mínimos estimados através do sinal do saldo “novos menos devolvidos”.
Salta à vista que as coisas não têm corrido de feição para os lados do Fisco – o que não é propriamente uma boa notícia para nós, contribuintes. Mas onde teria ido o actual Governo desencantar a notícia, que fez circular tempos atrás (Outubro de 2006, IR nº 5), de que tinham sido já cobrados cerca de 65% dos créditos fiscais “titularizados”, num total de mais de € 1,000 milhões? (cont.)
O delta do Banhine, onde se situa o Parque Nacional do Banhine (PNB), estende-se entre as planícies do Alto Limpopo e do Alto Changane, a noroeste da província de Gaza. O delta é coberto por finos depósitos aluvionares, transportados por riachos efémeros subterrâneos cujas nascentes se localizam no Zimbabwe, ou são impelidos por intensas chuvas ocasionais. Na maior parte da área o nível freático encontra-se a uma significativa profundidade, frequentemente abaixo dos 60 metros.
Banhine relembra o famoso Okavango, misturando o misterioso, inexplorado, sagrado e romântico. É um lugar imprevisível que muda os cenários tão depressa como a coloração das suas águas superficiais.
Os habitantes locais designam a área por Banhine que, em shangane significa planície de inundação. Banhine ressurge e cataliza a atenção de um selectivo grupo de turistas e ornitólogos que procuram paz, harmonia e aves exóticas. A população de avestruzes que habita o PNB é um dos últimos genepools de “avestruzes puras” na África Austral. Para surpresa e agrado de todos, elas encaram novamente os visitantes com maior naturalidade.
O SERENGHETI MOÇAMBICANO
Em 1972, esta vasta região de Banhine foi proclamada Parque Nacional e nessa altura terá vivido os seus momentos de glória.
Conhecido como o Serengheti de Moçambique, devido à presença de um grande número de mamíferos de grande porte que ocupavam a extensa planície de inundação, o Parque representava o habitat ideal para as avestruzes que sobreviveram às várias ameaças, em parceria com os antílopes de médio porte e as aves aquáticas, para além de uma importante diversidade de peixes.
Em meados dos anos 70, o PNB ficou literalmente entregue à sua sorte. Sem administração ou fiscalização do Estado, a caça furtiva e a captura ilegal imperaram, conduzindo ao extermínio de abundantes populações de mamíferos, como elefantes, zebras, bois-cavalos, pala palas e elandes, entre outros. A matança ocorreu em larga escala. Houve testemunhos da exportação de marfim do Banhine para a Europa no referido período.
Entre 1974 e1997, Banhine quase sumiu do roteiro da Conservação da Natureza moçambicana. Desde 1998, o programa do Ministério do Turismo para as áreas de conservação transfronteiriças assumiu a responsabilidade pela dotação de meios e recursos mínimos para a revitalização dos seus ecossistemas. Para a nova administração, a recuperação dos efectivos de avestruz afigurou-se como uma prioridade, paralelamente à gestão das zonas húmidas, que albergam uma considerável diversidade de aves aquáticas, muitas delas raras ou em vias de extinção. O programa tem tido resultado positivos a tal ponto que a população de avestruzes se cifrava em cerca de 800, segundo o censo de 2004.
O SANTUÁRIO DA AVIFAUNA
O PNB tem ciclos sucessivos de inundações e de secas que proporcionam extraordinárias condições de alimentação e de habitat para um grande número de aves aquáticas, incluindo flamingos, gansos, patos, pelicanos e cegonhas, para além de aves de rapina, como as águias.
Ornitólogos da região descobriram o local e viajam para o Banhine por sua conta e risco. Mesmo sem as condições semelhantes às de outros parques, estes visitantes instalam as tendas e desfrutam de belezas cénicas impressionantes, sobretudo quando as águas atraem os milhares de flamingos e pelicanos.
No local foi instalado um Centro de Pesquisa Científica. Para os académicos e outros interessados fica aberta a possibilidade de estudarem, a fundo, este importante ecossistema e a secular actividade piscatória cujo colectivismo é pouco comum.
As águas de Banhine surpreendem, também, por outras razões. Durante a época seca, cuja periodicidade varia entre os dois e cinco anos, as populações deslocam-se em grupos para as lagoas para praticar uma das mais antigas e interessantes formas de caça – a pesca colectiva.
A PESCA COLECTIVA NO BANHINE
As comunidades locais shangane controlam os ciclos de inundação e estiagem nas lagoas do Banhine. Os agregados familiares não devem exceder os 600 habitantes. Sempre que se antevê um período de estiagem, as famílias residentes convidam aldeias próximas ou distantes para as intensas sessões de pesca.
A pesca colectiva, passe a designação, assume contornos especiais por não usar métodos e instrumentos convencionais. Todos os pescadores começam por participar numa pequena cerimónia tradicional de culto aos antepassados. Seguidamente instalam-se em cabanas precárias, construídas em poucos minutos junto dos lagos e charcos pouco profundos. Finalmente, quando a ordem de avanço é dada pelo líder tradicional, entram para os lagos, com a água pelos tornozelos e, servindo-se de capulanas, peneiras, cestos de palha, latas e de outros utensílios, retiram da água praticamente todo o pescado indefeso e sem alternativas de sobrevivência.
A pesca colectiva dura no máximo duas semanas. Pode ser menos se a quantidade de peixe for reduzida. Quando o peixe é retirado, inicia-se o processo de tratamento. Depois de aberto e despido de seus interiores, o peixe é colocado em varões improvisados para um curto período de secagem. Os pescadores não arredam pé do local. Tudo quanto fazem é pescar, limpar e pendurar o pescado, secar e preparar os fardos para serem transportados e consumidos mais tarde noutros locais.
Quando a pesca termina, a estiagem já não dá tréguas e só restam os ovos dos peixes. Estes ovos são o garante para uma nova geração piscícola, quando a água regressar alguns meses mais tarde. Para os convidados, com os cestos mais ou menos repletos, sobra o longo percurso de volta às aldeias. A estiagem ganha corpo e a planície seca na totalidade. Banhine vira local desolador. O ecossistema perde muito da sua vitalidade. As aves aquáticas vão embora, os mamíferos iniciam uma pequena migração para os rios Save ou Limpopo e apenas as avestruzes resistem a tanta secura e ao “pousio” da Natureza.
Pela sua natureza e peculiaridades, jamais esta pesca colectiva foi posta em causa. Nem faria sentido “desaproveitar” tanto peixe que estaria condenado a morrer de forma natural. O ritual, na realidade, é secular. Até parece que só esta actividade colectiva garante a sobrevivência da planície, da qualidade do peixe e da vitalidade do delta.
Este ano o delta secou. Banhine vestiu-se de nostalgia e de recordações.
Memórias da estação de diversas cores, de penas e pássaros, chifres, pernas e peixes, de movimento e agitação. Por enquanto, o delta repousa. Aguarda, em silêncio por um novo tempo de chuva que venha molhar os espíritos e alegrias dos residentes e das espécies animais.
O ar estava parado, tão quieto como se a vida fizesse uma pausa na lida. Nenhuma brisa movia as folhas das árvores ou movia as cortinas rendadas das janelas em guilhotina. Havia uma estranha sensação na calmaria que deixava bichos e os mais velhos apreensivos. A experiência lhes dizia que naquelas ilhas vulcânicas, postadas sobre uma placa tectónica, isso era sinal de perigo. Não demorou muito e uma subtil vibração se fez sentir. Os vidros das janelas e das cristaleiras começaram a tilintar numa frequência crescente, ininterruptamente. Pantufas, que ronronava numa cestinha almofadada na cozinha, abalou para fora da casa, com destino ignorado. Minha mãe apareceu ansiosa, precipitou-se para o quarto onde minha irmã e eu brincávamos “de boneca” com uma linda mobília pintada de verde-claro, decorada com ramos de florzinhas coloridas, que meu tio José, marceneiro de primeira linha, havia-nos ofertado. Meio tontas, sem entender direito o que acontecia, fomos levadas pelas mãos até o quintal, onde desamparadas, ficamos agarradas às roupas de mamãe, esperando o tremor de terra cessar. Foram momentos terríveis, de um total sentido de impotência, entregues à força da natureza. Só minutos mais tarde, quando tudo voltou ao normal, meu gato cinzento de manchas brancas nas patas e no pescoço, que lhe davam a aparência de estar calçado e de babete, reapareceu e juntos, nós e ele, voltamos ressabiados ao interior da casa. Na rua as vizinhas, agitadas, comentavam o abalo de terra e certificavam-se se não havia alguém ferido. Tempos depois papai chegava alvoroçado do trabalho. Estava preocupado com as mulheres de sua vida. Tudo ficou bem, tinha sido só mais um susto para as gentes do Faial.
No final dos anos 40 aconteceria mais um desastre natural do qual minha lembrança de criança jamais se esqueceria. Naquele dia, à tarde, o tempo mudou com os ventos e correntes marítimas vindos das Antilhas. No céu nuvens carregadas, negras, pesadas foram surgindo no horizonte. O mar ficou encapelado, ameaçadoramente revolto e cinzento. As pessoas já esperavam: era uma tempestade que se aproximava, daquelas que só os ilhéus ou os moradores das selvas tropicais conheciam.
À beira-mar, as vagas se atiravam contra as pedras da muralha num barulho surdo e profundo. Retraíam-se em seguida deixando um rastro de espuma branca até que outras ondas vinham e se precipitavam sobre as anteriores, num movimento sem fim e cada vez mais forte e agressivo. Abalada a muralha tremia.
Naquela época morávamos no rés-do-chão de uma casa branca de dois andares, de janelas verdes, na Rua Barão de Roches, junto à ladeira que levava à parte alta da cidade. A noite caíra e após o jantar puseram-nos para dormir, não sem antes rezarmos para o anjo da guarda pedindo protecção e agradecendo por mais um dia.
Fora da casa, embaladas pelo vento, grossas gotas de chuva, vistas pela luz da rua, começavam a bater na janela, e depois de um instante, escorriam pela vidraça e desapareciam. Esse choro hipnótico da natureza nos fez adormecer.
Trovões rebimbavam, relâmpagos chicoteavam o breu dos céus, ouvia-se o vento uivar violento e um grande burburinho de gente que se movia na rua, tentando escapar à tormenta, quando papai nos acordou. A casa estava sem energia eléctrica e inundada, com água pelas canelas. Minha mãe com uma lamparina nas mãos iluminava a escuridão do aposento. Assustadas fomos rapidamente envoltas em cobertores, retiradas de casa e levadas com muita dificuldade, pela ladeira acima para a parte alta da ilha, onde minha avó materna tinha morada. Todos fugiam, procuravam segurança e abrigo nas casas de parentes e amigos, longe das águas. A noite toda foi açoitada pela tempestade.
Faial - navio encalhado depois de garrar com a tempestade
O dia seguinte despertou calmo, com céu azul límpido e um sol radiante. Mas os prejuízos contabilizados eram enormes. Pessoas feridas, a muralha destruída pelas marradas das vagas, árvores caídas, casas destelhadas, muros arrebentados, ruas e casas cheias de pedras basálticas, areia e lama. Destroços eram vistos por todos os lados. Ao Poço dos Frades, no porto da Horta, um navio foi levado pelo mar e lá ficou encalhado. No campo plantações por terra, arrasadas. Precisou-se de muitos dias e muito trabalho para limpar tudo. Consertar os estragos e reconstruir o que foi destruído provavelmente levou anos, apesar da ajuda que veio imediata das outras ilhas, do continente e dos USA (dos imigrantes que lá vivem).
Pela sua localização no Atlântico, o arquipélago dos Açores é com certa frequência vítima de abalos sísmicos, vulcões e de ciclones. E se hoje, apesar da tecnologia, ainda se tem dificuldade em prevenir os efeitos dos desastres naturais, imagine-se nos séculos passados, quando a população atingida pelo infortúnio ficava, isolada, sem meios de pedir ajuda.
Não, não é a questão. Saber, toda a gente sabe mais ou menos alguma coisa; alguns pensam que nada, outros que muito, mas, muito filosoficamente, nem uns nem outros estão certos.
Os que dizem saber muito, e fazem questão de insistir em aparecer para exibir o seu ego, enchendo os ouvidos de papalvos ignaros com falácias e indiscutíveis falsidades, são os que "em casa onde não há pão, nem cultura e educação" acabam por receber os aplausos (e os votos).
Os outros, humildes, que a civilização ainda não corrompeu, despidos de modismos e de egos, tantas vezes guardiães de profunda sapiência tradicional, que lutam por preservar, são, quando são, calados com algumas migalhas ou promessas vãs.
Assim por exemplo o grande plano nacional da reestruturação da educação. Do tal PAC.
Palavras do nosso grande líder: daqui a cinco anos a educação no Brasil vai igualar as melhores do mundo! Os professores vão estar a ganhar, daqui a três anos 850 reais por mês (cerca de € 305, uma fortuna). Será que este invejadíssimo salário vai atrair à docência (ou indecência?) brasiliana os melhores mestres do planeta?
Em 1908 o Rio de Janeiro era assim. Como será daqui a 5 anos?
Esqueceu-se Sexa de dizer, ou pensar, que a base da educação está exactamente nos professores e que estes deveriam ser MUITO BEM preparados, e assim pagos, o que não acontece, nem há previsão ou planos para que tal suceda.
Falam muito em universidades! Se o ensino não tem pés nem pernas, como vai ter cabeça?
Para alcançar as metas largamente difundidas e comentadas pelos órgãos de informação, esqueceu-se ainda Sexa (ou não pensou nisso?) que antes de começar, terá que começar por uma varredura na ignorância institucionalizada nas escolas e ainda começar por uma radical limpeza nas administrações escolares, municipais e estaduais. Corrupção grassa.
Apesar de tudo, ainda há escolas, mesmo públicas, dignas de louvor. São uma manifesta minoria. Prova mais cabal disso é que, em cidades como o Rio ou São Paulo, os filhos dos professores/as do ensino oficial estão, em boa maioria, no ensino privado. Ganham mal, os pais, mas fazem o sacrifício para que os filhos tenham uma educação melhor.
Falar muito, fazer discursos e promessas falsas, como esta de alcançarmos em cinco anos o nível de qualidade igual ao de uma França ou Inglaterra... é, no mínimo uma afronta. Mas aí estão os papalvos com os votos.
Passa o tempo e quando se quer mesmo aprender e se luta por isso, vai-se chegando à conclusão que quanto mais se aprende mais fica por aprender. Quase todos atravessamos uma fase em que se pensa saber muito para a seguir a maturidade nos mostrar que cada vez sabemos menos, e que todos os dias os pequenos têm coisas grandes para nos ensinar.
Mas estes "grandes" discursadores insistem em mentir. E até nós, já carregados de anos e esperanças vãs, ficamos por vezes sem saber quem é que está senil.
A equitação académica encontra a sua expressão num percurso histórico interessante.
O homem das cavernas incluía na sua dieta o antepassado do cavalo moderno; na idade média o equino servia os propósitos bélicos dos nobres, nas inúmeras guerras que sobretudo avassalaram a Europa; os séculos XV e XVI e os que se seguiram representaram épocas de refinamento da arte de cavalgar em guerra, no contexto do advento da arma de fogo. O cavalo foi fundamental nos sucessos militares e uma consequência natural foi o aparecimento de academias equestres um pouco por toda a Europa. A Áustria por vontade dos Habsburgos instituiu a Escola Espanhola De Viena, em França o Cadre Noir instalou-se em Saumur e em Portugal a Academia Equestre existiu até 1807, altura em que foi encerrada devido às invasões napoleónicas.
O Museu dos Coches era o Picadeiro Real e o turismo agradeceria que voltasse a sê-lo
A Academia Equestre de Portugal achava-se instalada no edifício que hoje corresponde ao museu dos coches. A tradição equestre portuguesa representa um Ex-libris cultural sem paralelo em todo o mundo. Com o decorrer dos tempos, a academia portuguesa foi relegada para segundo plano e mais recentemente, devido ás vicissitudes politico-culturais impostas pela ignorância dos governantes que não entenderam a importância desta forma de expressão cultural. Presentemente, a designada Escola Portuguesa de Arte Equestre, que comemorou 25 anos de existência, numa gloriosa gala realizada no Pavilhão Atlântico, tem a sua sede no Palácio de Queluz. Para ser mais preciso, numa dependência do palácio. Os cavalos são treinados ao ar livre e as condições gerais de funcionamento da escola são indignas quando comparadas com as infraestruturas que assistem a Escola Espanhola de Viena. Uma dezena e meia de cavaleiros mantém vivo um estilo de equitação que apenas se transmite de mestre para aprendiz num processo lento de depuração cultural. O sonho continua a ser, regressar ao Picadeiro Real de Belém, a casa original da academia equestre, aonde regularmente seriam apresentados ao público espectáculos de rara beleza, mas a batalha tem sido longa correndo-se o risco de passar de cavalo para burro.
A Escola Portuguesa de Arte Equestre devia poder exibir-se no actual Museu dos Coches
Os argumentos que contradizem o sonho são multíplos mas injustificáveis. Forças políticas opõem-se ao projecto. Há quem tenha afirmado que o cheiro dos cavalos, uma vez instalados em Belém, chegaria à sala de visitas ou à cozinha do palácio presidencial ou que o bafo dos cavalos iria concerteza deteriorar as pinturas que se encontram nas paredes e tectos do picadeiro; há quem diga ainda que os coches merecem a sala de estar que presentemente ocupam. Pergunto-eu e talvez com razão: será que o bafo de Pegasus é assim tão forte? Ou seremos indignos porque não reconhecemos a nossa cultura e a nossa história?