A presença negra em São Jorge (Açores)
Segundo Gomes Eanes de Zurara, os primeiros captivos africanos chegaram a Lisboa em 1433 e, em meados do século XVI, havia numa população de 100 000 pessoas
10 000 escravos negros e mouros -(dados do padre Manuel Azevedo da Cunha).
Quando famílias portuguesas vieram para ilhas dos Açores (séc. XVI), para povoá-las, trouxeram serviçais negros, cuja origem mais freqüente era Cabo Verde e Brasil. Alguns constituíram família entre si e outros com sujeitos de raça branca.
Com o final da escravidão e o tempo, as pessoas negras foram desaparecendo ou se diluindo na miscigenação.
Lembro-me que quando menina, na Ilha do Faial, onde nasci, nunca ter visto pessoas da raça negra. Só em Lisboa, quando passei por lá (1955), rumo ao Brasil, é que as vi pela primeira vez.
Na Ilha de São Jorge, a presença negra é constatada através da toponímia, romances, relatos e lendas.
Baía do Negro (sul da ilha), Baía do Mulato (costa norte), Grota do Negro (na freguesia da Ribeira Seca), romance da Bela Infanta (menciona os escravos da casa), e de Frei João do Romanceiro de São Jorge (de Manuel da Costa Fontes) são demonstrações da presença negra na colonização açoriana.
Na atualidade, com a grande onda imigratória vinda das antigas colônias africanas e do Brasil, pode-se ver com muita freqüência pessoas negras nas ilhas açorianas.
Maria Eduarda
Ref. Bibliográfica: O Nosso Falar Ilhéu
(Olímpia Soares de Faria)