A MARAVILHA E A CIMEIRA UE / BRASIL
Importantississima! O nosso grande líder foi à Europa vender uns milhões de litros de bio combustível e, pomposamente, chamou-se a esse encontro mercantil, de Cimeira, com "C" maiúsculo e tudo. É piada, como aliás parece ser o tempo que estamos a viver.
Depois dos contumazes apertos de mão para as fotografias oficiais, acabou-se a Cimeira, os órgãos de comunicação europeus começaram a bater no Brasil que iria desmatar a Amazónia para plantar cana e limitou-se a isso o noticiário sobre o assunto por estas bandas alcoólicas.
Parece que ninguém na Europa tem noção do espaço no Brasil para plantar cana e tudo o mais que quiser. Vai interferir no meio ambiente? Vai. Muito menos do que consumir combustíveis fósseis, e do mesmo modo que a Europa devastou o seu meio ambiente com a agricultura e a indústria. É aquilo que se convencionou chamar de progresso, que, infelizmente é imparável.
Por aqui o povo ri! Como a hiena! Ri do descalabro em que anda (será que anda? melhor se diria da ausência) o governo, da bandalheira no congresso nacional, e nos outros, da guerra - sim, guerra - entre a polícia e as favelas, assiste aos julgamentos sumários feitos pelos traficantes àqueles que terão ajudado a polícia e que são imediatamente fuzilados e... «o Rio di Janêro continua lindo!» mais ainda com a promoção, também mercantil, do Cristo do Corcovado a uma das "Sete Maravilhas do Mundo".
Que a natureza do Rio é uma das maiores maravilhas do mundo, isso é inegável. Mas como obra do homem... a estátua do Cristo nada tem de especial. E desacreditam-se as outras maravilhas da arte humana, como o Alhambra, o Partenon, a Cidade Proibida em Pekin, Angkor e tantas outras cujos países não têm a mesma quantidade de internautas nem presidentes a fazer propaganda! Se os chineses e os indianos tivessem o mesmo percentual de internautas que tem o Brasil, as "maravilhas" ficariam todas por lá...
Mas assim o Brasil disfarça os seus verdadeiros problemas. Com o futebol - quando ganha - e agora com a maravilha, falsa, de uma obra que de arte, convenhamos tem muito pouco.
O Rio não ficou mais bonito, o mundo é que perde em seriedade.
Cimeiras de mentirinha, votações de mentirinha, governos de mentirinha. Mundo falso e hipócrita, a esconder ou disfarçar as verdadeiras mazelas.
Bem pregou Aristóteles no deserto que dura há mais de 2.400: «Ninguém pode pôr em dúvida que a atenção do legislador deve estar centrada, acima de tudo, na educação da juventude; negligenciar a educação é promover enormes danos ao país.»
Rio de Janeiro, 12 de Julho de 2007
Francisco Gomes de Amorim