18 DE DEZEMBRO DE 1961
Efeméride negativa correspondente à invasão indiana do que restava do Estado Português da Índia – Goa, Damão e Diu.
* * *
Quando em 1498 Vasco da Gama chegou à Índia aportando a Calecute, fez inimizade com o Rei dessa cidade e amizade com o de Cochim que lhe pediu ajuda contra o seu inimigo tradicional, precisamente Calecute. Passados quase cinco séculos, o Ministro da Defesa da Índia, Krishna Ménon, natural de Calecute, ordenou a aniquilação do Estado Português da Índia. Tudo se consumou num fim de semana: 18 de Dezembro de 1961, Sábado, assistiu à invasão sem poder oferecer resistência significativa pois as armas que poderiam ter tido algum desempenho defensivo tinham sido «estrategicamente» retiradas de Goa (e talvez também de Damão e de Diu) por ordem de um já então poderoso militar português chamado Francisco da Costa Gomes. Assim se começou a cumprir a vontade de Moscovo e Calecute se sentiu finalmente vingada. Depois de uma humilhante detenção dos militares portugueses seguida de evacuação ainda mais humilhante, foi a vez de dar início à opressão da Nação Goesa e à tentativa de aniquilação da Cultura Indo-Portuguesa.
Mas…
… passados quase tantos anos quantos aqueles que os portugueses demoraram para escorraçar os reis castelhanos, em Goa desperta agora o orgulho da própria Nação, em Cochim o túmulo (vazio) de Vasco da Gama continua a ser alvo de romagem popular e o Hino Nacional de Portugal foi traduzido para concanim.
A Portuguesa – ‘Heróis do Mar’
(Versão breve do Hino Nacional de Portugal,
tal como se canta ou toca para qualquer solenidade.)
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, immortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões,
marchar, marchar!
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Tradução em konkânní clássico (ânthruzhí) por
Ave Cleto Afonso, Goa.
समुद्र वीर
समुद्र वीर, म्हान जन’गण,
धिरिश्ट राष्त्र अमर,
आयज परतून एकदां ऊंच करा
पोर्तुगालची महिमा !
आठवणेच्या धुक्यांत्लयान,
ए पितृदेश, आवाज येता
तुजया श्रेश्ठ पुर्वजांचो,
जो तुका जैताक पावोयतोलो.
शस्त्रां सयत, शस्त्रां सयत !
जमनी वयर, दरया वयर,
शस्त्रां सयत, शस्त्रां सयत !
देशा खातीर लडूंक !
तोफां विरूददः,
तेज चलूंक, तेज जलूंक !
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Transliteração em alfabeto Romano (segundo Novo Protocolo),
da versão em kônkânní clássico:
Sâmudrâ vír
Sâmudrâ vír, mâhan jân’gânn,
Dhirishtt rashtrâ âmâr,
Ayz pârtún êkdam únchâ kâra
Portugalchí mâhima!
Atthvânnêchya dhukyantlean,
Êh Pitrúdêsh, avaz yeta
Tujya shrêshtth purvâjancho,
Jo tuka jâitak pavôytolo.
Shastram sâyt, shastram sâyt!
jâm’ní vâyr, dârya vâyr,
Shastram sâyt, shastram sâyt!
Dêsha khatir lâddúnk!
Tôphâm virúdh,
têj châlúnk, têj châlúnk!
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Tradução no saxttí konkânní, no alfabeto Romano (Novo Protocolo)
por Ave Cleto Afonso, Goa.
Sômdirantle vír
Sômdirantle vír, vhôdd lôk,
Kalljidar dês ômor,
Aiz pôrtun êk pavtt vôir kaddat
Portugalcho porzoll!
Ugddasachea dhunvrantlean,
Arê Paidês, tallo aikunk ieta
Tujea nam’nnêchea purvozancho,
Zo tuka zôitak pavôitolo.
Armam dhôr, armam dhôr!
Zôm’ni vôir, dôria vôir,
Armam dhôr, armam dhôr!
Desa pasot zhuzpak!
Nôlliam add,
têz cholpak, têz cholpak!
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Tradução em inglês (tal como na internet).
Heroes of the sea
Heroes of the sea, noble people,
Valiant and immortal nation,
Raise once again today
The splendour of Portugal!
Through the haze of memory,
Oh Fatherland, one feels the voice
Of your distinguished forefathers,
That shall lead you on to victory!
To arms, to arms!
Over land, over sea,
To arms, to arms!
To fight for the Fatherland!
Against the cannons,
to march on, to march on!
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Dezembro de 2020Em tempo: efeméride negativa não se celebra mas assina
Henrique Salles da Fonseca
Em tempo: efeméride negativa não se celebra mas refere-se fora da data