OS DO MEIO
“A educação começa em casa”, diziam os antigos quando as crianças se comportavam mal. Quando a questão é educar ou colocar limites, definir-se entre o que é certo ou errado, colocar-se no meio é posição duvidosa, perigosa, moralmente equivocada.
Conheci uma sábia senhora, professora e diretora de Escola Primária, que dizia:
“Para meus alunos respondo a seus pedidos quase sempre sim, porém os meus nãos são definitivos e irrevogáveis”. Formar caráteres, crianças com bons princípios, é o processo educacional mais difícil que existe, exige da parte do educador cabedais (moral, intelectual e cultural), acreditar no que diz e persistir para ter resultados.
Hoje os pais, eles mesmos, precisam ser educados. Quanta vez vê-se educação pela metade ou proibição parcial levando a criança à indecisão no que é certo ou errado. Como no exemplo do pai que proíbe o filho menor e não habilitado de dirigir, mas que cede ao insistente pedido de colocar o carro na garagem ou de dar uma volta no quarteirão, onde não há perigo de encontrar um guarda. Cedendo ao pedido, o pai ensina ao jovem que todo o não tem meio valor ou que toda a proibição tem um senão, que para tudo se dá um jeito, mesmo que seja burlando a ética ou desrespeitando as leis instituídas.
Essas posições do meio abrem as portas para as irregularidades. Facilitam a vida daqueles “espertos”, que passam a ver quem respeita as leis como um otário. A visão particular das coisas, com a interpretação distorcida da lei, de acordo com seus interesses e vontades, passa a fazer parte da atitude dessas pessoas. Em geral elas tratam as situações com ares de cinismo e zombaria, como no caso do ex-prefeito de Nova York, o político David Dinks, que disse num tribunal “Eu não cometi nenhum crime. Eu só desobedeci à lei”.
Recém-chegado da Europa, um amigo relatou com admiração o respeito às leis e a educação que ele observou na população alemã. Na rua, à noite, as pessoas andam sem medo e aguardam o sinal abrir para depois atravessar a via, mesmo sem nenhum carro à vista, coisa que para um brasileiro é um espanto ou uma situação inconcebível.
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Pessoas confiáveis e moralmente respeitáveis recebem desde pequenas bons ensinamentos e aprendem o valor da disciplina. É como na academia de ginástica, quando se quer desenvolver a força física, é preciso exercício e persistência. Nesses casos não há meio termo ou meio caminho.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba 15/05/07