Ser ou não ser de Direita
Há eleições para a Presidência da República e há, pelo menos, 5 candidatos. Curiosamente, quatro dentre eles classificam-se como sendo de esquerda embora cada um deles se diga da verdadeira esquerda.
O outro, não diz que é de qualquer lado mas diz que quer trabalhar como sempre o fez, que estudará todos os dossiers, que pretende dar credibilidade à política, que dentro das suas competências constitucionais quer colaborar com os Governos para que estes possam trabalhar séria e honestamente em prol de Portugal.
Em face deste tenebroso programa, os quatro de esquerda multiplicam-se em avisos ao eleitorado sobre os malefícios do candidato a que chamam da direita: que vem aí o ajuste de contas da direita (trabalhar e estudar dossiers); que está em vista um golpe de Estado (colaborar com os Governos); que há uma agenda escondida (dar credibilidade à política) entre outros terríveis males. E isto, pasme-se, sem ser nenhum Prémio Nobel!
Cada um deles, entretanto, diz que nada poderá fazer porque o Presidente da República, além de umas viagens pelas Seicheles e pelo Brasil e do discurso de abertura do Congresso dos Cantoneiros, não tem mais poderes, embora sejam de opinião que deve dissolver a Assembleia se a água for privatizada (ainda não percebi o que isto é nem se é com peixes ou sem peixes), que deve fazer uma rotura democrática (também não entendi) e que não deve deixar passar qualquer lei que em sua opinião vá contra os direitos dos trabalhadores entre outras acções igualmente democráticas.
Depois disto e em face do que aprendi nesta campanha, estou a chegar à conclusão de que afinal não sou de Direita sou de Extrema-direita pois acho que para qualquer função, pública ou não, é preciso trabalhar muito, estudar muito, falar só do que se conhece bem, ser sério no pensamento e na execução e deixar trabalhar quem quer trabalhar
Lisboa, Dezembro de 2005
João Araújo Franco
