CRÓNICAS DO BRASIL
PAC, PAC, PAC.
Como estou a atravessar uma fase de saúde com as coronárias gastas, estropiadas, etc. (com eficiente conserto em poucos dias), quando o governo anunciou estrondosamente um PAC... eu tremi! Será o definitivo? Não era. Era o Plano de Aceleração do Crescimento... do Brasil!
Que maravilha! O governo, perdão, (des)governo anunciou, com pompa e circunstância, um plano, a ser cumprido, perdão, (des)cumprido, até 2010, onde serão, seriam, investidos mais de R$ 500 bilhões.
Infraestruturas, estradas e coisas assim quejandas, mas... (sempre esta miserável conjunção a atrapalhar os planos de desenvolvimento) os recursos previstos para investir os tais 500 bi são somente de 80 bi! Aqui o meu coração deu outro pac. Como é que os caras vão investir 500 bi se nem os 80 anunciados têm, e pior do que isso: de ano para ano o déficit do governo, perdão, (des)governo aumenta, e parte desses 80 virão de recursos que não existem?
Nem os impostos diminuem para incentivo aos investidores, nem os juros deixam de ser os mais altos em todo o mundo! Nem sequer o tal PAC prevê a preservação do nosso bem mais precioso, e que hoje é a preocupação maior da humanidade: o meio ambiente. No PAC não há uma única referência a isso.
E a Amazónia vai-se indo, as matas vão-se embora, os rios, os...
Há quase quatro anos escrevi um pequeno texto, a que chamei “O Orçamento do Pinóquio” comentando as bombásticas palavras de apresentação do primeiro orçamento deste mesmo governo (o tal des...). Chamei-lhe do Pinóquio porque assim que foi anunciado se viu que jamais poderia ser cumprido. Como não foi. Infelizmente a minha “bola de cristal” continua a segredar mais uma vez que este vai ser o PAC Pinoquiano! Estou até a pensar quebrar esta maldita bola que não antevê nada de bom no tal promissor futuro para o nosso Brasil! O país eternamente do futuro!
O país carece do básico, a começar pela instrução e cultura. Os orçamentos do ministério de educação têm regredido, em vez de multiplicarem de valor. O povo permanece na ignorância, mesmo uma boa parte daqueles que eventualmente aprendem a ler.
As cidades abarrotam de favelas sem a mínima estrutura de humanização. Cresce a desumanização, a criminalidade, a desilusão do primeiro emprego, o sub-mundo ganha força.
O povo ganha um pouco mais, porque o dólar vem perdendo valor no mercado internacional, o que reflete aqui dentro pela valorização do real. Um dólar já valeu quatro reais e hoje está cotado a dois e quinze! Um acaso internacional contribuiu para a melhoria do rendimento da população, mas num percentual ridículo face ao que seria de esperar de um país que tem tudo para ser rico, mas que só o será quando essa riqueza estiver distribuída com equanimidade.
Como sair deste ciclo vicioso se, ainda por cima temos os deputados e senadores mais bem pagos do mundo! E os juízes, e os promotores, e os delegados, e os inspetores, e os, e os, e os...
Não se distribui riqueza inventando PACs. Começa-se por distribuir o que há. Há muita lá nos altos postos do compadrio. Ninguém dá o exemplo para começar a moralizar o país.
Não há PAC que aguente. Nem gente. E o ambiente começa a ficar explosivo.
Para complementar o “panorama” transcrevo a opinião que pedi a um professor de economia e analista das contas públicas:
Não perca o seu tempo com essas bobagens, haja vista que o governo Lula já está falido com base nos números conhecidos até novembro de 2006, conforme abaixo:
Resultado Fiscal Nominal da União
De janeiro de 2003 até novembro de 2006 houve aumento das despesas totais (correntes e de capitais) de 0,19% do PIB em relação ao ano de 2002. Aumento real em relação ao PIB de 0,58%. Apesar do aumento geral das despesas, tendo em vista a criação de novos ministérios, houve reduções de despesas em outros ministérios, tais como: Saúde (– 6,40%); Defesa (-14,80%); Educação (–10,34%).
De janeiro de 2003 até novembro de 2006 houve redução das receitas totais (correntes e de capitais) de 3,05% do PIB em relação ao ano de 2002. Redução real em relação ao PIB de 9,41%.
De janeiro de 2003 até novembro de
Rio de Janeiro, 26 de Janeiro de 2007
Francisco Gomes de Amorim