CRÓNICAS DO BRASIL
O QUE SE VÊ NA TV
Não se sabe bem porquê, se por falta de imaginação, cultura ou por oculta intenção, o que mais se vê nos canais abertos da televisão, em horários impróprios para crianças, compartilhados com adultos, são programas que exploram a miséria, a violência, a amoralidade, o sexo, o grotesco, seja através de programas ao vivo ou gravados, novelas, filmes e noticiários, com raras e boas excepções.
Afinal, a quem compete a definição de valores a incutir na juventude? Aos Pais e Avós ou às TV's tanto públicas como privadas?
A necessidade de atingir níveis altos de audiência, de marcar pontos estatísticos no IBOPE (1), quase sempre leva esse tipo de veículo de comunicação, que deveria estar voltado não só para a diversão e divulgação como para a informação e educação do povo, a explorar o vulgar, meio mais rápido e eficiente de atingir as camadas populares. Mesmo quando tenta passar alguma mensagem educadora e moralizadora, a TV usa subterfúgios que sublimam e dificultam a interpretação e a distinção do telespectador entre o sensível e o pornográfico, entre o anómalo e o grotesco, entre o imoral e o amoral, entre o real e o imaginável, propiciando um estado de avaliação letárgico onde o individuo, apático, literalmente "engole" a mensagem sem "filtrá-la".
A propaganda, apesar de inteligente, usa e abusa dos chavões e dos padrões estéticos e morais actuais, às vezes de gosto duvidoso, mas sempre embasada em pesquisa de mercado, com a finalidade de atingir o maior número de pessoas, com interesse económico-comercial focado sobre o produto ou empreendimento veiculado.
A TV deveria ter como únicas finalidades informar de maneira imparcial e divertir de uma forma educada e cultural a população. Mas o que percebemos são manipulações dessa força de comunicação que, submetida a diversos e até ocultos interesses, desinformam, deformam palavras e ideias, deturpam valores, idiotizam mentes, para ter sobre a população uma forma hipnótica e mássica de poder.
Esse tipo de veículo de comunicação acabou com o diálogo, principalmente entre as pessoas da família que em seus quartos, em frente às suas TV’s privadas ou nas salas, diante de uma TV comum, mudas, absortas nas imagens e monólogos mostrados, só se apercebem umas das outras ou se falam nos intervalos dos comerciais, dando suas impressões, em geral limitadas por uma cultura universal televisiva já inculcada.
À falta (intencional ou não) de programas instrutivos, editados de maneira livre, saborosa, atractiva e assimilável, que prendam a atenção e o interesse da juventude e do público, instruindo-os de uma maneira geral, vemos com preocupação na TV uma leitura de poder manipulador, que se coloca como um TOTEM acima do bem e do mal, ditando as suas próprias regras, fazendo as "cabeças" de uma nova geração.
Uberaba, Novembro de 2006
Maria Eduarda Fagundes
(1) - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística