COM A PALAVRA, O PROFESSOR
Os principais motivos da crise da educação brasileira:
- Os equívocos das políticas governamentais
- A negligência em relação ao ensino fundamental
- O descuido quanto à qualidade
As consequências desse conjunto de problemas são patentes em dados assustadores, que podem ser resumidos numa constatação:
- Os estudantes brasileiros concluem os oito anos do ensino fundamental e os três do ensino médio lendo sofrivelmente e sem domínio da linguagem matemática básica.
Uma realidade que acentua o abismo entre o padrão educacional do Brasil e o que exige no resto do mundo.
Na avaliação internacional feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico em 41 países em 2OO3, a Coreia alcançou o terceiro lugar em matemática e o quarto em ciências, enquanto o Brasil ocupou a última e a penúltima colocações nas duas matérias.
Os professores, hoje, são reféns de uma realidade que lhes é amplamente desfavorável. Espera-se deles, muito mais do que é possível realizar nas actuais condições das escolas, algo que, aliás, não foi levado em conta em nenhuma mudança na política educacional feita nos últimos trinta anos. A formação dos docentes é deficiente - algo que admitem com sinceridade impressionante; sua remuneração insuficiente para atender a contento às várias demandas da mais que necessária modernização do ensino, uma vez que obriga a maioria a trabalhar em mais de um colégio. O livro também traz uma série de ideias recorrentes que se impõem no quotidiano da sala de aula, tornando o professor um bode expiatório das mazelas do ensino. Há a supervalorização do relacionamento professor-aluno, a ponto de se considerar incompetente quem "simplesmente" se preocupa com o conteúdo da matéria.
A progressão continuada, sistema que prevê reprovação nos quatro primeiros anos do ensino fundamental (e é adoptado em toda rede pública), exigiria carga horária maior, professores com tempo para se dedicar a avaliações mais frequentes e escolas com estrutura para amparar os alunos com dificuldades. Como a medida foi implantada sem nenhum desses pré-requisitos, um número elevado de alunos passa pelos quatro primeiros anos da escola sem aprender a escrever direito ou interpretar um texto. A cobrança recai sobre o professor, uma vez que o aluno sai da escola sem os instrumentos básicos para prosseguir sua formação e tornar-se um profissional capaz de conseguir espaço no mercado de trabalho. É evidente que ele não tem como ser a favor dessa medida. 95% dos professores são contrários à progressão continuada. Para eles a mudança para a progressão continuada só tem sentido se o aluno tiver garantida a melhoria na qualidade do ensino. Outros acham que a qualidade do ensino vai piorar.
Dia 15 de Outubro, dia do professor
Tem outra parte.
Therezinha B. de Figueiredo