Baruch Espinosa
27 de Julho
Pai da Modernidade, Baruch Espinosa (1633-77), o judeu português de Amesterdão foi excomungado há 350 anos por acreditar na razão e não na revelação. Tinha então 23 anos. Segundo Rebecca Goldstein, sua biógrafa[1], Espinosa proclamou que:
É assim que podemos imaginar quanto mal fez a Portugal esse radical fundamentalista que foi D. Tomás de Torquemada e seus sucessores
- Nenhum grupo religioso tem o direito de reclamar a infalibilidade e tornar-se intolerante.
- A preocupação da infalibilidade decorre do desejo humano de auto engrandecimento. A infalibilidade é projectada por forma a favorecer as circunstâncias do nascimento próprio.
- Isto é errado porque o respeito e consideração que cada um merece é inerente à sua condição humana e não resulta de revelação divina.
- Os que seguem exclusivamente a religião tornam-se sectários enquanto aqueles que recorrem à razão formam uma só nação.
- Todos fomos dotados de capacidade racional; renunciar ao uso dessa faculdade e submeter-se ao pensamento alheio não é ético nem humano.
- Democracia é a forma superior de governo. O Estado tem por função ajudar cada um a manter e a sua vida e o seu bem estar. Só um tal Estado tem o direito de exigir sacrifícios individuais. (Princípio da legitimidade)
- No Estado não deve adoptar a cultura de qualquer grupo social, sob o risco de afogar a dos restantes. É útil à sociedade que cada grupo ainda que minoritário mantenha e desenvolva a sua cultura própria. [Princípio das minorias criativas].
(Estas ideias viriam a encontrar eco na Constituição dos EUA. Ainda que Tomás Jefferson não refira Espinosa, ele seguia Locke que por sua vez se inspirou em Espinosa)
- Erro de Espinosa: - para ele, a certeza resulta da conformidade com princípios estabelecidos. Exclui portanto o empirismo.
[1] Rebecca Goldstein. “Betraying Spinoza” Random House, 2006.