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A bem da Nação

CRÓNICA 24

Porque é que há guerras tribais em Timor – VI (última)

Chrys Chrystello

 

 

 

Como escrevia Henrique Correia em 31 de Maio de 2006:

 

Estes senhores Reinado e Salsinha foram eleitos por quem?
Qual é a autoridade deles para exigirem a demissão do 1º Ministro?
O País não pode ser governado na rua. Espero que os líderes timorenses não cedam a estas pretensões absurdas.
Estamos a assistir à repetição da novela "CPD-RDTL"
Se esses senhores não gostam do Mari Alkatiri, então formem um novo Partido para concorrer às próximas eleições, daqui a um ano, ou votem num dos Partidos já existentes que se opõem à Fretilin.
Assim é que se faz num país democrático. Se eles preferem outro tipo de regime em que sejam eles a mandar, então vão para outro país, que há por aí muitos assim, ou mudem-se para a ilha Fatu Sinai e declarem a independência. O rei seria D. Alfredo I, o "almirante”.

 

 

Quem é este comandante Reinado?

Foi capturado pelas tropas indonésias em 1975 e foi colocado como servente ou carregador no Exército indonésio nas Celebes (Sulawesi) e Kalimantan antes de escapar para a Austrália. Arranjou emprego como estivador nas docas da Austrália Ocidental onde esteve durante nove anos, antes de regressar a Timor depois do histórico referendo de 1999.

 

As suas “proezas náuticas” foram rapidamente postas a funcionar nas novas forças de defesa de Timor (F-FDTL) tendo sido nomeado Comandante dos dois barcos de patrulha que constituem a Marinha do novo país. Mas a sua carreira rapidamente esmoreceu e o Brigadeiro-General Taur Matan Ruak transferiu-o para o Quartel-General em Díli. Foi uma desfeita que ele jamais perdoou ou esqueceu. Mais tarde foi nomeado comandante dum pelotão de Polícia Militar com 33 homens após ter estado a ser treinado no Australian Defence Force College em Camberra em finais de 2005. Forjou também um passeio operacional num barco patrulha da Real Marinha Australiana (RAN) a pensar um dia tomar conta da Estação Naval em Hera nas proximidades de Díli.

 

A crise começou em 28 de Abril 2006 com a manifestação de 600 militares expulsos do Exército. A manifestação foi dispersada pelo Exército que abriu fogo e matou quatro pessoas. Logo após a acção, o comandante Alfredo Reinado, líder rebelde, fugiu para as montanhas com 25 homens armados. Dias depois, 12 policiais foram assassinados pelo Exército, o maior massacre ocorrido no Timor desde a sangrenta repressão indonésia que ocorreu após o voto a favor da independência, no plebiscito de 1999. Reinado disse que o protesto era a resposta às promoções incentivadas no Exército por Rodrigues, aliado ao Primeiro-Ministro Alkatiri que, segundo o líder rebelde, queria o controlo militar para aumentar o seu poder político perto das eleições de 2007. Além disso, a revolta de Reinado incentivou um fenómeno até agora novo no país: o confronto violento entre os habitantes do oeste e a minoria do leste que controla o Governo e as Forças Armadas.

 

O major Alfredo Reinado, anteriormente comandante da Componente Naval das Falintil – Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), abandonou a hierarquia de comando das Forças Armadas a 4 de Maio 2006, acompanhado de mais 15 efectivos da Polícia Militar, unidade que comandava até então.

 

O outro auto proclamado líder dos rebeldes é Gastão Salsinha, nascido em Ermera e que representa os interesses dos rebeldes Loromonu. Consta que terá sido detido no ano passado por contrabando de sândalo e foi-lhe cancelado o curso para capitão que estava a frequentar. Há quem adiante que Salsinha é um amigo muito chegado de Rogério Lobato, o qual parece ter estado envolvido noutro caso misterioso duma apreensão de sândalo em 2002 e a qual nunca foi totalmente explicada. O nome da família Lobato é sinónimo com a longa guerra de autodeterminação do povo. O seu irmão e líder da Resistência, Nicolau foi morto num combate com forças especiais da Indonésia em 1978. A sua mulher tinha sido executada no porto de Díli, logo após a invasão indonésia de 7 de Dezembro de 1975. Um dos cinco membros do Comité Central da Fretilin enviados para o estrangeiro em 1975 (juntamente com Mari Alkatiri, Ramos Horta e Roque Rodrigues), Lobato tinha ordens para obter apoio para a recém anunciada independência de Timor. Em 1978 esteve a ser treinado durante um curto período pelos famigerados Khmer Rouges antes de ir para Angola onde foi preso em 1983 por abuso dos poderes diplomáticos, tráfico de diamantes e solicitar os serviços de prostitutas.


Depois, esteve envolvido num grupo de “conciliadores” promovido pela Indonésia no início da década de 1990, tendo regressado a Timor em Novembro de 2000 sem uma base de apoio popular forte. Esta situação não durou muito. Excluído do Governo de transição da ONU foi atraído pela defesa dos direitos dos veteranos guerrilheiros, tendo desafiado a legitimidade da recém-criada F-FDTL. As ameaças ao Governo e a sua provocação acabariam por dar frutos, quando em 2002 foi nomeado Ministro da Administração Interna. Não perdeu tempo a criar uma Força Nacional de Polícia capaz de rivalizar com as F-FDTL, um corpo de 30 mil homens com três ramos paramilitares.

 

É pena que Xanana continue a ser ouvido mais pela voz de Kirsty Sword (que não pára de exigir a demissão de Alkatiri) do que pela sua própria voz, que até agora se limitou a um ou dois apelos à calma e à deposição de armas.

 

Esta linha de clivagem com Xanana e Horta dum lado e Alkatiri do outro pode ter ajudado os estrategas de Camberra a vingarem-se de terem de ceder 50% do Timor Gap a Timor-Leste, fruto das boas capacidades de negociação de Mari Alkatiri. Já todos se esqueceram que a Austrália começou por oferecer 20% a Timor?

 

O petróleo esteve sempre por detrás disto e outorgar novos contratos à ENI italiana e concessões à Republica Popular da China (odiada em Djakarta), não aumentaram a reduzida popularidade de Mari Alkatiri face a Camberra e à vizinha Indonésia.

 

Já Henrique Salles da Fonseca escrevia em 29 Maio 2006:

Aqui para quem mais ninguém nos lê, temo que tenha eclodido uma "guerra" luso-portuguesa com os italianos e os australianos de permeio por causa do petróleo.

Repare: a taliana ENI é sócia da portuguesa GALP em 30% e daí pode-se inferir que o Governo de Timor adjudicou o petróleo aos "amigos" dos portugueses excluindo os australianos que já se consideravam donos daquelas jazidas. Mas do lado australiano estará, creio, a Fundação Gulbenkian que tem uma empresa petrolífera de direito australiano destinada a entrar no negócio da extracção em Timor. Ou seja, pode-se admitir que a "guerra" seja entre a GALP e a Fundação Gulbenkian com os ditos intermediários dando a cara internacional e oficialmente. Será? É claro que se trata de uma mera

especulação mas … nunca se sabe. Vejamos o que se segue.

 

Por outro lado ninguém esqueça que o Embaixador americano se deu ao trabalho de ir ter com o Reinaldo, um desertor, um fora-da-lei para saber quais as suas reivindicações. Depois disso e logo após a sua chegada foi a vez dos Comandantes militares australianos fazerem o mesmo. Esta preocupação dos norte-americanos e australianos é de louvar. Quando desertei (porque o 25 de Abril tardava a chegar a Díli) ninguém me quis ouvir, nem australianos, nem norte-americanos. Mas agora os desertores são tratados melhor que um Chefe de Estado…. Como os australianos já entrevistaram o Reinaldo e já sabem o que ele quer, pois foram eles que o treinaram e se ele continua a repetir que precisam de tirar o Alkatiri para haver paz na região, o mais certo é que eles irão dar uma ajuda. Isto começa a lembrar o Chile em 1973.

 

Aliás, se formos atrás na História recente, podemos recordar o que a Austrália fez nas Fiji em 1987 ao democraticamente eleito Temoci Bavadra (pronunciado Bavandra): ajudou o golpista Coronel (depois Major-General) Sitiveni Ligamamada Rabuka (pronunciado Rambuka) a depô-lo depois dum golpe de Estado em 14 de Maio de 1987 a que se sucedeu outro em Outubro. Rabuka foi um mero instrumento nas mãos dos senhores feudais que se insurgiam com o domínio das ilhas pelos indianos introduzidos ali no início do século XX: crise étnica e devolver a Fiji aos fijianos e não aos indianos era o grito da altura. Demorou dez anos à democracia para regressar às Fiji.

 

Mais recentemente, temos a intervenção nas ilhas Salomão que deixaram de ser independentes para terem parte dos seus Ministérios geridos por Camberra. Em finais de Maio de 2006, o Primeiro-Ministro das Ilhas Salomão aplaudiu a retirada das tropas australianas, depois do Ministro da Defesa australiano, Brendan Nelson, ter anunciado que iria retirar parte das tropas ali estacionadas, depois dos confrontos do mês passado. Chegaram a estar mais de 400 tropas australianas e esse número irá baixar para pouco mais de uma centena. As tropas tinham sido enviadas após a eleição de Snyder Rini para Primeiro-Ministro, mas devido aos motins populares e à situação de crise, acabou por ser substituído por Manessah Sogavare com o apoio das tropas australianas.

 

O programa “The World Today” em 30 Maio 2006 12:21:00, (Repórteres Toni Hassan e Edmond Roy) entrevistava Damien Kingsbury, do International Development Studies na Universidade Deakin University, que afirmou:

       Um exército de apenas 1500 homens é demasiado pequeno para ter qualquer capacidade

       prática de defesa. Serve uma função simbólica mas causa mais mal do que bem…

       ocasionalmente interfere na política, está dividido dentre as suas fileiras.

 


Outro problema que é ridículo e é um erro é a escolha da língua portuguesa que é oficial conjuntamente com o Tétum e em resultado disso números significativos da população não fala nenhuma delas porque foram educados em Bahasa Indonesia, além de haver mais 15 idiomas locais. O Primeiro-Ministro que passou décadas em Portugal durante a luta de independência fala Português – uma língua que o povo que ele governa não entende nem fala. Isto só vem aumentar as críticas da sua arrogância e do seu desprendimento. A maior parte da população fala indonésio e existe uma falta de comunicação entre o Governo e o povo, em especial nos tribunais e na burocracia. Penso que isso deve ser reconsiderado.


Mais uma achega a dizer que o problema de Timor é devido à língua portuguesa quando em Timor eles falam todos Bahasa para se entenderem. Segundo estes analistas 1º a Fretilin, 2º a falta de razão para a existência dum Exército e 3º a língua portuguesa são os culpados deste falhanço que não teria ocorrido se falassem todos Bahasa (indonésio aqui para nós). Ninguém se deu conta que em qualquer democracia o povo é quem escolhe em quem vota e neste caso a Fretilin, goste-se ou deteste-se, teve mais votos que todos os outros juntos... E foi a Fretilin, com o apoio dos restantes partidos, que decidiram sobre a língua portuguesa e o Tétum.


Eu, como cidadão australiano também estou farto de dizer que os problemas da Austrália se devem a termos uma rainha longínqua, inoperante e ridícula mas nas urnas, o meu voto não chegou para tornar o meu país numa República. Acham que devo arranjar uns contestatários para criar conflitos como em Timor e mandar a democracia às urtigas?

 

O presidente Xanana Gusmão renovou o seu apelo à reconciliação e à união nacional, num dia em que foram anunciadas oficialmente as mudanças nos Ministérios da Defesa e do Interior. "Vamos esquecer o que se passou. É nossa obrigação perdoar e reconstruir a nossa amada nação", disse Gusmão, num discurso no quartel da Polícia em Díli. Gusmão assumiu, no início da semana, o controle do Exército e da Polícia para deter o confronto entre as duas forças, que receberam a ordem de se recolher aos quartéis. A nação recebeu o anúncio oficial de que o Ministro de Relações Exteriores, José Ramos Horta, vai assumir a Defesa, no lugar de Roque Rodrigues e que o Vice-Ministro do Interior, Alcino Baris, foi promovido a Ministro.

 

O levantamento evidenciou os atritos entre o Presidente timorense, Xanana Gusmão, o político mais apreciado do país e Alkatiri, muito impopular por professar a religião muçulmana - credo minoritário em Timor Leste, onde 90% da população é católica. Alkatiri declarou há dias à televisão australiana que não existe um conflito de poder entre ele e Gusmão.

 

Os confrontos entre ex-militares e ataques de grupos de civis armados deixaram cerca de 20 mortos na capital. Por não conseguir controlar a situação, as autoridades timorenses solicitaram ajuda militar à Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal. Mais de 2 mil militares e polícias australianos, neozelandeses e malaios já estão no país. A Polícia está desaparecida há um mês, a população faz filas durante horas para receber arroz e o pânico dos ataques já produziu 60 mil refugiados e deslocados que não se moveram de seus esconderijos, apesar de já estarem em vigor as medidas especiais de segurança.

 

Timor-Leste, um dos países mais pobres, queridos e pequenos do mundo. Tem 857 mil habitantes e a mesma extensão do Alentejo. Um país muito bonito, amado por muita gente – o ex-Presidente americano Bill Clinton e o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan – mas talvez bem situado demais: desde o início dos tempos foi invadido por viajantes - chineses, portugueses - muitas vezes foi espancado e assassinado por seus vizinhos - chineses, japoneses, indonésios, malaios.

Timor tem a maior taxa de fertilidade do mundo -7,8 filhos por mulher – um solo árido e muito pobre que mal chega para alimentar a população, uma idade média de 20 anos, nenhuma indústria digna desse nome e um desemprego galopante e sem subsídios que o compensem.

 

"O Estado está em transição e construção, a metade da ajuda externa é dedicada a pagar os assessores estrangeiros, ainda não há aposentadorias nem lei eleitoral, nem quadros técnicos bem formados, e (Mari) Alkatiri (o Primeiro-Ministro) prefere guardar as receitas do petróleo, cujo fundo de reserva já soma mais de US$ 600 milhões, a distribui-lo demagogicamente entre as pessoas", diz um diplomata europeu que se não identifica.

 

"Os três são amigos desde a adolescência, por isso não se levam muito a sério", diz uma fonte próxima a Gusmão. "Alkatiri e Gusmão respeitam-se e temem-se igualmente, mas acabam sempre se entendendo", diz um Assessor do Presidente.


A dupla Alkatiri – Horta é que cedeu. A Igreja, a Austrália, os EUA, o petróleo e a ambição de poder surgem como as questões chaves de uma rixa que começou discreta e começa a se agravar diante da legítima recusa de Alkatiri a demitir-se dado ter sido democraticamente eleito pela maioria da população.

 

Mas Ramos Horta quer mais que o Ministério da Defesa. Sabe que tem todo o apoio e a influência internacional de uma Igreja Católica que presume contar com 98% de católicos no país e que não hesitou em catalogar o Primeiro-Ministro como muçulmano e comunista. Os Padres criticaram ferozmente a aposta em separar a Igreja do Estado - há religião opcional nas escolas - e criticam as suas políticas sociais como próprias "do Terceiro Mundo mais retrógrado". Alkatiri mandou estudantes com bolsa a Cuba e em troca contratou 500 médicos cubanos para os hospitais públicos.


Segundo indica uma fonte da cooperação europeia, trata-se de uma luta sem quartel: "O partido de Alkatiri, a Fretilin, é a única organização, com a Igreja, que está implantada em todo o território. Para os Padres locais, é um Partido de Marx contra Deus". Há exactamente um ano, em Abril de 2005, os Bispos de Díli e Baucau, com a colaboração do Embaixador americano, John Rees, homem de confiança de Bush e que ajudou a distribuir comida entre os manifestantes, lançaram o primeiro desafio de rua ao governo "infiel" de Alkatiri.


"Ofereceram transporte em autocarros e sanduíches e organizaram um acampamento no centro de Díli. Foi muita gente que gritava: 'Viva Cristo, morte a Alkatiri'", lembra um funcionário da ONU.

 

A indústria de café do Timor-Leste sofreu um sério golpe com o aumento da violência que paralisou as operações no meio da temporada da colheita. "A colheita (da nova safra) começou em Maio e seu pico deve ser atingido neste mês. Mas, com todas as estradas fechadas, não há meio de transportar os grãos do interior para as fábricas processadoras", disse o Director de café e de outras safras do Ministério da Agricultura, Caetano Cristóvão. Os participantes do mercado estimam que a produção atingirá entre 15 e 18 mil toneladas, em comparação com a safra de 2005, apontada entre 10 e 11 mil toneladas. Apenas os pequenos fazendeiros estão colhendo e processando os grãos em máquinas pequenas ou secando-os ao sol, disse Cristóvão. Em termos globais, Timor-Leste, com uma produção média anual de 7.000 a 10.000 toneladas, é um produtor pequeno entre gigantes, como Brasil e Vietname, contribuindo com cerca de 1% da produção global. No entanto, o café não é pouca coisa para a economia desta república de apenas quatro anos de idade, sendo a sua principal fonte de divisas estrangeiras. Um quarto da população (de 947 mil habitantes, em 2005) depende do café para subsistir (Dados: Dow Jones).

 

Veremos o que vem a seguir, mas enquanto se não dedicarem esforços à formação duma tropa, duma força policial eficaz e sem se cindir sob os fortes laços centenários da etnicidade tribal, enquanto se não ocupar a população jovem e desiludida em formas de trabalho remunerado que lhes augure qualquer futuro (até agora nem presente nem futuro lhes era prometido), enquanto não se explicar à população porque é importante que falem Português em vez de Bahasa ou de Inglês, enquanto isso não for feito, não há doações internacionais que cheguem nem fundos do petróleo que aguentem a instabilidade. Há genes tradicionais e centenários que têm de ser estudados conjuntamente com a influência que a ocupação indonésia e a sua lavagem ao cérebro causaram.

 

Há que ter em conta o recente exemplo das ilhas Salomão a fim de evitar que Camberra passe a gerir os Ministérios mais problemáticos de Timor e a decidir o que é melhor para este jovem país. Há que deixar os timorenses governarem-se e a criarem condições para o fazerem. Uma boa medida seria darem-lhes de volta os recursos marítimos roubados por pactos leoninos firmados pelo governo de Camberra, isso permitiria, sem que o país contraísse empréstimos ou ficasse dependente de outros, dividir a riqueza por todos os timorenses e criar empregos para os milhares de jovens sem futuro.

 

Há que criar uma unidade nacional que nunca existiu e não tem tradições (antes pelo contrário existe uma herança de guerras inter-tribais) para que Timor seja para todos os timorenses e não apenas para alguns, todos os que lutaram fora pela autonomia, os que lutaram dentro contra a ocupação indonésia e os que se acomodaram à ocupação indonésia. Só quando se criarem condições para este entendimento nacional e global terá valido a pena lutar durante mais de duas décadas e meia. A comunidade internacional pode ajudar a facilitar o desenvolvimento destas noções, mas sem os interesses demasiado óbvios dos lóbis do petróleo e sem a desculpa esfarrapada de que a língua portuguesa é que é a culpada. Se a CPLP existisse para lá do papel seria uma óptima oportunidade das ex-colónias de Portugal (incluindo o Brasil) mostrarem o que é a solidariedade, mas isso é pedir demais.

 

Se a ONU tivesse mais força poderia ajudar a construir o que nunca construiu, mais interessada em criar negócios milionários para os seus conselheiros do que em construir um país novo pela raiz.

 

Sobretudo ajudem os timorenses a criar a sua nação e a aprender o que é viver em democracia.

 

 

Chrys Chrystello

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