LIDO COM INTERESSE 3
O Mercador Português (título original The Coffee Trader)
Autor: David Liss (americano)
Editor: SAÍDA DE EMERGÊNCIA
Tradutor: Paulo G. Silva
1ª edição portuguesa: Setembro de 2005
Amesterdão, meados do séc. XVII, diáspora dos judeus portugueses na sequência da perseguição inquisitorial. Os cenários principais passam-se na Bolsa e na Sinagoga; o enredo consiste na manipulação dos mercados; a grande novidade em bolsa, o café; os personagens principais são todos judeus portugueses e a maior parte dos diálogos é suposto passar-se em português.
O romanceado pareceu-me menor mas a manipulação dos mercados chamou-me a atenção se bem que devesse ter relido alguns parágrafos para compreender melhor o sentido dessas manipulações; contudo, não reli porque me pareceu que a consistência da teoria não justificava o esforço. Cheguei mesmo a admitir que o tradutor se enganara no sentido especulativo mas a partir de certo momento convenci-me de que o erro era do autor. No entanto, não me pareceu importante esclarecer a questão. Basta que se saiba que naquela época já se negociava em futuros sobre mercadorias, nomeadamente exóticas transportadas para Amesterdão pela holandesa Companhia das Índias Orientais e que os operadores podiam ter realizado todos esses lucros em Lisboa se não tivessem que fugir para aguentarem a pele sem chamusco.
Curiosidade maior, para mim que muito tenho que aprender: a existência duma organização judia chamada Maamad que no livro se arrogava o direito de mandar na colónia judia, de punir e até de excomungar os membros rebeldes. É claro que o autor estabeleceu o paralelo entre a Inquisição de que aqueles judeus tinham fugido com o Maamad em cujas malhas acabavam por se deixar enredar. Fui verificar à Internet da real existência do Maamad e, sim, é verdade e consiste numa organização que funciona nas Sinagogas mais ou menos como no livro.
Para quem possa estar interessado em saber mais sobre o assunto, informo que procurei em http://www.jewishencyclopedia.com/view_page.jsp?artid=3&letter=M&pid=0
Conclusão: lê-se com um interesse relativo
Lisboa, Janeiro de 2006
Henrique Salles da Fonseca