BATOQUE E BITOQUE
Tenho um caderno de papel vegetal, cuja capa diz: "Caderno de Papel Esquiço". Ora papel "esquisso" sei eu o que é: papel para esboço, pois "esquisso" quer dizer precisamente "esboço".
Mas a palavra "esquiço" também existe, conforme consta no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora: "esquiço" ou "esquiça" é o pau com que se tapa o buraco que se faz na vasilhas de vinho; o mesmo que "batoque".
E já que estamos com as mãos na massa, não confundamos "batoque" com "bitoque". Este, como se sabe, é um prato culinário e a palavra, segundo o referido dicionário, é uma corruptela de "bisteque", que, por sua vez, é uma corruptela da palavra inglesa "beefsteak".
Não digo que não, mas parece-me que "bitoque" é a palavra russa "bitok" [биток], que, segundo o dicionário da língua russa de S. I. Ojogov [С. И. Ожегов] de 1975, significa: "Costeleta (kotleta, sic) redonda de carne picada, previamente preparada", ou seja, o que vulgarmente chamamos "hamburguer", à americana. {O "hamburger" é moda levada para a terra do tio Sam por alguns alemães de Hamburgo, como os "jeans" é moda levada para lá também por gente de Génova - Gênes}
E a propósito, contarei que fui a um sítio comer uma bifana onde o dono se esmerara em fazer o cardápio das comidas rápidas e tivera o cuidado de explicar em inglês a diferença entre "bifana" e "prego". "Bifana", dizia ele, é com "pig" e o "prego" é com "cow". Devo dizer, porque é verdade, que o local não era nenhuma vacaria, nem nenhuma porcaria.
Achei graça e fiquei contente, porque concordo com Eça de Queiroz, que dizia que uma língua estrangeira se deve falar mal. O homem era um verdadeiro português.
O português é o teu valor cultural mais precioso. Respeita e aperfeiçoa a tua língua!
(Os estrangeiros que façam o mesmo com as suas...)
Joaquim Reis