Mini peça de teatro num só acto e numa só cena (17 pequenas páginas de mancha rala).
Personagem principal, o filho, de cama e moribundo; personagem secundária, a mãe, que disfarça as lágrimas.
O doente divaga sobre as melhoras que sente (a despedida da saúde?) e diz: «que pena não acreditar em Deus e, como ele, desfrutar da ubiquidade».
Nos momentos finais da vida aparecem os Reis Magos que lhe votam felicidade eterna; aparece o espírito do pai do rapaz propondo-lhe todas as viagens sonhadas e no momento da morte aparecem três espíritos (benignos, dá para crer) que a todos levam a sair pela porta, presumindo-se que para a eternidade – incluindo a mãe que não sabíamos doente.
CAI O PANO
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E é agora, depois de caído o pano, que surge o mistério: o que poderá ter levado o Autor – que sempre se deixou apresentar como agnóstico ou mesmo ateu - tecer um texto como este de triunfo da espiritualidade? Só me ocorre que o Céu tenha feito uma curva no espírito do Autor desviando-o do materialismo agnóstico-teísta para a espiritualidade. E eu estou a admitir que possa estar a levantar a ponta do véu: levantar a ponta do véu do mistério da curva do Céu.
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E aos costumes digo que o Autor era o meu tio António José e meu padrinho de baptismo. E julgava eu que o conhecia bem…!
Em Yokohama lembrei-me daquele arqueólogo francês que disse que
«Hoje tudo são campos onde foi Troia».
Em Yokohama não ouvi o Coro dos Marinheiros» e na suave colina não vi a casa de Butterfly.
Hoje, em Yokohama tudo são enormes prédios cúbicos e metálicos, nada resta dos lugares em que houve romance em casas de bambu; o jardim do requintado bonsai e da gravilha com cada pedrícula no lugar certo é peça de museu; a última gueixa há muito que passou para o mundo Shin Tô dos espíritos e a cerimónia do chá é ideia que aos poucos se desvanece nas brumas da memória.
Nada resta da Civilização que levou Wenceslau à paixão. É pena e Yokohama já não é.
Quando daqui a uns tempos (séculos?) os nossos herdeiros se perguntarem qual era o espírito destes tempos por que agora passamos, talvez a resposta seja «o tempo da desconfiança e da destruição»; não o tempo do medo mas certamente o da insanidade. Desconfiança mútua de pertença a obediências ocultas e malignas. De um lado, a obediência ao imperialismo; do outro, exactamente o mesmo; no meio, o mexilhão a que chamamos Europa.
A precaridade europeia agravou-se com a chegada da boçalidade ao poder nos EUA e com a aparente transformação da Casa Branca em sucursal do Kremlin.
Uma das ideias mais propaladas actualmente tem a ver com a «moleza» dos líderes europeus dando-se assim a entender a sua inaptidão para a liderança. Ora, não é crível que todos os europeus nos tenhamos empenhado em escolher os piores entre nós precisamente para nos representarem. O que é crível, isso sim, é que o método de formação da decisão democrática seja diferente do da autocrática: o método democrático é necessariamente negociado enquanto o outro é ditatorial, rápido mas rígido e, portanto, quebradiço. O método negociado tem necessariamente cláusulas de elasticidade que historicamente lhe têm assegurado a vitória. A aceleração do método democrático faz-se com os «Gabinetes de Crise» e é então que os da autocracia gritam e rangem.
A fronteira está, pois, na opção de Regime e apenas na diferença entre os que pensam por si e os que preferem ser mandados; de um lado o humanismo do Estado que serve o cidadão e do outro o Estado que se serve da carne para canhão.
Mais: por insistente instigação dos da autocracia, a desconfiança popular no método negociado de formação das decisões cresce a cada acto eleitoral como resultado da afirmação verdadeira ou falsa de que tudo é decidido em compadrio, secretismos e corrupção.
Falsas ou não as acusações, a desconfiança é absolutamente verdadeira e há que a corrigir com urgência pela…
Desconsideração «ab initio» da denúncia anónima;
Regulamentação do «lobby»;
Aperto do cerco à corrupção.
A ver se ainda vamos a tempo de suster a desconfiança e parar a destruição. A ver…
Religião é a crença na transcendência determinante da espiritualidade sobre a matéria e respectivas ocorrências, a metafísica de proximidade; é na religião que se escondem medos e se guarda a esperança.
Da religião emanam os conceitos de bem e de mal que suportam a Moral e que, transpostos para o plano dos factos, constituem a Ética.
Religião, Moral e Ética constituem a base da Civilização que, uma vez adicionada das artes decorativo-folclóricas, gera a Cultura.
É do quadro cultural que emanam as atitudes humanas as quais desenham a História.
Para conhecer um povo há, pois, que lhe conhecer a religião.
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A Cultura japonesa nasceu do Shintuismo a que se juntou o Budismo e, muito mais recentemente (séc. XVI) foi «polvilhada» pelo Catolicismo dos jesuítas portugueses.
Animista, o Shintuismo não tem qualquer texto que lhe assegure unidade de doutrina como acontece com os Vedas do Hinduismo, os Pensamentos de Buda no Budismo, a Tora no Judaismo, a Bíblia no Cristianismo ou o Corão no Islamismo. A profusão de deuses locais promoveu o regionalismo feudal com uma sucessão permanente de guerras e guerrinhas ao estilo do «sai daí para eu entrar». Foi necessário inventar a figura do Imperador «filho dos deuses» (sem se dizer de quais) para que houvesse um mínimo de coesão naquele arquipélago… e, mesmo assim, era um Imperador sem qualquer poder temporal cabendo-lhe apenas o papel de «filho dos deuses».
Foi necessário esperar por Janeiro de 1543 para, com a chegada de Fernão Mendes Pinto e as armas de fogo, se ter dado início à modernização da guerra e, daí, à unificação política do Japão.
Definitivamente, na História do Japão, a chegada dos portugueses, marca o fim do medievalismo e o início da modernidade. É claro que os japoneses não vêem telejornais portugueses e, daí, Portugal ser ainda hoje muito estimado no Japão.
Com a unificação política do arquipélago, o belicismo transferiu-se do interior para a periferia passando de feudal a imperial. O processo culminou na II Guerra Mundial a que só duas bombas atómicas puseram fim. Passando o Japão desarmado a ficar «protegido» pelos EUA, o Imperador Hiroito teve que descer a terreiro e reconhecer que se enganara ao nomear o Governo dos militares que conduzira o Japão ao descalabro e humilhação. Mais declarou não ter origem divina e ser simplesmente humano. Caído o dogma pela boca do próprio dogmático, foi esta queda a 3ª bomba atómica que destruiu a fé dos que haviam sobrevivido às duas bombas anteriores.
Com a destruição de todos os tradicionais parâmetros civilizacionais, novos Valores tinham que ser erguidos. Quais? Lamber as feridas foi o primeiro passo (fazer luto pelos mortos). Seguiu-se, com a ajuda americana, a reconstrução das cidades e logo, em simultâneo, a reconversão industrial da guerra para a paz.
Chegados a hoje não contam com o Imperador mas valorizam muito o Yen; continuam a pugnar pela harmonia com as forças da Natureza como paradigma do Bem mas entregaram aos Partidos a definição do bem-comum.
Ao contrário de nós, portugueses, que trabalhamos para viver, os japoneses vivem para trabalhar e por isso, em 80 anos, se ergueram das cinzas atómicas aos mais elevados padrões do desenvolvimento internacional e nós… não.
… diz-se que: • Quem muito fala pouco acerta; Pela boca morre o peixe. * * * Como um pássaro, sobre a História… • …foram as horríveis condições laborais em Inglaterra durante o capitalismo selvagem da revolução industrial que levaram Marx a conceber a doutrina a que chamamos marxismo; …foi Lenine quem agarrou no marxismo e o levou à prática como Estado Soviético; • …foi Stalin que enfernizou o mundo dando à URSS a condição de potência; • …foi Trotsky quem pugnou pela globalização do sovietismo; • …foi Gramci quem desprezou o proletariado fabril e apostou na intelectualidade jornalística como promotora por excelência do marxismo. * * * Aqui chegados, houve que conquistar um estatuto de total impunidade a que se passou a chamar liberdade de informação. Foram poucos os «passes de magia» necessários para se alcançar o objectivo da manipulaçã0 da opinião pública ocidental: • Rechear as redacções dos jornais, rádios e TV’s de jornalistas marxistas; • Intitular a orientação editorial de censura interna; • Diabolizar todo o tipo de condicionamento informativo; • Reconhecimento do direito de ocultação das fontes da informação. Assim se chegou à situação actual em que é difícil reconhecer a fronteira entre a verdade noticiada e o seu contrário difícil reconhecer. E, contudo, também seriam poucos os «passes de magia» necessários para trazer a verdade à superfície: Devolver ao Conselho de Administração de cada órgão de comunicação o direito inalienável de definição da respectiva linha editorial; • Criminalização da «fake news; • Obrigação, em juízo, de revelação da fonte. Seria vê-los a terem mais tento na língua.
Para concluir este conjunto de textos, SUGIRO AO GOVERNO QUE determine que: • As certidões de óbito deixem de ter a ridícula validade de três meses para passarem a ter validade perpétua; • Todos os números de identificação individual (cartão de cidadão, eleitor, utente da Segurança Social, carta de condução, passaporte…) coincidam com o do cartão de cidadão. FIM
É no Verão que se prepara o Inverno. Por outras palavras, é quando chove que nos devemos preparar para a seca. Eis por que SUGIRO AO GOVERNO que: • Determine o arranque dos trabalhos preparatórios do Programa de Independência Hídrica (dessalinização da água por alambiques solares-eólicos).
Filosoficamente republicano, penso, no entanto, que… … a sigla GNR para Guarda Nacional Republicana faz supor que exista a RGN para Real Guarda Nacional; a sigla NRP para Navio Republicano Português faz supor que exista um RNP para Real Navio Português; • O nome oficial do nosso país sendo República Portuguesa faz supor que exista uma Monarquia Portuguesa. Tema ridículo num país em que a questão do regime é um não-tema. Eis por que SUGIRO AO nosso GOVERNO que: • Determine o desaparecimento das pertenças a um Regime passando os navios a ostentar a sigla NP, o Corpo Militar de Segurança a designar-se por GN para Guarda Nacional e o nome oficial do nosso país seja apenas PORTUGAL. E, já que tratamos de nomes, tratemos de conteúdos também. Assim, sugiro que se extingam as actuais GNR e a PSP constituindo, a partir dos seus efectivos humanos e materiais a Guarda Nacional que inclua uma Brigada Costeira que absorva a Polícia Marítima.
Um português já está detido porque em 2012 teve encontro com a Justiça dos EUA em acusação de que terá sido absolvido. Se a história está bem contada, adeus Estado de Direito nos EUA. Preparemo-nos, pois. Eis por que SUGIRO AO nosso GOVERNO que reactive o IARN – Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais e que vamos imaginando os modos de acolhimento mais apropriados. Simpática, aquela aldeia que em tempos existiu ali para as bandas do Infantado, no Ribatejo, donde a RARET emitia em ondas curtas contra os antigos patrões de Putin. Está abandonada essa que foi uma simpática aldeia …