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A bem da Nação

CÍRCULO CULTURAL «CONDES DE VIL’ ALVA»

 

 

 

 

  • Vasco Maria Eugénio de Almeida, Engenheiro Agrónomo, Socialmente reconhecido como «Conde de Vil’Alva», casado com Maria Teresa Belo Eugénio de Almeida socialmente reconhecida como «Condessa de Vil’Alva», eram proprietários de vasto património rural e urbano e não tinham herdeiros em 1º grau;

 

  • Decidiram constituir a «Fundação Eugénio de Almeida» com o objectivo principal de reinstalar os estudos superiores em Évora – e assim feito com o ISESE – Instituto Superior Económico e Social de Évora, assim ressurgiu a Universidade.

 

* * * *

 

Sem demérito para os demais objectivos da Fundação, o regresso dos «Altos Estudos» `a cidade constituía o principal instrumento para o desenvolvimento intrínseco daquela região de Portugal. O verdadeiro desenvolvimento endógeno é humano; ocupação de mão-de-obra é «política esmoler».

 

«Se um pobre te pedir um peixe, ensina-o a pescar».

 

* * *

 

Como dizia o poeta, «falta cumprir Portugal»: onde persiste o analfabetismo, onde a maior parte da população em idade activa não cumpre com o ensino obrigatório, onde continuam a ser poucos os que têm alguma formação pós-secundária.

 

Os Condes de Vil’Alva, foram compassivos, voluntariosos e generosos mas nós, os seus beneficiários, aguardamos egoisticamente a consumir oxigénio à espera que «a da foice» nos venha buscar.

 

Assim, para não bulir muito com a passividade instalada, sugiro criação (mesmo que apenas informalmente) do círculo cultural Condes de Vil’alva não apenas para honrarmos a sua memória mas sobretudo para tentarmos dar algum seguimento à sua obra de valorização humana.

 

 

 

Junho de 2025

 

Henrique Salles da Fonseca

 

NA OCIDENTAL PRAIA LUSITANA - 3

 

Hoje, pouco depois da alvorada, no topo da duna, recordei a ideia de que filósofo é pensador erudito e que pensador popular é sábio. A diferença está em que filósofo explica e sábio é axiomático. Na edição que conheço, a «Crítica da Razão Pura» de Kant tem cerca de 1ooo páginas e o António Aleixo é conclusivo logo no início da primeira página d’ «Este livro que vos deixo».

E mais me lembrei do Imperativo Categórico pelo qual Kant definiu a lei moral segundo a qual todos nós devemos nos comportar de modo que as nossas atitudes possam constituir regra universal em prol do bem da Humanidade.

Concluo que o Imperativo Categórico é a Laicização e globalização da fé luterana segundo a qual a salvação se consegue pelo trabalho em prol do bem-comum da sociedade a que cada um pertença.

Já o Imperativo Hipotético determina que, perante um determinado objectivo, a pessoa tudo deve fazer para alcançar esse desiderato. Stalin, Hitler, Putin devem ter gostado/gosta deste «mandamento». É que os fins não justificam todos os meios.

 

Julho de 2025

NA OCIDENTAL PRAIA LUSITANA – 2

 

DAS TARIFAS TRUMPEANAS

 

As taxações sobre as importações têm como efeito imediato a subida dos preços no mercado doméstico do país importador. Este é, pois, «um verdadeiro tiro no pé». O outro efeito imediato é o do aumento das receitas públicas. Resta saber durante quanto tempo este aumento perdurará. Tudo depende da imprescindibilidade do bem importado e do efeito redutor da procura em resultado do aumento do respectivo preço.  A elasticidade da relação entre imprescindibilidade e efeito redutor da procura é questão de caso-a-caso e, muito provavelmente, incompatível com a taxação «cega» de toda a Pauta Aduaneira. E anda avisada a UE não retaliando Trump com tarifas mas sim com barreiras não tarifárias de cariz tecnológico ou quiçá político.

. Estas barreiras, sendo específicas para determinados produtos, poderão ser bem mais radicais inviabilizando certas importações.

E não haverá por cá «Patriotas» da nossa própria raiz?

 

Julho de 2025

Henrique Salles da Fonseca

 

 

LIDO COM INTERESSE – 95

 

Título – «A CURVA DO CÉU»

Autor – Branquinho da Fonseca

Editora – Movimento

Edição – 1972, do Autor (esgotada)

* * *

Mini peça de teatro num só acto e numa só cena (17 pequenas páginas de mancha rala).

Personagem principal, o filho, de cama e moribundo; personagem secundária, a mãe, que disfarça as lágrimas.

O doente divaga sobre as melhoras que sente (a despedida da saúde?) e diz: «que pena não acreditar em Deus e, como ele, desfrutar da ubiquidade».

Nos momentos finais da vida aparecem os Reis Magos que lhe votam felicidade eterna; aparece o espírito do pai do rapaz propondo-lhe todas as viagens sonhadas e no momento da morte aparecem três espíritos (benignos, dá para crer) que a todos levam a sair pela porta, presumindo-se que para a eternidade – incluindo a mãe que não sabíamos doente.

CAI O PANO

* * *

E é agora, depois de caído o pano, que surge o mistério: o que poderá ter levado o Autor – que sempre se deixou apresentar como agnóstico ou mesmo ateu - tecer um texto como este de triunfo da espiritualidade? Só me ocorre que o Céu tenha feito uma curva no espírito do Autor desviando-o do materialismo agnóstico-teísta para a espiritualidade. E eu estou a admitir que possa estar a levantar a ponta do véu: levantar a ponta do véu do mistério da curva do Céu.

* * *

E aos costumes digo que o Autor era o meu tio António José e meu padrinho de baptismo. E julgava eu que o conhecia bem…!

 

Junho de 2025

Henrique Salles da Fonseca

YOKOHAMA

 

Em Yokohama lembrei-me daquele arqueólogo francês que disse que

«Hoje tudo são campos onde foi Troia».

Em Yokohama não ouvi o Coro dos Marinheiros» e na suave colina não vi a casa de Butterfly.

Hoje, em Yokohama tudo são enormes prédios cúbicos e metálicos, nada resta dos lugares em que houve romance em casas de bambu; o jardim do requintado bonsai e da gravilha com cada pedrícula no lugar certo é peça de museu; a última gueixa há muito que passou para o mundo Shin Tô dos espíritos e a cerimónia do chá é ideia que aos poucos se desvanece nas brumas da memória.

Nada resta da Civilização que levou Wenceslau à paixão. É pena e Yokohama já não é.

 

Maio de 2025

HSF

«ZEIT GEIST»

 

Ou

O ESPÍRITO DO TEMPO

 

Quando daqui a uns tempos (séculos?) os nossos herdeiros se perguntarem qual era o espírito destes tempos por que agora passamos, talvez a resposta seja «o tempo da desconfiança e da destruição»; não o tempo do medo mas certamente o da insanidade. Desconfiança mútua de pertença a obediências ocultas e malignas. De um lado, a obediência ao imperialismo; do outro, exactamente o mesmo; no meio, o mexilhão a que chamamos Europa.

A precaridade europeia agravou-se com a chegada da boçalidade ao poder nos EUA e com a aparente transformação da Casa Branca em sucursal do Kremlin.

Uma das ideias mais propaladas actualmente tem a ver com a «moleza» dos líderes europeus dando-se assim a entender a sua inaptidão para a liderança. Ora, não é crível que todos os europeus nos tenhamos empenhado em escolher os piores entre nós precisamente para nos representarem. O que é crível, isso sim, é que o método de formação da decisão democrática seja diferente do da autocrática: o método democrático é necessariamente negociado enquanto o outro é ditatorial, rápido mas rígido e, portanto, quebradiço. O método negociado tem necessariamente cláusulas de elasticidade que historicamente lhe têm assegurado a vitória. A aceleração do método democrático faz-se com os «Gabinetes de Crise» e é então que os da autocracia gritam e rangem.

A fronteira está, pois, na opção de Regime e apenas na diferença entre os que pensam por si e os que preferem ser mandados; de um lado o humanismo do Estado que serve o cidadão e do outro o Estado que se serve da carne para canhão.

Mais: por insistente instigação dos da autocracia, a desconfiança popular no método negociado de formação das decisões cresce a cada acto eleitoral como resultado da afirmação verdadeira ou falsa de que tudo é decidido em compadrio, secretismos e corrupção.

Falsas ou não as acusações, a desconfiança é absolutamente verdadeira e há que a corrigir com urgência pela…

  • Desconsideração «ab initio» da denúncia anónima;
  • Regulamentação do «lobby»;
  • Aperto do cerco à corrupção.

A ver se ainda vamos a tempo de suster a desconfiança e parar a destruição. A ver…

Maio de 2025

Henrique Salles da Fonseca

 

JAPÃO – A 3ª BOMBA ATÓMICA  

 

Religião é a crença na transcendência determinante da espiritualidade sobre a matéria e respectivas ocorrências, a metafísica de proximidade; é na religião que se escondem medos e se guarda a esperança.

Da religião emanam os conceitos de bem e de mal que suportam a Moral e que, transpostos para o plano dos factos, constituem a Ética.

Religião, Moral e Ética constituem a base da Civilização que, uma vez adicionada das artes decorativo-folclóricas, gera a Cultura.

É do quadro cultural que emanam as atitudes humanas as quais desenham a História.

Para conhecer um povo há, pois, que lhe conhecer a religião.

* * *

 

A Cultura japonesa nasceu do Shintuismo a que se juntou o Budismo e, muito mais recentemente (séc. XVI) foi «polvilhada» pelo Catolicismo dos jesuítas portugueses.

Animista, o Shintuismo não tem qualquer texto que lhe assegure unidade de doutrina como acontece com os Vedas do Hinduismo, os Pensamentos de Buda no Budismo, a Tora no Judaismo, a Bíblia no Cristianismo ou o Corão no Islamismo. A profusão de deuses locais promoveu o regionalismo feudal com uma sucessão permanente de guerras e guerrinhas ao estilo do «sai daí para eu entrar». Foi necessário inventar a figura do Imperador «filho dos deuses» (sem se dizer de quais) para que houvesse um mínimo de coesão naquele arquipélago… e, mesmo assim, era um Imperador sem qualquer poder temporal cabendo-lhe apenas o papel de «filho dos deuses».

Foi necessário esperar por Janeiro de 1543 para, com a chegada de Fernão Mendes Pinto e as armas de fogo, se ter dado início à modernização da guerra e, daí, à unificação política do Japão.

Definitivamente, na História do Japão, a chegada dos portugueses, marca o fim do medievalismo e o início da modernidade. É claro que os japoneses não vêem telejornais portugueses e, daí, Portugal ser ainda hoje muito estimado no Japão.

Com a unificação política do arquipélago, o belicismo transferiu-se do interior para a periferia passando de feudal a imperial. O processo culminou na II Guerra Mundial a que só duas bombas atómicas puseram fim. Passando o Japão desarmado a ficar «protegido» pelos EUA, o Imperador Hiroito teve que descer a terreiro e reconhecer que se enganara ao nomear o Governo dos militares que conduzira o Japão ao descalabro e humilhação. Mais declarou não ter origem divina e ser simplesmente humano. Caído o dogma pela boca do próprio dogmático, foi esta queda a 3ª bomba atómica que destruiu a fé dos que haviam sobrevivido às duas bombas anteriores.

Com a destruição de todos os tradicionais parâmetros civilizacionais, novos Valores tinham que ser erguidos. Quais? Lamber as feridas foi o primeiro passo (fazer luto pelos mortos). Seguiu-se, com a ajuda americana, a reconstrução das cidades e logo, em simultâneo, a reconversão industrial da guerra para a paz.

Chegados a hoje não contam com o Imperador mas valorizam muito o Yen; continuam a pugnar pela harmonia com as forças da Natureza como paradigma do Bem mas entregaram aos Partidos a definição do bem-comum.

Ao contrário de nós, portugueses, que trabalhamos para viver, os japoneses vivem para trabalhar e por isso, em 80 anos, se ergueram das cinzas atómicas aos mais elevados padrões do desenvolvimento internacional e nós… não.

 

Maio de 2025

Henrique Salles da Fonseca

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