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A bem da Nação

NATURALMENTE...

 

 

… os sacerdotes não gostam de Darwin porque este, dispondo dos conhecimentos científicos de que os Autores bíblicos não possuíam, explicou a evolução dos seres vivos sem recorrer aos dogmas.

Conciliando o quase inconciliável, digamos que Darwin explicou cientificamente, como tem funcionado a acção divina.

E fiquemos por aqui pois o óptimo é inimigo do bom.

 

Setembro de 2024

Henrique Salles da Fonseca

VALORES DO OCIDENTE

 

 

O bem é a Perfeição e a conveniência da pessoa; o mal é o seu contrário. (da Wikipédia, por adaptação)

* * *

A citação anterior – ou equivalente – pode ter sido a primeira pedra da filosofia humanista judaico-greco-latina que veio a ser de inspiração cristã e que, inequivocamente, constitui o primeiro Valor do Ocidente.

…E passaram séculos e séculos com o sol a girar em volta da Terra até que a Ciência se começou a libertar dos ditames romanos de cariz exegético e a Terra começou a girar à volta do sol. E assim se começaram a criar as condições para o Valor do respeito mútuo. Voando rapidamente sobre a História, vemos o integrismo de Mazzarino a ser arquivado,a ferrugem a tomar conta da lâmina de Robespierre, vemos também os dramas horríveis provocados pelas aventuras transfronteiriças e finalmente vemos as águas acalmarem… surgindo então à superfície a famosa tríade «liberdade – igualdade – fraternidade».

LIBERDADE – conceito unicitário apenas limitado pela vizinhança - «a minha liberdade termina onde começa a do próximo»; liberdade de pensamento, de expressão, de associação; pluripartidarismo; livre arbítrio e inerente responsabilização; a génese do Poder a partir das bases, as cúpulas permitidas, a decisão negociada.

IGUALDADE – Versão erudita: a lei é igual para todos; Versão religiosa: todos somos iguais perante o Pai; Versão popular: todos nascemos nus.

De importância capital, o Imperativo Categórico de Kant que diz que «em todas as circunstâncias, o homem deve proceder em conformidade com os princípios da Moral Universal».

Foi preciso esperar por 1948 para que a ONU aprovasse a «Declaração Universal dos Direitos Humanos» a que só falta atribuir a condição categórica e o estatuto imperativo.

 

Agosto de 3034

Henrique Salles da Fonseca

CULTURA E ÉTICA

 

São três os elementos estruturantes de uma Cultura, de qualquer Cultura:

  • O meio ambiente – compare-se o estilo esquimó com o do tuaregue e este factor explica-se automaticamente;
  • A tradição - «já os antigos diziam que era assim que estava correcto» via popular e, na base documental para a via erudita, ambas transmitindo conceitos de correcto/bem e errado/ mal;
  • A Religião – imposição social dos conceitos de bem e de mal pela promessa da graça ou da ira divinas, respectivamente.

… por esta ordem e não pela arbitrariedade.

«As coisas não são boas ou más porque Deus as mande ou as proíba; antes as manda porque são boas e as proíbe porque são más». Esta frase de D. Manuel, Cardeal Clemente, conduz a que a essência dos conceitos de bem e de mal não é matéria teológica, ou seja, ateus e agnósticos perdem toda a argumentação para se eximirem do cumprimento de uma Moral. Resta saber qual. Mas fica desde já excluída a amoralidade. Assim, recordemos que sendo a Moral a questão dos princípios a Ética é a sua derivada ao nível dos factos. Resta saber agora qual Ética. Mas, mesmo dentro de cada uma destas categorias de fé ou da sua falta, não se pode exigir o mesmo refinamento moral-intelectual a um analfabeto que a um letrado ou dirigente político - pese embora estes dois últimos nem sempre estabelecem uma relação biunívoca.  Chamemos verticais a estas variações Éticas dentro de uma mesma Cultura; chamemos horizontais às diferenças Éticas entre diferentes culturas e chamemos económicos ou de competição quando o que é bom para um é mau para outro.

Como dirimir estas diferenças?

Pois bem, as verticais –  têm que ser reduzidas pela educação; as horizontais pelo diálogo ecuménico ou apenas inter-cultural (desde que os nossos sejam os Valores prevalecentes); nas económicas/competição, esperemos pelas propostas dos Partidos políticos no que  respeita a regulamentação da concorrência I e desde que haja pluripartidarismo.

 

       Agosto de 2024

     Henrique Salles da Fonseca

 

 

 

 

 

   

E NÓS POR CÁ ?

 

Nota prévia – O presente texto é sequente ao publicado em 14 de Julho no qual ensaiei uma tipificação do francês actual.

* * * Mélanchon acertou na «mouche» quando intitulou o seu Partido «A França Insubmissa». A sorte de França foi a de nem todos os insubmissos franceses terem seguido Mélanchon.

E nós por cá?

Ora bem, também nós somos fruto da História, sobretudo da nossa, pois a maior parte dos portugueses só começou a ouvir sobre «o lá fora» quando, basbaques, lhes puseram uma televisão à frente do nariz. Não ia longe o tempo de «uma sardinha para quatro», da proibição do «pé descalço» e da mendicidade nas cidades. Como se essas proibições acabassem com a miséria…

Aquela era uma época difícil para muita gente em que muitos tinham “uma sardinha para quatro”, não havia Segurança Social universal e a saúde era para quem a podia pagar. E a «enxada para a vida», a instrução, era rudimentar ou menos que isso. Abundava a ignorância e havia mesmo quem dissesse que «a ignorância é a felicidade do povo». Diziam «boutades» destas, mas iam à Missa no Domingo seguinte.

Passaram, entretanto, 60 ou 70 anos e eis que o Census 21 nos revela a persistência do analfabetismo nuns medonhos 3,08% da população (308 mil portugueses com mais de 14 anos de idade não sabiam ler, escrever nem contar). A maior parte da população em idade activa não completara o ensino obrigatória e apenas uma minoria da população com mais de 25 anos tinha formação pós-secundária. Tudo resultando num baixíssimo nível médio cultural.

Ou seja, o português típico, hoje, é inculto e, espicaçado pelas políticas de incentivo ao consumo, recorre desenfreadamente ao «xico-espertismo» e ao crédito. Especificamente, há que assinalar três grupos:

  • Os «desprezados» pelas elites desde a fundação da nacionalidade
  • Os «desenrascados» que se dedicam a pouco mais do que prestar serviços, que são o grosso da coluna, mas sem acréscimo de valor tecnológico;
  • Os «burros de carga» que são os que vencem toda a inércia e, ainda assim, a minoria, conseguem puxar o país para a frente.

    * * *

  • Num outro registo, o da ética, o «travão nacional que é o dos compadrios, dos corruptos e os delinquentes.
  • Aqui fica um pretexto para meditação, a relação entre cultura e ética. A isso irei em breve.

Agosto de 2024

Henrique Salles da Fonseca

VIVE LA FRANCE!

 

 

Neste Dia Nacional de França e a propósito das eleições legislativas lá concluídas em 7 de Julho, recordo Haroun Tazief – francês de origem polaca, vulcanólogo que foi Ministro do Ambiente – a quem se atribui a frase «Quando a França treme, a Europa desmorona-se».

Deixando passar o exagero, meditemos um pouco sobre «o que é o francês actual».

Pois bem, creio que o francês actual, também ele fruto da História, é um libertário e, portanto, um insubmisso.

Contudo, este é o francês urbano que claramente contrasta com o francês rural que pode tender para o integrismo.

E aqui estão os dois extremos que apenas deixaram algum espaço para o «politicamente correcto».

Já terá sido essa característica libertária e insubmissa que produziu a Revolução Francesa; o integrismo poderá ter origem na ideia da pureza teológica de Bernardo de Claraval e na firme liderança cruzadista de JACHES MOLAY, tendo eventualmente Pierre Teilhard de Chardin SJ passado em vão pela tradição religiosa Francesa – tudo contra o Concílio Vaticano II.

Quanto aos «politicamente correctos» para quem  a Europa é o refúgio da Humanidade, mesmo para aqueles que querem destruir essa derradeira tábua de salvação, ficam emparedados  por radicais também eles idealistas de pragmatismo duvidoso.

 * * *

 Segue-se a pergunta: - E o que é que tudo isto tem a ver connosco?

Respondo que – Nós somos uma versão moderada daquela caricatura, mas convém olharmo-nos por dentro, o que fica para um texto seguinte.

 

14 de Julho de 2024

Henrique Salles da Fonseca

DA NOBREZA E DA HONRA

 

 

Ser nobre pode nada ter a ver com ser titular. 

Ao nobre cumpre pugnar pelo bem e rechaçar o mal; tem que ser corajoso na defesa do bem-comum; ser compassivo, magnânimo, mas não esbanjador e justo na equidade; tem que ser discreto e buscar o significado essencial dos conceitos e dos factos. 

A honra é o orgulho de ser nobre.

* * *

O forte sentido de responsabilidade social implícito na condição nobre exige uma curiosidade cultural de sereno rigor analítico, estruturante, não errático, de perene congruência quer no tempo quer no espaço.

A oportunidade da nobre intervenção marca agenda do debate contrastando com o oportunismo que procura a diferença para demolir o outro.

A nobreza é, pois, uma atitude, um estado de espírito em que predominam generosidade e cultura; opõem-se-lhe o egoísmo e a boçalidade.

CONCLUSÃO

A nobreza não é essencialmente monárquica nem está necessariamente ligada à condição titular.

Junho de 2024

Henrique Salles da Fonseca

DA NOBREZA E DA HONRA

 

 

 

 

 

 

 

TENTO NA LÍNGUA

Ou

A SEMÂNTICA DOS CONCEITOS

 

- Os turcos são mandriões;

- Os espanhóis andam na rua de «traje de luces y montera»;

- Os portugueses vestem-se como campinos.

CHEGA DE DISPARATES, HAJA TENTO NA LÍNGUA!

* * *

O moderno discurso político é sobretudo dogmático, raramente lacónico e quase nunca axiomático; Aristóteles votado ao ostracismo, convicção formulada por decibéis. Não há debates, mas sim discussões em tons irados e dando a entender que os outros são mentecaptos, corruptos, indignos. Assim, nada de bom virá ao mundo.

* * * *

A discussão ora em curso no Parlamento Português sobre a liberdade de expressão devia ter sido antecedida por uma tentativa de harmonização semântica de conceitos para que, no espectáculo televisivo no Plenário, uns não falem nos alhos e os outros nos bugalhos induzindo a confusão nos eleitores incautos. A menos que o façam propositadamente, o que poderá denotar má fé. Mas como isto não é crível, mais vale o esforço da harmonia dos significados e dos conceitos.

Por exemplo quando um comunista se refere a democracia (o Dr. Cunhal referia-se amiúde a «um Estado verdadeiramente democrático»), significa o despojamento das pessoas relativamente à propriedade privada até que, aniquilada a individualidade, a mole humana fique pronta para servir o Estado. Não vou perder tempo a descrever o que nos separa: tudo.

Uma vez clarificada a Semântica, que se passe à análise do «politicamente correcto» cuja estreita ligação ao bem-comum, deve proporcionar a busca de uma plataforma tão ampla quanto possível de modo a que se criem áreas de entendimento. E uma dessas áreas que seja a da liberdade de expressão.

Se não houver um esforço neste sentido, preparemo-nos para a berraria dos megafones propalando dogmas e outros conceitos inexplicáveis.

Actualmente, o policamente correcto Europeu consiste na tolerância dos intolerantes que militam na destruição dos Valores europeus, nomeadamente os históricos e… mais não digo.

 

Maio de 2024

Henrique Salles da Fonseca

EVOCAÇÃO

Faz hoje 50 anos sobre a morte de Branquinho da Fonseca grande escritor que muito contribuiu, através das bibliotecas itinerantes, para a educação literária da população portuguesa.

 

 

(evocacão de Benilde Tomás da Fonseca)

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