Sejamos normais, não queiramos dar nas vistas pela originalidade.
Abordar temas normais por vias originais, só pela originalidade, com muita probabilidade, produzirá resultados anómalos, possivelmente incontroláveis e incómodos.
E mais vale também abordar temas originais por vias normais, verificarmos a plausibilidade do resultado e deixarmos o «pó» assentar até que novas abordagens se revelem tempestivas e não tempestuosas. Entretanto, depois de amadurecido, o tema deixa de ser original e passa, então e só então, a merecer, sob muitas cautelas, abordagens originais.
Vem ao caso lembrar Karl Popper e a sua esquematização do método científico: observação > experiência > observação >experiência … até se encontrar a verdade que é um ponto no infinito.
Não será pelo desprezo da normalidade que se alcançará a verdade, apenas se incorrerá no caos.
Sejamos, pois, normais e deixemo-nos de originalidades potencialmente caóticas. A História que o diga relativamente ao determinismo histórico marxista.
RESPOSTA – É a sacralização dos «direitos, liberdade e garantias», ser tolerante com os intolerantes, é ter o consequente caos como uma fatalidade inultrapassável.
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Olhemos para França e para os intolerantes portugueses a passarem de um extremo ao outro no dia 10 de Março de 2024 voando sobre a nossa tranquila tolerância.
CONCLUSÃO - Não demos a outra face à mão agressora e defendamo-nos de quem nos quer destruir.
Pedir ao poeta que cumpra rigorosamente as regras gramaticais e os ditames da lógica é o mesmo que exigir aos arquitetos e engenheiros que metam o Rossio na Betesga mas, na verdade, todos nós, os prosaicos, compreendemos essas liberdades poéticas.
Vai daí, a minha amiga Eli O (em sotaque britânico), querendo elogiar-me (o que senti e agradeci), disse, citando Manuel Gusmão, poeta meu desconhecido, que eu tenho «a esperança que não espera». Gostei mas fiquei a pensar…
… e pensei que a esperança é o sentimento de quem acredita na concretização de algo subjectivamente positivo no futuro, ou seja, de algo que só o tempo trará. E como o homem ainda não consegue manipular essa quarta dimensão, o tempo, não esperar pela esperança só pode resultar no seu contrário, o desespero. Mas, para além deste ambiente cartesiano, há outras dimensões em que a expressão pode tropeçar.
Assim, na perspectiva política, não dar tempo de amadurecimento à esperança significa precipitar os acontecimentos, ou seja, fazer a revolução. E o Estado revolucionário, o oposto ao Estado de Direito, cede sempre à vontade do «caudillo» da revolução, ao seu improviso ou capricho. Eis o fascismo na sua plenitude.
Num registo menos doutrinário, o da culinária, à «esperança que não espera» chama-se gula.
Alguém disse um dia que «nunca se mente tanto como antes de umas eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada ou pescaria».
Todos os adultos que me leiam têm suficiente experiência de vida para reconhecerem a frase anterior como axiomática.
No leilão das benesses, o refrão unânime é «a mudança» - mesmo para os que são os sucessores do Partido no Poder. No mínimo, é deselegante para com os «camaradas» demissionários. E logo «cheira» a mentira pois não é crível que um Partido mude de doutrina (e respectivas políticas só para justificar o slogan da mudança.
Quanto aos outros Partidos, os que têm estado nas Oposições, os discursos de mudança têm todo o cabimento, mas não resistem à mentira logo que começam a prometer mundos e fundos - o leilão das benesses. E tanto mais alto licitam quanto mais longe se sentem do Poder e da impossibilidade do cumprimento das promessas; a moderação é para os vencedores.
E queira o Altíssimo que as promessas se encaixem nos respectivos programas eleitorais não vá acontecer que algum programa minimalista chegue para justificar toda a demagogia propalada em gritaria tão ao gosto popular.
O protesto não chega para suprir a falta de um Programa verdadeiramente alternativo, plausível e inovador.
Nos tempos do Padroado e do Império Português do Oriente, ao Arcebispo de Goa foram atribuídos os títulos de Primaz da Índia e de Patriarca do Oriente. Tratava-se de títulos que correspondia a uma efectiva tutela sobre os assuntos da Igreja naquelas vastíssimas regiões da Terra, mas com o fim do Padroado e do Império, os títulos passaram a meramente honoríficos. E assim tem sido…
Contudo, (creio que foi) em 2019, o actual titular da Arquidiocese de Goa e Damão foi eleito Presidente da Conferência Episcopal da India e já nesta segunda quinzena de Fevereiro de 2024 em que nos encontramos, foi eleito Presidente da Federação das Conferencias Episcopais da Ásia congregando mais de trezentos Bispos.
Os títulos de Primaz e de Patriarca continuam a ser apenas honoríficos, mas o «primum inter plures partes» (o primeiro entre muitos iguais) fala português e a lusofonia sorri.
Atendendo ao que dizem os telejornais, parece elevada a probabilidade de Trump ganhar a corrida à Casa Branca. Desconheço os parâmetros incluídos nesses cálculos, para chegar a tal conclusão, mas eu considero que:
Sendo um relativamente bom Presidente, Biden é um candidato medíocre que não arrasta turbas ululantes em clangores sem fim;
Trump é o candidato da turba multa pois está sempre a destabilizar o «establisdment» que é o que os de baixo mais gostam de fazer aos de cima;
O voto em Biden é tendencialmente erudito e cerebral;
O voto em Trump é popular, emotivo.
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Entretanto, neste primeiro trimestre de 2024 em que escrevo, já Trump provocou uma fractura na sociedade americana que pode resultar em graves danos na segurança interna dos próprios EU. Se à fractura interna (traduzida no bloqueio legislativo) somarmos a ameaça de incentivo ao inimigo para que ataque aliados dos EUA até mesmo ao abandono da NATO, creio que na Europa temos todas as razões para pormos as barbas de molho.
Convém, desde já, irmos considerando que Trump será o autor de uma nova ordem mundial em que a Europa continuará a ter a Rússia como inimiga não podendo nós contar com a ajuda Americana, se não mesmo com a sua animosidade. Façamos desde já de conta que os EUA, já, não pertencem à NATO. O problema da substituição dos EUA não é solúvel, mas pode ser reduzido se promovermos a nuclearização do Canadá e da Escandinávia ao mesmo tempo que reforçarmos o flanco sul convidando para a nossa organização Militar o México, Cabo Verde, Marrocos, Tunísia e Egipto. Assim conseguiríamos alguma segurança na zona de influência de Cuba e Venezuela (onde ainda só temos os três “porta aviões” que são Aruba, Bonaire e Curaçau). Mais segurança também em toda a zona Atlântica até hoje desprotegida bem como ao longo da costa sul mediterrânica e mais de metade do Mar Vermelho. Ficam pelo meio países de confiança dúbia.
Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado do Luís XIV
• Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço…
• Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
• Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
• Mazarino: Criam-se outros.
• Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
• Mazarino: Sim, é impossível.
• Colbert: E então os ricos?
• Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
• Colbert: Então como havemos de fazer?
• Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.
inLe Diable Rouge, de
(Traduzido do original francês por Henrique Salles da Fonseca)
Ao fim de alguns séculos, Santo Anselmo e Steve Jobs encontram-se para um «chat» enquanto saboreiam capilés sentados numa nuvem branca.
A brincadeira anterior serve apenas para mostrar como a tecnologia é determinante nos pensamentos de dois homens inteligentes.
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Santo Anselmo começa o seu Argumento Ontológico com a afirmação de que «basta uma pessoa pensar em algo para que esse algo exista». De seguida, desenvolve o seu raciocínio até provar a existência de Deus.
Este «movimento conceptual» começa no homem para ser arquivado numa nuvem ao estilo da de Steve Jobs, aí ficando ao dispor do conhecimento humano.
Contudo, admito outro tipo de «movimento» pois, no essencial, tudo existe mesmo que o homem não o conheça. Num exemplo algo rude, o caminho marítimo para a Índia já existia antes de Vasco da Gama o descobrir. Mas a esfericidade já existia até que o homem a fatiou e percebeu que a roda é mais fácil de puxas do que o paralelepípedo. O troglodita percebeu que podia deixar recados à mulher partindo para a caça enquanto ela dormia deixando-lhe sinais e sinalefas entendíveis. E assim nasceu a escrita que, na essência da comunicação, afinal, já existia. Bastava o homem puxar u pouco pela imaginação.
Sim, na essência, já tudo existe faltando apenas limar arestas e juntar as peças. Ou seja, tudo se descobre, nada se inventa.
Eis como podemos afoitadamente afirmar que tudo já era antes mesmo de o ser.
Afinal, a Santo Anselmo só faltou a tecnologia de Steve Jobs.
E que a descoberta substitua a invenção sem, contudo, desprezarmos a impres,cindível remoneração d invreestigação.
Radical, o inabalável nas suas firmes convicções irredutíveis, inegociáveis para quem só o castigo purifica e redime os desvios.
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Natural de Tarso, no Leste da actual Turquia, Saúl – a que também chamavam Saulo – era o mais radical de uma família ultra -ortodoxa Judaica. Para além do estudo da Lei Judaica, Saúl dedicava-se a combater o Cristianismo e a castigar os cristãos com que se cruzava
Conta o próprio que, caminhando certa vez pela estrada de Damasco, se lhe revela o Espírito Santo que lhe pergunta «Saulo, por que me fazes tanto mal?». Maravilhado com a revelação, Saúl de imediato se apercebeu da Divindade de Jesus Cristo e ali mesmo se converteu ao Cristianismo sob o nome de Paulo.
Mudou de fé, mas não terá mudado muito de temperamento algo bilioso e eis como nasce o radicalismo na Igreja também ela então nascente. Por contraste com o temperamento benigno e sanguíneo do pescador Simão a quem Jesus chamou Pedro.
Pesassem embora as diferenças entre o suave Pedro e o irrequieto Paulo, os romanos imperiais deram o mesmo tratamento aos dois Homens, mas nada conseguiram contra as suas ideias, as fundadoras da Igreja.
A via biliosa, castigadora, fundada por S. Paulo, foi-se desenvolvendo até que chegou a S. Tomás (de Aquino) e a S. Domingos (de Gusmão deles passando a Frei Tomás de Torquemada (Inquisição/Congregação para a Doutrina da Fé), Papa Bento XVI.
A via sanguínea, do perdão aos arrependidos, nasceu com Jesus, passou a S. Pedro, evoluiu até S. Francisco de Assis, a Stº Inácio de Loiola e, passando por outros, chegou ao Papa Francisco, o bom.