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A bem da Nação

BORN FREE

 

Anda aí pelas televisões uma publicidade que usa o belíssimo tema musical do filme «Born free» que me levou a puxar pela memória.

História contada como verdadeira, de um casal americano residente no Quénia,que adopta uma leoa infantil órfã e cria-a como animal doméstico, de companhia. Só que a «gatinha» cresceu e transformou-se numa leoa que nunca passou fome nem sede e…deixou de caber na vida doméstica. Vai daí, os «pais adoptivos» decidem mandá-la para a floresta porque «she was born free» (tinha nascido livre). Segue-se todo o processo de aprendizagem da vida selvagem até ao tipicamente americano «happy end» com a heroína da festa a lamber as suas próprias crias e com as Senhoras na plateia do cinema a puxarem dos lencinhos com que secam a emoção. O filme acaba ao som do tema musical que agora foi despromovido a anúncio de um qualquer «sabão macaco». Pelo menos, continua na selva…

Belo filme que recomendo aos meus netos.

* * * *

Silenciados cantor e violinos, creio que isso de se nascer livre tem que se lhe diga,  politicamente livre mas geneticamente vinculado à respectiva herança. Refiro-me ao que vulgarmente se chama de instintos que, salvo erro, são uma parte do software instalado no hardware a que chamamos código genético. Essa herança é condicionante de todo o comportamento e, daí, eu afirmar que o título do filme é romântico, sim, mas falso pois a única liberdade à nascença é de índole política, apenas aplicável humanos e não a uma leoa.

E se refiro liberdade política, faço-o para me enquadrar na «Declaração Universal dos Direitos Humanos» (ONU 1948) porque o meu entendimento abarca sobretudo à capacidade de gestão do livre arbítrio o que implica o domínio de conceitos tão básicos como o bem e o mal. E estes, por sua vez, integram códigos tão sofisticados como Ética e Moral.

Evidentemente, nada disto se aplica a uma leoa assim como não se aplica a uma amiba ou a uma alforreca.

CONCLUSÕES

  • Todos, humanos e outros, somos geneticamente condicionados e apenas as pessoas nascem politicamente livres;
  • A liberdade é condição essencial do ser humano.

Junho de 2023

Henrique Salles da Fonseca   

DO PRINCÍPIO AO FIM

ou

DO PARÂMETRO E DA SUA FALTA

 

 

  • «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
    Ele estava no princípio com Deus.
    Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
    Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.» (
    João 1:1–4);
  • «Deus está morto» (Friedrich Nietzsche in «A Gaia Ciência»);

«Porque a ultrapassagem do metafísico pelo positivo só se sustentou enquanto este último viveu da herança dos estádios anteriores (teológico e metafísico). Porém, o sucessivo afastamento e descuido em relação àquelas fontes deixou-o animicamente esvaído e eticamente desamparado»;

  • «As coisas não são boas ou más porque Deus as mande ou as proíba; antes as manda porque são boas e as proíbe porque são más».( Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa in «PORQUÊ E PARA QUÊ – Pensar Portugal hoje»)

* * * *

Palavroso como todos os pensadores franceses, Gilles Lipowetsky escreveu até há poucos anos um conjunto de obras de grande interesse de que não extraio citações mas que sintetizo como segue:

- A laicização conduziu ao distanciamento da Moral e, daí, ao distanciamento em relação à Ética; rapidamente, os conceitos de Bem e de Mal viram a degradação; conceitos que, até então, eram absolutos, passaram a ser «interpretados» e, daí, a serem relativizados (graças, p.ex., a Marcuse); eis como o relativismo ganhou foros de doutrina fundadora do pós-modernismo.

Mas…

* * *

… será que só há Moral de génese religiosa?

A resposta é-nos dada por um Cardeal quando nos diz que ««As coisas não são boas ou más porque Deus as mande ou as proíba; antes as manda porque são boas e as proíbe porque são más». Ou seja, não é necessário invocar Deus para conseguirmos, laicamente, distinguir o bem e o mal e, daí, construirmos uma Moral laica.

Daqui se conclui que a laicidade não justifica a amoralidade nem, ipso facto, a imoralidade. Esta resulta, isso sim, do império do relativismo que se preocupa em destruir esses conceitos absolutos que são o bem e o mal.

O triunfo da via relativista levará logicamente os seus seguidores ao relativismo absoluto, ao desaparecimento de todos os parâmetros, ao caos quântico, à desorientação total. Daqui resultará a queda no abismo niilista de que só poderão sair pela porta do fim do caos, a do desespero, possivelmente  suicida.

Marcuse, o «apóstolo» do relativismo, não aponta a via da felicidade.

Nós, os que usamos Valores absolutos, não somos retrógrados – apenas não queremos viver no caos e porque vemos o relativismo como uma tentativa de justificação dos vícios dessa prática caótica.

Março de 2023

Henrique Salles da Fonseca

O SUMO DA SÍNTESE

ou

«METENDO O ROSSIO NA BETESGA»

 

Mais do que a condição lógica, impera a física na impossibilidade de o conteúdo ser maior que o contentor e, daí, que com o exercício da síntese, algo fique de fora. Se a síntese pretender ser superlativa, corre-se o risco da perda de itens essenciais. Já raiará a subjectividade quando entrarmos na consideração de que há pontos cuja essencialidade seja mais importante que a de outros também essenciais.

Contudo, a alternativa à síntese é, muito provavelmente, um tratado e, para isso, não há conhecimentos que exaustivamente abarquem tudo, passe o pleonasmo.

Fico-me, portanto, pela síntese e, nela, pelo seu grau superlativo, fico-me pelo sumo da síntese.

* * *

O exercício a que nestes últimos dias me dediquei foi o de tentar definir uma religião com uma única palavra e pensei no Budismo, no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo: Admito breves contextualizações entre parêntises.

Budismo – compaixão (procedimento individual visando a felicidade alheia);

Judaismo – esperança (…na vinda do Messias);

Cristianismo – perdão (…dos maus procedimentos alheios devidamente arrependidos);

Islamismo – talionismo (vingança; «olho por olho, dente por dente»).

Facilmente se constata que não toco no relacionamento de cada religião com a respectiva Divindade e que me centro apenas na relação com os respectivos crentes. Chamemos-lhe a orientação religiosa dada à atitude social. E fico-me por este esboço (caricatura é expressão inaceitável quando o tema é religioso) pois considero que a fé não se discute e muito menos se adjectiva.

Em todos os casos referidos, considweo apenas o que se passa actualmente: ouso ignorar esse absurso do perdão católico que foi a Inquisição (apenas extinta em Portugal com a entrada em vigor da Carta Constitucuinal de 1821) nem o que era o Islamismo pré-wahhabismo (nosso séc. XVIII).

NOTAS FINAIS

  1. A Santa Sé «adamou» a Inquisição (os Tribunais do Santo Ofício) transformando-a na «Congregação para a Doutrina da Fé» cujo responsável máximo foi Joseph Cardinal Ratzinger antes de se transformar no Papa Bento XVI.
  2. “Ei pour cause”, recordo Frei Leonardo Boff e a sua «Teologia da Libertação» com o que – na ausência de debate harmonioso – levou à perda da maioria absoluta do catolicismo no Brasil e ao fulgurante aparecimento da «indústria evangélica de milagres» (com o que Boff nada tem a ver, creio).
  3. Admito que a «Juventude Hitleriana» poderia ter sido ainda mais malévola se o jovem Joseph Ratzinger não tivesse passado pelas suas fileiras e que o holocausto de judeus e arianos (os ciganos são arianos) pudesse ter sido ainda mais mortífero se Joseph Ratzinger não tivesse estado militarmente colocado num campo de concentração.
  4. De seguida, peço que releiam os últimos versículos do capítulo 16 de Ezequiel quando o Senhor revela que estabeleceria a Sua aliança com Israel, dizendo-lhe: “Tu saberás que eu sou o Senhor, para que te recordes e te envergonhes e, na tua confusão, não abras mais a boca quando eu te tiver perdoado por aquilo que fizeste”. (Ezequiel 16: 62,63)

Janeiro de 2023

Henrique Salles da Fonseca  

PASSEANDO PELA ÁGORA

Hoje, a pergunta é:

- O que andamos por cá a fazer?

Sem perda de tempo, a minha resposta é:

- A essência da função humana é a edificação de uma sociedade harmónica e benigna pela via da compaixão individual e pela solidariedade global.

Propositadamente, afastei a Teologia para que agnósticos e ateus não arranjassem o pretexto de que o conceito não se lhes aplicaria.

Propositadamente, utilizei a Ágora como símbolo do local em que as pessoas se encontram para conversarem e deliberarem deste modo abarcando todas as Civilizações ao longo dos séculos.

Propositadamente, coloco a pessoa como construtora da sociedade e não como serva desta.

Propositadamente, refiro a compaixão e a solidariedade como conceitos lexicais despojados de qualquer sentido religioso ou político.

Propositadamente, aponto por omissão a anormalidade humana como o egoísmo e a conflitualidade.

Propositadamente, fui lacónico porque escrevo para quem sabe do tema mais do que eu não carecendo de explicações e, pelo contrário, dando-as nos comentários já recebidos aos textos anteriores e nos segiontes que desejo receber.

Voto final: - Vivamos, deixemos viver e continuemos…

Lisboa, 25 de Maio de 2022

Henrique Salles da Fonseca

DA ÉTICA DA GUERRA

Por definição, a Moral é a questão dos princípios enquanto a Ética é a questão dos factos.

Assim, a propósito da guerra em curso na Ucrânia, o tema de agora é o da sua fundamentação moral  e da ética dos seus procedimentos.

O resumo dos textos anteriores e respectivos comentários aponta no sentido de que os fundamentos morais (históricos) que a Rússia pudesse invocar antes da invasão da Ucrânia, ruíram fragorosamente perante os procedimentos adoptados no ataque. E eis como, ao contrário da sequência lógica, aqui temos as consequências a condicionar as causas. Até nesta perspectiva, esta guerra é absurda.

Portanto, relegada a moralidade para entretenimento dos historiadores, resta a ética como preocupação dos juízes, nós.

Os banhos de sangue que vimos testemunhando quase em directo diferem radicalmente de todos os outros – praticamente iguais – de que soubemos à distância de séculos ou de uma longa fila de intérpretes precisamente devido ao distanciamento ou da nossa proximidade.  E é esta proximidade que, quase em causa própria, nos leva a «afinar» os critérios éticos da guerra.

Por estas razões e muitas outras que me escapam, creio que será oportuno pedir à ONU que elabore um (novo?) «Código da Ética da Guerra».

E, para não avançar por matérias que não domino, fico-me por aqui com a esperança de que surjam ideias complementares ou alternativas às vulgaridades e redu  ndâncias que eu pudesse aduzir tais como:

  1. Num cenário global de paz, consideram-se fixadas as fronteiras políticas internacionalmente reconhecidas no primeiro dia do século XXI, 1 de Janeiro de 2000;
  2. A destabilização do cenário anterior penalizará o país agressor;
  3. A vitimização de populações civis constitui crime;
  4. (…)

Tudo isto se - e só se - o autocrata (eufemismo de ditador) russo não decidir comemorar esta data carregando no botão vermelho.

Alia jacta est.

Lisboa, 9 de Maio de 2022

Henrique Salles da Fonseca

DOS BICHOS E DOS HOMENS

Desta vez, refiro-me a um quase-continente cheio de caipiras e de jagunços.

Desse país era oriundo o motorista que há dias nos conduziu em breve percurso em Lisboa e que afirmo que, «por lá, o ensino privado não chega nem à sombra do ensino público em Portugal». Fiquei contente por saber que aquele imigrante se sente bem por cá e fiquei triste por ter a confirmação de que ainda não foi desta vez que aquele quase-continente conseguiu democratizar a educação de qualidade. E digo «educação» pois à Escola actual não competia apenas a «instrução». Porquê? Por duas razões que me parecem fundamentais: 1. A destruição (mais ou menos intencional) da família; 2. O imediatismo consumista, exibicionista e hedonista que tomou conta dos objectivos dos actuais cidadãos do mundo.

E é este ser -  que vagueia pelas selvas urbanas e que as televisões exibem doentiamente que só aceita direitos rejeitando as obrigações - que vem pondo filhos no mundo. Estes, pois, os que têm que ser educados e não apenas instruídos. Por muito que nos cuate, temos que admitir que a missão é a de transformar «bichos» mais ou menos bárbaros em cidadãos responsáveis. Por isto, os Ministérios passaram a ser da Educação e não mais da Instrução. Eis por que ao pessoal docente e não docente se tem de pedir que sejam domadores de feras e, em paralelo, que sejam exemplos de civismo, de ética e de moral. Oxalá que sobre tempo para ministrar os programas curriculares.

Assim respondo à pergunta de Schiller por que é que ainda somos uns bárbaros.

Sem pretensões de esgotar o tema, avanço com mais um mote para reflexão: - Bárbaro é todo aquele que ignora o Decálogo.

Continuemos…

Henrique Salles da Fonseca

ESTÁ ESCRITO! (??) - 1

Hoje, começo por afirmar que é real a dicotomia entre a predestinação e o livre arbítrio. E essa dicotomia faz-se sentir no distanciamento das Civilizações por via das respectivas filosofias predominantes a que, assentes em dogmas, chamamos religiões. Claro está que me estou a referir a dogma como matéria indiscutível de fé.

Poderá não ter sido sempre assim, mas actualmente, o Cristianismo católico romano e o luterano tèm o livre arbítrio como elemento fundamental da liberdade decisória da pessoa enquanto o islamismo toma a predestinação como algo contra que o homem nada pode fazer.Destas duas posições resulta a maior dignificação e responsabilização do cristão e a subordinação ao do islamita à dura «sorte» que lhe calhou nesta vida.

Eis mais uma razão a justificar o progresso das sociedades de génese cristã – em especial, a católica romana e a luterana – e o «medievalisn«mo» islâmico, sobretudo o sunita.

Não estou com isto a querer lavar a História; estou apenas a referir-me ao que se passa actualmente (e, por isso mesmo, este texto vai datado).

E, a propósito de «hpje», o que terá o Patriarca de Moscovo a dizer sobre o livre arbítrio dos seus fiéis?

Lisboa, 3 de Abril de 2022

SILOGISMANDO...

Pensar é acto absoluto; saber é relativo.

Como animal amestrado, pode-se saber sem ter pensado; ser pensante pode saber muito ou pouco mas não pode prescindir de um sistema de raciocínio mais ou menos sofisticado mas sempre implicando uma (alguma) lógica.

O que não se basear nalgum sistema lógico é ilógico e, como tal, absurdo. Absurdo no âmbito de um determinado sistema de lógica mas, eventualmente, não noutro sistema porque a lógica não é não é absoluta senão no sistema em que se integra. É, pois, relativa.

Tudo, matéria interessante, sem dúvida que exige reflexão, que exige algum esforço de raciocínio dentro de algum sistema de lógica, de identificação de conceitos absolutos e de outros apenas relativos. Um esforço de síntese, de concentração.

Nós, ocidentais, estamos de tal modo formatados na Civilização Aristotélica que não concebemos outros sistemas de raciocínio mas, na verdade, eles existem. Basta lembrarmo-nos de todas as Civilizações não-Aristotélicas. Diferenças essas de sistemas lógicos que podem gerar conflitos.

A nossa busca da fronteira entre o relativo e o absoluto assemelha-se muito à abstração das particularidades, à pureza de conceitos e requere concentração e, até, isolamento – mas, de preferência, sem os exageros da clausura nem dos anacoretas. E não será tão pouco conveniente tentar alcançar o nirvana, essa forma utópica de nihilismo mental, exactamente porque é o oposto do que pretendemos, o pensamento superlativo. Pelo contrário, exige uma presença total, um uso pleno das capacidades mentais da pessoa estatisticamente normal, igual aos demais mas sem nada que a distraia.

Então, silogismando, se o progresso da Humanidade se consegue com a pureza do raciocínio cuja formulação exige concentração, por que gostamos tanto de música, essa arte que nos distrai do sentido maior do pensamento?

Porque o belo, nas suas formas lúdicas, dá prazer aos sentidos e deve dar sentido honesto aos prazeres e também porque nem só de pão vive o homem.

Novembro de 2021

NIETZSCHE E O NAZISMO

«O nihilismo alemão deseja destruir a civilização moderna porque esta tem um significado moral.»

Leo Strauss  (1899, Alemanha – 1973, EUA)

In «Nihilisme et politique», Éditions Payot & Rivages, 2004, pág. 36

* * *

No tempo, localizo a afirmação supra num ensaio que o Autor escreveu em 1941.

Assim sendo, o alvo do nihilismo alemão foi a moral e a vítima foi a civilização moderna.

Tendo o nihilismo alemão como parte da deturpação nazi da filosofia nietzschiana e por civilização moderna como a que foi prejudicada pela prática nazi, fácil é concluir que o nazismo era intrinsecamente imoral (se não mesmo amoral), característica esta em que se enquadrou a intencional deturpação de diversos conceitos de Friedrich Nietzsche (1844-1900).

Desta deturpação foi igualmente vítima o conceito de «Übermensh», o indivíduo mais culto, justo e honesto que os nazis transformaram em atlético, belo, patriota e bravo, o super homem que representava a superioridade da raça alemã.

1ª CONCLUSÃO – Nietzsche não foi inspirador do nazismo mas sim sua vítima.

* * *

Momento histórico – a patrocinadora da deturpação foi elisabeth Foster-Nietzsche (1846-1935), a irmã de Friedrich Nietzsche que lhe sobreviveu longos 35 anos, ela, sim, nazi (a cujo velório compareceu Hitler). Quando começou a ascensão nazi já o filósofo era há muito tempo defunto.

2ª CONCLUSÃO  - Os teólogos de todas as religiões podem não gostar (e não gostam, mesmo!) de Nietzsche por causa da sua célebre frase «Deus está morto» (in «A Gaia Ciência») e, naturalmente, por causa de toda a filosofia envolvente dessa frase mas os historiadores e outros amigos da verdade têm que desligar definitivamente Nietzsche do nazismo, aberração que ele nunca conheceu.

Outubro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

O SENTIDO DA VIDA

Esqueçamos as transcendências e admitamos que a vida é só esta em que nos encontramos.

Então, que sentido faz tirar a vida seja a quem for? A resposta só pode ser uma: nenhum!

Não temos o direito de tirar aquilo que não demos. E, mesmo assim, também não temos o direito de tirar a vida a quem a demos, os nossos filhos. Porquê? Porque, ao existirem, passaram a ter vida própria e deixaram de ser nossos, no sentido de que deles podemos dispor. Não podemos! E não podemos porque também isso seria contrário ao desígnio fundamental da preservação da espécie, à tranquilidade do ânimo de quem entretanto tem vida própria e sente.

Nem sequer é necessário apelar à semelhança com a imagem de Deus, basta ver que o ser criado sente e que esse sentimento tem que ser considerado supremo na escala da intimidade, da delicadeza íntima e da nossa compaixão para com o próximo, esse sobre que temos – ou não – o poder de vida ou de morte.

A morte faz parte da vida? Não! A morte é definitivamente um absurdo da vida.

Mas resta a convicção de que há uma outra dimensão para além da morte física. Todos queremos acreditar nisso e todos conhecemos exemplos que o provam.

Deixemos então viver e vivamos em compaixão, esse grande sentimento da vida.

Henrique Salles da Fonseca

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