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A bem da Nação

LÍNGUA PORTUGUESA, PARA ONDE VAIS?

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LAMENTO

 

É o teu país que te destroça

O teu próprio país quer-te esquecer

E a sua condição te contamina

E no seu dia a dia te assassina

E desde ti nos deitas a perder

E fazes com que fuja o teu poder

Enquanto o mundo vai de nós fugindo:

Ruiu a casa que é do nosso ser

E este anda por isso desavindo

Connosco, no sentir e no entender.

 

Vasco Graça Moura.png Vasco Graça Moura

 

 

VIEIRA QUEIMADO EM..."ESFINGE"

 


O padre António Vieira nunca foi "imperador da língua portuguesa". Essa é apenas uma das muitas mistificações engendradas por Fernando Pessoa, que nem sequer percebeu que a língua não é um império mas sim a principal base identitária de uma comunidade humana. De resto, se fosse realmente reconhecido como "imperador" e o seu império fosse deste mundo, a sua obra não poderia deixar de ser estudada, e muito a sério, nas nossas escolas...

 

Vieira foi, sim, um dos maiores escritores de todos os tempos da nossa língua, num quadro barroco em que soube fazê-la extravasar dos cânones e dos códigos parenéticos, teológicos, humanitários, oratórios, retóricos, argumentativos, políticos, diplomáticos, epistolográficos, proféticos, sociais e tantos outros em que a utilizava, assim como foi um mestre na maneira e no virtuosismo com que tão destramente se servia dela (e a servia) para a interpretação literal, analógica, tropológica e anagógica da palavra divina e das suas caleidoscópicas refracções.

 

Nessa razão de ser da sua longa vida, soube implantar uma dimensão fundamental que podemos considerar da ordem do estético, e que é expressiva e dinâmica, capaz de conjugar razão, emoção, erudição, conhecimento e mito, aproximação do real e flagrância, suspense e teatralidade, convicção e persuasão, chegando a estádios de um vigor estilístico, de uma energia verbal e de uma beleza retórica incomparáveis. Engendrou assim uma "estética pragmática", posta ao serviço de Deus e apostada na conversão e salvação das almas e hoje, mesmo para aqueles a quem não seja o reino de Cristo neste e deste mundo aquilo que propriamente mais interessa, a preocupação de Vieira com o homem e o seu destino e a sua orientação espiritual da vida prática dos cristãos a quem se dirigia para a dimensão da escatologia em nome da qual falava, proporcionam-nos páginas em que o verdadeiro prazer da leitura se combina com a descoberta de análises extraordinárias da natureza e do comportamento humanos.

 

Quando penso em Vieira, penso em Miguel Ângelo. E ocorre-me também que, um pouco à maneira do Deus bíblico, Vieira nos modela a nossa própria humanidade na argila da língua que falamos. Ele soube utilizar a palavra, enquanto massa estruturante e fluidez sonora e semântica em movimento, na genialidade de um pensamento dialéctico que é também encenação constantemente transfigurada em acção, numa distribuição de volumes, equilíbrios, pontos de fuga, tensões e resoluções, em que nos restitui também um mundo enquanto arquitectura verbal e representação metafísica.

 

Bastante estudado por especialistas, mas pouco lido pelo grande público e nunca editado em toda a extensão de uma obra que promete continuar a revelar inéditos e variantes numa profusão desvairada de arquivos nacionais e estrangeiros, Vieira vê chegada a hora do projecto mais ambicioso de edição de tudo quanto escreveu e que envolve, como principais entidades responsáveis pela saída dos trinta volumes projectados, a Universidade de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia e o Círculo de Leitores, além de muitos outros apoios e colaborações.

 

Os objectivos desse projecto, na sua reunião de cartas e documentos portugueses e latinos, do sermonário, da obra italiana, da obra profética, da intervenção política e diplomática, dos dispersos, de tudo o mais que importa dar a lume e até dos apócrifos, estão bem explicitados nos textos introdutórios e oxalá possam ser levados a cabo com as metodologias e os calendários previstos. Nas páginas de apresentação notabilíssimas que já pude ler, seja das Cartas, seja da Chave dos Profetas, não só encontrei percursos fascinantes, quase "de romance", da história das ideias, como apanhei também fios condutores preciosos que guiam o leitor num labirinto emaranhado de conceitos teológicos e situações históricas de que hoje estamos muito distantes. A escrita dos apresentadores é rigorosa, sabedora e eficaz. E consegue nunca aborrecer o leitor apesar da por vezes derrotante rarefacção da matéria.

 

Ficamos a compreender melhor o mundo, este mundo, o de Vieira e o nosso, o que vem dele até nós, o que passará além de nós...

Esta magna edição é de saudar entusiasticamente, mas tem um grave problema. Digo isto com a reserva de que não sou especialista, mas sim o tal leitor comum a quem a edição expressamente se dirige (p. 33) e é apenas nessa qualidade que falo.

 

O grave problema está em que a edição pretende pautar-se pela norma ortográfica em vigor e afinal aplica uma norma que não está em vigor nem nunca esteve, e que é a do Acordo Ortográfico.

 

Sabe-se bem que esta questão tem feito correr rios de tinta. Mas entidades tão científica e economicamente poderosas como as mencionadas, tão responsáveis económica, cultural e socialmente, pela missão que desempenham, dispondo de estruturas institucionais que comportam faculdades, departamentos, conselhos científicos, sei lá que mais, não poderiam e não deveriam, antes de se lançarem a este portentoso empreendimento, pedir pareceres científicos e jurídicos abalizados na matéria?

 

Viverão num mundo nefelibata? Ignoram a polémica e os problemas? Não sabem que há hoje três grafias divergentes a serem aplicadas no mundo da língua portuguesa? Quem tem medo do Estado de direito? Quem tem medo da aplicação da Lei? Quem tem a desvergonha de, num caso destes, evitar fazê-lo, sem um escrúpulo, sem um prurido de consciência, sem uma forma, ao menos esboçada, de se isentar de responsabilidades pela opção tomada?

 

Que autoridade científica, jurídica ou cultural assiste aos directores da edição para falarem, a p. 33 (vol. Cartas), numa "actualização linguística no quadro das normas vigentes do português"? Ou à dr.ª Aida Lemos para aí afirmar, a p. 35, que as grafias foram "normalizadas segunda a norma em vigor"? Se o tivessem sido, nunca poderia ser aplicado o AO porque ele não constitui norma vigente...

 

Vieira e a sua obra incomparável saem desfigurados dessa irresponsabilidade de lesa-cultura que mancha indelevelmente um trabalho tão digno e de tão grande envergadura e que se fica a dever a tantos nomes importantes, em que sobressaem os dos directores da iniciativa, professores José Eduardo Franco e Pedro Calafate.

 

Estive na sessão de apresentação pública e de lançamento desse projecto ainda não há muitas semanas e regozijei-me ex corde com ele, como português, como escritor, como cidadão com algumas responsabilidades na cultura.

 

Confesso que nunca me ocorreu que as coisas iam ser assim.

 

E também não me passou pela cabeça que alguns problemas de revisão tornariam relativamente caricata a apresentação, sendo de esperar que outros não ocorram no texto do grande jesuíta. Aponto dois, ambos do Tomo I/Volume I: a pp. 27/28 escreve-se "apesar de Teófilo Braga (...) ter despeitado a qualidade literária dos textos oratórios de Vieira (...)". Não me parece que o verbo "despeitar" como transitivo faça grande sentido nesta acepção.

 

Mas há pior: diz-se, a p. 25, que "os estudantes de Coimbra, instigados pela Inquisição, o tinham queimado em esfinge na praça de universidade, como herege e inimigo da pátria". Em esfinge???

 

Ora aproveitem lá a esfinge para mudar de revisor, guilhotinar estes três volumes inimigos da pátria e tratar da edição de Vieira como ela merece ser tratada...

 

Lisboa, 03/04/2013

 

 Vasco Graça Moura

O CADÁVER ADIADO

 

No Brasil, tratava-se fundamentalmente de sacrificar o trema e o acento agudo em meia dúzia de casos. E ninguém se resignava às regras absurdas de emprego do hífen... Com isso, bastou o abaixo-assinado de uns 20 mil cidadãos para se adiar a aplicação de uma coisa trapalhona denominada Acordo Ortográfico (AO). Os políticos ouviram a reclamação, estudaram-na e assumiram-na, e a sr.ª Rousseff decidiu.

 

Em Portugal, o número de pessoas que tomaram posição contra o AO já ultrapassava as 120 mil em Maio de 2009. Hoje, e considerando tanto o Movimento contra o AO de então como a actual Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) com a mesma finalidade, esse número é incomparavelmente mais elevado.

 

Portugal bem pode propor a todos os quadrantes ideológicos e parlamentares da sua classe política que se assoem agora a este cruel guardanapo.

 

Faltou-lhes a coragem de respeitar as opiniões autorizadas, a capacidade de reflectir com lucidez sobre o assunto, a vontade cívica de se informarem em condições.

 

Acabaram a produzir este lindo serviço, com a notável excepção do relatório Barreiras Duarte, aprovado por unanimidade na Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura (Abril de 2009), mas que não teve qualquer efeito prático.

 

A CPLP, ao engendrar o torpe segundo protocolo modificativo do AO, violou sem escrúpulos o direito internacional e traiu a língua portuguesa. Não serve. Mostrou total inconsciência, incompetência, incapacidade e oportunismo na matéria.

 

Agora, é evidente que, de três, uma: ou o Brasil vai propor uma revisão do AO, ou tratará de a empreender pro domo sua sem ouvir os outros países de língua portuguesa, ou fará como em 1945, deixando-o tornar-se letra morta por inércia pura e simples.

 

No primeiro caso, mostra-se a razão que tínhamos ao insistir na suspensão do AO, a tempo, para revisão e correcção. A iniciativa deveria ter sido portuguesa e muitos problemas teriam sido evitados.

 

No segundo caso, mostra-se além disso que continuamos a ser considerados um país pronto a agachar-se à mercê das conveniências alheias. Com a desculpa, a raiar um imperialismo enjoativo, da "unidade" da língua, em Portugal haverá sempre umas baratas tontas disponíveis para se sujeitarem ao que quer que o Brasil venha a resolver quanto à sua própria ortografia. Foi o que se passou em 1986 e 1990.

 

No terceiro caso, mostra-se ainda que ficaremos reduzidos a uma insignificância internacional que foi criada por nós mesmos.

Mas, em qualquer dos casos, a situação será muito diferente da actual.

 

O Acordo Ortográfico não ficará incólume e as suas regras serão revistas e modificadas. Ninguém esconde no Brasil esta necessidade de revisão e correcção, tão cultural, social e politicamente sentida que está na base do adiamento decretado.

 

Se as regras vão ser modificadas, e quanto a este ponto não pode subsistir qualquer espécie de dúvida, será um absurdo absoluto que se mantenha a veleidade de as aplicar em Portugal na sua forma presente.

 

Não se pode querer contestar oficial ou, sequer, oficiosamente a existência de três grafias, nada menos de três, como resultado grotesco de uma tentativa sem pés nem cabeça de uniformização delas em todos os países que falam português: a brasileira, a angolana e moçambicana e a irresponsável que é a portuguesa.

 

Torna-se imperativo o reconhecimento oficial de que a única ortografia que está em vigor em Portugal é a que já vigorava antes das desastrosas pantominas que foram empreendidas pelo Governo Sócrates.

 

No meio desta vergonha, o mais simples é:

 

a) reconhecer-se que o AO nunca entrou em vigor por falta de ratificação de todos os estados signatários;

 

b) pressuposto essencial da sua aplicação que é o vocabulário ortográfico comum que nem sequer foi iniciado;

 

c) suspender-se tudo o que se dispôs em Portugal quanto à aplicação do AO, nomeadamente no plano das escolas, dos livros escolares e dos serviços do Estado;

 

d) tomar-se a iniciativa de negociações internacionais com vista a uma revisão e correcção do AO por especialistas dignos desse nome.

 

O Acordo Ortográfico é tão mal feito que nem o Brasil o aceita... Logo à nascença, já era um cadáver adiado. Com vénia de Fernando Pessoa, agora não se pode deixar que, sem a necessária revisão, ele procrie seja o que for.

 

 VASCO GRAÇA MOURA

URGENTEMENTE

 

 

Há uma semana, escrevi nesta coluna sobre o adiamento de aplicação do Acordo Ortográfico no Brasil, por decisão da presidente Dilma Rousseff, que atendeu uma série de protestos e manifestações pedindo a suspensão e revisão do documento.

 

As implicações da situação assim criada, no plano internacional, são por demais evidentes. Escusamos de pensar que as Repúblicas Populares de Angola e Moçambique vão ratificar o AO nos próximos tempos, uma vez que não o fizeram quando não se esperava esta reviravolta da posição brasileira e é perfeitamente claro que nada farão enquanto não souberem em que param as modas.

 

Esses países vão, e muito bem, manter o statu quo e a norma ortográfica vigente que, repito mais uma vez, não é, nem pode ser, a do Acordo Ortográfico.

 

Sendo assim, e se Portugal nada fizer, o comando das operações ficará nas mãos do Brasil, que nunca mais aplicará o AO na sua forma actual. Note-se bem: nunca mais!

 

Não digo isto com pruridos patriotinheiros, mas na previsão de que as modificações que venham a ser introduzidas no AO corresponderão apenas a características fonéticas e ortográficas do português do Brasil, mantendo-se as diferenças em relação à língua que se fala e escreve deste lado do Atlântico.

 

Isto é, nesse caso o Brasil levará a efeito mais uma sua reforma ortográfica própria, arredando várias das regras do Acordo Ortográfico mais gravemente lesivas da língua que é falada nos restantes sete países interessados.

 

Nestas circunstâncias, Portugal não tem qualquer interesse em aplicar o AO numa forma que, afinal, não vai ser adoptada em parte nenhuma...

 

Há, dir-se-á, muita coisa que já se escreve em conformidade com as suas bases, muitos livros escolares que também já são impressos nesses termos, muitas práticas públicas que procuram já aplicar as normas referidas. E portanto, voltar atrás implicaria custos muito consideráveis que a crise actual não nos permite suportar.

 

É óbvio que os custos não poderão deixar de ser elevados. Os erros, por vezes, pagam-se muito caro, e este é um desses casos. Mas os custos, nesse caso, não podem ser desculpa para não se fazer nada!

 

A tudo isto pode sempre objectar-se de várias maneiras. Sem voltar a invocar os muitos argumentos jurídicos de que os oponentes do AO têm lançado mão, temos, por um lado, que não faz qualquer sentido aplicar-se uma "reforma" que se tornou substantivamente inaplicável e cujos objectivos e pressupostos se evaporaram na prática com o adiamento brasileiro.

 

Por outro lado, e no tocante às alterações nos livros e manuais escolares e às práticas do ensino em todos os seus níveis, deverá ponderar-se que, quanto mais tarde for alterada a presente situação, mais cara ela sairá ao povo português.

E sairá mais cara no plano cultural, no plano económico e no plano financeiro.

 

No plano cultural, porque será cada vez mais difícil a correcção e a erradicação dos erros e entretanto a tendência será para que a memória da ortografia de 1945 se vá perdendo injustificadamente.

 

No plano económico, porque em nada lucrará esta língua que é falada em oito países, enquanto factor de crescimento, de desenvolvimento e de progresso à escala planetária, com a adopção por parte de Portugal de bizarras soluções que mais ninguém adoptará.

 

No plano financeiro, porque, quanto mais tarde se proceder às inevitáveis modificações e correcções, mais dinheiro custará essa operação à escala do ensino, da edição, dos serviços públicos, dos jornais, etc., etc.

 

A questão escolar é especialmente relevante. Talvez o problema possa ser atenuado pelo facto de haver manuais, impressos sem as regras aberrantes do AO, cuja validade ainda se mantenha. Num período de transição e dado que os livros escolares valem por vários anos, é natural que não tenham todos sido substituídos.

 

Seja como for, qualquer opção que envolva a continuação da aplicação do AO na sua forma presente acabará por nos sair mais cara do que a sua suspensão imediata.

 

Uma criteriosa formação dos professores e dos responsáveis pela educação, uma acção bem desenvolvida e considerada de serviço público por parte da televisão, uma campanha bem estruturada na comunicação social para a qual se concite a adesão dos próprios jornais, podem ajudar a reduzir os custos envolvidos.

´

Impossível não é. E não pode deixar de ser feito. Urgentemente.

 

 

 

VASCO GRAÇA MOURA

 

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

 

DN 2013-01-09

 

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