QUAESTIO IN SEMPITERNUM
Hoje cito Raymond Aron nas suas «Memórias»[1] quando afirma que «só os filósofos pensam antes de terem estudado».
Ou seja, todos os demais começam por estudar e só depois é que pensam como se as dúvidas e as ideias lhes faltassem antes de aprenderem com os anciãos.
Será?
Duvido que Leonardo da Vinci, Galileu, Newton, Pascal, Einstein ou Stephen Hawking concordassem.
Por exemplo, quando ainda criança, Pascal foi posto de castigo no sótão da casa do pai por causa de qualquer coisa que não ficou para a História. Só que, quando foi libertado, a família constatou que o pequeno tinha escrevinhado as paredes com «coisas» inéditas. Chamados decifradores, concluiu-se que era aquela que viria a ficar conhecida como a Teoria das Secções Cónicas.
Mas isto sou eu a pensar mesmo antes de estudar… até porque todos os citados são daqueles a quem já não temos como lhes perguntar e, portanto, est ergo quaestio in sempiternum…
Venha quem prove o contrário.
Maio de 2018
Henrique Salles da Fonseca
[1] - Pág. 25 da 1ª edição de GUERRA & PAZ, Fevereiro de 2018