MUITAS E DESVAIRADAS GENTES – 3
Os indianos são muitos? Pudera! O hinduísmo a isso os induz com um conjunto de cerimónias escolhidas adrede para a multiplicação da espécie e uma estatuária que faz corar qualquer «madame» gestora de prostíbulo no Ocidente.
Templo de Shiva em Mahabalipuram, Tamil Nadu
Bastará referir o símbolo fálico do deus Shiva a que multidões prestam culto para que a nossa loiça das Caldas se sinta claramente em desvantagem.
Já existente 3.000 anos antes de Cristo, a representação de Shiva como um pilar redondo com a ponta arredondada representando o órgão genital erecto de Shiva posto sobre Yoni que é a representação do órgão genital feminino da Deusa Parvati em forma arredondada com um canal para a saída dos líquidos usados na ablução ritual de cuja união surge a criação material, clama pela prática dos fiéis à imagem do exemplo divino.
Libertada da casta suserania victoriana, a Índia entregou-se plenamente à adoração de Shiva e de Parvati duplicando a população desde a independência até à actualidade: eram então «apenas» 500 milhões e actualmente são 1317 milhões.
POPULAÇÃO INDIANA EM 2015
População total no final de 2014 = 1 302 101 163
Nascidos em 2015 (30NOV) = 23 753 491
Mortos em 2015 (30NOV) = 8 472 871
Saldo migratório = -135 928
Crescimento efectivo da população
em 2015 (30NOV) = 15 144 691
População total em 30 de Novembro de 2015 = 1 317 245 855
(http://countrymeters.info/pt/India)
E que faz tanta gente? Bem, isso é conforme cada um. Há os que trabalham, os que nada fazem e os que se desembrulham. Lá, afinal, como em toda a parte. Dentre os que trabalham e os que nada fazem, contam-se os arqui-milionários, os milionários, os ricos, os pobres e os miseráveis; os remediados, ligeiramente acima dos pobres, são os que se desembrulham. E todos são muitos. Divididos em 4 castas principais já ilegalizadas pela República mas que todos continuam a considerar: a mais elevada, a dos brâmanes, virada para a contemplação; a segunda na hierarquia, dos chátrias, guerreiros com autêntico poder político; a terceira, a dos vaicias que são comerciantes, agricultores e artesãos; e finalmente a dos sudras e párias que engloba os serviçais e os párias marginalizados e intocáveis. E se algum dia por lá passa um grito de equidade, vai ser o bom e o bonito...
Na Índia Portuguesa as castas não tinham acolhimento legal mas um conhecido meu, que lá estava em comissão militar, ficava danado quando no seu grupo de chalaça à volta dum café a que pertenciam pessoas de todos os níveis, havia um brâmane que sistematicamente chegava atrasado e que mandava o Director de uma importante casa comercial ir buscar-lhe uma cadeira. E o comerciante ia buscar-lha em vez de o mandar à... O meu conhecido insurgia-se mas as castas banidas continuam a existir de facto.
O meu conhecido acabou num campo de concentração aquando da invasão de Goa em 18 de Dezembro de 1961, a Índia Portuguesa desapareceu do mapa político da Índia e as castas continuam...
(continua)
Lisboa, 1 de Dezembro de 2015
Henrique Salles da Fonseca
(em Mamallapuram, Tamil Nadu, NOV15)