HISTORIETAS QUE PASSAM AO LADO DA HISTÓRIA
HÁ REQUEBROS NA CÔRTE
O título de Conde de Vila Nova de Portimão foi criado por D. Manuel I por carta de 28 de Maio de 1504 a favor de D. Martinho Castelo Branco, 2.º senhor de Vila Nova de Portimão
O terceiro Conde, Dom Gregório Taumaturgo de Castelo Branco (ca. 1600 — 11 de Abril de 1662), foi Guarda-mor da pessoa d'El-Rei D. João IV e gentil-homem da câmara do Príncipe D. Teodósio.
Em prefácio à Carta de Guia de Casados de D. Francisco Manuel de Melo, afirma Camilo Castelo Branco que encontrou escrito num livro de linhagens que é este Conde o inimigo oculto (ou pelos menos um dos principais) de D. Francisco.
Segundo os autores desse livro de Linhagens (José de Cabedo e Vasconcelos e Manuel Moniz de Castelo Branco), o Conde de Vilanova casou em primeiras núpcias com D. Branca de Vilhena da Silveira, sua sobrinha, filha de D. Luís da Silveira, 3º Conde de Sortelha. O seu pajem, Francisco Cardoso, tendo denunciado esta por "desvios conjugais", o Conde "fez recolher a esposa ao Mosteiro de Santa Ana, onde saudades e desprezos a mataram após dois anos de rigorosa reclusão".
Casou o Conde em segundas núpcias com Dona Guiomar de Castro, filha de D. Francisco de Faro, 7º Conde de Odemira. Infiel também ao que parece e o mesmo criado denunciando-a, foi ela assassinada pelo marido "mediante peçonha".
Depois disso fugiu para Castela, com medo dos parentes da mulher assassinada.
Voltou o Conde para Portugal em 1640. Aí se casou em terceiras núpcias, com D. Mariana de Lancastre (nascida em 02.07.1619), filha de D. Lourenço de Lancastre, comendador de Coruche. "Esta terceira Condessa parecia querer que a memória das suas antecessoras fosse absolvida, ou então vingá-las da crueza do marido. Entre vários amadores, aceitou os requebros do Rei D. João IV e os de D. Francisco Manuel de Mello porque era gentil, moço de trinta anos, corajoso e poeta".
A rivalidade do Rei e do poeta chegou ao ponto de certa noite terem brigado mas do que apenas resultou o assassinato de Francisco Cardoso que entretanto também tinha denunciado os amores clandestinos dessa terceira esposa que, também ela, acabou envenenada pelo Conde. É claro que as suspeitas caíram todas em D. Francisco. O espírito de vingança do Conde, tal como a inimizade do Rei, levaram então D. Francisco, apesar de ter provado a sua inocência por várias vezes, a ser preso e mais tarde desterrado durante vinte anos.
Mas, como afirma Edgar Prestage na sua biografia de D. Francisco, "Não é verdade” este final da terceira esposa porque segundo a Historia genealógica, "D. Marianna casou pela segunda vez com Luiz da Sylva Tello, Conde de Aveiras (D. Luís da Silva Telo de Menezes, 2º Conde de Aveiras), sobrevivendo a D. Gregório que só morreu em 11 de Abril de 1662".
De nenhuma das suas esposas houve D. Taumaturgo descendência. Pudera…
O título passou a um neto de sua irmã, D. Luís de Lancastre, descendente do infante D. Jorge de Lancastre, Duque de Coimbra. Pelo casamento do 5.º conde com Maria Sofia de Lancastre (herdeira da Casa de Abrantes), a família reuniu todo o património e honras na mesma casa, uma das mais consideradas entre a aristocracia portuguesa.
E basta de tais relacionamentos!
Conclusão: Como ficou demonstrado, nada tem a ver o actual Marquês de Abrantes, titular do Condado de Vila Nova de Portimão, com esse tal D. Taumaturgo a não ser o título cuja dignidade foi entretanto plenamente restaurada.
Julho de 2015
Henrique Salles da Fonseca
BIBLIOGRAFIA:
Wikipédia