“CÂNTICO NEGRO”
Foi este comentário que me acudiu, ao ler o artigo de Salles da Fonseca, «XICUEMBO – XICUEMBO (3)», sem resposta para as questões postas, julgando que o que deixámos de civilização valeu a pena, em termos universais:
A Igreja e os seus missionários e missionárias foram sempre um bom meio de difusão da cultura e da língua portuguesa, sendo ainda elementos suavizadores da exploração feita pelos colonos. Mas outras “igrejas” havia e missões protestantes, que se iam insinuando e alimentando ódios contra o domínio português, além da catequização maometana e os próprios rituais indígenas que o governo português sempre admitiu nos seus territórios. Mas o papado, que se “modernizou” em teorias de fraternidade e libertação dos povos, ao assumir a defesa dos “explorados”, mostrou ele próprio o seu pendor não evangélico de difusor do cristianismo, mas de difusor de doutrinação marxista, que era o que “estava a dar” na altura do terrorismo lá pelas Áfricas, além de que tais mostras de bondade visavam redimir todo um seu passado de esplendor, avidez e crueldade inquisitorial, nem que para isso tivesse que espetar a faca num povo ridiculamente apagado, mas que se arrogara do direito de possuir terras onde, apesar de tudo, contribuíra para levar a palavra de Cristo, o que não era importante. “O próprio clero, por intermédio da rádio, faz-se pregão das teorias democráticas contra o “terrorismo branco”, deturpando por completo a intenção nobre dos que assim reagem”, escrevi eu em 1974 («Pedras de Sal»).
Hoje, que a doutrinação islâmica pretende fazer alastrar cada vez mais a sua influência dogmática e fundamentalista causadora de tantos distúrbios, anda o Papa novamente a evangelizar e a apelar à paz, papel que gosta de assumir. Mas as misérias que vão por África, de fome e torturas, que levam a África a assaltar a Europa em fuga aterrorizada, parece que lhe são indiferentes, mais propenso às deslocações pela Ásia, com outras comodidades e menos riscos …