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A bem da Nação

DEVANEIOS

Tântalo 

 

GRANDE PROCURA DE METAIS RAROS E ESTRATÉGICOS

 

I

 

   Foi com imenso prazer que acabei de ler na revista “FORTUNE” (Vol. 166, Nº8 de 08.10.2012), uma reportagem sobre a exploração e o comércio de TÂNTALO – um metal raro e estratégico – em grande demanda pelas potências mundiais, em especial  pelos países democráticos dos Estados Unidos e do Reino Unido, para utilização no mundo da electrónica (computadores, condensadores, telefones, telemóveis, televisores, transístores, etc.), no fabrico de aço, de armas militares de alta precisão, de mísseis nucleares, de micro aparelhos cirúrgicos, de implantes cirúrgicos, de motores para aviões e aeronaves, et alia. O tântalo é um metal anticorrosivo, imbuído de carga eléctrica latente, que se encontra associado com outros metais, v.g. cobalto, colúmbio, nióbio e níquel.

 

   A citada reportagem descreve, em curtos parágrafos, a actual situação de tântalo  na sua exploração e no seu comércio a nível mundial pelos grandes produtores-exportadores como Brasil, Moçambique, Austrália e Congo. A maior empresa australiana desistiu de sua actividade produtora face aos insuportáveis custos; enquanto uma recente produção exportável de concentrados de tântalo no Congo foi roubada à mão armada. Na África predomina o tráfego ilegal de metais raros, tântalo, colúmbio, etc. pelos Exércitos de Uganda, Ruanda, Burundi e Congo mancomunados com empresas ocidentais negociando-os a bom preço nos países do Oriente como o Japão, Coreia do Sul e China (com sua produção insuficiente para seu consumo doméstico).

 

   Curiosamente, faz 44 anos que, nos meus ócios, debruçara-me sobre a mineração de concentrados de pentóxidos de columbite-tantalite em Moçambique num estudo económico refletindo no contexto mundial o competente lugar que coube à essa colónia portuguesa no seu comércio exportador. Toda a temática passarei em seguida a sumariar.

 

II

 

   De facto, nos finais dos anos sessenta do século findo, tive o ensejo de apresentar, em inglês, uma comunicação ao Congresso da S2 A3 – South African Association for the Advancement of Science -  reunido em Lourenço Marques em Julho de 1968, discutindo a mineração de columbite-tantalite, que ficara inédita até que editasse sua versão portuguesa no BSEM (Boletim da Sociedade de Estudos de Moçambique /Ano 41º, Nº 171, de Abr./Jun. de 1972).  

  

   Destacando alguns dos significativos pormenores da citada comunicação, focarei que Moçambique produziu 1230 toneladas métricas dos concentrados de Colúmbio (Cb2O5) e de Tântalo (Ta2O5) no valor global de 168.948.000 escudos no período de seis quinquénios (1937/66). A II Grande Guerra paralisou tanto a produção como o comércio exportador desses pentóxidos em Moçambique, nos anos de 1939, 1940, 1946 e 1947. Retomada a exploração mineira em 1948, Moçambique produziu 738 t.m. no quinquénio de 1957/61 e 338 t.m. para o comércio exportador no quinquénio seguinte (1962/66) de valor global respectivo de 96.940.000 e 50.534.000 escudos. Houve posteriormente uma baixa na cotação mundial dos concentrados de pentóxidos de columbite-tantalite com a concorrência aos mercados norte-americano e inglês por parte de numerosos fornecedores como Austrália, Congo, Guiana Francesa, África do Sul, Brasil, Malásia, Moçambique, Nigéria, Espanha e até Portugal.

 

   Continua a procura norte-americana dos metais raros e estratégicos e não apenas de colúmbio e de tântalo graças à legislação de DPA (Defense Production Act) visando a formação de reservas do País, hoje imprescindíveis para a manutenção das indústrias dos Estados Unidos.

 

   Oxalá as empresas mineiras do espaço português ora explorando o ouro, o volfrâmio e outros metais semi-preciosos descubram, mesmo em simples associação, uma jazida de metais raros e estratégicos ajudando o País a sair da pavorosa e actual crise sócio-económica e financeira em que se encontra mergulhado, Deo juvante!

 

 

Alcobaça, 28.10.2012

 

 Domingos José Soares Rebelo

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