MEDIDAS DE POLÍTICA PARA 2010
Fiz oportunamente o seguinte PEDIDO:
Peço-lhe que refira um máximo de dez medidas de política que, na sua opinião, resolveriam os nossos problemas. Peço-lhe também que não ultrapasse os 5000 caracteres (incluindo espaços). Mais lhe peço que me autorize a publicar as suas respostas no meu blog “A bem da Nação” em http://abemdanacao.blogs.sapo.pt/
(nome real ou pseudónimo, conforme o seu interesse)
Henrique Salles da Fonseca
1ª RESPOSTA
Caro Henrique
Refiro-me ao teu pedido de sugestão de 10 medidas políticas para consertar mais esta crise económica.
A dificuldade de prescrever medidas política que realizem o objectivos económicos é de duas naturezas. A primeira é que raras vezes o que é bom para a política também o seja para a economia. A segunda decorre do facto de não conhecermos à priori - ou conhecermos pouco e mal - a reacção do grande público a quaisquer medidas preconizadas. Um dia, no intervalo de uma sessão do conselho de administração do Banco Totta, o nosso já falecido colega Rolando Galvão puxou-me para perto da janela e disse-me - "Luís, não interessa tanto o que pensam os economistas; o que produz efeitos é o que pensam aqueles sujeitos que vão ali na rua". Só muito recentemente os mentores da economia começaram a seguir o conselho de Galvão e procuram na psicologia resposta aos seus problemas. A sua ciência porém ainda está longe de certezas na matéria. Sabe-se apenas que a irracionalidade do comportamento humano é fortemente influenciado pela ganância e pelos graus de ignorância e desinformação. Na base está a desconfiança. Comportamentos como o adoptados correntemente pelos políticos - do tipo "vai tudo bem"; "a crise já passou" - em nada concorrem para esclarecer as mentes e aumentar a confiança.
Enunciar dez medidas não se me afigura fundamental. Acho que bastaria fazer três recomendações ao político:
(1) Esqueça o próximo resultado eleitoral,
(2) Eduque o grande público e
(3) Corrija sistematicamente toda e qualquer distorção na informação.
O exercício que fez o Presidente da República no discurso de fim do ano deveria ser repetido ad nausea. Se chegarmos todos a ver a realidade do problema, as soluções surgem naturalmente.
Desculpa não ir mais longe, mas não consigo fugir à minha predilecção pelo substantivo.
Estoril, 10 de Janeiro de 2010