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A bem da Nação

ISTAMBUL – 3

 

 Hagia Sophia Outside View
Hagia Sofia - Sagrada Sabedoria
 
Quando terá sido que o homem descobriu Deus? Eis uma questão de resposta difícil se não mesmo impossível.
 
E quando foi que o primeiro sacerdote se constituiu arauto da palavra divina? Eis outra questão de resposta tão difícil como a anterior.
 
E quando foi que a classe sacerdotal tomou consciência de que podia controlar a sociedade a quem se dirigia? E quando foi que as religiões optaram pelo Deus castigador e vingativo ou pelo Deus infinitamente bom e do perdão?
 
E as perguntas poderiam continuar numa sucessão quase infinita não faltando respostas titubeantes ou mais acertadas …
 
Sim, foi dentro desta temática que Istambul viveu desde os tempos da sua fundação. Começando com o eventual animismo que reinasse naquelas paragens a ser substituído pelo politeísmo grego, com este a ser substituído pelo equivalente romano, com o cristianismo a impor-se como religião imperial, com este a dividir-se entre o romano e o ortodoxo, com ambos a alternarem na História e finalmente com a conquista muçulmana.
 
Istambul, a cidade a que os Deuses chamaram casa…
 
Não! Na realidade, Istambul foi durante séculos a arena em que se digladiaram as teocracias numa disputa de vida ou de morte para imposição do respectivo «teo business».
 Hagia Sophia
Interior de Hagia Sofia - construida em 537 por Justiniano como igreja, serviu nessa função durante 916 anos até que em 1453 foi transformada em mesquita e em 1935 passou à actual função de museu
 
Mas a bem da verdade, diga-se que nunca ali prevaleceu qualquer verdadeira hierocracia na certeza, porém, de que vontade não terá faltado às diferentes classes sacerdotais que a disputaram. Sempre estas tiveram que se juntar ao Poder e este sempre se foi apoiando nas religiões como modo de conter as gentes pela imposição de sucessivos códigos de conduta e pela ameaça da ira divina sempre mais temida que a temporal.
 
Eis como por ali sempre funcionou uma grande interdependência entre o Tempo e o Templo.
 
Até que na cadeira do Poder se sentou um antigo «jovem turco»: Mustafá Kemal Pachá, o que ficou na História conhecido por Atatürk, o Pai dos Turcos.
 
(continua)
 
Lisboa, Janeiro de 2010
 
Henrique Salles da Fonseca

“Mea Culpa”

 

Hoje a nossa conversa foi de “mea culpa”. Fartámo-nos de nos penitenciar. Porque andamos sempre a apontar defeitos aos nossos políticos, porque os queremos com mais virtude, é certo, a nossa intenção é generosa, direi mesmo construtiva, e afinal não passa de um argueirozito insignificante aquele que vemos nos olhos deles, e no seu procedimento, porque bem maior é a tranca que descobrimos nos olhos e no procedimento dos povos que praticaram crimes de que se manifestam agora contritos. Até estranhámos que se tenham portado tão mal, pois, para todos os efeitos, são raças superiores que deviam ser mais comedidas nas suas acções, comedimento que a educação e a “Magna Charta” fariam prever que tivessem.
 
Hoje chegou a vez do ministro inglês, Gordon Brown pedir desculpa – só pelo Ano Novo, em todo o caso – às gerações perdidas dos meninos que há séculos – desde 1618, estou a seguir a notícia do DN – foram retirados aos pais e aos orfanatos e enviados para várias partes do Universo terráqueo pertencente ao Reino Unido – Estados Unidos, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, África do Sul e antiga Rodésia – aparentemente para viverem melhor, mas na realidade para fins de manutenção da raça branca qualificada nessas terras, embora sujeitos a abusos vários, com os seus pais desconhecedores do paradeiro dos filhos, estes, por seu turno, convencidos de que os pais tinham morrido, como lhes era afirmado, para cada um se conformar melhor com o seu destino.
 
Mas já as teorias do apuramento da raça, pelo menos da germânica também foram seguidas pelo próprio Hitler, com muito afinco, num ideal de pureza a que as próprias mulheres alemãs se sujeitavam com verdadeira adoração pelo Führer, e os Judeus que não conseguiram livrar-se, com, certamente, o terror natural perante um tratamento de demência.
 
Acho que algum dos chanceleres alemães actuais já pediu perdão aos Judeus pelo extermínio, e até o Papa João Paulo II o fez, não sei se de joelhos na terra de Israel, mas o nosso Mário Soares não lhe ficou atrás em pedido de desculpas – embora, naturalmente, sem genuflexão – pela nossa responsabilidade nos castigos e autos-de-fé económico-religiosos cometidos há uns séculos atrás.
 
Mas a primeira a dar o passo nessa coisa das desculpas às “gerações perdidas” foi mesmo a Austrália que, e transcrevo “vai pedir desculpas – já hoje – aos sete mil migrantes britânicos que ali sofreram abusos. O chefe do governo de Camberra, Kevin Rudd, irá recordar os “australianos esquecidos” e reconhecer os maus-tratos a mais de 500 mil crianças mantidas em orfanatos entre os anos 1930 e 1970”.
 
Nós ambas até comentámos sobre a relativa bonomia em que vivíamos nas terras que os antigos descobriram, ao contrário do que os Mários Soares de cá quiseram propalar relativamente aos colonialistas fascistas, mas isso são águas passadas.
 
Um dia – se lá chegarmos, isto é, se ainda a velha nação valente fizer parte do mapamundi – talvez algum ministro ou presidente da nossa República peça perdão também às gerações perdidas dos nossos pseudo-estudantes de agora, mártires da nossa incúria educativa, carrascos actuais no seu comportamento discente, consequência da nossa idiotia educativa ministerial.
 
De mão dada com o facilitismo não estará a ocorrer um
holocausto cultural em Portugal?

 

 
Um dia alguém irá pedir perdão às nossas gerações perdidas. Há sempre algum Noé que se salva nos dilúvios, para o acto de graça de pedir perdão.
 
Berta Brás
 

ISTAMBUL – 2

 

 
No século III a. C. houve uma grande migração de gauleses para oriente. Percorreram a Europa, atravessaram a Grécia e chegaram à Ásia Menor em cuja zona central, a Capadócia, assentaram assim formando uma região que se passou a chamar Galácia. Os seus habitantes passaram a chamar-se gálatas (do grego Galátai, ou seja, gauleses) e erigiram como capital uma cidade a que chamaram Ancyra, a mesma a que hoje chamamos Ancara.
 
Algures na História, um grupo relativamente numeroso de gálatas abandonou a Ásia Menor e estabeleceu-se na margem europeia do Bósforo. Mais concretamente, no promontório que inicia a margem norte do Corno de Oiro. Ponto estratégico para o comércio, clima relativamente ameno, comunicações fáceis, enfim, o verdadeiro centro do mundo de então.
 
Integrados no Império Bizantino, ali fizeram a sua vida até que se iniciaram as Cruzadas e por volta de 1100 da nossa era tudo se complicou. De facto, o Imperador Aleixo I Comneno pediu aos genoveses que o apoiassem com uma frota naval na luta contra os muçulmanos mas os «italianos» só acederam ao pedido mediante a outorga duma área na qual se pudessem estabelecer perenemente. Os gálatas não foram expulsos do seu promontório mas o Imperador obrigou-os à convivência com os genoveses que ali passaram a mandar.
 

A torre, chamada inicialmente Christea Turris, foi construida em 1348 como parte da expansão da colónia genovesa de Constantinopla. Tratava-se da construção mais alta das fortificações que rodeavam a cidadela. A torre actual não é a mesma que a antiga, originariamente bizantina, chamada Megalos Pyrgos e que controlava o extremo norte do mar para a entrada do Corno de Ouro. Encontrava-se noutro local mas foi destruída durante a Quarta Cruzada, em 1204.

 
 
Eis por que aquela zona de Istambul se chama Gálata e seja igualmente conhecida como «bairro italiano». O predomínio cristão católico romano passou a prevalecer sobre o cristianismo ortodoxo e ainda hoje é ali que se mantêm as igrejas católicas abertas ao culto.
St. Antoine Church
Igreja de Stº António
 
A título de mera curiosidade, refira-se que em turco palácio se diz «saray» e que terá sido num palácio deste bairro que nasceu o famoso Galatasaray tão conhecido dos futebolistas e seus adeptos. Nunca me passaria pela cabeça referir esta simples curiosidade se na Turquia o futebol não tivesse a importância que efectivamente tem. Lá, como cá, o clubismo é motivo de paixões e antagonismos; lá, como cá, o futebol serve os políticos às mil maravilhas para distrair o povo das misérias deste mundo.
 
 Beyoglu
Avenida Istiklal,
o centro cosmopolita
 
(continua)
 
Lisboa, Janeiro de 2010
 
Henrique Salles da Fonseca
 

 

ISTAMBUL – 1

 

 
A partir da parte «italiana«, vista da parte velha; o Mar de Mármara em último plano
 
Calcula-se que Istambul tenha actualmente cerca de 15 milhões de residentes. Correspondendo a um conjunto de vários municípios, estende-se por uma área que demora cerca de 3 horas a atravessar se não se for apanhado por algum engarrafamento.
 
Tudo isto são banalidades para qualquer grande urbe mas no que Istambul se distingue das demais é no facto de se dividir entre dois continentes. Sim, Istambul tem um pé na Europa e outro na Ásia pelo que não prescinde de exibir um certo exotismo que fascina qualquer forasteiro: todo o visitante europeu quer dar um salto ao “lado de lá”; todo o asiático que a visita não sossega enquanto não vem ao lado europeu da cidade.
 
 
O Mar de Mármara liga-se a sudoeste ao Mar Egeu pelo Estreito de Dardanelos e a norte ao Mar Negro pelo Bósforo 
 
Assente na margem norte do Mar de Mármara, estende-se ao longo das duas margens do Bósforo e não falta muito para que do seu extremo norte europeu se alcance o Mar Negro; a parte asiática estende-se sobretudo para leste e tem a sua origem em Calcedónia, colónia grega.
 
De um modo geral, a cidade actual divide-se em três partes sendo duas europeias e uma asiática. As duas partes do lado poente são separadas por um braço (beco sem saída) do Bósforo chamado Corno de Oiro sendo a do sul a parte imperial (a antiga) e a outra a «italiana» (a nova). O lado asiático é fundamentalmente residencial e todos os dias há cerca de 2 milhões de pessoas que atravessam o Bósforo para virem trabalhar ao lado europeu. Dá para imaginar o volume de tráfego nas três pontes que seriam completamente insuficientes se não houvesse muitos ferries entre as duas margens.
 
Tudo começou na parte antiga, a imperial, quando em 667 a.C. um grupo de gregos de Megara, chefiado por Bizas, ali se instalou.É do nome deste chefe que deriva o nome Bizâncio.
 
Em 196 d.C. a cidade foi sitiada pelos romanos e em 330, sob a liderança de Constantino I, transformou-se no centro do Império Bizantino, ou seja, a metade oriental do Império Romano que falava grego. Foi depois da morte deste Imperador que a cidade se passou a chamar Constantinopla, a cidade de Constantino.
 
Assim se chamou até 1453 quando os otomanos a conquistaram e lhe passaram a chamar Istambul, nome turco de origem grega que simplesmente significa "na cidade", "à cidade" ou "centro da cidade". Até hoje…
 
(continua)
 
Lisboa, Janeiro de 2010
 
Henrique Salles da Fonseca

REINANDO EM WALL STREET

 

 
 
Elizabeth Warren
 
Os problemas de Wall Street chamaram a atenção do Congresso, da Casa Branca e dos meios de comunicação. Mas o homem da rua, os empregados, os pequenos empresários e as famílias endividadas anseiam por saber se alguém pensa neles.
 
O conservador Joe Scarborough considera que ela, Elizabeth Warren, devia ser Secretária do Tesouro e o esquerdista Matt Taibbi considera que ela se deveria candidatar à presidência.Coloquemo-nos em qualquer posição do espectro político e é sempre claro que Elizabeth Warren, professora de Direito em Harvard, crítica das ajudas governamentais ao sistema financeiro, criou um certo nervosismo com o seu discurso populista.E foi mesmo buscar tempo ao que habitualmente dedica aos alunos para criticar os esforços da Administração Obama no sentido de parar as execuções hipotecárias e para dizer à Newsweek o que pensa ser a solução realista para a actual confusão financeira.
 
Tim Fernholz, da Newsweek, à conversa com Elizabeth Warren, conselheira de Obama para a regulamentação financeira
 
Excertos:
 
Fala-se numa recuperação económica mas ainda não resolvemos o problema dos Bancos. O que é mais urgente?
As subidas na bolsa convenceram algumas pessoas de que a crise está ultrapassada. Eu faço uma leitura diferente: as famílias estão hoje numa situação mais difícil do que há um ano e uma parte do boom de Wall Street resulta das garantias governamentais. Isso não é recuperação real.
 
O Congresso está a tentar reformar a regulamentação financeira mas isso pode redundar em algo de abstrato. Em que matérias é que essa reforma deve incidir?
Para reintroduzir alguma sanidade no sistema financeiro, precisamos de duas alterações fundamentais:recuperar os mercados do crédito ao consumo que estão destruidos e acabar com as garantias dadas aos grandes operadores no mercado financeiro geral que ameaçam todo o nosso sistema económico. Se conseguirmos fazer estas duas alterações, ainda poderemos gerir o resto da regulamentação conforme as necessidades que vão ocorrendo.
 
Deve o governo actuar energicamente e partir os grandes bancos?
Há muitos modos de regulamentar as instituições financeiras «demasiado grandes para que possam falir»: dividindo-as, controlando-as de um modo mais apertado, tributando-as mais agressivamente, securitizando-as, etc. Eu sou totalmente favorável ao aperto da regulamentação desses bancos. Mas isso são tudo instrumentos da regulamentação propriamente dita e, com o tempo, tudo isso falha. Eu quero ver o Congresso mais concentrado na construção de um sistema credivel que permita a liquidação desses bancos que são considerados demasiado grandes para poderem falir. Os pequenos não são imortais, pagam pelos erros que cometem. Os grandes também não podem ser imortais. Um mercado livre não pode funcionar mum mundo em que há quem seja «demasiado grande para poder falir».
 
O Departamento do Tesouro acaba de anunciar que está a aumentar a pressão sobre os bancos na elaboração dos respectivos planos anti-execuções hipotecárias, o que o seu Painel criticou.
Os dados são muito desanimadores. As preocupações que o Painel referiu na Primavera passada transformaram-se entretanto em sérios problemas. A intervenção governamental na questão das execuções hipotecárias não foi suficientemente forte para ultrapassar o problema.
 
Há gente em Washington que argumenta contra as medidas que ajudem os clientes à custa dos bancos.
Quem usa esse tipo de argumentos quer certamente utilizar vendas para não ver o impacto que as execuções hipotecárias provocam na economia. Podemos ser apanhados num ciclo vicioso: as execuções hipotecárias baixam o valor das casas e o abaixamento desse valor provocar maior número de execuções. 
 
A Administração foi relutante na pressão a exercer sobre os bancos porque dizem precisar da colaboração do sistema financeiro na execução das políticas de relançamento da economia.
A noção de que precisamos pedir autorização aos grandes bancos sobre que tipo de actuações devemos fazer é um erro. Quem pergunta à Família Americana sobre quais as medidas que lhes são favoráveis? Eu compreendo que precisamos recuperar a economia de um modo equilibrado e destruir grandes instituições financeiras não contribui para isso mas também não será destruindo a classe média americana que tal se conseguirá.
 
(tradução de Henrique Salles da Fonseca)
 
In Newsweek, 28 de Dezembro de 2009 – 4 de Janeiro de 2010, pág. 15
 

Portugal e a Cultura do Mar

 

  
 
O excelente artigo intitulado “Portugal e as Ciências do Mar” publicado na Revista de Marinha em Outubro/Novembro de 2009 da autoria de Ricardo Serrão Santos do IMAR deu-nos uma visão bastante completa das potencialidades científicas do “nosso” mar e até poderei dizer optimista do seu possível aproveitamento em benefício da nossa população actualmente tão castigada com o espectro do desemprego em crescimento de quantidade e de duração.
 
E havemos de concordar que ser optimista é saudável e agradável, mas convém analisar esta situação com todo o realismo que o bom senso, o tal que Descartes defendia, para que aumentem as probabilidades de atingirmos os objectivos essenciais do País e portanto das suas gentes.
 
Assim surgiu a ideia de mais esta minha pequena contribuição em continuação de outras que venho fazendo ao longo destes últimos 35 anos em que procurarei mostrar a relação entre o desenvolvimento, obviamente sustentado, que é o único que interessa considerar, e a Cultura do nosso País.
 
O que obriga ao imediato esclarecimento de que cultura estou a falar.
 
Certamente não a do Ministério respectivo que introduziu a distorção do sentido da palavra, tal como aconteceu na Educação com os péssimos resultados à vista, mas aquela que, dentro do conceito filosófico, corresponde às actividades essenciais, às crenças, atitudes, instituições, comportamentos básicos, regras morais, valores e capacidade de adaptação ao ambiente, das populações e em especial das elites que as dominam e orientam e assim conduzem os seus destinos.
 
O desenvolvimento deste tema levar-nos ia a gastar o tempo todo e por isso limito-me a focar um aspecto fundamental da história de Portugal que ilustra de forma lapidar a importância da Cultura na vida de um povo.
 
Se olharem para um mapa da Europa, Portugal fica no extremo esquerdo inferior, longe do centro europeu, portanto obviamente periférico como se ouve dizer muitas vezes como desculpa para o atraso que nos assola há tanto tempo.
 
Com o desenvolvimento da Marinha portuguesa no século XV o mapa que passou a ser tratado pelos portugueses foi o mapa-mundo em que Portugal figura no seu centro, deixando pois de ser periférico e se tornar num país central, à escala mundial. Isto resultante de termos então uma Cultura de inovação, espírito científico e tecnológico, audácia, capacidade empresarial e operacional, definição do essencial e haver responsáveis mais voltados para as obras que para os papéis.
 
Após 1974 até cerca de 95 fomos destruindo a Marinha que tínhamos e transformámo-nos novamente num estado periférico de que tínhamos iniciado o afastamento em 1945, (quando foi dado o impulso para a sua criação) sem que os muitos economistas e políticos de excelente nível que temos tivessem dado conta disso e feito alguma coisa para alterar esta rota de colisão em que temos andado.
 
 N/T LPG "GALP LISBOA"
foto de Vasco Siva Pinto
 
Há pois actividades e atitudes componentes da Cultura que são essenciais para a identidade, para o desenvolvimento e até para a sobrevivência de um povo da mesma forma que as há que são exactamente contrárias a estes objectivos como sejam: a proliferação de estabelecimentos de vida noturna para jovens menores, o baixo nível da sua educação global, o deficiente funcionamento da justiça, o investimento decidido na base do imediato e do mediato, a corrupção, a ineficácia, etc.,etc.. 
 
Esta Cultura é dinâmica, ou deve ser, pois como é ela que preside à adaptação da população à evolução da vida envolvente se assim não for isso significa a estagnação e no extremo a extinção da identidade que distingue essa sociedade das outras.
 
Então havendo já uma orientação bem definida para as actividades científicas relativas ao Mar, o que se passa com todas as outras actividades que deverão constituir a tal Cultura do Mar sem a qual dificilmente haverá o desejado desenvolvimento?
 
Convém recordar que do ponto de vista político também já há comprometimento total dos Órgãos de Soberania, mas como estamos do ponto de vista desta Cultura?
 
  • Qual é a participação da população em geral em actividades marítimas?
  • Quantas empresas temos em transportes marítimos e qual a sua posição no negócio marítimo mundial?
  • Qual é a evolução das nossas Pescas nestes útimos anos? E porquê?
  • Por que razão temos a marinha de recreio mais reduzida da Europa mais ocidental?
  • Por que razão depois de termos tido dos maiores estaleiros do mundo estamos agora tão fracamente representados?
  • Por que razão a nossa população está de costas para o Mar como se pode apreciar pelo tratamento que é dado a zonas que deviam ser exclusivamente para actividades marítimas como são todas a áreas ribeirinhas e o que vemos é construirem-se edifícios que podiam e deviam estar em qualquer outro lado diminuindo drasticamente a capacidade marítima dessas cidades?
 
Para combater esta situação que nos coloca outra vez na situação em que estivemos nos finais do seculo XIX com o tristemente célebre caso do mapa cor de rosa, como aliás já tive ocasião de assinalar na Academia de Marinha em 1985, é forçoso e urgente, urgentisimo, intensificar o desenvolvimento das actividades marítimas mais próximas da população para que esta siga a máxima antiga de navegar é preciso.
 
Enquanto nos limitarmos a reuniões, conferências, passeios, foruns, estudos e mais estudos por vezes nada baratos, mas não houver gente a navegar seja por desporto, por profissão, por negócio ou outras razões lícitas nunca conseguiremos ter uma cultura do Mar e aspirar a através dele sairmos desta apagada e vil tristeza em que nos encontramos agora no mesmo patamar de riqueza, ou de pobreza, dos nossos avós no início do século XX.
 
Esperemos pois que rapidamente os nossos responsáveis pelas estruturas portuárias realizem as que são necessárias e que na maior parte dos casos nem precisam de depender do OGE e criarão imediatamente centenas ou mesmo milhares de postos de trabalho.
 
Lisboa, 15 de Novembro de 2009
 
 José Carlos Gonçalves Viana
 
Publicado na Revista de Marinha -  Dezembro 2009/Janeiro 2010

Hamlet...

...ou  a  omeleta  dinamarquesa

 
Aquecimento global? - perguntem à sereia de Copenhaga
 
No frigir dos ovos... “tudo como dantes no quartel de Abrantes!”
Só politicalha! Ninguém se compromete perante os seus eleitores ou súbditos, como o caso da China, e o mundo que se lixe!
Até o “super messias” Obama, teve que dar o recado que possivelmente não queria, mas que o congresso mandou!
Que se dane o futuro, que se danem os países emergentes e os, em breve imergentes, como as Maldivas e o desconhecido Tuvalu, mas sempre “primeiro a mim” e, se sobrar, aos outros. Só que, por este andar, nada vai sobrar. Ninguém quer ficar de rabo preso.
O terceiro mundo diz que são os ricos que devem pagar a conta, os grandes emergentes insistem que o desenvolvimento passa invariavelmente pela fase da destruição, a Europa num desequilíbrio completo – a maioria dos países em extrema dificuldade – sem saber o que dizer, o teatro segue e baixa o pano, com lágrimas não de emoção pela arte dos actores, mas pela falsidade dos mesmos.
Tal como o Hamlet, e vem muito a propósito pela geografia do encontro, acabamos de assistir a uma grande encenação teatral, a um drama profundo. Só do Brasil foram mais de 800 actores! 800! Para quê? Para verem a representação do big líder que foi até aplaudida pelos restantes palhaços.
E plagiando o drama de Shakespeare, tivemos ali todos os elementos duma grande peça: traição, vingança, incesto, corrupção e moralidade.
Traição à vida que está em jogo. A vida de todos os seres vivos deste planeta. Vingança da politicalha, sobretudo dos opositores que sempre estão no melhor lugar para falar mal e nada concretizar. Incesto... porque vão em cima dos irmãos! Corrupção... evidente, e alguma moralidade, normalmente falsa, com a demagogia, como do big lider brasileiro a propor oferecer dois biliões de dólares para ajuda aos países pobres, quando parece “ignorar” que no seu (dele) país falta, MUITO, o ensino básico de qualidade, saneamento, justiça, etc., e continuam a vegetar milhões de pobres. E, no “olho do furacão do meio ambiente” contra a poluição do planeta, ainda autorizou a construção de cinco usinas termo-elétricas!
Mas foi aplaudido e isso traduz-se em prestígio, mesmo todos sabendo a mentira, a afronta que representa.
Pode dar os milhões aos países pobres. Ou biliões. Mas esqueceu um ligeiro detalhe: que a mão esquerda não saiba o que faz a direita. E neste caso só interessa o que a “mão direita” prometeu. Não o que fez ou não vai fazer.
194 países à espera que o Papai Noël trouxesse no seu trenó um monte de presentes climáticos. Mas as renas... fizeram greve!
A pergunta que no fim desta caricatura mundial ficou no ar foi a mesma:
- To be or not to be?
To be o quê? Foi isso que ninguém soube ou quis responder! To be responsável!
Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2009
 Francisco Gomes de Amorim

O ESTADO DA NAÇÃO

 

O Estado da Nação para 2010 tem de mudar radicalmente.
Ou nós, cidadãos, passamos a ser menos permissivos nos costumes;
Ou nós, cidadãos, recuperamos, enquanto sociedade, os valores da honradez, da lealdade, da seriedade, da defesa da família;
Ou nós, cidadãos, recuperamos os valores do trabalho honrado e diligente, como forma de contribuir para o progresso individual e da Nação;
Ou nós, cidadãos, recuperamos a noção de que Portugal tem que defender, em primeiro lugar, os interesses dos seus nacionais e só depois os interesses de outros;
Ou nós, cidadãos, recuperamos a noção que a cada Direito corresponde um Dever.
E então punimos (pela opinião, pelo voto, pela acção) severamente os escândalos e seus autores;
E exigimos mais seriedade aos nossos Governos;
Ou então Portugal e os Portugueses, não têm solução!
Eu acredito que temos solução.
Basta lutarmos, cada um e todos, por isso!
Á Sua consideração e Reflexão!
Bom Ano de 2010 para si e para toda a sua família.
 Miguel Mattos Chaves

BOM DIA!

 

 

Mesquita do Sultão Ahmet

(a chamada Mesquita Azul)

 

 

 

Acabado de chegar de Istambul, peço que me deixem recuperar duma estafadeira de três dias intensos a calcorrear tudo o que se conseguiu encaixar em prazo tão curto.

 

Tivemos um guia formidável (que aprendeu português sem professor) com um nível intelectual fora do comum e que nos deixou assoberbados com toda a informação que nos forneceu.

 

Se a isso se juntar um pouco de jet lag ...

 

Até logo!

 

Henrique Salles da Fonseca

 

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