Alergia e a respiração
Os crescentes problemas de ordem alérgica, em especial os da árvore respiratória da população urbana, estão relacionados à poluição, à proliferação de agentes viróticos, bacterianos, fúngicos e ácaros encontrados no ar de má qualidade que se respira, e a utilização de produtos carregados de corantes, conservantes, acidulantes e aromatizantes que o mundo moderno oferece. Tudo isso associado a uma propensão genética determina uma maior ou menor sensibilização orgânica do indivíduo. Esse conceito tem sido há muito tempo aceito pelas autoridades da Saúde e Sociedades Médicas de Pneumologia de todo o mundo.
No Brasil, o índice de doenças alérgicas já chegou à espantosa cifra de um quarto da população nacional, principalmente nas urbes de maior desenvolvimento industrial.
Mas uma nova teoria, já pelos antigos suspeitada, tem levado à hipótese de que outro tipo de sensibilização possa se dar. Os excessos de limpeza e higiene, com o emprego exagerado de produtos desinfetantes, bactericidas, antibióticos e vacinas, resultariam numa resposta orgânica exacerbada a qualquer ataque de antígeno ou agente estranho, mesmo o mais banal e comum encontrado na natureza.
“A tendência do indivíduo que atua no meio urbano é artificializar o ambiente.” diz o professor Odayr Soares Silva, catedrático de Pneumologia da Universidade Federal de São Paulo, que lembra:
“Se ele não tem a predisposição genética para asma ou renite, nunca vai sofrer com o problema”.
Mas o que se vê, nas rápidas mudanças de temperatura ou clima, quando caem as defesas orgânicas, é um grande número de pessoas com desconforto respiratório que as tiram do trabalho. São espirros, prurido, coriza, nariz entupido que as levam ao médico em busca de alivio. Vez por outra, o exame mais atento do profissional pode detectar com freqüência alterações como desvios de septo nasal, pólipos ou outras más formações do sistema respiratório que podem ser confundidas com problemas alérgicos. Nessas situações os tratamentos são específicos para cada caso.
É na infância que se começa a prevenção ou minimização da doença, através da atenção ao consumo indiscriminado e abusivo de alimentos industrializados, carregados de substancias artificiais que sensibilizam o organismo da criança, e que poderão torná-la no futuro um adulto alérgico. É nessa fase da vida que se deve educá-la com bons hábitos alimentares, ecológicos e de higiene, mas sem a neurose dos excessos de limpeza que a coloca numa redoma de vidro tirando-lhe a oportunidade do contacto com o meio ambiente, onde o organismo aprende a criar as suas defesas.
Para viver com saúde é necessário respirar bem e estar em equilíbrio com a natureza.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba 08/07/70
Dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia